Além dos “anos” promovidos por toda a Igreja, como os Anos Santos, os Jubileus, Ano da Fé, Ano Mariano, Padre Tiago Alberione, por sua vez, promoveu a celebração de especiais “semanas”, como a “Semana do Evangelho” ou do Divino Mestre, e de vários “anos” próprios da Família Paulina. Assim, 1919 foi declarado como “Ano Vocacional” da “Casa” e 1920, “Ano da Consolidação”. Não se pode, aliás, esquecer que a apresentação de uma trilogia da espiritualidade paulina à Igreja teve início com o livro do Côn. Francisco Chiesa, “Gesù Cristo Re” (que está por “Eu sou o Caminho”), fruto do Ano Santo de 1925.

Entre os itinerários anuais especiais promovidos por Padre Alberione estão, por exemplo, o Ano Quadragenário da Fundação (1954), o Ano a Jesus Mestre, 1955, o Ano a São Paulo (1957-1958), e o Ano Bíblico de 1960-1961. Nem podem ser esquecidas as incontáveis “Semanas do Evangelho” ou Festas do Divino Mestre, verdadeiras missões populares, celebradas nas Paróquias.

É preciso notar que essas propostas do Pe. Alberione eram sempre vistas não como eventos isolados, mas como parte de todo um itinerário de vida e de evangelização. Percorrendo os ensinamentos do Pe. Alberione, são inúmeras as vezes que trata sobre o ano litúrgico, o ano eclesiástico, o ano catequético, o ano espiritual.

Aquilo que é preciso ressaltar é que para ele tudo devia levar a uma síntese vital, pessoal e comunitária. Propor o tema para a celebração de um ano inteiro significava propor um itinerário unitário de vivência do discipulado, desde o anúncio (querigma) à missão. E para isso, segundo ele, ocorre uma proposta onde há “um catecismo cheio de Evangelho e de Liturgia; um Evangelho cheio de notas catequéticas e litúrgicas; uma Liturgia (por ex. o Missalzinho) cheia de Evangelho e Catecismo”.

Assim, para o presente Ano Bíblico continua de plena atualidade o quadro que Pe. Alberione traçou para o ano de 1960:

“Quando se lê A Sagrada Bíblia é necessário ter presente quatro coisas:
1) A Sagrada Bíblia apresenta-nos as Verdade que o Senhor quis revelar aos homens.
2) A Sagrada Bíblia apresenta-nos a Moral, isto é, a Lei, os mandamentos, as virtudes, os conselhos evangélicos e tudo aquilo que constitui a sabedoria e a ciência dos Santos.
3) A Sagrada Bíblia apresenta-nos aquilo que é o culto, a liturgia do antigo e novo Testamento.
4) A Sagrada Bíblia, enfim, apresenta-nos o modelo, o modo com o qual realizar o ministério. Ela é o grande livro do Sacerdote e do Apóstolo.

Quatro intenções, portanto, devem guiar-nos na leitura da Sagrada Bíblia:
a) Encontrar as Verdades que o Senhor nos revelou, as coisas às quais crer e ensinar para que: ‘Quem crer será salvo’.
b) Aprender a moral, isto é, as coisas a serem feitas, os vícios a serem evitados, as virtudes para praticar, a estrada que devemos seguir para chegar mais seguramente ao nosso fim.
c) Obter do Sagrado Texto a Liturgia, isto é, o culto que devemos dar a Deus: culto interno e culto externo, culto privado e público, a oração individual e social.
d) Aprender do Sagrado Texto, enfim, qual é a nossa missão, o modo, o espírito com o qual realizar o nosso ministério, e assim corresponder plenamente aos desígnios que Deus tem sobre nós.

Quem começa a amar a Bíblia logo passa a difundi-la. Quem ama a leitura da Bíblia torna-se iluminado, útil às pessoas. Quem sabe na leitura da Bíblia comunicar-se bem com Deus, torna-se sempre mais o homo Dei [a pessoa de Deus].

E então quando ele fala, a sua palavra tem a autoridade de Deus ‘como se pronunciasse palavra de Deus’ (1Pd 4,11), e quando age é como o justo que o Senhor ‘guiou por caminhos retos e mostrou-lhe o reino de Deus’ (Sb 10,10).

Estamos no Ano Bíblico. Mas se queremos que o Sagrado Texto entre em todas as famílias e seja amado e entendido, pode-se usar muitos meios, mas o primeiro meio é ler, meditar e amar a Bíblia.

Essa é a oração vital que vai nos obter a graça de comunicar o Verbum Dei”9.

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Padre Alberione não promovia eventos puramente comemorativos. Por isso, ao propor eventos, jornadas, meses, anos, seu intuito era promover a vivência e a missão evangelizadora, envolvendo as pessoas e as comunidades da inteira Família Paulina, cada qual segundo a especial expressão do carisma.

Para favorecer a reflexão em vista da elaboração de um projeto pessoal ou comunitário para o Ano Bíblico, proponho a seguir uma meditação do Pe. Alberione, feita aos Clérigos Paulinos, durante o Ano Santo ou Jubileu de 1933! Não obstante seus 87 anos, poderá servir de base, talvez, para um ou mais momentos de reflexão ou celebração.

Pe. Antonio F. da Silva

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