Falar e pensar em Santa Luzia deveria ser momento de se refletir sobre a luz. Luzia é mais que uma santa. Ela carrega outro código que, em geral, não é observado. Assim é a vida dos santos. Em geral, a nossa catequese é deficiente e não atinge a sua realidade e grandeza da santidade de um cristão.

            Luzia nasce em Siracusa, na Itália, nos meados do ano de 283, na região da atual Sicília. Não seria uma mulher diferente se ela não fosse cristã, virgem, mártir e corajosa. Trazia dentro de si um punhado de luz. Era irreverente para o seu tempo. Tinha a força virginal do Espírito.

            Amiga de Santa Águeda que não se deixou seduzir pelos deuses daquele tempo. Era sua líder espiritual. As pessoas buscam líderes fracos e, humanamente, destronados. Ela era uma brava cristã. Mantinha o tino da altivez diante daquilo que acreditava.

            Luzia é mulher do êxtase. Ao despertar adentra-se à missão que lhe seria peculiar: ser testemunho de vida. Começa a se desfazer dos seus bens dando-os aos pobres. Primeira atitude de libertação. Não adianta imaginar cura e libertação se não se desfaz daquilo que nos prende às barganhas materiais.

            Um jovem pretendente indaga à sua mãe a razão de tanto esbanjamento. A mãe lhe responde que a filha encontrou as belezas do Paraiso mais estimulantes que as migalhas do mundo. O jovem entendeu que ela era cristã e a denunciou ao Imperador Diocleciano.

            Começa uma saga de atropelos desejando persuadi-la desse propósito cristão. Luzia se mantem firme na fé e no testemunho vital por uma fé inabalável. As tentativas de persuasão de nada valiam e não surtiam efeito algum. Tudo era em vão e os detratores vão se irritando com as derrotas.

            Luzia era uma luz que apagava todas as labaredas que se apresentavam diante dela. Era um milagre atrás do outro. Tudo a olhos vistos. Era uma jovem plena e tomada do Espírito de Deus que ascendia nela o desejo do testemunho cristão. O Imperador, soldados e os demais detratores ficavam corados e envergonhados.

            As chamas não surtiam o menor efeito; a degolação de nada adiantou até que lhe arrancaram os olhos e nasceram dois olhos mais lindos que os anteriores. Em síntese, degolaram seu pescoço como último recurso e sem sucesso em demover seu propósito de cristã.

Luzia dizia: “Adoro a um só Deus verdadeiro, a quem prometi amor e fidelidade”.  No mesmo instante a sua cabeça rolou pelo o chão. Era 13 de Dezembro do ano de 304 d.C.

Os cristãos recolheram o seu corpo e sepultaram-no nas catacumbas de Roma. A sua fama de santa se espalhou por toda a Itália e Europa e depois para todo o mundo, sendo hoje venerada e honrada como a “Santa da Visão”. Amemos Luzia e demos graças a Deus pela sua coragem e dedicação pela causa do Reino. Imploremos a sua proteção nas necessidades dos cuidados com os olhos.

“Nesse túnel escuro da vida, deve-se recorrer à Santa Luzia, buscando algumas fagulhas de luz. Por ele muitos passam, de modo que as carências sociais e econômicas têm levado muitas pessoas a buscarem, nos Santos de Deus, uma luz, uma esperança de iluminação” (p. 11. Santa Luzia: o brilho de uma luz, Paulus Editora).

Pe. Jerônimo Gasques
Paróquia Santo Antônio de Pádua
Presidente Prudente, SP

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