LITURGIA DO DIA: REFLEXÃO DO 30º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO C

26 de outubro de 2025
Evangelho: Lucas 18,9-14
Leituras: Eclesiástico 35,15b-17.20-22a; Salmo 33(34); 2 Timóteo 4,6-8.16-18
Celebração da Família Paulina: Solenidade de Jesus Mestre e Pastor, Caminho, Verdade e Vida

A liturgia deste domingo nos conduz ao coração da fé cristã: o encontro pessoal com Deus que ouve os humildes e exalta os que se reconhecem pequenos. À medida que nos aproximamos do final do Ano Litúrgico, a Palavra nos convida a uma revisão interior. Não para medir nossas conquistas espirituais, mas para reencontrar o sentido da oração, da fé e da confiança na misericórdia divina.

Neste mesmo domingo, a Família Paulina celebra com alegria a Solenidade de Jesus Mestre e Pastor, Caminho, Verdade e Vida, Aquele que nos conduz à plenitude da comunhão com o Pai. Diante d’Ele, aprendemos que o verdadeiro discipulado se faz na escuta, na humildade e na confiança.

“Quem se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado.” (Lc 18,14)

Há parábolas que nos desnudam. Diante delas, não há como permanecer indiferente. A parábola do fariseu e do publicano é uma dessas joias que Jesus nos oferece para iluminar o interior do coração.

Dois homens sobem ao templo para rezar. Ambos parecem fazer o mesmo gesto, mas seus corações trilham caminhos opostos. O fariseu ergue os olhos e o peito: recita sua oração com segurança e autossuficiência. Suas palavras ecoam o som do próprio ego: um louvor que termina em si mesmo.
O publicano, por sua vez, permanece à distância. Não tem coragem de olhar para o alto; suas mãos não se elevam, seu corpo se curva. Apenas murmura: “Meu Deus, tem piedade de mim, que sou pecador!”.

A cena é silenciosa, mas carregada de sentido. Jesus conclui: “Eu vos digo: este último voltou para casa justificado, o outro não.” O contraste é radical. O fariseu cumpre a lei, mas reza a si mesmo. O publicano é pecador, mas reza de verdade. O primeiro busca afirmar-se diante de Deus; o segundo, deixar-se encontrar por Ele.

A oração que nasce da verdade

Este Evangelho, proclamado ao final do Tempo Comum, é um convite à autenticidade. Não basta rezar; é preciso rezar com verdade. O fariseu é o retrato da religião quando se esquece do amor: cumpre ritos, mas não se deixa transformar. O publicano é o retrato da alma que, ao reconhecer sua miséria, abre espaço para a graça.

A oração do fariseu é feita de comparações e méritos; a do publicano, de arrependimento e confiança. Um se exalta e se fecha. O outro se humilha e se abre. Na lógica do Reino, é o vazio que Deus preenche.

Rezar é um ato de despojamento. Quando nos colocamos diante do Senhor, não para mostrar quem somos, mas para deixar que Ele nos diga quem somos, então a oração se torna encontro.

A parábola do fariseu e do publicano não é apenas um contraste moral; é um espelho espiritual. Em algum momento, todos nós carregamos um pouco dos dois dentro de nós. Às vezes, somos o fariseu que se julga justo; outras, o publicano que se sente indigno. O importante é que, como o publicano, nunca deixemos de subir ao templo, isto é, nunca deixemos de procurar a Deus.

A humildade não é se rebaixar, mas permitir que Deus seja Deus. É admitir que nossa força está na dependência d’Ele, que nossa oração mais pura é o simples “tem piedade de mim”.

Neste domingo, ao celebrarmos Jesus Mestre e Pastor, somos convidados a aprender com Ele o caminho da verdade interior. O Mestre não despreza quem se sente pequeno; o Pastor não abandona quem se reconhece perdido. Aos olhos do mundo, a humildade pode parecer fraqueza; aos olhos de Deus, é o solo fértil onde germina a graça.

O eco das demais leituras

A primeira leitura, do livro do Eclesiástico (35,15b-17.20-22a), reforça a convicção de que Deus não se deixa comprar por aparências. “Ele não faz diferença entre pessoas”, diz o texto. “A oração do pobre atravessa as nuvens.” O pobre, aqui, é todo aquele que não tem outro apoio senão Deus. O publicano é, portanto, a concretização desse “pobre” do Eclesiástico: um homem despojado, sem títulos nem méritos, mas que confia plenamente na misericórdia divina.

O Salmo 33(34) é o canto que dá voz a essa experiência: “O pobre clama, e o Senhor o escuta.” O salmista não fala da pobreza como miséria, mas como lugar de encontro com Deus. É no limite humano que se revela a força divina. O louvor do salmo é humilde, mas transbordante. Brota da gratidão de quem experimentou ser sustentado pelo amor.

Na segunda leitura (2Tm 4,6-8.16-18), São Paulo fala com serenidade de quem viveu inteiramente para o Evangelho: “Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé.” Mas o apóstolo não se exalta. Reconhece que tudo é graça: “O Senhor esteve ao meu lado e me deu forças.” Paulo se torna, assim, o exemplo maduro da atitude do publicano: alguém que se sabe fraco, mas confia no Senhor que o fortalece.

O silêncio onde Deus habita

No fim da parábola, o publicano desce do templo em silêncio. Nenhuma palavra triunfante, nenhum gesto de vitória. Apenas o coração em paz, o coração justificado.

É assim que Deus age: em silêncio, no íntimo, transformando o coração que se deixa amar. Que nossa oração, neste domingo, seja como a dele — breve, sincera e verdadeira: “Senhor Jesus, Mestre e Pastor, Caminho, Verdade e Vida, tem piedade de mim e ensina-me a caminhar na tua luz.”

Porque quem se humilha será exaltado, e é no silêncio dos humildes que o Mestre fala mais claramente.

Jesus Mestre e Pastor: o Caminho dos humildes

Neste domingo, a Família Paulina celebra a Solenidade de Jesus Mestre e Pastor, Caminho, Verdade e Vida. É belo notar como o Evangelho nos leva exatamente a essa experiência: o fariseu permanece em si, perdido em seu próprio caminho; o publicano se deixa conduzir pelo Mestre, que é o verdadeiro Caminho.

Jesus é o Mestre que ensina não apenas com palavras, mas com o gesto humilde de quem se inclina para servir. É o Pastor que guia com ternura, que busca a ovelha perdida e se alegra com o seu retorno.
É o Caminho que nos liberta das ilusões da perfeição aparente.
É a Verdade que nos mostra o rosto de Deus, não como juiz severo, mas como Pai compassivo.
É a Vida que brota quando reconhecemos que não somos o centro: Ele é.

Ser discípulo do Mestre é aprender a orar como o publicano: com o coração exposto, sem máscaras, sem defesas.

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TRÍDUO A JESUS MESTRE

A Família Paulina celebra, neste próximo final de semana, a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Mestre e Pastor, Caminho, Verdade e Vida, devoção profundamente enraizada na espiritualidade paulina e confiada pelo venerável Pe. Tiago Alberione a toda a sua admirável Família.

Por que a Família Paulina celebra Jesus Mestre, Caminho, Verdade e Vida?

A Família Paulina celebra com profunda alegria e fé a Solenidade de Jesus Mestre, Caminho, Verdade e Vida, expressão central da espiritualidade e do carisma deixados pelo seu fundador, o Bem-aventurado Pe. Tiago Alberione.

Inspirado no Evangelho de São João: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6), Pe. Alberione reconheceu em Jesus o Mestre divino que conduz toda a pessoa humana ao encontro pleno com Deus: iluminando a mente com a Verdade, fortalecendo a vontade no Caminho do bem e vivificando o coração com a Vida da graça.

Essa tríplice dimensão revela a integridade do seguimento de Cristo e orienta a missão paulina de “viver e comunicar Jesus Mestre ao mundo inteiro”, especialmente por meio dos instrumentos da comunicação social e das diversas formas de apostolado moderno.

Na liturgia, a Solenidade de Jesus Mestre, Caminho, Verdade e Vida, celebrada tradicionalmente no último domingo de outubro, é um momento de renovação espiritual para todos os membros da Família Paulina. É a ocasião de reafirmar o compromisso de seguir e anunciar Cristo Mestre, modelo perfeito de humanidade e fonte de toda sabedoria, amor e vida.

Em preparação para esta solene comemoração, apresentamos uma proposta de celebração do tríduo, conforme o Ofício Divino das Comunidades, a ser rezado no Ofício de Vésperas.

Anexamos, ainda, o roteiro para o Ofício de Vigília, a ser celebrado no sábado, bem como os cantos próprios para a Solenidade de Jesus Mestre, a fim de favorecer uma vivência orante e comunitária mais profunda deste mistério de fé.

Tríduo de preparação, 2025 – OFÍCIO DA TARDE

1. CHEGADA – Ô, ô, ô, Nós te adoramos o Cristo.

2. ABERTURA

– Vem, ó Deus da vida vem nos ajudar, (bis)
Vem não demores mais vem nos libertar! (bis)

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Santo Espírito. (bis)
Glória à Trindade Santa, glória ao Deus bendito! (bis)

– Mestre e verdade és, Cristo Jesus (bis)
Nosso caminho e vida, Sol que nos conduz. (bis)

3. RECORDAÇÃO DA VIDA

4. HINO melodia: hino da tarde, quinta, véspera II semana.

Ó Verbo de Deus Pai / bem antes do universo.
Tua luz brilhou nas trevas / que o mundo estava imerso.

De tua plenitude  / nós todos recebemos,
Que a glória de Deus Pai / em ti nós contemplemos.

Divino Mestre amado, / ó vem nos conduzir
A nossa fé sustenta / pra sempre te seguir.

Verdade, te escutamos / Caminho, te seguimos
Ó Vida, em ti nós cremos / Amor da nossa vida.

Glorificado sejas, / Jesus, Mestre e Pastor,
Ao Pai e ao Espírito / o nosso igual louvor.

5. SALMODIA

1º dia:
Salmo 119 – ODC p. 154  [melodia da antífona, Gelineau].
Ant. A palavra de Deus é a verdade sua lei liberdade
Cântico de Timóteo – Lembra-te ODC p. 258 [N. 46]

2º dia:
Salmo 25 – ODC P. 142
Ant. Ensina-me Senhor os teus caminhos,
     Tua Palavra me oriente e me conduza.
Cântico 1Tm 3,16 – ODC, p. 708 – melodia: O Senhor me disse
Ant.: Grande é o mistério da piedade, Cristo, salvador.

3º dia:
Salmo 1
Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vai ao Pai a não ser por mim [João 14,6]
Cântico de filipenses, ODC, p. 256 [n. 43]
Adoremos a Cristo, Verbo do Pai, que se fez servo, para ser nosso caminho e nossa vida.

6. LEITURA BÍBLICA

1º DIA:  Gálatas 2,19b-20
Leitura da carta do apóstolo Paulo ao Gálatas. Estou crucificado com Cristo. E já não sou eu que vivo: é Cristo que vive em mim. E a vida que vivo agora na carne, eu a vivo pela fé no Filho de Deus que me amou e se entregou por mim. Palavra do Senhor.

Responso: Fl1,20-21;3,14
Cristo será engrandecido no meu corpo, pela vida ou pela morte,
pois para mim o viver é Cristo, e o morrer é apenas lucro.
Sabeis que eu tenho por missão a defesa do Evangelho, pois para mim o viver é Cristo…
Esquecendo o que fica para trás, corro em direção à meta, pois para mim o viver é Cristo…

2º DIA:  2Pedro 1,16-19
Leitura da segunda carta de Pedro. Quando ensinamos a vocês sobre a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, não tiramos isso de fábulas artificiais. Nós ensinamos porque fomos testemunhas oculares da grandeza dele. Pois ele recebeu honra e glória de Deus Pai, quando uma voz vinda da sua majestade lhe disse: “Este é meu Filho amado, no qual encontro o meu agrado”. Essa voz, vinda do céu, nós a ouvimos quando estávamos com ele no monte santo. Com isso, a mensagem profética se confirma em nós. E vocês farão bem recorrendo a ela como lâmpada que brilha na escuridão até que amanheça o dia, e brilhe em suas mentes a estrela da manhã. Palavra do Senhor.

Responso: melodia: nas águas do jordão:
– Tua Palavra, Senhor, * é luz em meu caminho.
– Tua Palavra, Senhor, * é luz em meu caminho.
– Ensina-me a seguir teus passos.
é luz em meu caminho.
Glória ao Pai e ao Filho, * e ao Espírito Santo.
– Tua Palavra, Senhor, * é luz em meu caminho.

3º DIA2 Timóteo 3, 14-17
Leitura da segunda carta de Paulo a Timóteo. Quanto a você, fique firme naquilo que aprendeu e aceitou como certo. Você sabe de quem o aprendeu. Desde a infância, você conhece as Sagradas Letras, que podem dar-lhe a sabedoria que leva à salvação pela fé em Cristo Jesus. Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para ensinar, refutar, corrigir, educar na justiça. Assim, a pessoa que é de Deus estará capacitada e bem preparada para toda boa obra. Palavra do Senhor.

Responso:ODC p. 426, n. 370
– Inclina, Senhor meu ouvido * para a tua palavra.
Inclina, Senhor meu ouvido * para a tua palavra.
Desperta o meu coração
para a tua palavra.
Glória ao Pai e ao Filho, * e ao Espírito Santo.
Inclina, Senhor meu ouvido * para a tua palavra.

7.  MEDITAÇÃO – Silêncio…

8. CÂNTICO DE MARIA (melodia: Refrão meditativo, n. 14a, p. 8)

Ant.Vivo na fé do filho de Deus
que me amou e se entregou por mim.

Ou: ODC 237 Ant: Weber ciclo pascal faixa 22

Ant.:Eu sou o caminho a verdade e a vida,
        ninguém vai ao Pai se por mim não passar

Ant.: Já não sou mais eu que vivo,
        é Cristo que vive em mim.

9. PRECES

1º DIA
Oremos ao Cristo, Senhor e Mestre, único mediador da nossa salvação:

Só tu, tens Palavra de vida eterna!

– Ó Cristo, que em ti reconciliaste todas as coisas, faze que a humanidade, dilacerada pelas divisões, encontre a paz e a unidade, nós te pedimos.

– Ó Cristo, que te fizeste caminho para a humanidade, ilumina toda pessoa que busca um sentido em sua vida, nós te pedimos.

– Ó Cristo, que te compadeceste das nossas fraquezas, sustenta as vítimas das injustiças e da violência institucionalizada.

– Ó Cristo. guarda-nos na comunhão dos santos, com nosso Pai Alberione e nossa Madre Escolástica, e com todas as testemunhas do Reino.

Preces espontâneas…

Dá, ó Senhor, às Igrejas cristãs, a unidade visível.
Que nós sejamos um para que o mundo creia. Pai nosso

2º DIA
Invoquemos irmãos e irmãs, o Santíssimo nome de Jesus

Cristo, Filho do Deus vivo, tem piedade de nós.
Cristo, Palavra do Pai, nosso Mestre e Pastor, tem piedade de nós.
Cristo, Verdade, Caminho e Vida, tem piedade de nós.
Cristo, Sol da justiça, tem piedade de nós.
Cristo, força dos mártires, tem piedade de nós.
Cristo, Senhor do universo, tem piedade de nós.
Cristo, Estrela da manhã. Tem piedade de nós.

Invocações espontâneas…

Dá, ó Senhor, às Igrejas cristãs, a unidade visível.
Que nós sejamos um para que o mundo creia. Pai nosso

3º DIA
De coração agradecido, invoquemos a Jesus, nosso Mestre e nossa vida.

Ouve Senhor, a nossa oração.

– Filho de Deus, invocamos a tua compaixão sobre toda a família humana.- Faze-nos viver da tua vida e caminhar como filhas e filhos da luz, na alegria do Evangelho.

– Aumenta a fé da Igreja, para que esteja sempre pronta a dar testemunho de amor no serviço dos pobres.

– Consola os que estão tristes e manifesta o teu rosto aos que estão desanimados.

Preces espontâneas…

Dá, ó Senhor, às Igrejas cristãs, a unidade visível.
Que nós sejamos um para que o mundo creia. Pai nosso

Pai-nosso

Oração [santo Ambrósio]
“Nós te seguimos, Senhor Jesus,
mas para que te sigamos, chama-nos.
Pois sem si, ninguém caminha.
Tu és com efeito o Caminho, a Verdade e a vida.
Recebe-nos como estrada acolhedora,
acalma-nos como só a verdade pode acalmar.
Vivifica-nos, porque só tu és a vida”.
Tu que és nosso Senhor e Mestre,
com o Pai e o Espírito Santo. Amém

Ou

Ó Deus, que na plenitude dos tempos
falaste à humanidade na pessoa
do teu amado Filho, Jesus Cristo,
concede-nos reconhecê-lo por nosso Mestre e Senhor,
segui-lo fielmente como discípulas
e anunciá-lo ao mundo
como Caminho, Verdade e Vida.
Ele que é Deus contigo,
na unidade do Espírito Santo. Amém

10. BÊNÇÃO

O Deus da vida que se revela na pessoa de Jesus nos cumule do seu Espírito e nos abençoe, o Pai e o Filho e o Espírito Santo. Amém!

–  Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo.
Para sempre seja louvado!

– Que o auxilio divino permaneça conosco
E com nossos irmãos e irmãs ausentes

VIVER JESUS CRISTO MESTRE, CAMINHO, VERDADE E VIDA

A meditação “Vivere Gesù Cristo Maestro Via, Verità e Vita” foi proferida por Pe. Tiago Alberione, fundador da Família Paulina, às Pias Discípulas do Divino Mestre em 19 de março de 1966, na igreja dedicada a Jesus Mestre, em Roma, por ocasião da festa de São José. Trata-se de uma das últimas reflexões públicas do fundador, nas quais se percebe a maturidade espiritual e teológica de sua vida interior, sintetizando o coração de toda a espiritualidade paulina: viver em profunda comunhão com Cristo Mestre, Caminho, Verdade e Vida.

Nesta meditação, Alberione propõe um itinerário espiritual centrado na vida interior como núcleo da santidade e da missão. Inspirando-se em São José, ele destaca a simplicidade e a fidelidade cotidiana como o verdadeiro caminho de união com Deus. O autor adverte que as expressões externas da fé (cânticos, ritos e observâncias) são valiosas, mas somente têm sentido quando brotam de um interior animado pela fé, pela esperança e pela caridade. Assim, viver a vida religiosa não é apenas cumprir regras, mas deixar que Cristo transforme a própria interioridade.

O fundador retoma, em seguida, o núcleo da devoção paulina a Jesus Mestre: Ele é honrado como Verdade, pela fé e pela busca da sabedoria; como Caminho, pelo seguimento de seus exemplos e mandamentos; e como Vida, pelo amor que o discípulo cultiva a Deus e às almas. Alberione também recorda que o conhecimento de Cristo se dá pela Revelação, pela Tradição e pelo Magistério da Igreja, e que a verdadeira comunhão com o Mestre se realiza na Eucaristia e na Palavra, duas presenças inseparáveis.

A meditação conclui com uma exortação à Família Paulina: que todos compreendam e vivam profundamente a presença do Mestre Divino, irradiando a partir da Eucaristia a luz de Cristo para o mundo. O autor confia essa graça à comunidade das Pias Discípulas, unindo o sentido espiritual da nova igreja a uma missão universal de evangelização.

Ler este texto é entrar no pensamento orante de Pe. Alberione, onde a teologia se faz vida e a espiritualidade se traduz em comunhão. Sua voz, serena e convicta, convida cada discípulo e discípula do Divino Mestre a cultivar uma fé encarnada, unindo oração e ação, interioridade e missão, Eucaristia e Evangelho.


17. VIVER JESUS CRISTO MESTRE, CAMINHO, VERDADE E VIDA

Meditação à Comunidade das Pias Discípulas do Divino Mestre.
Roma, Via Portuense 739, 19 de março de 1966

… a vida interior. Ele — São José — foi o maior dos santos depois da Santíssima Virgem: seu recolhimento habitual, sua união com Deus, sua docilidade à vontade divina em tudo, sempre disposto a tudo o que o Senhor lhe pedia nas diversas circunstâncias, conforme entendemos pelo Evangelho. Vida interior.

Os cânticos têm seu lugar e fazem muito bem; é necessária também a parte litúrgica exterior; mas, depois disso, é preciso cultivar a vida interior, ou seja, uma fé cada vez mais viva, uma esperança cada vez mais viva, e uma caridade cada vez mais viva. A vida religiosa deve ser observada nas diversas disposições das Constituições religiosas, mas sobretudo observada no íntimo, mais do que no exterior, em tudo, do primeiro ao último artigo das Constituições. Antes de tudo, que seja animada pela fé; pela esperança em Jesus Cristo e na imitação de Jesus Cristo; e pelo amor a Deus e ao próximo. Esta é a vida interior.

A abundância de oração honra a Deus e alcança as graças de que precisamos; mas, ainda mais, é preciso cuidar do interior mais do que da observância exterior. Assim também devem ser recebidos os sacramentos, assim também se deve participar das celebrações. E, em todo o dia, deve haver uma alegria religiosa, uma santa união com Deus. É verdade que, nas obras e nas tarefas, é necessário cuidar também do aspecto exterior e isso é necessário. Mas que tudo parta, antes de tudo, do íntimo.

São José, que não fez coisas extraordinárias, chegou à mais alta santidade. Ele não foi apóstolo, nem mártir, nem pontífice, e, no entanto, está acima de todos no paraíso, exceto a Santíssima Virgem. Por quê? Porque sua vida foi a de um carpinteiro. Mas chegou a tal santidade por causa de sua interioridade.

Segundo pensamento (belíssima esta igreja, sim; e belíssima a cripta, que favorece e convida ao recolhimento): é preciso obter que, em toda a Família Paulina, se compreenda e se siga verdadeiramente o Divino Mestre, tal como o recebemos na comunhão.

Devemos recordar que o Divino Mestre é honrado, em primeiro lugar, pela verdade — a fé; depois, por sua vida, ou seja, por seus exemplos — o caminho; e, por fim, pelo amor — a vida: amor a Deus e amor às almas. Sim, repitam muitas vezes isso, como se repetem as jaculatórias.

Nesta intimidade, posso dizer assim: até agora, quem compreendeu profundamente e viveu isso foi Pe. Dragone, que já preparou e mandou imprimir outro volume; três volumes já foram publicados, e outro está em preparação. Ele compreendeu profundamente o Divino Mestre, já quando era o Criador. Pois foi Ele quem concebeu o desenho do mundo e o realizou. Assim também aqui, os engenheiros fizeram os desenhos, e vocês deram a sua parte nisso. Sim.

Mas é necessária a ciência e a sabedoria: “Eu sou a Verdade” (Jo 14,6), diz o Filho de Deus no seio do Pai.
O primeiro livro foi feito pela ciência humana, isto é, pela criação, em substância, foi assim: “Tudo foi feito por meio dele” (Jo 1,3).

Depois vem a vontade (depois da inteligência): a vontade, expressa nos mandamentos. E tudo o que é bom e santo está contido nos mandamentos e em tudo o que foi ensinado no Antigo Testamento.
Depois, segue-se a revelação do Filho de Deus encarnado, ou seja, o Evangelho. E depois, a Tradição, porque nem tudo foi escrito nos Evangelhos, muita coisa não foi escrita (cf. Jo 21,25); e então existe a Tradição. O ensinamento do Filho de Deus encarnado, uma parte está escrita nos Evangelhos, outra parte está na Tradição. E, portanto, quem interpreta, compreende e explica é o Magistério da Igreja.

E depois, vem a vida: a vida de Jesus Cristo em nós, e como Ele nos transforma. E o que nos tornamos depois disso? Até podermos dizer: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20).
E esse é o Magistério.

Ora, o que nós contemplamos e meditamos em Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida, encontra seu reflexo em Maria, que foi quem mais profundamente compreendeu e seguiu o Divino Mestre. Portanto, o que quero dizer é isto: coloquem essas intenções, tanto pelo que já foi feito, quanto pelo que ainda deve ser feito, ou seja, obter que em toda a Família Paulina, em cada um de seus membros, se compreenda e se viva o Divino Mestre. Confio-lhes essa missão. Peçam essa graça. E essa graça está ligada a esta igreja.

Na lista das intenções que apresento ao Senhor todas as manhãs, há esta: pelo menos há seis anos eu lembrava diariamente da construção desta igreja dedicada ao Divino Mestre. Esta igreja será um centro e esse centro é Jesus Cristo: Jesus Cristo presente realmente na Eucaristia; e de onde partirão os raios que se difundirão pelo mundo, começando pela Família Paulina.

Eis, portanto, os dois pensamentos principais:
Primeiro, a importância da vida interior, da interioridade.
Segundo, obter esta graça: que todos compreendam, que todos entendam: “Eu sou o Mestre”, diz Jesus. Ele vive na Eucaristia, vive no Evangelho e no ensinamento que nos deu.
Portanto, é preciso unir sempre a Palavra de Deus à Eucaristia, sempre unidas: Eucaristia e Evangelho.

Seja louvado Jesus Cristo.