FAMÍLIA PAULINA CELEBRA A COMEMORAÇÃO DOS FIÉIS DEFUNTOS 2025

Com profundo espírito de fé e esperança, apresentamos esta homilia preparada pelo Pe. Antônio Lúcio, SSP, para a Comemoração dos Fiéis Defuntos de 2025. Neste dia em que a Igreja se une em oração pelos que partiram para a Casa do Pai, somos convidados a renovar a confiança na promessa da vida eterna e na misericórdia de Deus, que acolhe com amor todos os seus filhos.

A Família Paulina esteve reunida nas Capelas Mortuárias para as Missas, às 08h00 e às 10h00, elevando a Deus preces e agradecimentos pelos irmãos e irmãs que concluíram sua caminhada terrena.

As palavras do Pe. Antônio Lúcio nos ajudam a viver este momento com serenidade e gratidão, transformando a saudade em esperança e o luto em fé viva na ressurreição.

Homilia na íntegra:

Finados (Sb 3,1-9; Ap 21,1-7; Lc 7,11-17)

Hoje, o nosso coração se reveste de silêncio e de ternura. Viemos rezar pelos nossos entes queridos, Coirmãos e Coirmãs de Congregação que partiram — aqueles que um dia nos deram a mão, o sorriso, o conselho, a presença. O Dia de Finados não é apenas o dia da saudade; é, sobretudo, o dia da esperança.

1. “A vida dos justos está nas mãos de Deus” (Sb 3,1): A primeira leitura nos consola profundamente: “a vida dos justos está nas mãos de Deus”.O livro da Sabedoria foi escrito para tempos de provação. Fala a pessoas que choram, mas que não se desesperam.Quem está nas mãos de Deus não se perde, não é esquecido.Deus segura cada vida com ternura infinita — como uma mãe que embala o filho adormecido.A morte, para quem crê, não é um abismo, mas uma travessia.E o amor, quando é verdadeiro, não termina com a morte, apenas muda de forma: o amor permanece em Deus!

2. “Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21,5): O Apocalipse nos faz levantar os olhos:João viu “um novo céu e uma nova terra”.Tudo o que hoje nos fere — a dor, o luto, a separação — será transformado.Deus enxugará toda lágrima.A fé cristã não nega o sofrimento, mas o ilumina com a promessa da nova criação.A morte não tem a última palavra.A última palavra é a Vida, é Deus, é o Amor que renasce.Quando rezamos pelos falecidos, não o fazemos por tristeza, mas por comunhão.O amor que uniu nossas vidas aqui continua unido no coração de Deus.

No Céu, não há distância: há reencontro.

3. “Jovem, eu te ordeno: levanta-te!” (Lc 7,14): O Evangelho nos leva até a pequena cidade de Naim.Jesus encontra uma viúva que leva o filho único para ser sepultado.Jesus vê aquela mãe — e “enche-se de compaixão”.Antes de realizar o milagre, Ele se aproxima.Não é um Deus distante: é o Deus que se comove, que toca o caixão, que fala com ternura e autoridade:“Jovem, eu te ordeno: levanta-te!”Este é o mesmo Jesus que, diante da nossa dor, se aproxima de nós.Ele não é indiferente às nossas lágrimas.Ele chora conosco, e ao mesmo tempo nos ergue pela fé.Em cada Eucaristia, Ele repete esse gesto: toca a nossa morte com a força da Sua vida.E nos diz, também a nós e aos que amamos:“Levanta-te! Vive em mim!”

4. Memória e Esperança: Neste dia de Finados, acendemos velas, levamos flores, visitamos cemitérios…Mas o gesto mais belo é a oração.Quando rezamos pelos falecidos, o amor passa pela fronteira da morte.A oração é o abraço que atravessa o tempo.E quando celebramos a Eucaristia, o Céu e a Terra se encontram — vivos e falecidos se unem no mesmo altar.Por isso, mesmo entre lágrimas, o nosso coração pode repetir com fé:“Senhor, obrigado pela vida que nos deste;obrigado pela esperança da ressurreição, obrigado porque as almas dos justos estão em Tuas mãos.”

Conclusão: Hoje não celebramos o fim, mas a plenitude.Quem partiu em Cristo vive.E nós, que ainda caminhamos, confiamos:Um dia, o Senhor também nos chamará pelo nome, como chamou o filho de Naim,e dirá: “Levanta-te, vem para a Vida!”Até lá, permaneçamos unidos pela fé, pela saudade e pela esperança.Porque Deus é o Deus dos vivos, e em Suas mãos, ninguém se perde.Amém.

Cemitério da Irmandade do Santíssimo Sacramento
Jazigo da Família Paulina
São Paulo, 2 de novembro de 2025
Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos

DIA DE FINADOS: A CELEBRAÇÃO DA ESPERANÇA CRISTÃ NA VIDA ETERNA

No dia 2 de Novembro, a Igreja Católica dedica-se a comemorar a memória de Todos os Fiéis Defuntos. Longe de ser apenas um dia de luto, esta é uma celebração profundamente arraigada na e na esperança, sustentada pelo ensinamento seguro da nossa doutrina.

O que faz o cristão enfrentar a morte não com desespero, mas com esperança, é a certeza da Ressurreição de Cristo.

O Catecismo da Igreja Católica (CIC), fundamentado na Sagrada Escritura e na Tradição, ensina que:

  • A Morte é o Fim da Peregrinação Terrena: A morte marca o fim da vida sacramental e da possibilidade de merecer ou se arrepender (CIC 1013). É um convite a refletir sobre a seriedade da vida e a urgência de responder ao chamado de Deus.
  • Cristo Venceu a Morte: Para o cristão, a morte não é um ponto final, mas uma passagem. Pelo Batismo, fomos unidos à morte de Cristo para que, como Ele, ressuscitemos para uma nova vida (Rm 6, 4). “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá” (Jo 11, 25).

A Comunhão dos Santos e o Purgatório

A doutrina que dá sentido à nossa oração pelos falecidos é a Comunhão dos Santos (CIC 946-959). Esta comunhão é a união espiritual entre três estados da Igreja:

  1. Igreja Triunfante (os Santos no Céu).
  2. Igreja Padecente (as almas no Purgatório).
  3. Igreja Peregrina (nós, na Terra).

O Catecismo explica que:

  • A Necessidade de Purificação: Aqueles que morrem na graça e na amizade de Deus, mas ainda imperfeitos ou não totalmente purificados, necessitam de uma purificação final para alcançar a santidade necessária para a alegria do Céu. A Igreja chama a essa purificação de Purgatório (CIC 1030-1031).
  • A Eficácia de Nossas Orações: Por causa da Comunhão dos Santos, nossa oração, especialmente o Sacrifício Eucarístico (a Missa), tem o poder de ajudar e interceder pelas almas no Purgatório (CIC 958). Rezar pelos mortos não é apenas uma tradição, mas uma obra de misericórdia (2 Mac 12, 46).

A Nossa Esperança: Céu, Inferno e Juízo

O Dia de Finados nos lembra o destino eterno do homem:

  • O Juízo Particular: No momento da morte, cada alma recebe sua retribuição eterna, na presença de Cristo, por meio de um Juízo Particular (CIC 1021-1022).
  • O Céu: É o estado de suprema e definitiva felicidade. Para aqueles que morrem na graça de Deus e estão perfeitamente purificados, é a união perfeita com a Santíssima Trindade e com todos os Santos (CIC 1023-1029).
  • O Inferno: É a condenação eterna para aqueles que morrem em pecado mortal e recusam a misericórdia de Deus até o fim. O ensino da Igreja é um apelo à responsabilidade e à conversão (CIC 1033-1037).

Neste Dia de Finados, reforcemos a nossa fé. Visitar o cemitério é um gesto de carinho, mas o maior dom que podemos oferecer aos nossos entes queridos é a oração sincera. Rezemos para que, pela infinita misericórdia de Deus, eles sejam purificados e admitidos à visão beatífica, onde “Deus enxugará toda lágrima dos seus olhos, e a morte não existirá mais, nem haverá mais luto, nem pranto, nem dor” (Ap 21, 4).

Participe de uma Missa em sufrágio das almas dos falecidos. É o ato de amor mais perfeito que podemos realizar por aqueles que nos precederam na fé.

A LITURGIA NO DIA DE FINADOS

A Liturgia Católica para o Dia de Finados, a Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos (2 de Novembro), não é apenas um ritual fúnebre, mas uma poderosa proclamação de fé na Ressurreição e na Comunhão dos Santos. A liturgia é a expressão máxima e oficial do que a Igreja crê.

O que a liturgia nos revela:

1. O Foco é na Páscoa de Cristo

A cor litúrgica utilizada é geralmente o roxo (simbolizando penitência e esperança) ou, em alguns locais e conforme as rubricas, o preto (luto e tristeza pela perda). No entanto, a mensagem central é de Páscoa, ou seja, a “passagem”.

  • Oração da Coleta (Oração do Dia): O texto litúrgico mais eloquente é a oração que se reza no início da Missa. Nela, a Igreja pede a Deus que, ao reafirmarmos a fé no Seu Filho ressuscitado, se fortaleça também a nossa esperança na futura ressurreição de Seus servos e servas falecidos. O pedido não é pela morte, mas pela plenitude da vida.
  • Prefácio dos Defuntos: As orações que antecedem a Oração Eucarística (o Cânon) frequentemente repetem a grande verdade: “Em Cristo, brilhou-nos a esperança da feliz ressurreição. E, se nos entristece a certeza de ter que morrer, somos consolados pela promessa da imortalidade futura… Para os que creem em vós, Senhor, a vida não é tirada, mas transformada. E, desfeita a morada deste exílio terrestre, é-nos preparada no céu uma habitação eterna.”

2. Textos Bíblicos Centrados na Esperança

As leituras propostas pela Liturgia da Palavra para a Missa de Finados são escolhidas a dedo para afastar o desespero e infundir a certeza da vida em Deus:

  • Primeira Leitura (Ex: Jó 19, 1.23-27a; Sab 3, 1-9): Textos que falam da vida dos justos nas mãos de Deus e da esperança em ver o Redentor. O famoso trecho de Jó (“Eu sei que o meu Redentor está vivo, e que por fim se levantará sobre o pó…”) é frequentemente usado para afirmar a fé na ressurreição da carne.
  • Salmos (Ex: Salmo 23/24 – “O Senhor é o pastor que me conduz”; Salmo 42/43 – “A minha alma tem sede de Deus”): São salmos de confiança, que expressam a segurança em Deus, mesmo no “vale tenebroso”.
  • Evangelho (Ex: Jo 11, 21-27; Jo 6, 37-40): O Evangelho é a própria voz de Jesus, sendo o texto de João o mais emblemático: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá.” Jesus garante que a vontade do Pai é que todo aquele que vê o Filho e nele crê tenha a vida eterna, e Ele próprio o ressuscitará no último dia.

3. A Centralidade da Eucaristia como Sufrágio

A Missa é o ato litúrgico central. Nela, a Igreja oferece a Deus o sacrifício de Cristo (o mesmo que se deu na Cruz) em favor dos fiéis defuntos:

  • O Sacramento Pascal: A liturgia entende a Missa pelos mortos como o Sacramento Pascal que se oferece por eles, a fim de que, purificados, alcancem a glória da ressurreição futura.
  • Privilégio Sacerdotal: A importância litúrgica desta comemoração é tamanha que, desde 1915, a Igreja permite que cada presbítero celebre até três Missas neste dia: uma pela intenção da Igreja (pelos Fiéis Defuntos), e duas por intenções particulares, todas com o fim de sufragar e ajudar as almas.

Em resumo, a liturgia do Dia de Finados nos convida a chorar a ausência com a humanidade, mas a celebrar o Mistério com a fé, lembrando-nos que o Corpo de Cristo (a Igreja) não se fragmenta pela morte, mas se estende entre a terra (peregrina), o Purgatório (padecente) e o Céu (triunfante).