Algumas recomendações:
-Antes de começar a leitura, prepare o ambiente, acenda uma vela…
Encontre uma posição confortável, acalma-se de toda a agitação, preste atenção aos próprios sentimentos, pensamentos, preocupações…
Deixe que volte ao coração acontecimentos, pessoas, situações…Entregue tudo ao Senhor.
Em atitude de fé, invoque o Espírito Santo, pois é ele que ‘perscruta todas as coisas, até mesmo as profundidades de Deus’ (cf. I Coríntios 2,10-12 ).
Se desejar, escreva no seu caderno pessoal tudo o que experimentou durante a oração. Se possível, partilhe com alguém.
Abaixo o roteiro na íntegra.
Algumas recomendações: Antes de começar a leitura, prepare o ambiente, acenda uma vela…Encontre uma posição confortável, acalma-se de toda a agitação, preste atenção aos próprios sentimentos, pensamentos, preocupações…Deixe que volte ao coração acontecimentos, pessoas, situações…Entregue tudo ao Senhor. Em atitude de fé, invoque o Espírito Santo, pois é ele que ‘perscruta todas as coisas, até mesmo as profundidades de Deus’ (cf. I Coríntios 2,10-12). Se desejar escreve no seu caderno pessoal tudo que viveu durante a oração e partilhe.
26º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO B
Leituras dos textos bíblicos:
Evangelho Marcos 9,38-43.45.47-48
1ªLeitura Livro dos Números 11,25-29
Salmo 19 (18),8.10.12-13.14 (R.8a 9b)
2ªLeitura da Carta de São Tiago 5,1-6
Quatro passos da Leitura Orante
Invocação ao Espírito Santo…
Primeiro passo: LER
“Ele me desperta a cada manhã e me excita o ouvido,
para prestar atenção como um discípulo” (Is 50,4b)
● Ler e reler o texto, baixinho e em voz alta; escutar o texto (alguém está falando!).
● Prestar atenção a cada palavra, às ideias, às imagens, ao ritmo, à melodia.
● Tentar entender o texto (no contexto em que foi escrito).
● Se for possível, recorrer também a um bom comentário de um biblista.
- Ler como se fosse a primeira vez.
- Ler quantas vezes forem necessárias para deixar o texto falar.
- O que o texto está dizendo?
- Não interpretar, nem jogar suas ideias no texto – escute!
- Responder: Nível literário: Quem? O quê? Quando? Como? Onde? Por quê? O texto faz insistências (imagens, verbos, substantivos…)? Nível histórico: Quando o texto foi escrito? O relato coincide com a data da redação? Para quem foi escrito? Nível teológico: O que Deus estava dizendo naquela situação? Como ele se revelava? Como o povo respondia?
- Obs.: procurar as respostas em primeiro lugar no texto, depois em algum subsídio.
- Ao final desse momento, experimente reler o texto.
Segundo passo: MEDITAR
“Uma vez Deus Falou, duas eu ouvi” (Sl 62,12)
● Repetir o texto (ou parte dele) com a boca, a mente e o coração: não “engolir” logo o texto, e sim mastigá-lo, “ruminá-lo”, tirando dele todo o seu sabor; não ficar só com as idéias que contém, mas deixar que as próprias palavras mostrem sua força; aprender de cor (= de coração!) pelo menos uma parte do texto.
● Penetrar no texto, interiorizá-lo; compreendê-lo, interpretá-lo a partir de nossa realidade; identificarmo-nos com ele. Perceber como o texto expressa nossas próprias experiências, sentimentos e pensamentos. Principalmente no caso dos salmos, estas experiências podem ser entendidas também como se referindo a Jesus, o Cristo.
● Trata-se de atualizar o texto: perceber como ele acontece hoje, em nossa realidade pessoal comunitária e social; perceber qual a palavra que o Senhor poderá estar nos dizendo…
- Ouvir o que Deus está dizendo hoje através do texto.
- Relacionar o texto com outras leituras (texto da Bíblia ou da Liturgia).
- Experimente reler o texto!
- Escolha uma frase ou expressão do texto que te marcou.
Terceiro passo: ORAR
“O Espírito nos socorre em nossa fraqueza,
pois não sabemos orar como convém” (Rm 8,26)
● Deixar brotar de dentro do coração tocado pela Palavra uma resposta ao Senhor. Dependendo da leitura e da meditação feitas, poderá ser uma resposta de admiração, louvor, agradecimento, pedido de perdão, compromisso, clamor, pedido, intercessão…
- O que o texto me faz dizer a Deus?
- Não “maquiar” os sentimentos diante de Deus.
- A oração pode ser feita a partir de um salmo ou cântico bíblico.
- Levar em conta o próprio texto e deixar o “movimento” do Espírito conduzir sua prece, louvor, adoração…
- Você pode também compor uma oração estilo coleta ou uma introdução para a celebração dominical (sentido litúrgico).
- Formular um compromisso: “Senhor, que queres que eu faça?”
- Experimente reler o texto.
Quarto passo: CONTEMPLAR
“Tende em vós os mesmos sentimentos que havia em Jesus Cristo” (Fl 2,5)
● A Bíblia não usa o verbo contemplar e, sim, escutar, conhecer, ver. Trata-se de saborear, “curtir” a presença de Deus, o jeito de ele ser e agir, o quanto ele é bom e o quanto faz por nós. Supõe uma entrega total na fé. Passa necessariamente pelo conhecimento de Jesus Cristo (“Quem me vê, vê o Pai”), que se encontra ao lado dos pobres.
- Ver a realidade com os olhos de Deus. Transformação interior de que se pôs à escuta da palavra.
- Contemplar = “viver no templo” – atitude permanente de vida.
- Permitir a encarnação do Verbo – o sentido das escrituras está na sua realização em nossas vidas: “Hoje se cumpriu”.
Palavra de um lavrador: “…fui notando que se a gente vai deixando a palavra de Deus entrar dentro da gente, a gente vai se divinizando. Assim, ela vai tomando conta da gente e a gente não consegue mais separar o que é de Deus e o que é da gente. Nem sabe muito bem o que é Palavra dele e palavra da gente. A Bíblia fez isso em mim”.
Para ajudar no aprofundamento dos textos:
O poder, a solidariedade e os pequeninos – Marcos 9,38-43.45.47-48
A narrativa do Evangelho escolhida para a nossa reflexão na liturgia deste final de semana foi tirada de Marcos 9,38-50. Esse relato se divide em três partes.
1 – Autonomia das comunidades e a luta pelo poder (Marcos 9,38-40)
Para compreendermos bem a repreensão de Jesus ao apóstolo João, convém recordar algumas situações a respeito desse apóstolo. Certamente, os autores do Evangelho segundo Marcos conheciam estas tradições. De Paulo sabemos: João, junto com Pedro e Tiago, o irmão do Senhor (cf. Gálatas 1,19), era uma das autoridades em Jerusalém (cf. Gálatas 2,9). Tinha, portanto, uma posição de poder. Segundo o próprio Evangelho de Marcos nos informa, João, dessa vez junto com seu irmão Tiago, lutava por poder, pelo lugar mais importante, de maior prestígio, isto é, sentar-se ao lado do trono de Jesus em seu Reino (cf. Marcos 10,36-37). Por outro lado, Lucas nos informa que, mais uma vez junto com seu irmão, João tinha postura antiecumênica em relação aos samaritanos. Chegaram a propor a Jesus que um raio os queimasse vivos (cf. Lucas 9,51-55). Esse modo de agir do apóstolo João nos faz compreender sua dificuldade em aceitar a diversidade, a autonomia de outras equipes missionárias que não “seguissem” os seus ditames, as suas ordens (cf. v. 38).
Com essa cena do Evangelho de hoje, Jesus nos ensina que ninguém pode ter o monopólio da Boa Nova, da prática do bem. Nenhuma pessoa pode considerar-se dona exclusiva da missão confiada por Jesus a seus discípulos, nem pode se impor sobre outras comunidades ou grupos que promovem o respeito, a tolerância, a justiça, o amor.
Por trás dessa narrativa, é provável que as comunidades de Marcos reivindicassem o respeito por sua autonomia, livres de um poder centralizado, representado aqui por João. Agindo assim, Jesus legitima a soberania das comunidades e critica a centralização do poder. Certamente, essa postura do Nazareno nos faz pensar sobre as hierarquias das instituições de hoje.
A atitude de Jesus é ecumênica, não coibindo ninguém de contribuir com seu projeto, isto é, com a libertação de todas as formas de opressão e com a promoção da vida. Jesus não é monopólio de ninguém.
Para seguir Jesus em seu caminho, ele nos coloca, entre outras exigências, libertar-nos da tentação do poder como privilégio, como status, como prestígio (cf. João 13,1-17). Quem lidera, quer lavar os pés de seus liderados. Quem quer ser grande, que sirva (cf. Marcos 10,43).
2 – A solidariedade com quem segue Jesus (Mc 9,41)
De um lado, sabemos que o seguimento radical de Jesus na luta pela justiça do Reino, desperta violência, ódio e perseguição (cf. Mateus 5,10-12). De outro, sabemos também que muita gente é acolhedora e solidária. Enquanto Jesus está a caminho de Jerusalém para o grande gesto de doação de sua vida, afirma que também é nos pequenos gestos de solidariedade que se revela o Reino de Deus.
3 – Não escandalizar os pequeninos que creem (Mc 9,42-50)
Para que possa entrar na Vida, no Reino (vv. 43.45.47), quem segue Jesus não pode servir de queda (escandalizar = fazer tropeçar) para os pequeninos, os “discípulos novos” (v. 42).
Não pode seguir o profeta de Nazaré quem escandalizar os pequeninos. O lugar de quem assim age é o fundo do mar, onde deve permanecer junto aos porcos que lá foram precipitados (v. 42; cf. 5,13).
Para seguir o Mestre é necessário “cortar a mão” que rouba, acumula, esbofeteia e violenta. É preciso mudar o “modo de agir” (v. 43). Além disso, é necessário também “cortar o pé” que pisa, esmaga, faz tropeçar. Para quem segue Jesus, é imprescindível “mudar a conduta”, o “modo de caminhar” (v. 45). E mais. É necessário também “arrancar o olho” que julga, deseja, cobiça e inveja. Portanto, é indispensável “mudar o modo de ver” as coisas, as pessoas, a vida e o próprio Deus (v. 47).
Escandalizar os pequeninos é seduzi-los a se desviarem do projeto do Reino e sua justiça, a fim de que sigam as tentações de Satanás (riqueza, poder, prestígio). Escandalizar os pequeninos é desencaminhá-los através de mentiras, de modo que sigam cegamente o ódio, a indiferença, a intolerância. Daí a insistência em evitar o escândalo dos pequeninos, para que não se afastem do projeto do Reino, da verdade, do amor e da justiça.
Essa mensagem fala muito para nós hoje, quando vemos tantas pessoas dizerem que seguem Jesus, mas seu “modo de agir” é intolerante. Jesus, porém, pediu-nos mais que tolerância, pediu-nos respeito. Ou ainda, quando a “conduta” dessa gente segue pelos caminhos do ódio. Jesus, ao contrário, pediu-nos amor. Ou ainda, quando seu “modo de ver” é movido pela mentira. O mestre de Nazaré, porém, propõe-nos a verdade.
Três vezes, a narrativa se refere à Geena. Geena era um vale a sudoeste de Jerusalém, onde se queimava o lixo e, no passado, se sacrificavam pessoas (vv. 43.45.47; cf. Jeremias 7,32; 19,6). Era considerado um lugar impuro, de desprezo, de maldição.
Os vv. 50-51 se referem ao sal. Ser “salgado com fogo” é ser purificado (vv. 49-50; cf. 2Reis 2,20-22; Ezequiel 16,4). Portanto, quem decidir seguir radicalmente à Boa Nova de Jesus precisa purificar seu modo de agir, de caminhar e de ver, de modo a não escandalizar os pequeninos.
O sal também era símbolo da aliança da paz, sinal de amizade (cf. Levítico 2,13; Números 18,19). Daí o pedido de Jesus aos apóstolos e a nós hoje: “vivei em paz uns com os outros” (Marcos 9,50; cf. Romanos 12,18).
Ildo Bohn Gass
CEBI-RS
Roteiro preparado pelas irmãs
Pias Discípulas do Divino Mestre – Pastoral Vocacional
Site: www.piasdiscipulas.org.br