TRÍDUO PASCAL: CELEBRAÇÃO DA REDENÇÃO E DA VIDA NOVA EM CRISTO

Por Ir. Cidinha Batista, pddm

A celebração da Páscoa é o coração do ano litúrgico e a fonte que nutre a vida de fé da Igreja. No centro dessa experiência está o Tríduo Pascal — a paixão, morte e ressurreição de Jesus — que nos insere no mistério da redenção realizada por Cristo, que, ao morrer, venceu a morte, e ao ressuscitar, nos abriu as portas da vida nova.

O Tríduo Pascal é celebrado em três momentos interligados, formando uma única grande Páscoa: a Páscoa da Ceia, a Páscoa da Cruz e a Páscoa da Ressurreição.

Na Quinta-feira Santa, somos convidados a participar da Ceia do Senhor, sentando-nos à mesa com Jesus para celebrar a libertação de seu povo. É a noite do gesto do lava-pés, em que o Senhor nos ensina o mandamento do amor: “Amem-se uns aos outros como eu os amei” (Jo 13,34). A celebração eucarística desta noite, marcada por profunda comunhão, é seguida por um tempo de adoração, que, segundo as orientações da Igreja, não deve se estender além da meia-noite, preparando o coração e o corpo para a Vigília Pascal.

Na Sexta-feira Santa, a Igreja entra no silêncio da cruz. É a Páscoa do Crucificado. A liturgia deste dia expressa o luto, a indignação diante da injustiça e a solidariedade com os crucificados de nosso tempo. A comunidade se reúne para contemplar a Paixão do Senhor, rezar diante da cruz e renovar seu compromisso com a vida e com a dignidade humana.

A Vigília Pascal, celebrada na noite do Sábado Santo, é a mais importante de todas as vigílias da Igreja. É a celebração da vitória da vida sobre a morte, da ressurreição de Cristo, da realização plena do êxodo. À escuridão do túmulo sucede o anúncio glorioso da ressurreição: “Este é o meu Filho. A morte não o reteve, porque maior é o meu Amor”. É a celebração da libertação dos cristãos da escravidão do pecado e da morte, para participarem da glória dos filhos de Deus (Rm 8,21).

Nessa noite, os ritos litúrgicos — como a procissão luminosa com o Círio Pascal, a renovação das promessas batismais e a Eucaristia — tornam-se sinais vivos do novo êxodo do povo de Deus. A Igreja atravessa simbolicamente as águas do mal para renascer em Cristo, sendo alimentada pelo “novo maná” na travessia do deserto da vida.

A Vigília Pascal culmina no Domingo da Ressurreição e inaugura os cinquenta dias da festa pascal — tempo de alegria intensa, simbolizada pela cor branca, flores, cânticos de glória e aleluia. Durante todo o tempo pascal, o Círio permanece aceso nas celebrações dominicais como sinal da presença do Ressuscitado, e a aspersão da água pode substituir o ato penitencial, relembrando o batismo.

A última semana da Páscoa é dedicada à oração pela unidade dos cristãos. O Tempo Pascal se encerra com a Solenidade de Pentecostes, quando a Igreja celebra o dom do Espírito Santo, plenitude do Mistério Pascal de Cristo.

Feliz e abençoada Páscoa!