EXORTAÇÃO APOSTÓLICA DILEXI TE

Apresentamos a seguir os principais conteúdos e desdobramentos da exortação apostólica Dilexi te (“Eu te amei”), assinada por Papa Leão XIV em 4 de outubro de 2025 — data que coincide com a festa de São Francisco de Assis — e divulgada publicamente em 9 de outubro. (Vaticano)

Contexto e motivação

Dilexi te retoma parte de um projeto iniciado nos últimos meses do pontificado de Francisco, quando ele mesmo preparara uma exortação sobre o serviço aos pobres, cujo título complementa sua encíclica Dilexit Nos. Papa Leão XIV acolhe esse legado, declara que o “faz seu” e acrescenta reflexões próprias no começo de seu pontificado. (Vaticano)

O título “Eu te amei” provém de Apocalipse 3,9 e sugere que Cristo, em particular aos mais fracos, mais pobres ou menos poderosos, dirige uma palavra de amor e reconhecimento: mesmo sem força ou posição, eles são amados por Deus. (Vaticano)

O documento, que possui 121 pontos, busca sublinhar que a proximidade com os pobres é mais do que um programa social: é central à identidade cristã, à missão da Igreja e à vivência autêntica do Evangelho. (Vatican News)

Os capítulos e principais temas

A exortação está estruturada em uma breve introdução seguida por cinco capítulos (cap. I a V), cada um desenvolvendo um aspecto específico do tema do amor e da opção pelos pobres. A seguir, um panorama dos temas centrais:

Capítulo I – “Algumas palavras indispensáveis”
Nesta primeira parte, o Papa recorda episódios bíblicos (por exemplo, a mulher que unge Jesus com perfume caro) para mostrar que gestos simples de carinho e proximidade com o que sofre não são insignificantes, sobretudo se dirigidos aos mais vulneráveis. (EWTN Vatican)

Leão XIV enfatiza que o amor a Cristo não pode ser divorciado do amor aos pobres: quem ama o Senhor deve reconhecer Cristo no rosto dos mais pobres e sofredores. (Vaticano)

Capítulo II – “Deus opta pelos pobres”
Este capítulo aprofunda a ideia de que a atenção de Deus para os pobres não é acaso nem mero recurso simbólico, mas parte integrante da obra da salvação. Ele remonta à expressão bíblica de Deus “ter ouvido o clamor dos pobres” (por exemplo, no episódio da sarça ardente) para afirmar que a opção divina pelos que sofrem é permanente. (EWTN Vatican)

Aqui também se destaca a encarnação de Jesus como ato de amor e pobreza: o Filho de Deus torna-se pobre, identificado com os pobres, vivenciando rejeição e caminho de cruz. Essa pobreza de Cristo configura a dimensão teológica da proximidade com os mais fracos. (EWTN Vatican)

Capítulo III – “Uma Igreja para os pobres”
No capítulo III (e nos subsequentes), Leão XIV discute como a Igreja deve estruturar-se pastoralmente e missionariamente a partir dessa opção preferencial pelos pobres. Ele não propõe que os pobres sejam tratados como “casos sociais” separados, mas que a ação eclesial inteira — liturgia, doutrina, caridade, caminho missionário — seja influenciada por esse olhar preferencial. (Vatican News)

O Papa adverte contra preconceitos ideológicos que segregam os pobres ou os consideram menos dignos e critica a tentação de uma fé acomodada, desvinculada da justiça social. (Vatican News)

Capítulo IV – “Uma história que continua”
Este capítulo traça um percurso histórico da relação entre a Igreja e os pobres nos últimos 150 anos, situando a exortação dentro da tradição da doutrina social da Igreja. Leão XIV revisita documentos eclesiais anteriores, bem como os concílios latino-americanos (Puebla, Medellín, Aparecida etc.), e destaca que muitas crises contemporâneas — desigualdade, migração, fome, injustiças estruturais — exigem uma resposta renovada da Igreja. (Vatican News)

Nesse contexto, ele denuncia “a economia que mata”, falta de equidade, violência contra mulheres, escassez educacional, estruturas injustas que favorecem alguns em detrimento de muitos. (Vatican News)

Leão XIV também valoriza os movimentos populares e comunitários como expressões de moralidade social, afirmando que a política e as instituições devem escutar os pobres para que a democracia não se torne vazia ou excludente. (EWTN Vatican)

Capítulo V – “Um desafio permanente”
No capítulo final, a exortação reitera que o amor aos pobres não é um tema ocasional nem um apêndice da missão, mas “marca” permanente da vida cristã e identidade da Igreja. (EWTN Vatican)

Leão XIV afirma que nenhuma comunidade cristã pode ignorar os pobres, trata-los como “problemas sociais” ou relegá-los a uma esfera secundária. Ao contrário, é preciso uma conversão constante, destruição das “estruturas de injustiça” e generosidade concreta. (EWTN Vatican)

Ele fala de caridade como “justiça restabelecida”, e não como mero paternalismo; da necessidade de oferecer oportunidades reais de desenvolvimento e dignidade; de promover reformas sociais que assegurem educação, trabalho, proteção às mulheres, acolhimento aos migrantes. (Vatican News)

A exortação conclui lembrando que em gestos simples — ouvir, doar, caminhar com os pobres — estamos reenviados ao coração de Cristo, que continua dizendo: “Eu te amei” (Ap 3,9). (EWTN Vatican)

Mensagens centrais e implicações para a Igreja de hoje

A Dilexi te oferece várias teses centrais que devem inspirar a prática eclesial contemporânea:

  1. Unidade entre fé e caridade
    A exortação insiste que a fé cristã não pode ser separada do compromisso concreto com os pobres. Amar a Deus e amar o próximo são partes inseparáveis da vida cristã.
  2. Opção preferencial pelos pobres como missão estruturante
    Leão XIV reafirma que esse conceito — já presente em documentos latino-americanos e no magistério recente — não é opcional, mas constitutivo da identidade da Igreja. Ele recorda que a opção não implica exclusão, mas sim radical compaixão. (Desenvolvimento Humano)
  3. Crítica às estruturas injustas
    A exortação denuncia sistemas econômicos e sociais que produzem desigualdade, privilegiando poucos e marginalizando muitos — “economia que mata” é uma expressão significativa usada pelo Papa. (Vatican News)
  4. Papel evangelizador dos pobres
    Os pobres não são apenas destinatários da caridade, mas “profetas” que exigem uma escuta eclesial. Eles possuem uma sabedoria da fragilidade que desafia os que estão em conforto a reexaminar prioridades. (Desenvolvimento Humano)
  5. Conversão permanente da comunidade cristã
    A exortação chama à conversão contínua — mudança de estilo de vida, desprendimento, atenção aos mais frágeis. Não é apenas tarefa social, mas caminho espiritual.
  6. Inovação pastoral e institucional
    Leão XIV convoca comunidades, paróquias e dioceses a repensarem seus modos de ação: por exemplo, iniciativas de proximidade, escuta, presença concreta, alianças com movimentos sociais e reformulação de políticas paroquiais com foco nos excluídos.
  7. Solidariedade global e dimensão política
    Não se trata apenas de obras pontuais, mas de influenciar estruturas políticas e econômicas para que priorizem a dignidade humana. A voz cristã deve denunciar desigualdades e injustiças.

Conclusão e convite

A exortação Dilexi te é um documento desafiador e inspirador: coloca no centro da missão da Igreja o serviço aos pobres como expressão vital do amor de Cristo. Não como programa secundário, mas como critério de fidelidade ao Evangelho. O Papa Leão XIV nos convida a reconhecer nos pobres não apenas obra de misericórdia, mas presença de Deus que continua a falar, no “clamar” da pobreza humana.

Que esta carta, associando o Colégio Episcopal e toda a Igreja, desperte em nossas comunidades a coragem de caminhar com aqueles que mais sofrem, de transformar estruturas injustas, de tornar visível o rosto de Cristo naqueles que passam invisíveis. Que, renovados em compaixão, saibamos dizer aos pobres — e viver para eles —: “Eu te amei”.

PRESERVAR VOZES E ROSTOS HUMANOS: UM APELO ÉTICO DIANTE DA ERA DIGITAL

O Vaticano anunciou, no dia 29 de setembro, o tema do 60º Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2026: “Preservar vozes e rostos humanos”. A proposta, escolhida pelo Papa Leão XIV, toca uma das questões mais urgentes do nosso tempo: como manter a centralidade da pessoa humana em meio ao avanço acelerado da inteligência artificial e das tecnologias digitais.

O comunicado do Dicastério para a Comunicação destaca que os ecossistemas midiáticos contemporâneos estão profundamente moldados por algoritmos e sistemas automatizados, capazes de selecionar conteúdos, simular vozes e até redigir textos e diálogos. Essa constatação traduz uma preocupação não apenas técnica, mas antropológica e ética: à medida que as máquinas assumem funções comunicativas, corre-se o risco de diluir a presença humana, aquilo que dá sentido, emoção e responsabilidade à palavra.

O tema escolhido pelo Papa ressoa fortemente com a visão cristã de comunicação como encontro pessoal e expressão da dignidade humana. Desde o Concílio Vaticano II, a Igreja vem afirmando que comunicar é mais do que transmitir dados: é partilhar vida e construir comunhão. Nesse contexto, “preservar vozes e rostos humanos” significa resguardar a autenticidade, a empatia e a liberdade diante de um mundo cada vez mais mediado por telas e sistemas automáticos.

Os desafios éticos da inteligência artificial

O comunicado reconhece os avanços da IA, mas também alerta para os seus riscos: manipulação de informações, desinformação massiva, reprodução de preconceitos e invasão da privacidade. Mais do que um discurso alarmista, trata-se de um convite à responsabilidade moral. A tecnologia, segundo a perspectiva cristã, deve estar a serviço da pessoa e do bem comum, e não substituir o discernimento humano nem criar novas formas de dominação ou desigualdade.

Educar para um uso consciente

Um dos pontos mais relevantes do texto é a defesa da alfabetização mediática e digital, especialmente entre os jovens. O Vaticano propõe que se desenvolva também a alfabetização em inteligência artificial (MAIL – Media and Artificial Intelligence Literacy), para que as pessoas saibam pensar criticamente, interpretar as mensagens e usar as ferramentas tecnológicas com liberdade de espírito. Essa orientação reforça a missão educativa da Igreja e seu compromisso com uma cultura digital ética e humanizadora.

Uma mensagem para a sociedade, não só para os católicos

Embora dirigida à comunidade católica, a reflexão proposta pelo Papa Leão XIV tem alcance universal. Em uma era em que as fronteiras entre o real e o virtual se tornam cada vez mais tênues, a preservação das “vozes e rostos humanos” é um apelo à sociedade inteira: governos, empresas, educadores e cidadãos. Trata-se de reafirmar que a tecnologia deve amplificar a humanidade, não substituí-la.

O tema do 60º Dia Mundial das Comunicações Sociais convida a um discernimento profundo: como usar a inteligência artificial sem perder a inteligência do coração. O Papa Leão XIV aponta para um horizonte onde fé, ética e inovação se unem na construção de uma comunicação verdadeiramente humana: aquela que reconhece, escuta e valoriza cada rosto e cada voz.

Fonte da imagem e notícia: Vatican News


“PAZ DESARMADA E DESARMADORA AO MUNDO”: PAPA LEÃO XIV EMOCIONA EM SEU PRIMEIRO DISCURSO COMO SUCESSOR DE PEDRO

Em um clima de emoção e esperança, o novo Papa Leão XIV foi apresentado ao mundo neste 08 de maio de 2025, com palavras que tocaram corações e acenderam a fé dos fiéis: “Que a paz esteja convosco.” Assim começou o seu primeiro discurso, pronunciado da sacada central da Basílica de São Pedro, diante de uma Praça repleta de peregrinos e câmeras ligadas ao redor do mundo.

Com uma fala marcada por simplicidade, firmeza e espiritualidade profunda, Leão XIV destacou a missão da Igreja como “ponte” entre Deus e a humanidade, pedindo união, diálogo e caridade: “A humanidade necessita de pontes para que sejam alcançadas por Deus e ao mundo.”

Assumindo o legado do Papa Francisco, a quem agradeceu emocionadamente, o novo pontífice fez ecoar o espírito sinodal da Igreja e recordou sua vocação como agostiniano: “Convosco sou cristão, e para vós bispo.”

Em espanhol, dirigiu-se também com carinho ao povo da sua antiga diocese de Chiclayo, no Peru, reconhecendo a fé viva daquele povo que o formou como pastor.

Encerrando com a oração à Virgem Maria, Leão XIV deixou um apelo ao mundo: “Rezemos juntos por essa nova missão, por toda a Igreja, pela paz no mundo.”

Em seguida, concedeu sua primeira Bênção Urbi et Orbi – à cidade de Roma e ao mundo –, abrindo um novo capítulo na história da Igreja com humildade e determinação.

Abaixo, o seu discurso na íntegra:

“Que a paz esteja convosco. Irmãos, irmãs caríssimos, esta é a primeira saudação do Cristo ressuscitado, o bom pastor, que deu a vida pelo rebanho de Deus. Também eu gostaria que esta saudação, de paz, entrasse no vosso coração, alcançasse vossas famílias, a todas as pessoas. Onde quer que estejam, a todos os povos, a toda a terra, a paz esteja convosco. Esta é a paz de Cristo ressuscitado, uma paz desarmada, uma paz desarmadora, humilde e perseverante, que provém de Deus. Deus que nos ama a todos, incondicionalmente. Ainda conservamos em nossos ouvidos aquela voz frágil, mas sempre corajosa do papa Francisco, que abençoava Roma. O papa que abençoava Roma, dava a sua bênção ao mundo inteiro naquela manhã do dia de Páscoa. Permitam-me dar sequência àquela mesma bênção: Deus nos quer bem, Deus nos ama a todos. O mal não prevalecerá. Estamos todos nas mãos de Deus. Portanto, sem medo, unidos, mão na mão com Deus e entre nós, sigamos adiante. Somos discípulos de Cristo. Cristo nos precede. O mundo precisa da sua luz. A humanidade necessita de pontes para que sejam alcançadas por Deus e ao mundo. Ajudai-nos também vós, unam-se aos outros, a construir pontes, com o diálogo, com o encontro, unindo-nos todos para sermos um só povo, sempre, em paz. Obrigado, papa Francisco. Gostaria de agradecer a todos os irmãos cardeais que me escolheram para ser sucessor de Pedro, e caminharei junto a vós, como Igreja unida, buscando sempre a paz, a justiça, buscando sempre trabalhar como homens e mulheres fiéis a Jesus Cristo. Sem medo, para proclamar o Evangelho. Para sermos missionários. Sou um filho de Santo Agostinho, agostiniano, que disse: “Convosco sois cristão, e para vós bispo”. Nesse sentido, podemos todos caminhar juntos rumo a essa pátria, à qual Deus nos preparou. À Igreja de Roma, uma saudação especial. Devemos buscar juntos como ser igreja missionária, uma igreja que constrói pontes, que dialoga, sempre aberta a receber como esta praça de braços abertos, a todos, todos aqueles que precisam da nossa caridade, da nossa presença, do diálogo, de amor. E se me permitem também uma palavra: [em espanhol] a todos aqueles, de modo particular, à minha querida diocese de Chiclayo no Peru, onde um povo fiel acompanhou o seu bispo, compartilhou a sua fé e deu tanto a mim para seguir sendo igreja fiel de Jesus Cristo. A todos vós irmãos e irmãs, de Roma, da Itália e do mundo inteiro, queremos ser uma igreja sinodal, uma igreja que caminha, que busca sempre a paz, que busca sempre a caridade e busca sempre estar próxima, especialmente daqueles que sofrem. O dia da súplica à Nossa Senhora de Pompeia, nossa mãe Maria quer sempre caminhar conosco, estar próxima, ajudar-nos com a sua interseção e seu amor. Agora gostaria de rezar junto convosco, rezemos juntos por essa nova missão, por toda a Igreja, pela paz no mundo. Peçamos essa graça especial à Maria, nossa mãe.”

Nós, Pias Discípulas do Divino Mestre, acolhemos com alegria o Papa Leão XIV!

Com coração filial e espírito de comunhão, nos unimos a toda a Igreja para dar graças a Deus pelo dom do Santo Padre Papa Leão XIV. Reconhecemos nele o sucessor de Pedro, sinal visível da unidade e guia seguro para o povo de Deus em tempos de grandes desafios e esperanças renovadas.

Como Pias Discípulas, renovamos com entusiasmo nossa oferta de oração e missão ao serviço da Eucaristia, do sacerdócio e da liturgia, em profunda sintonia com o Papa Leão XIV, que inicia seu ministério com coragem evangélica e olhar voltado para Cristo, Caminho, Verdade e Vida.

Acolhemos o Papa Leão XIV com gratidão, esperança e o firme propósito de caminhar em comunhão com ele, colocando nossos dons a serviço da evangelização, da formação litúrgica e da vida espiritual do povo de Deus. Seu sim generoso é para nós sinal de fidelidade e inspiração para vivermos também nossa vocação com renovado ardor.

Confiamos ao Divino Mestre o início deste pontificado, para que o Papa Leão XIV seja sempre guiado pela sabedoria do Espírito Santo, animado pelo amor à Igreja e fortalecido na missão de confirmar os irmãos na fé. Desejamos que sua palavra toque os corações, promova a paz, a justiça e renove a esperança nos caminhos do Evangelho.

Seja bem-vindo, Papa Leão XIV! Com afeto e fidelidade, caminhamos contigo, em comunhão, fé e amor à Igreja.