Leitura Orante – 2º Domingo do Advento Ano C

Algumas recomendações: Antes de começar a leitura, prepare o ambiente, acenda uma vela…Encontre uma posição confortável, acalma-se de toda a agitação, preste atenção aos próprios sentimentos, pensamentos, preocupações…Deixe que volte ao coração acontecimentos, pessoas, situações…Entregue tudo ao Senhor. Em atitude de fé, invoque o Espírito Santo, pois é ele que ‘perscruta todas as coisas, até mesmo as profundidades de Deus’ (cf. I Coríntios 2,10-12). Se desejar escreve no seu caderno pessoal tudo que viveu durante a oração e partilhe.

Leituras dos textos bíblicos:

Evangelho Lucas 1, 26-38

1ªLeitura do Livro do Gênesis 3,9-15.20

Salmo 98 (97),1.2-3ab.3cd-4 

2ªLeitura – Leitura da Carta de São Paulo aos Efésios 1,3-6.11-12

QUATRO PASSOS DA LEITURA ORANTE

Invocação ao Espírito Santo…

Primeiro passo: LER[1]

“Ele me desperta a cada manhã e me excita o ouvido,

para prestar atenção como um discípulo” (Is 50,4b)

  • Ler e reler o texto, baixinho e em voz alta; escutar o texto (alguém está falando!).
  • Prestar atenção a cada palavra, às ideias, às imagens, ao ritmo, à melodia.
  • Tentar entender o texto (no contexto em que foi escrito).
  • Se for possível, recorrer também a um bom comentário de um biblista.
  • Ler como se fosse a primeira vez.
  • Ler quantas vezes forem necessárias para deixar o texto falar.
  • O que o texto está dizendo?
  • Não interpretar, nem jogar suas ideias no texto – escute!
  • Responder: Nível literário: Quem? O quê? Quando? Como? Onde? Por quê? O texto faz insistências (imagens, verbos, substantivos…)? Nível histórico: Quando o texto foi escrito? O relato coincide com a data da redação? Para quem foi escrito? Nível teológico: O que Deus estava dizendo naquela situação? Como ele se revelava? Como o povo respondia?
  • Obs.: procurar as respostas em primeiro lugar no texto, depois em algum subsídio.
  • Ao final desse momento, experimente reler o texto.[2]

Segundo passo: MEDITAR

“Uma vez Deus Falou, duas eu ouvi” (Sl 62,12)

  • Repetir o texto (ou parte dele) com a boca, a mente e o coração: não “engolir” logo o texto, e sim mastigá-lo, “ruminá-lo”, tirando dele todo o seu sabor; não ficar só com as idéias que contém, mas deixar que as próprias palavras mostrem sua força; aprender de cor (= de coração!) pelo menos uma parte do texto.
  • Penetrar no texto, interiorizá-lo; compreendê-lo, interpretá-lo a partir de nossa realidade; identificarmo-nos com ele. Perceber como o texto expressa nossas próprias experiências, sentimentos e pensamentos. Principalmente no caso dos salmos, estas experiências podem ser entendidas também como se referindo a Jesus, o Cristo.
  • Trata-se de atualizar o texto: perceber como ele acontece hoje, em nossa realidade pessoal comunitária e social; perceber qual a palavra que o Senhor poderá estar nos dizendo…
  • Ouvir o que Deus está dizendo hoje através do texto.
  • Relacionar o texto com outras leituras (texto da Bíblia ou da Liturgia).
  • Experimente reler o texto!
  • Escolha uma frase ou expressão do texto que te marcou.

Terceiro passo: ORAR

“O Espírito nos socorre em nossa fraqueza,

pois não sabemos orar como convém” (Rm 8,26)

  • Deixar brotar de dentro do coração tocado pela Palavra uma resposta ao Senhor. Dependendo da leitura e da meditação feitas, poderá ser uma resposta de admiração, louvor, agradecimento, pedido de perdão, compromisso, clamor, pedido, intercessão…
  • O que o texto me faz dizer a Deus?
  • Não “maquiar” os sentimentos diante de Deus.
  • A oração pode ser feita a partir de um salmo ou cântico bíblico.
  • Levar em conta o próprio texto e deixar o “movimento” do Espírito conduzir sua prece, louvor, adoração…
  • Você pode também compor uma oração estilo coleta ou uma introdução para a celebração dominical (sentido litúrgico).
  • Formular um compromisso: “Senhor, que queres que eu faça?”
  • Experimente reler o texto.

Quarto passo: CONTEMPLAR

“Tende em vós os mesmos sentimentos que havia em Jesus Cristo” (Fl 2,5)

  • A Bíblia não usa o verbo contemplar e, sim, escutar, conhecer, ver. Trata-se de saborear, “curtir” a presença de Deus, o jeito de ele ser e agir, o quanto ele é bom e o quanto faz por nós. Supõe uma entrega total na fé. Passa necessariamente pelo conhecimento de Jesus Cristo (“Quem me vê, vê o Pai”), que se encontra ao lado dos pobres.
  • Ver a realidade com os olhos de Deus. Transformação interior de que se pôs à escuta da palavra.
  • Contemplar = “viver no templo” – atitude permanente de vida.
  • Permitir a encarnação do Verbo – o sentido das escrituras está na sua realização em nossas vidas: “Hoje se cumpriu”.

Palavra de um lavrador: “…fui notando que se a gente vai deixando a palavra de Deus entrar dentro da gente, a gente vai se divinizando. Assim, ela vai tomando conta da gente e a gente não consegue mais separar o que é de Deus e o que é da gente. Nem sabe muito bem o que é Palavra dele e palavra da gente. A Bíblia fez isso em mim”.[3]

Para ajudar no aprofundamento dos textos

Alegria, Esperança, Liberdade! Tudo começou com um Sim!

“Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim.”  

(Clarice Lispector)

Evangelho de Lc 1 26-38.

Adentramos pelo tempo litúrgico em que somos convidadas(os) a fazer memória, refletir e alegrar-nos com o mistério da natividade de Jesus. Oportuna se faz a solenidade da Imaculada Conceição, que nos oferta o melhor exemplo de conversão ao trazer o Verbo Divino como salvação encarnada em seu ventre.

A jovem periférica, em sua pequenez, tornou-se grandiosa pela graça de Deus, exultada na saudação angélica: “Ave cheia de graça!”

Ah, menina Maria!

Somos chamadas(os) a contemplar, com Maria, o mistério supremo de Deus que nos interpela por sua Palavra de Salvação e nos revela seus desígnios divinos e, com a menina da Nazaré, mantermos a chama de uma vigilância permanente, renovadora e esperançada.

De um breve caminhar com Lucas

O texto da anunciação é tão conhecido por nós e nos parece simples. No entanto, talvez devamos nos acercar de certos aspectos relevantes desta boa notícia para a humanidade e assim sentirmos a alegria do anúncio a Maria.

Deve-se levar em consideração esforços feitos pelo evangelista, conforme ele mesmo afirma, em sua busca pelo Jesus humano e divino na história da salvação. Entretanto, o autor do Terceiro Evangelho faz parte de uma sociedade patriarcal, em um período de grande opressão do império vigente aliado a autoridades religiosas. Tanto no mundo judaico, como no mundo greco-romano, a mulher era desvalorizada, silenciada, de pouca valia. E ainda que os textos bíblicos sejam também influenciados pelo patriarcado, não conseguiram apagar brisa divina por meio da memória subversiva das mulheres. E é com este olhar que somos provocadas a refletir como seriam os desafios a uma jovem de periferia.

Ao narrar a anunciação feita pelo anjo Gabriel, o evangelista traz à lembrança outros anúncios de Deus feitos no Primeiro Testamento a mulheres estéreis cujos filhos teriam um papel importante no projeto divino. Ademais, nesse tempo sabemos que o autor do Terceiro Evangelho já havia revelado em seu texto o anúncio a Zacarias no templo onde era sacerdote; atente-se aqui para o que se assemelha e o que difere.

ALEGRIA

O evangelista inicia seu relato precisando um tempo e um local, ao explicitar que “no sexto mês”, em Nazaré da Galileia, uma periferia insignificante e desprezada, estava em sua casa e não em um templo, uma jovem virgem prometida em compromisso pré-nupcial já oficializado com José, um descendente de Davi. Ali se dá a visita de Gabriel (“Deus é forte”) a Maria a (“amada de Deus”) que lhe diz: “Ave, cheia de graça! Alegra-te, Maria, pois encontraste graça diante de Deus!” A pequena dos pequenos é engrandecida nesse momento, mas ela não se ensoberbece, ao contrário, se reconhece como é perante um evento perturbador.

Alegre-se, Maria, e vá! O caminho é longo…travessia!

Um pouco mais da anunciação

O “sexto mês”: ora, o anúncio do anjo Gabriel a Zacarias já havia acontecido e a gravidez de Isabel, a mulher mais idosa considerada estéril, já estava no sexto mês. Tempo em que o novo se apresentou para romper com o velho, aquele que duvidou ficou silenciado.

O primeiro passo da promessa já estava em curso em Isabel havia seis meses. A travessia começara. No entanto, era só o início ainda frágil do novo gestando seu porvir no que estava desgastado e ainda engessado no antigo, faltava a boa nova na nova, terra fértil – a jovem Maria. Conectadas estão essas mulheres, conectados estão as anunciações.

Isabel é a memória da fé do povo chegada até aquele presente, da promessa a se cumprir, memória é suporte que alimenta as primícias da transformação a chegar. Isabel é a porta aberta para o primeiro passo do caminho da nova travessia.

Maria é a fé presente em movimento. Maria comunidade nova e terra fecunda cujo novo, como projeto de Deus, surgirá para se insurgir em meio ao povo. É Maria que poderá passar a soleira da porta aberta e caminhar do antigo para o novo que virá, fazer a travessia salvífica libertadora da justiça prometida.

ESPERANÇA

Como estava a jovem no momento da anunciação? Atenta, em prontidão, ouviu, ressoou e escutou e em sua pouca vivência, conhecimento ou experiência, confusa, sente, pensa, indaga, busca saber, não rejeita, nem se acomoda. A explicação do anjo a acalma, pois na fé trazida em si a  menina deveria conhecer as promessas e as profecias de um rebento que viria para justiça aos povos, mas como se daria para ela não iniciada em sua vida de convivência conjugal.

– “Não tenhas medo!” Essa saudação de Deus a ela, algo tão recorrente à humanidade, a fortalece. Como temer? Esperança-se! E se lhe recorda as antigas promessas feitas pelo Senhor, que a partir de então serão realizadas, pois o anjo lhe explica: “Espírito a cobrirá com sua sombra”. A divina Ruah sopra e encobre a menina com sua luz.

E tudo ficou claro, iluminado para Maria. Sombra, não de obscuridade, mas de luminosidade gerando nela uma nova Vida. Ela sabe da imensa missão, nada fácil, de perigo no meio em que vivia, mas é pela graça nela inserida e Maria confia e esperança-se.

Esperance-se, Maria, e vá! O caminho é longo…travessia!

LIBERDADE!

A claridade veio a Maria e ela se doa em plenitude e com toda liberdade dada por Deus ao dizer: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo sua Palavra”, não é submissão é, sim, a grandeza de Deus libertador que revela em Maria no seu sim livre para a missão, para o serviço que ali se inicia. Jesus, se entretecendo na carne de Maria, já começa a servir no serviço da mãe. Sim! O sim da coragem confiante que como flecha atirada não volta em busca de seu alvo. O sim da salvação libertadora para o povo espezinhado, explorado, angustiado, sofrido, oprimido e injustiçado.

O sim é uma afirmativa feminina para que se dê o aconteça. “A SIM”!

Sabedoria

Indelével

Matriarcal!

Liberta és, Maria, e vá! O caminho é longo…Travessia!

REFLETINDO

É possível ver na resposta de Maria a maneira de caminhar da comunidade chamada por Deus para continuar a missão a ela confiada. Deve ser um relacionar-se com a Palavra ao modo de Maria: ouvir, acolher, ressoar ou ruminar, deixa-la encarnar-se para o nascimento e crescimento no deixar-se moldar por ela.

O sim de Maria como comunidade de fé e caminhada atuante, em marcha contra a velha opulência da injustiça que mata. Maria-comunidade do sim à vida. Ser a Maria de tantas e tantas Marias na fé de prontidão e atitude esperançadas.

SIM!

E nós? E os anúncios? Ouvimos, acolhemos, escutamos? O que está sobre nossa vida? Sombra que obscurece ou que ilumina? Confiantes? Como estamos e como vamos? Onde pisamos e aonde vamos? E o nosso sim? Que respostas damos? Agimos? De que maneira?

Margarida Maria Soares/Dez 2024.

Contribuição na revisão pelo Prof. Edmilson Schinelo.

CEBI-MG

Roteiro preparado pelas irmãs Pias Discípulas do Divino Mestre – Pastoral Vocacional

Site: www.piasdiscipulas.org.br


[1] Cf. BUYST, Ione. Mística e liturgia; beba da fonte! Col. Rede Celebra, Vol 08. São Paulo, Paulinas, p. 66.

[2] As observações nas caixas são dicas. Não fazem parte do texto original da autora acima citada.

[3] Cf. CRB. A leitura orante da Bíblia. Col. Tua Palavra é Vida, vol. 1. São Paulo, Loyola/Publicações CRB/1990, 1997, p.31.

II MARATONA SACROSSANTO CONCÍLIO

Quarta-feira, dia 04 de dezembro de 2024, no canal do Youtube Pias Discípulas do Divino Mestre, teremos a II Maratona Sacrossanto Concílio. De 8h às 20h, teremos a live Liturgia: presença-ação de Cristo. Vamos mobilizar nossas comunidades para que essas 12h de diálogo e informação sejam um momento profundo para mergulharmos na fonte que é a Liturgia em nossas vidas. Não precisa fazer inscrição.

A live é uma promoção em parceria da CNBB, Rede Celebra, Revista de Liturgia, Asli e Centro de Liturgia Dom Clemente Isnard.

II Maratona Sacrosanctum Concilium

Comemorando os 61 anos da promulgação da Constituição sobre a Sagrada Liturgia do Concílio Vaticano II, esta maratona de lives com especialistas em liturgia cujo tema será “Liturgia: presença ação de Cristo”.

Acompanhe pelo canal das Pias Discípulas do Divino Mestre
https://www.youtube.com/live/9mpHO70ocAg?si=PP427oXdR1s2wLUC

📌Data: 04 de Dezembro

⏰8h às 20h

Marque na agenda!

liturgia #sacrosanctumconcilium #igreja

Mesa 01: 8h – Sacrosanctum Concilium 7: Redação, discussão e leitura

Mesa 02: 9h – Um olhar litúrgico-teológico sobre Sacrosanctum Concilium 7

Mesa 03: 10h – A sacramentalidade da Revelação e da Liturgia.

Mesa 04: 11h – A Liturgia: encontro. Uma abordagem patrística.

Mesa 05: 12h – Considerações sobre Igreja e Liturgia a partir de Desiderio Desideravi 8

Mesa 06: 13h – O agir ritual e a presença divina nos sacramentos da Iniciação.

Mesa 07: 14h – O agir ritual e a presença divina nos sacramentos da cura.

Mesa 08: 15h – O agir ritual e a presença divina nos sacramentos do serviço.

Mesa 09: 16h – A «mesa do altar»: a arte do convívio eucarístico.

Mesa 10: 17h – Música litúrgica; a arte de fazer comunhão.

Mesa 11: 18h – O responso na Liturgia das horas/ Ofício Divino das Comunidades: a arte do diálogo da aliança.

Mesa: 12: 19h – Conclusão: A Liturgia: a ação sagrada mais excelente da Igreja.

Leitura Orante – 1º Domingo do Advento Ano C

Nossas perguntas para Lucas – Lucas 21,1-5; 29-33

O povo de Deus vivia na Palestina, periferia do Império Romano, e a Galileia, como nosso nordeste, era a periferia das periferias. Uma pesquisa em Petrolina mostra a semelhança geográfica entre as duas regiões. Temos uma história comum do ponto de vista geográfico, político, econômico e social. Vivemos a opressão das autoridades locais, da desigualdade nacional e dos poderes religiosos.

O pensamento de Frei Carlos Mesters me fez perceber que vivemos no porão da humanidade e na contramão da história. Não foi uma escolha, nascemos aqui onde só podemos sobreviver na contramão e nosso sonho é participar de um mundo desinvertido, onde a pirâmide se torne vértice e as armas da sabedoria popular substituam os fuzis.

A pergunta pela sobrevivência

A resposta do evangelista Lucas sobre o sobreviver é a esperança que não se encontra no Templo, nas Sinagogas nem nos palácios, mas na casa dos pobres.

A população de rua está mais próxima do Reino de Deus do que nós. Em uma ceia de Natal fiquei impressionado com a alegria desses nossos irmãos, que entendem, que prestam atenção na homilia e cantam alegremente. Eu me senti em uma igreja sem cercas, o significado da libertação, fui evangelizado.

O espaço da liberdade é o lugar do perigo, do conflito, da doença. Mas é também o espaço da solidariedade, de ceder o lugar na fila da sopa para os mais vulneráveis e apartar a briga dos outros. No entanto, é o lugar de ouvir a história de cada um e sofrer com quem sofre e dançar o amor com todas e todos.

A pergunta pelo olhar

A questão do olhar perpassa todos os evangelhos. O pobre de Lucas não olha para o chão nem para cima, segue em frente esperançando, sabendo que o amanhã chegará com suas complicações e belezas. O Reino de Deus é um grande mutirão, uma construção que resista às tempestades. Podemos dormir tranquilos como os pássaros do céu e ser vestidos como o lírio dos campos.

O pobre entende de justiça, de beleza e de amor, suas armas são de paz e Deus é o seu escudo. Colher, cantar e conversar são os mandamentos da rua. Um morador de rua de Feira de Santana era cantor e fazia do seu peito um tamborim. Acompanhando sua voz serena. Uma vez me disse que era chamado de excluído. Entretanto, não queria ser incluído no espaço da opressão.

Nos ver com o olhar do pobre é oportunidade. A sabedoria não está nos livros, mas em quem sabe viver. Cada pessoa é uma estante de conhecimento acessível a todas e todos.

A mulher invisível

No início do capítulo cinco, Jesus mostra uma mulher depositando duas moedas no gazofilácio, tudo o que tinha, enquanto os ricos depositavam grandes quantias, das suas sobras. Deus aceitou a oferta da viúva, mas não as sobras dos ricos. Deus não gosta de sobras.

Medimos as pessoas pela conta bancária e não pelo seu caráter. Os pobres nada têm, ainda repartem, apartam brigas em nome da justiça e dão o seu lugar na fila da sopa para os mais vulneráveis. Choram com os que choram e dançam com os que sofrem.

As suas tristezas passam como a fumaça. Seus mandamentos estão escritos na areia e se desfazem quando o vento sopra.

São desconfiados e hospitaleiros, escondem os seus nomes e a sua sabença, estão prontos para brigar ou ocar o pneu dos carros dos ricos. Jogam fora a comida que não gostam. Riem de si e dos outros. Confiam nos padres e pastores desconfiando e cantam alto para a glória do Pai. Sabem que somos todas filhas e filhos do mesmo Pai. Amam e querem a palavra de Deus. Amam a Bíblia, mas nosso Salvador não escreveu livro nenhum.

A figueira invisível

Havia uma figueira que só dava frutos no tempo próprio, esquecidas que foram criadas para servir no tempo da fome e não eram donas do que em si floria. Quem vivia no Reino do Pai não tinha tempo para comer e repartia com todas e todos o pouco que tinham. Nas casas dos ricos, os trabalhadores não podiam comer a comida dos donos e os adoentados comiam as migalhas que caiam das mesas.

Na casa do Pai não havia distinção, todos e todas cominam do bezerro gordo e do perdão do Pai.

Uma mulher sangrando bateu na casa de vários ricos pedindo socorro e muitos nem abriram a porta. Na favela, lhe oferecem uma cadeira, um carro a levou para a emergência e todos contribuíram com toalhas, lençóis e dinheiro para ajudar. Quem sofre a injustiça entende mais de justiça e quem mais recebeu desamor entende mais de amor.

Ver, ouvir, agir e Celebrar

Os profetas viveram em situações mais restritas do que a maioria de nós, líderes religiosos. Chegamos como o dono de Deus e somos tratados com regalias. Trabalhamos em terra arada e o Pai chegou antes de nós para onde nos enviou. A sabedoria dos nativos aprendem na sua tradição do Pai, das plantas, das mulheres e dos homens.

O missionário Pablo Richard conta que depois de ler as narrativas do Livro Sagrado, o cacique explicou que Jesus era índio, um poderoso Pajé de uma tribo longínqua. O modo como curava quem os procurava, o modo de contar verdades através de histórias, a bondade para com todos e o fato de transmitir segredos para as mulheres confirmava isso.

O antropólogo Darcy Ribeiro conta que na tentativa de pacificar tribos hostis, os indigenistas ficaram apavorados quando uma tribo apareceu, retesaram seus arcos por três vezes e depois desapareceram. Posteriormente, compreendeu que estavam tentar apaziguar a violenta tribo de brancos, mostrando que eram pacíficos, mostrando suas armas sem usar.

Somos chamados a aprender com as periferias, a ver, agir e celebrar. Enxergar os sinais do tempo, enfrentar os perigos e celebrar a vitória do amor. Convidadas a descalçar os sapatos da Terra Santa que ferimos, respirar com avidez o ar que poluímos e celebrar o amor que desconhecemos. Deus é o Pai de todas e todos e Jesus nos convida a dançar ciranda. A pedra do seu anel brilha mais do que o sol. Corremos como crianças pelo parque do Grande Cacique que não faz acepção de pessoas.

Um dia estaremos, cingidos com uma toalha, lavando os pés de Abraão, Mãe Menininhia, Frei Ibiapina, Krenak e Marielle, com muita louvação.

Saravá, Axé, Aleluia, amém.

Marcos Monteiro
CEBI-AL

Roteiro preparado pelas irmãs
Pias Discípulas do Divino Mestre – Pastoral Vocacional
Site: www.piasdiscipulas.org.br

ADVENTO: TEMPO DE ESPERAR

No próximo domingo, dia 01º de dezembro de 2024, iniciamos um novo tempo litúrgico: o Advento. É começo também do novo ano litúrgico, Ano C, o qual o evangelista Lucas nos guiará no conhecimento do Mestre. Reunindo desejos, sonhos da humanidade por profundas transformações e dias melhores, manifestadas em veementes clamores em nossos dias. Como “memorial de esperanças”, o advento alarga nossa vida para acolher o grande mistério da encarnação. Na perspectiva do Natal e Epifania do Senhor, como acontecimentos sempre novos e atuais, vislumbramos vigilantes e esperançosos, a lenta e paciente chegada de seu Reino e sua manifestação em nossa vida e na história. O Senhor nos garante que, nesta espera, não seremos desiludidos, como lembra a antífona de entrada deste domingo.

A liturgia abre para nós um tempo favorável de vigilância e conversão, de retomada de nossas opções como discípulos/as daquele que sempre vem e cuja ação é libertadora, consoladora e salvífica.

Acendendo, neste domingo, a primeira vela da coroa do Advento, somos convidados a aguçar nossa atenção, acordarmos do sono da passividade para melhor percebermos os sinais da chegada do reino no cotidiano e, mais despertos, nos levantar da acomodação, do individualismo e do comodismo que marcam nosso tempo e nos paralisam. A ti, Senhor, confio minha vida. Não será desiludido quem espera em ti (SL 25,1-3).

SINAIS SENSÍVEIS

  • A cor roxa, a ausência do glória e de flores aponta para o necessário vazio para acolher Aquele que vem na fraqueza de nossa condição humana. A cor rosa/lilás a partir do 3º domingo, anuncia a proximidade da sua chegada.
  • A coroa do advento com 4 e/ou 9 que vão se acendendo progressivamente, expressa nossa atitude de vigilância como as moças do evangelho (Mateus 25,1-13) que vão de noite ao encontro do noivo, com suas lamparinas acesas. A luz da vela evoca o próprio Cristo, Sol da justiça, a quem esperamos ‘com toda a ternura do coração’. A forma circular da coroa refere-se à harmonia cósmica, ao feminino. O verde dos ramos sinaliza a esperança…
  • Os textos bíblicos trazem à memória os nossos pais e mães na fé: Isaías o profeta do desterro anunciando o retorno, João Batista, a voz que clama no deserto, Maria a virgem grávida que dará à luz um Filho; Isabel, a mulher estéril grávida; Zacarias, o profeta que recupera a fala e bendiz a Deus pelo nascimento de João o precursor do Messias; José, o homem justo e solidário; os anjos que anunciam a boa nova: a Zacarias no templo, a Maria na casa, a José em sonho. O grande personagem é o Cristo, o esperado, o desejado, o sol do oriente, o Emanuel.
  • A invocação “Vem, Senhor Jesus!” que aparece nas orações e nos cantos, é um grito que expressa os gemidos e anseios da humanidade e de todo o universo à espera de libertação.
  • Os prefácios, as demais orações, as antífonas da LH, os cantos, fazendo eco aos textos bíblicos, sintetizam o sentido teológico e espiritual que a tradição da Igreja atribuiu ao advento, valendo-se de imagens eloqüentes: “o deserto irá florir”; “da raiz cortada vai nascer um broto” “dos céus vai chover o Salvador”; “da terra vai germinar a justiça”. “os caminhos tornos serão endireitados”; “as noivas com lâmpadas acesas”; “espadas transformadas em instrumentos de trabalho”.
    Nas duas primeiras semanas, até o dia 16 de dezembro: os textos referem-se à segunda vinda de Cristo. Nos dias 17 a 24, “semana santa do natal” – preparação imediata ao natal, memória da expectativa da primeira vinda. É importante permitir que o advento seja advento, e não antecipar o natal, como faz o ‘mundo’ do consumo.

SENTIDO TEOLÓGICO

Qual é o fato de salvação celebrado na liturgia e que está por detrás dos textos, das imagens, dos símbolos, das músicas neste tempo de advento? Trata-se do mistério da vinda de Deus, da sua visita à nossa terra no Emanuel, o desejado das nações, o anunciado pelos profetas e esperado por Maria.

Toda celebração cristã tem uma dimensão de espera do Reino. A cada dia suplicamos na oração do Senhor: “Venha o teu reino!” E no coração da prece eucarística aclamamos: “Vem Senhor Jesus”. Entretanto, o advento nos é dado a cada ano, como sacramento da ESPERA que nos prepara para celebrar as solenidades do natal, quando ele veio a primeira vez “revestido de nossa fragilidade, para realizar seu eterno plano de amor”; e nos coloca na perspectiva da segunda vinda quando ele virá “revestido de glória, para conceder-nos plenitude de salvação”.

Entre a primeira e a última vinda, há a vinda intermediária (S. Bernardo). Ele veio, virá e VEM agora. A liturgia do advento nos situa neste VEM, no HOJE intermediário entre o passado e o futuro, e nos impulsiona a fazer de cada AGORA um tempo de salvação.

No advento, fazemos nosso o comovente grito de Israel na expectativa do Messias e o insistente clamor que vem da assembleia cristã primitiva: “Maranatá, Vem, Senhor Jesus!” (1Cor 16,22 e Ap 22,20). É um clamor, carregado de dor, porque emerge do meio das contradições de tempos difíceis, mas é um grito cheio de esperança e de desejo do próprio Espírito que se une à noiva para dizer: VEM!

“Aparecido como por um instante em nosso meio, o messias se deixou tocar e ver solenemente para perder-se de novo, mais luminoso e inefável que nunca, no abismo insondável do futuro. Veio. Mas agora temos que esperá-lo mais do que nunca, e já não apenas por um pequeno grupo de eleitos, mas por todos. O Senhor Jesus virá na medida que saibamos esperá-lo ardentemente. Há de ser um acúmulo de desejos que fará apressar o seu retorno”. (Teilhard Chardin 1881-1955) “Toda carne verá a salvação de Deus” (Lc 3,6).

ATITUDE ESPIRITUAL

A liturgia do advento repleta de expectativa nos remete a nós mesmos como sujeitos de desejo, inacabados, sempre “em devir”, nós e a realidade social e cósmica da qual fazemos parte… É um peregrinar em busca do essencial, sem flores e sem glória, sem instrumentos e sem as cores da festa, a conviver com o vazio que nos conduz à Belém para abraçar a fraqueza humana habitada pelo Verbo…

A atitude fundamental é a vigilância:

  • Estar vigilantes a nós mesmos, para não nos deixar enganar… para não confundir o nosso desejo mais profundo com os objetos do nosso desejo, com o desejo de posse; para dar nomes aos nossos desejos desorientados: desejo de vingança, desejo de sempre ter razão, de vencer a qualquer preço…
  • Estar vigilantes à Palavra que nos é dada na liturgia, prolongando a escuta na oração pessoal, para que possamos encontrar a plena orientação dos nossos desejos pela mediação do Verbo que vem ao nosso encontro. “É Ele que ama em nós” (Jean Yves Leloup).
  • Estar vigilantes no cotidiano, no ‘cuidado da casa’; viver o momento presente com atenção ao espaço que ocupamos, aos gemidos da terra… exercitar-se no amor concreto em relação às pessoas, ‘acorrendo com as nossas boas obras ao encontro do Cristo que vem’…
  • Tal como a noiva vai ao encontro do seu bem-amado, ou como a terra se abre à semente, ou como a sentinela espera a aurora, entramos nesta atmosfera
    de “piedosa e alegre espera”, para celebrar a encarnação do Filho de Deus que se faz um de nós, para que, nele, nós nos tornemos divinos, por um caminho pascal. Cremos que o Senhor vem independente de nossa conversão, mas justamente porque ele vem, tão certo como a aurora, nos apressamos em preparar a sua vinda.

REACENDENDO A CHAMA DA NOSSA ESPERANÇA

A cada ano o advento nos é dado como SACRAMENTO DA NOSSA ESPERANÇA. Recordando o anseio do povo hebreu pela vinda do Messias, preparamo-nos para celebrar a primeira vinda de Jesus em Belém, tendo nossos corações voltados para a sua segunda vinda no fim dos tempos. Na primeira parte do advento, focando mais a segunda vinda, as leituras, as músicas, os gestos e as orações, nos convidam à vigilância e à mudança do coração. A partir do dia 17 (ou do dia 15 para quem faz a novena), o clima é de ‘alegre expectativa’ pela proximidade do natal do Senhor.

A coroa do advento, com suas velas que se acendem progressivamente, é um dos sinais que colocamos em nossas casas e igrejas. Originariamente, as velas eram de cor vermelha, mas elas podem ser simplesmente brancas.

Quando coloridas, uma boa alternativa é preferir que sejam duas de cor roxa correspondendo à primeira parte do advento e duas de cor lilás ou rosa, na proximidade do natal. Há comunidades que adotam 4 cores: o roxo da vigilância e da conversão, o verde da esperança, o lilás da alegria e o branco da paz. O multicolorido indica também as diversas culturas, nos 4 cantos do mundo, onde estão plantadas as sementes do Verbo.

O mais importante, porém, não é a cor das velas, mas o gesto do acendimento. Ao acender cada vela da coroa, reacendemos no coração a chama da vigilância e da esperança, da alegria e do desejo pela vinda do Salvador em nossa humanidade. Comprometemo-nos a apressar, no amor concreto de cada dia, a chegada do seu reino entre nós.

Sobre os textos bíblicos do primeiro domingo

Lucas 21,25-28.34-36:

Em estilo apocalíptico enfatiza a relatividade e instabilidade do mundo criado, o qual um dia chegará ao fim. Retoma o alerta dos profetas sobre o “dia do Senhor”, em que Deus vai intervir na história para libertar definitivamente o seu Povo da escravidão. De repente, diante da atual crise ecológica, estes textos chamam especialmente a nossa atenção. No entanto, para o evangelista o decisivo não é o fim do mundo, mas o fato de que o mundo decadente vai dar lugar a um mundo novo. O fim coincide com a vinda do Filho do Homem “com grande poder e glória” (v. 28). O próprio Jesus é o caminho de como encarar a situação. “A libertação está próxima”, mas enquanto ela não chega os discípulas precisa vigiar e orar, contribuindo para interromper e para que o mundo alcance ver sua libertação.

Jeremias 33, 14-16:

O contexto é o décimo ano do reinado de Sedecias (587 a.C.). O exército babilônico de Nabucodonosor cerca Jerusalém e Jeremias está detido no cárcere do palácio real, acusado de derrotismo e de traição (cf. Jr 32,1). Parece o princípio do fim. É neste contexto que o profeta, proclama a chegada de um tempo novo, no qual Deus vai “curar as feridas” (Jr 33,6). Numa situação limite, Jeremias anuncia a fidelidade de Deus às promessas feitas a David (cf. 2 Sm 7), de um futuro descendente (“rebento justo”), que assegurará a paz e a salvação a todo o povo. A palavra “rebento” evoca fecundidade, vida em abundância (cf. Is 4,2; Ez 16,7) e “Messias” (cf. Zc 3,8; 6,12).

1Tessalonicenses 3,12–4,2:

A comunidade cristã de Tessalônica foi fundada por Paulo, Silvano e Timóteo durante a segunda viagem missionária de Paulo, no ano 50 (cf. At 17,1). Em pouco tempo, Paulo desenvolveu uma intensa atividade missionária, que resultou numa comunidade numerosa e entusiasta, constituída na sua maioria por não-judeus convertidos (cf. 1Ts 1,9-10). No entanto, devido a reação da colônia judaica, Paulo teve de fugir, deixando para trás uma comunidade em perigo, insuficientemente evangelizada. Preocupado, Paulo envia Timóteo a Tessalônica para saber notícias e encorajar a comunidade. Quando Timóteo regressa, encontra Paulo em Corinto e comunica-lhe notícias animadoras: apesar das provações, a fé dos tessalonicenses continua bem vivos e mais profundos (cf. 1Ts 1,3; 3,6-8). A comunidade pode ser apontada como modelo aos cristãos das regiões vizinhas (cf. 1Ts 1,7-8). Mas Paulo exorta a que progridam ainda mais (1Ts 4,1), sobretudo no amor para com todos (1Ts 3,12. É nesta atitude de não acomodação que a comunidade deve esperar “vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts 3,13).

Abaixo, um roteiro de Celebração penitencial no Advento, com o Ofício Divino das Comunidades:

Leitura Orante Solenidade Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, Ano B

Algumas recomendações: Antes de começar a leitura, prepare o ambiente, acenda uma vela…Encontre uma posição confortável, acalma-se de toda a agitação, preste atenção aos próprios sentimentos, pensamentos, preocupações…Deixe que volte ao coração acontecimentos, pessoas, situações…Entregue tudo ao Senhor. Em atitude de fé, invoque o Espírito Santo, pois é ele que ‘perscruta todas as coisas, até mesmo as profundidades de Deus’ (cf. I Coríntios 2,10-12). Se desejar escreve no seu caderno pessoal tudo que viveu durante a oração e partilhe.

Leituras dos textos bíblicos:
Evangelho João 18,33b-37
1ªLeitura da Profecia de Daniel 7,13-14
Salmo 93 (92), 1ab.1c-2.5 (R.1a)
2ªLeitura – Livro do Apocalipse de São João 1,5-8
QUATRO PASSOS DA LEITURA ORANTE
Invocação ao Espírito Santo…
Primeiro passo: LER
“Ele me desperta a cada manhã e me excita o ouvido,
para prestar atenção como um discípulo” (Is 50,4b)
● Ler e reler o texto, baixinho e em voz alta; escutar o texto (alguém está falando!).
● Prestar atenção a cada palavra, às ideias, às imagens, ao ritmo, à melodia.
● Tentar entender o texto (no contexto em que foi escrito).
● Se for possível, recorrer também a um bom comentário de um biblista.

  • Ler como se fosse a primeira vez.
  • Ler quantas vezes forem necessárias para deixar o texto falar.
  • O que o texto está dizendo?
  • Não interpretar, nem jogar suas ideias no texto – escute!
  • Responder: Nível literário: Quem? O quê? Quando? Como? Onde? Por quê? O texto faz insistências (imagens, verbos, substantivos…)? Nível histórico: Quando o texto foi escrito? O relato coincide com a data da redação? Para quem foi escrito? Nível teológico: O que Deus estava dizendo naquela situação? Como ele se revelava? Como o povo respondia?
  • Obs.: procurar as respostas em primeiro lugar no texto, depois em algum subsídio.
  • Ao final desse momento, experimente reler o texto.

Segundo passo: MEDITAR
“Uma vez Deus Falou, duas eu ouvi” (Sl 62,12)
● Repetir o texto (ou parte dele) com a boca, a mente e o coração: não “engolir” logo o texto, e sim mastigá-lo, “ruminá-lo”, tirando dele todo o seu sabor; não ficar só com as idéias que contém, mas deixar que as próprias palavras mostrem sua força; aprender de cor (= de coração!) pelo menos uma parte do texto.
● Penetrar no texto, interiorizá-lo; compreendê-lo, interpretá-lo a partir de nossa realidade; identificarmo-nos com ele. Perceber como o texto expressa nossas próprias experiências, sentimentos e pensamentos. Principalmente no caso dos salmos, estas experiências podem ser entendidas também como se referindo a Jesus, o Cristo.
● Trata-se de atualizar o texto: perceber como ele acontece hoje, em nossa realidade pessoal comunitária e social; perceber qual a palavra que o Senhor poderá estar nos dizendo…

  • Ouvir o que Deus está dizendo hoje através do texto.
  • Relacionar o texto com outras leituras (texto da Bíblia ou da Liturgia).
  • Experimente reler o texto!
  • Escolha uma frase ou expressão do texto que te marcou.

Terceiro passo: ORAR
“O Espírito nos socorre em nossa fraqueza,
pois não sabemos orar como convém” (Rm 8,26)
● Deixar brotar de dentro do coração tocado pela Palavra uma resposta ao Senhor. Dependendo da leitura e da meditação feitas, poderá ser uma resposta de admiração, louvor, agradecimento, pedido de perdão, compromisso, clamor, pedido, intercessão…

  • O que o texto me faz dizer a Deus?
  • Não “maquiar” os sentimentos diante de Deus.
  • A oração pode ser feita a partir de um salmo ou cântico bíblico.
  • Levar em conta o próprio texto e deixar o “movimento” do Espírito conduzir sua prece, louvor, adoração…
  • Você pode também compor uma oração estilo coleta ou uma introdução para a celebração dominical (sentido litúrgico).
  • Formular um compromisso: “Senhor, que queres que eu faça?”
  • Experimente reler o texto.

Quarto passo: CONTEMPLAR
“Tende em vós os mesmos sentimentos que havia em Jesus Cristo” (Fl 2,5)
● A Bíblia não usa o verbo contemplar e, sim, escutar, conhecer, ver. Trata-se de saborear, “curtir” a presença de Deus, o jeito de ele ser e agir, o quanto ele é bom e o quanto faz por nós. Supõe uma entrega total na fé. Passa necessariamente pelo conhecimento de Jesus Cristo (“Quem me vê, vê o Pai”), que se encontra ao lado dos pobres.

  • Ver a realidade com os olhos de Deus. Transformação interior de que se pôs à escuta da palavra.
  • Contemplar = “viver no templo” – atitude permanente de vida.
  • Permitir a encarnação do Verbo – o sentido das escrituras está na sua realização em nossas vidas: “Hoje se cumpriu”.
    Palavra de um lavrador: “…fui notando que se a gente vai deixando a palavra de Deus entrar dentro da gente, a gente vai se divinizando. Assim, ela vai tomando conta da gente e a gente não consegue mais separar o que é de Deus e o que é da gente. Nem sabe muito bem o que é Palavra dele e palavra da gente. A Bíblia fez isso em mim”.

Para ajudar no aprofundamento dos textos: O Messias rei, cujo trono pulsa de amor pela vida – João 18:33-37
Pilatos então voltou para o Pretório, chamou Jesus e lhe perguntou: “Você é o rei dos judeus?” Perguntou-lhe Jesus: “Essa pergunta é tua, ou outros te falaram a meu respeito?” Respondeu Pilatos: “Acaso sou judeu? Foram o seu povo e os chefes dos sacerdotes que entregaram a mim. Que foi que você fez?” Disse Jesus: “O meu Reino não é deste mundo. Se fosse, os meus servos lutariam para impedir que os judeus me prendessem. Mas agora o meu Reino não é daqui”. “Então, você é rei!”, disse Pilatos. Jesus respondeu: “Tu dizes que sou rei. De fato, por esta razão nasci e para isto vim ao mundo: para testemunhar da verdade. Todos os que são da verdade me ouvem”. (João 18:33-37).
Qual era o sonho de Judas Escariotes, senão a eclosão de um reino poderoso que derrotasse a tirania romana, submetendo César e o resto mundo ao secto de Jerusalém, com Jesus entronizado rei? Aliás, esse messias imbatível que faz descer fogo do céu estava muito vivo na cultura belicista dos “filhos do trovão”, discípulos de jesus que, até um pouco antes da prisão do seu mestre, alimentavam o desejo de ver os ditos incircuncisos da sua época transformados em cinzas pelo fogo do seu messias. Como foi difícil para aqueles homens compreenderem a natureza messiânica de Jesus de Nazaré! Assim como Judas, os demais discípulos de jesus viram frustradas suas pretensões de se assentarem a direita e a esquerda do futuro monarca e, ainda assim, até o último momento antes da prisão, não desistiram de entronizá-lo rei. Judas, talvez – especulação minha – tinha a pretensão de forçar uma reação poderosa do messias que projetava de si mesmo e Pedro, com o facão que cortou a orelha de Malco, decepou também a última possibilidade de se tornar a pedra poderosa que seria a base do “reinado” com o qual sonhara até aquele momento. O desejo doentio de usar a figura de Jesus Cristo para a imposição de projetos de poder não parou ali no olival, às margens do vale de Cedrom, a história é pródiga de acontecimentos tristes em que o filho de Deus é usado para legitimar tiranias legitimadas pela religião, às custas de vidas inocentes. Gosto muito da leitura do padre Alberto Maggi realizada no livro “A Loucura de Deus – O Cristo de João” onde diz que, “[…] em Jesus, o Homem-Deus, se manifesta a plenitude do amor do Pai, um Deus-Amor que não é rival do homem, mas seu aliado, que não o domina, mas o potencia, não o absorve, mas se funde com o homem, para comunicar-lhe a plenitude da sua vida divina (Jo 17,22). Um Deus que não pede ofertas, porque é ele que se oferece (Jo 4,10), que não quer ser servido, porque é ele que serve aos homens (Jo 13,14), que pede nova relação com ele, não mais como servos, mas como filhos.” (Maggi, p.10, 2013). Eu poderia encerrar esta reflexão com esta citação do Alberto Maggi, que diz tudo o que é necessário dizer sobre a natureza do Rei Jesus e da natureza do seu reinado. Entretanto, quero dialogar um pouco mais com você leitor e leitora atentos. Vejam que a mentalidade do poder atravessa toda a sociedade, dos discípulos aos religiosos do templo, de Herodes aos funcionários de Roma. Ao receber Jesus, manietado, fisicamente indigente diante da poderosa Roma, Pilatos trás para a cena a fala que denuncia os interesses do império ao perguntar se aquele galileu, de Nazaré, era o rei dos Judeus? Não é mera retórica de um magistrado romano ante um réu acusado de revolta contra o império. A pergunta está carregada de interesses da preservação dos privilégios de quem governa em palácios, de sentimentos que alimentam a fobia à cultura alheia – Xenofobia, de pensamentos supremacistas, de preconceitos racistas das ditas elites de “sangue azul” que não suportam o cheiro do Povo, especialmente dos pobres periféricos de “Nazaré.” E aqui, trago para o centro da nossa reflexão as dores e perdas dos nossos irmãos e irmãs das periferias do mundo que sofrem as atrocidades de gente violenta que atira bomba em cima de crianças, mulheres e famílias desarmadas sob o discurso mentiroso da guerra contra o terror…Sim! Diante de Roma está o Rei da glória! Fisicamente limitado pelo espancamento e pelas agressões sofridas desde a prisão no olival. Um rei cujo domínio inicia no terreno da Liberdade. Ele tem a sua vida nas mãos. Ninguém, absolutamente, ninguém pode tomar dele. Somente ele pode entregá-la. Isso é lindo no Deus-Amor que se revela em jesus de Nazaré. Vejam queridos leitores e leitoras os versículos 4, 5 e 6 do mesmo capítulo desta reflexão: Jesus, sabendo tudo o que lhe ia acontecer, saiu e lhes perguntou: “A quem vocês estão procurando?” “A Jesus de Nazaré”, responderam eles. “Sou eu”, disse Jesus. (E Judas, o traidor, estava com eles.) Quando Jesus disse: “Sou eu”, eles recuaram e caíram por terra. A potência do Kyrios (Senhor) estava, e está, plena da possibilidade de doar a sua vida como um cordeiro, o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. A glória do rei é de uma outra natureza, de divindade amorosa que se revela na fragilidade do humano, tão profundamente humano que, em sua plena humanidade, permitia ao toque das mãos, seus contemporâneos, apalparem o rosto de Deus. Por isso, tantos sinais, curas e milagres. Todo reino se caracteriza pelas relações com os súditos onde este domínio se materializa. O reinado de Jesus Cristo tem um jeito diferente de se relacionar com aqueles que se colocam debaixo do seu secto. Concluo, transcrevendo a fala do pastor Ed Rene Kivitz sobre a régua que baliza as relações políticas no reino de Deus. Ed Diz assim: – “Deus não faz acepção de pessoas! Amém? Mas, Ele tem lado. O lado do órfão, da viúva e do estrangeiro. Da criança. Do empobrecido. Do escravizado. Do que sofre preconceito. Do que sofre violência. Deus está sempre do lado da vítima […].” A loucura de um Messias cujo trono pulsa de amor pela vida está na identificação radical do Rei com o seu Povo, especialmente com este Povo citado no hell transcrito acima, pois, a política do seu reino se baseia no acolhimento que Deus faz, a partir dos pequenos.
Referência: Hell – pastor Ed Rene Kivitz
Andrade é pastor da Comunidade Batista do Caminho (CBC) em Campina Grande /PB.

Roteiro preparado pelas irmãs
Pias Discípulas do Divino Mestre – Pastoral Vocacional
Site: www.piasdiscipulas.org.br

RETIRO MENSAL DE OUTUBRO DE 2024

Todo sábado que antecede ao primeiro Domingo de cada mês, nós, família das Pias Discípulas do Divino Mestre, fazemos o retiro mensal. É um momento de encontro com a palavra de Deus da liturgia do primeiro Domingo do mês, domingo dedicado ao Divino Mestre.

Neste 27º Domingo do Tempo Comum, a Ir. M. Letícia Pontini do Secretariado de Espiritualidade quem preparou o texto de reflexão e que nos conduz na leitura atenta da Palavra de Deus.

Compartilhamos com vocês este texto, que está na integra no site: https://espacoorante.piasdiscipulas.org.br/retiro-mensal

Boa oração a todos!

SECRETARIADO PARA ESPIRITUALIDADE

RETIRO – OUTUBRO – 2024

27º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO B

Prepare o ambiente: uma mesa com toalha, a bíblia, uma vela e cadeiras em círculo. Alguém acende a vela. Canta-se um hino apropriado. Pessoas previamente preparadas leem as leituras dos textos deste domingo: primeiro o Evangelho, segue a 1ª leitura, o salmo, a 2ª leitura.

A liturgia deste 27ª Domingo do Tempo Comum reflete sobre algumas questões fundamentais como: o homem não realiza sua vocação só no domínio da matéria e da vida, mas traz em si a exigência do encontro com um ser capaz de comunhão com ele.

De fato, é outro ele mesmo que descobre na mulher: “Desta vez é carne da minha carne e osso dos meus ossos” (1ª leitura). A estrutura sexual do homem e da mulher, como toda a sua existência corporal, deve ser compreendida como presença, linguagem, reconhecimento do outro. O mistério do homem e da mulher não está no homem e na mulher separadamente, mas a comunhão de toda a pessoa até um verdadeiro diálogo fecundo e aberto. O profundo laço que une o homem e a mulher tem, no texto do Gênesis, duas características essenciais: é superior a qualquer outro laço, inclusive o dos pais, que, nos mandamentos, vem imediatamente depois das relações com Deus; é tão íntimo e profundo no plano do corpo e do espírito que  formam um só ser.

Analisando a história do matrimônio através dos séculos, nota-se como a evolução dos costumes favoreceu, em quase todos os povos, a passagem da poligamia para a concepção monogâmica do matrimônio, e isto teve duas importantes consequências paralelas: a libertação da condição da mulher, que de um estado de inferioridade e quase de escravidão passou gradualmente à igualdade jurídica e social; e a escolha do parceiro no matrimônio, como ato livre, pessoal, não mais regulamentado e imposto de fora, por interesses estranhos. O atrativo sempre mais forte para o matrimônio, fundado no livre consenso dos cônjuges, não é absolutamente acompanhado, porém, de uma adesão voluntária à lei da indissolubilidade, onde ela figura no código religioso ou mesmo civil.

O Amor nunca morre.  Assim como Cristo não abandonou a humanidade nem a Igreja quando o pregavam na cruz, também no matrimônio contraído “no Senhor” conserva a indissolubilidade da ligação entre Cristo e a Igreja, também quando se tornou uma crucifixão. A presença de Cristo no matrimônio dos que creem não exclui, pois, a priori, incompatibilidade de caracteres, erros na escolha matrimonial, dificuldades com os filhos, nervosismo, doença, tédio… mas significa que, para os que creem, o Terceiro, isto é, Cristo, está sempre presente; Jesus Cristo dá força, conforto, esperança, enquanto observa que é sempre melhor dar que receber( cf At 20,35). Quem se impregna deste espírito nos dias felizes, poderá continuar a viver desta esperança nas horas difíceis.  (Missal Dominical).

Como uma criança que aprende convivendo com os pais e vendo a atitude deles, assim Jesus nos convida a aprender do Pai vendo o exemplo do Filho. Se recebermos o Reino como crianças, aprendendo as atitudes de Jesus, o amor fiel que nos une, perdoa e se doa será sempre a regra sem exceção.

Leituras para nossa oração orante:

Evangelho Marcos 10,2-16, conversar sobre o que chamou a atenção no texto. Em seguida, ler a primeira leitura, de Genesis 2,18-24, o salmo 128(127), e a segunda leitura, de Hebreus 2,9-11.  Como esses textos combinam com o Evangelho.

Que o mês do Divino Mestre seja uma escola de Amor, Fidelidade e Perseverança no caminhar de cada uma. “O homem todo em Cristo, com pleno amor a Deus: mente, vontade, coração, forças físicas. Tudo, natureza e graça e vocação, pelo apostolado. Carro que corre apoiado sobe quatro rodas: santidade, estudo, apostolado, pobreza”,(AD 100). Este é o centro, o núcleo da espiritualidade que estimula cada filho de Padre Alberione.  (Catequese Paulina)

50 anos de vida religiosa: Ir. M. Pierângela Dalla Riva

Ir. Pierangela Dalla Riva nasceu no dia 14 de setembro de 1945, em Aratiba/RS. Ingressou na Congregação em 4 de março de 1971. Emitiu a sua primeira profissão em 10 de fevereiro de 1974. Viveu a vida e missão de Discípula nas comunidades em São Paulo, Caxias do Sul/RS, Rio de Janeiro, Porto Alegre/RS, Olinda/PE, Taguatinga/DF. Colaborou também no apostolado sacerdotal junto ao Seminário Diocesano de Osasco. Em 2001, em Roma, participou dos estudos das nossas origens, com enfoque aos personagens: Pe. Tiago Alberione, Madre Escolástica e Pe. Timóteo Giaccardo. Desde 2011, pertence à Comunidade Madre Escolástica, para tratamento de saúde.

Frase: Tudo na alegria do ” Faça-se de Maria …seguindo JESUS MESTRE CAMINHO, VERDADE E VIDA no intuito primeiro do Chamado à graça a ser: ” Ser total para Deus e para as pessoas no Serviço: Eucarístico, Sacerdotal e Litúrgico na Igreja e no nosso mundo.

Escreve a Ir. M. Pierângela sobre o seu jubileu: Esta momento da minha caminhada, foi de vida e morte, porque, quando eu fiquei doente, eu achei que não tinha mais retorno, mas eu consegui retomar a saúde com a graça e a força de Deus. É uma grande alegria e gratidão profunda acolher a vida em mim, na Congregação, na nossa realidade de povo.

Dentro dessa minha entrega, eu me sinto que nada preservei para mim mesma, mas foi uma entrega contínua à Congregação, a quem muito amo e tenho muito apreço.

E, no final, quando o meu grupo se movimentou pra celebrar os 50 anos e os 100 anos, eu senti que não tinha palavras para expressar minha gratidão a Deus e a Congregação pelo caminho feito até aqui.

E sinto que realmente, como eu expressei no meu escrito por ocasião do jubileu, é um eterno Magnificat. É um eterno Magnificat por estar ainda aqui celebrando, ainda continuando a celebrar, continuando esse esforço comum de fazer esse momento tão importante.

Foi uma grande alegria ter a minha família participando. Família e amigos. Foi uma explosão de alegria encontrar os meus irmãos, que expressaram também que foi como um relâmpago, de tão feliz.

Entre nós e na expectativa de futuro de um desenvolvimento, dentro da realidade do nosso servir a Deus e aos irmãos. Está muito dentro do Carisma, até na fórmula dos votos a gente pronuncia: ”eu me entrego ao Senhor e à Congregação no serviço da Eucaristia, do Sacerdócio e da Liturgia, na pessoa de Jesus Cristo Caminho, Verdade e Vida.

PÁSCOA ETERNA DE IR. PIERÂNGELA

No dia 16 de setembro de 2024, no Hospital Lefort, em São Paulo (Brasil), às 17 horas, o Divino Mestre chamou nossa irmã

Ir. M. PIERÂNGELA – ILIDA  DALLA  RIVA

(nascida em 14 de setembro de 1945 em Aratiba (Rio Grande do Sul – Brasil)

É a mais velha dos seis filhos do casal Pedro Dalla Riva e Ângela De Ré. Uma família unida, trabalhadora e animada pela fé e pelo espírito de sacrífício. Participavam com disposição da vida paroquial, da animação das celebrações litúrgicas e das festas populares e, na oração, vai amadurecendo o desejo de consagrar-se totalmente a Deus, a exemplo de Maria, a Mãe de Jesus, que considera sua vocação e mestra de vida.

Tendo conhecido as Discípulas do Divino Mestre, pôde finalmente ingressar na Congregação em São Paulo DM, em 4 de março de 1971, aos 25 anos de idade. No final de seu noviciado, fez sua Profissão Religiosa, na comunidade DM, em São Paulo, em 10 de fevereiro de 1974, no 50º aniversário da fundação do Instituto. Em 10 de fevereiro de 1980, fez sua Profissão Perpétua, na mesma comunidade Divino Mestre, em São Paulo.

Provocada também pela vida e pela situação familiar, Ir. M. Pierangela mostrou-se, desde os primeiros passos da vida religiosa, uma jovem madura, boa e serena, que participava ativamente da vida comunitária e exercia o apostolado com amor e dedicação. Ela cultivou um espírito de oração e de profundo louvor e progrediu na compreensão e na fidelidade ao carisma das Pias Discípulas do Divino Mestre.

Especialmente nos primeiros anos de sua vida religiosa, dedicou-se à pastoral vocacional e à formação de aspirantes e, posteriormente, assumiu a função de coordenadora nas comunidades no Rio de Janeiro (1985 – 1988) e em Caxias do Sul (1989 – 1990).  Passou a maior parte de sua vida consagrada dedicando-se à missão nos Centros de Apostolado Litúrgico.

A Ir. M. Pierângela é fascinada pela força e beleza de nossa missão como Discípulas do Divino Mestre. Todos os padres e outras pessoas que entravam no CAL, de alguma forma, procuravam a irmã, seja para receber ajuda ou para serem ouvidos. No relacionamento que ela estabelecia com os padres e amigos, era possível perceber a marca da fé e da gratuidade que norteava sua doação de vida. Todos os dias, com alegria, esperança e com a certeza da Divina Providência, preparava-se para o serviço com a oração inicial junto com sua equipe e, na medida do possível, desejava por um momento de adoração ao Santíssimo Sacramento na capela interna do Centro. Os padres e leigos que compareciam no CAL de São Paulo o percebiam como um oásis hospitaleiro e um ponto de encontro.

A irmã M. Pierângela testemunhou abertamente: “De minha parte, continuo agradecendo e abençoando o Senhor pelas inúmeras experiências de fé que ocorreram ao longo dos anos. Sempre tentei e descobri que a melhor ajuda é a escuta: acolher a todos da melhor maneira possível. Há espaço para todos em nossa capela. A Palavra de Deus sempre nos coloca em uma atitude de humildade e abertura interior para acolher o mistério do amor que não tem limites.

Refleti, à luz dos escritos de Pe. Alberione, Madre Escolástica e dos artigos da Regra de Vida, sobre como ser testemunha viva da presença do Senhor Ressuscitado, em cada período de nossa história. Nossa querida e amada Madre Escolástica, em seus escritos, nos lembra que aqui é “a terra dos méritos e o paraíso é o lugar da alegria”; é também nosso desejo que o Senhor seja Ele mesmo em nós, o único tudo, para que todos possam vê-lo e amá-lo”.

Ir. M. Pierângela passou seus últimos anos enfrentando com serenidade e paciência a exacerbação de várias doenças que tornaram sua pequena pessoa cada vez mais frágil e purificaram seu espírito interior como ouro no crisol. Na celebração do centenário de fundação, ela se une à ação de graças pelo dom do jubileu de sua consagração religiosa, continuando a bendizer o Divino Mestre pelo grande dom da vocação e da missão que brota do Mistério Pascal de Cristo Jesus. E ela se consomiu no físico, lenta e inexoravelmente, como “uma vela acesa para iluminar”.

E agora confiamos que ela possa interceder por todos nós invocando o dom da fidelidade criativa e da interioridade que se nutre na docilidade ao Espírito de Deus e na escuta da Palavra de Vida eterna.

Roma, 17 de setembro de 2024         

Necrológio escrito por Ir. M. Micaela Monetti

Ir. M. Pierangela e irmãos, no dia 10 de fevereiro de 2024.

Leitura orante com a Pastoral Vocacional

Querida juventude,

Nós irmãs Pias Discípulas do Divino Mestre neste mês de agosto iremos oferecer a cada sexta-feira um roteiro de oração em preparação para o Domingo Dia do Senhor.

No Brasil o mês de agosto é dedicado a oração pelas vocações. Esse ano de 2024 tem como tema: “Igreja como uma sinfonia vocacional” e o lema é: “Pedi, pois, ao Senhor da Messe” (Mt 9, 38).

Desejamos a você um frutuoso caminho com Jesus Mestre.

Boa oração!

Algumas recomendações:

-Antes de começar a leitura, prepare o ambiente, acenda uma vela…

Encontre uma posição confortável, acalma-se de toda a agitação, preste atenção aos próprios sentimentos, pensamentos, preocupações…

Deixe que volte ao coração acontecimentos, pessoas, situações…Entregue tudo ao Senhor.
Em atitude de fé, invoque o Espírito Santo, pois é ele que ‘perscruta todas as coisas, até mesmo as profundidades de Deus’ (cf. I Coríntios 2,10-12 ).

Se desejar, escreva no seu caderno pessoal tudo o que experimentou durante a oração. Se possível, partilhe com alguém.

Abaixo o roteiro na íntegra.

CURSO SOBRE O CARISMA DA FAMÍLIA PAULINA NO BRASIL 2024

Na tarde do dia 18 de julho de 2024 iniciou-se, em São Paulo, mais um módulo do Curso sobre o Carisma da Família Paulina no Brasil. A Missa de abertura foi presidida pelo Vigário Geral da Sociedade de São Paulo, Pe. Bugoslaw Zeman, e concelebrada pelo Pe. Antonio Pimienta, Conselheiro Geral, e Pe. Francisco Galvão, coordenador do Curso. Além da Equipe Organizadora (Ir. Josefa, fsp, Ir. Marilez, pddm, Ir. Júlia, pddm, Ir. Suzana, Ap),também estava presente o Padre Antônio da Silva, idealizador do curso (que iniciou em 2015).

Para dar início à Celebração Eucarística, os participantes do curso e demais convidados (Ir. Marlene, fsp, Ir.
Cristiane, sjbp, Ir. Suzana, Ap, Ir. Vera, pddm) reuniram-se na Capela da Casa de Oração das Paulinas para – de maneira simbólica – acender a “chama do Carisma”, enquanto cantavam “O Senhor vai acendendo
luzes”. Na homilia, Padre Boguslaw destacou – com base no Evangelho do dia – três passos para seguir o caminho de Jesus: “Vinde a mim”, “Tomai o meu jugo”, “Aprendei de mim”.

Ao final da Celebração, a irmã Marlene, provincial das Filhas de São Paulo, fez uso da palavra e dirigiu uma esperançosa mensagem aos participantes. O Pe. Antônio da Silva também expressou sua alegria pela continuidade do Curso. Após a Celebração e jantar, os participantes reuniram-se no saguão e, orientados pela Equipe organizadora, fizeram um momento de apresentação e entrosamento.

O Curso irá até o dia 28 de julho e, neste segundo módulo, contará com os seguintes temas e convidados:

  • A Igreja Catól.ica, a falência da sociedade cristã e a ascensão dos totalitarismos de 1930-1955 – Profa. Andrea Gripp.
  • A fundação da Família Paulina – de 1930 a 1955 – Ir. Suzimara Barbosa de Almeida, SJBP.
  • O carisma da comunicação hoje – Pe. Antônio Iraido, ssp.
  • “No centro está Jesus Cristo Caminho Verdade e Vida” e “As obras de Pe. Tiago Alberione” – Ir. Josefa Soares dos Santos, fsp.
  • Da Filosofia Escolástica a Alberione e a Francesco Chiesa – Prof. Pedro Monticelli.
  • Raízes teológicas da Família Paulina: “Pensei que o Cônego Chiesa poderia nos escrever uma Teologia” – Cl. Bento Maria, ssp.
  • O evangelho anunciado por Paulo na Carta aos Gálatas – Profa. Maria Antônia Marques.

Pelo grupo,

Pe. Galvão, ssp Ir. Gabriele, sjbp Bianca, pddm, Felipe, ssp David, ssp


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