ADVENTO: TEMPO DE ESPERAR

No próximo domingo, dia 01º de dezembro de 2024, iniciamos um novo tempo litúrgico: o Advento. É começo também do novo ano litúrgico, Ano C, o qual o evangelista Lucas nos guiará no conhecimento do Mestre. Reunindo desejos, sonhos da humanidade por profundas transformações e dias melhores, manifestadas em veementes clamores em nossos dias. Como “memorial de esperanças”, o advento alarga nossa vida para acolher o grande mistério da encarnação. Na perspectiva do Natal e Epifania do Senhor, como acontecimentos sempre novos e atuais, vislumbramos vigilantes e esperançosos, a lenta e paciente chegada de seu Reino e sua manifestação em nossa vida e na história. O Senhor nos garante que, nesta espera, não seremos desiludidos, como lembra a antífona de entrada deste domingo.

A liturgia abre para nós um tempo favorável de vigilância e conversão, de retomada de nossas opções como discípulos/as daquele que sempre vem e cuja ação é libertadora, consoladora e salvífica.

Acendendo, neste domingo, a primeira vela da coroa do Advento, somos convidados a aguçar nossa atenção, acordarmos do sono da passividade para melhor percebermos os sinais da chegada do reino no cotidiano e, mais despertos, nos levantar da acomodação, do individualismo e do comodismo que marcam nosso tempo e nos paralisam. A ti, Senhor, confio minha vida. Não será desiludido quem espera em ti (SL 25,1-3).

SINAIS SENSÍVEIS

  • A cor roxa, a ausência do glória e de flores aponta para o necessário vazio para acolher Aquele que vem na fraqueza de nossa condição humana. A cor rosa/lilás a partir do 3º domingo, anuncia a proximidade da sua chegada.
  • A coroa do advento com 4 e/ou 9 que vão se acendendo progressivamente, expressa nossa atitude de vigilância como as moças do evangelho (Mateus 25,1-13) que vão de noite ao encontro do noivo, com suas lamparinas acesas. A luz da vela evoca o próprio Cristo, Sol da justiça, a quem esperamos ‘com toda a ternura do coração’. A forma circular da coroa refere-se à harmonia cósmica, ao feminino. O verde dos ramos sinaliza a esperança…
  • Os textos bíblicos trazem à memória os nossos pais e mães na fé: Isaías o profeta do desterro anunciando o retorno, João Batista, a voz que clama no deserto, Maria a virgem grávida que dará à luz um Filho; Isabel, a mulher estéril grávida; Zacarias, o profeta que recupera a fala e bendiz a Deus pelo nascimento de João o precursor do Messias; José, o homem justo e solidário; os anjos que anunciam a boa nova: a Zacarias no templo, a Maria na casa, a José em sonho. O grande personagem é o Cristo, o esperado, o desejado, o sol do oriente, o Emanuel.
  • A invocação “Vem, Senhor Jesus!” que aparece nas orações e nos cantos, é um grito que expressa os gemidos e anseios da humanidade e de todo o universo à espera de libertação.
  • Os prefácios, as demais orações, as antífonas da LH, os cantos, fazendo eco aos textos bíblicos, sintetizam o sentido teológico e espiritual que a tradição da Igreja atribuiu ao advento, valendo-se de imagens eloqüentes: “o deserto irá florir”; “da raiz cortada vai nascer um broto” “dos céus vai chover o Salvador”; “da terra vai germinar a justiça”. “os caminhos tornos serão endireitados”; “as noivas com lâmpadas acesas”; “espadas transformadas em instrumentos de trabalho”.
    Nas duas primeiras semanas, até o dia 16 de dezembro: os textos referem-se à segunda vinda de Cristo. Nos dias 17 a 24, “semana santa do natal” – preparação imediata ao natal, memória da expectativa da primeira vinda. É importante permitir que o advento seja advento, e não antecipar o natal, como faz o ‘mundo’ do consumo.

SENTIDO TEOLÓGICO

Qual é o fato de salvação celebrado na liturgia e que está por detrás dos textos, das imagens, dos símbolos, das músicas neste tempo de advento? Trata-se do mistério da vinda de Deus, da sua visita à nossa terra no Emanuel, o desejado das nações, o anunciado pelos profetas e esperado por Maria.

Toda celebração cristã tem uma dimensão de espera do Reino. A cada dia suplicamos na oração do Senhor: “Venha o teu reino!” E no coração da prece eucarística aclamamos: “Vem Senhor Jesus”. Entretanto, o advento nos é dado a cada ano, como sacramento da ESPERA que nos prepara para celebrar as solenidades do natal, quando ele veio a primeira vez “revestido de nossa fragilidade, para realizar seu eterno plano de amor”; e nos coloca na perspectiva da segunda vinda quando ele virá “revestido de glória, para conceder-nos plenitude de salvação”.

Entre a primeira e a última vinda, há a vinda intermediária (S. Bernardo). Ele veio, virá e VEM agora. A liturgia do advento nos situa neste VEM, no HOJE intermediário entre o passado e o futuro, e nos impulsiona a fazer de cada AGORA um tempo de salvação.

No advento, fazemos nosso o comovente grito de Israel na expectativa do Messias e o insistente clamor que vem da assembleia cristã primitiva: “Maranatá, Vem, Senhor Jesus!” (1Cor 16,22 e Ap 22,20). É um clamor, carregado de dor, porque emerge do meio das contradições de tempos difíceis, mas é um grito cheio de esperança e de desejo do próprio Espírito que se une à noiva para dizer: VEM!

“Aparecido como por um instante em nosso meio, o messias se deixou tocar e ver solenemente para perder-se de novo, mais luminoso e inefável que nunca, no abismo insondável do futuro. Veio. Mas agora temos que esperá-lo mais do que nunca, e já não apenas por um pequeno grupo de eleitos, mas por todos. O Senhor Jesus virá na medida que saibamos esperá-lo ardentemente. Há de ser um acúmulo de desejos que fará apressar o seu retorno”. (Teilhard Chardin 1881-1955) “Toda carne verá a salvação de Deus” (Lc 3,6).

ATITUDE ESPIRITUAL

A liturgia do advento repleta de expectativa nos remete a nós mesmos como sujeitos de desejo, inacabados, sempre “em devir”, nós e a realidade social e cósmica da qual fazemos parte… É um peregrinar em busca do essencial, sem flores e sem glória, sem instrumentos e sem as cores da festa, a conviver com o vazio que nos conduz à Belém para abraçar a fraqueza humana habitada pelo Verbo…

A atitude fundamental é a vigilância:

  • Estar vigilantes a nós mesmos, para não nos deixar enganar… para não confundir o nosso desejo mais profundo com os objetos do nosso desejo, com o desejo de posse; para dar nomes aos nossos desejos desorientados: desejo de vingança, desejo de sempre ter razão, de vencer a qualquer preço…
  • Estar vigilantes à Palavra que nos é dada na liturgia, prolongando a escuta na oração pessoal, para que possamos encontrar a plena orientação dos nossos desejos pela mediação do Verbo que vem ao nosso encontro. “É Ele que ama em nós” (Jean Yves Leloup).
  • Estar vigilantes no cotidiano, no ‘cuidado da casa’; viver o momento presente com atenção ao espaço que ocupamos, aos gemidos da terra… exercitar-se no amor concreto em relação às pessoas, ‘acorrendo com as nossas boas obras ao encontro do Cristo que vem’…
  • Tal como a noiva vai ao encontro do seu bem-amado, ou como a terra se abre à semente, ou como a sentinela espera a aurora, entramos nesta atmosfera
    de “piedosa e alegre espera”, para celebrar a encarnação do Filho de Deus que se faz um de nós, para que, nele, nós nos tornemos divinos, por um caminho pascal. Cremos que o Senhor vem independente de nossa conversão, mas justamente porque ele vem, tão certo como a aurora, nos apressamos em preparar a sua vinda.

REACENDENDO A CHAMA DA NOSSA ESPERANÇA

A cada ano o advento nos é dado como SACRAMENTO DA NOSSA ESPERANÇA. Recordando o anseio do povo hebreu pela vinda do Messias, preparamo-nos para celebrar a primeira vinda de Jesus em Belém, tendo nossos corações voltados para a sua segunda vinda no fim dos tempos. Na primeira parte do advento, focando mais a segunda vinda, as leituras, as músicas, os gestos e as orações, nos convidam à vigilância e à mudança do coração. A partir do dia 17 (ou do dia 15 para quem faz a novena), o clima é de ‘alegre expectativa’ pela proximidade do natal do Senhor.

A coroa do advento, com suas velas que se acendem progressivamente, é um dos sinais que colocamos em nossas casas e igrejas. Originariamente, as velas eram de cor vermelha, mas elas podem ser simplesmente brancas.

Quando coloridas, uma boa alternativa é preferir que sejam duas de cor roxa correspondendo à primeira parte do advento e duas de cor lilás ou rosa, na proximidade do natal. Há comunidades que adotam 4 cores: o roxo da vigilância e da conversão, o verde da esperança, o lilás da alegria e o branco da paz. O multicolorido indica também as diversas culturas, nos 4 cantos do mundo, onde estão plantadas as sementes do Verbo.

O mais importante, porém, não é a cor das velas, mas o gesto do acendimento. Ao acender cada vela da coroa, reacendemos no coração a chama da vigilância e da esperança, da alegria e do desejo pela vinda do Salvador em nossa humanidade. Comprometemo-nos a apressar, no amor concreto de cada dia, a chegada do seu reino entre nós.

Sobre os textos bíblicos do primeiro domingo

Lucas 21,25-28.34-36:

Em estilo apocalíptico enfatiza a relatividade e instabilidade do mundo criado, o qual um dia chegará ao fim. Retoma o alerta dos profetas sobre o “dia do Senhor”, em que Deus vai intervir na história para libertar definitivamente o seu Povo da escravidão. De repente, diante da atual crise ecológica, estes textos chamam especialmente a nossa atenção. No entanto, para o evangelista o decisivo não é o fim do mundo, mas o fato de que o mundo decadente vai dar lugar a um mundo novo. O fim coincide com a vinda do Filho do Homem “com grande poder e glória” (v. 28). O próprio Jesus é o caminho de como encarar a situação. “A libertação está próxima”, mas enquanto ela não chega os discípulas precisa vigiar e orar, contribuindo para interromper e para que o mundo alcance ver sua libertação.

Jeremias 33, 14-16:

O contexto é o décimo ano do reinado de Sedecias (587 a.C.). O exército babilônico de Nabucodonosor cerca Jerusalém e Jeremias está detido no cárcere do palácio real, acusado de derrotismo e de traição (cf. Jr 32,1). Parece o princípio do fim. É neste contexto que o profeta, proclama a chegada de um tempo novo, no qual Deus vai “curar as feridas” (Jr 33,6). Numa situação limite, Jeremias anuncia a fidelidade de Deus às promessas feitas a David (cf. 2 Sm 7), de um futuro descendente (“rebento justo”), que assegurará a paz e a salvação a todo o povo. A palavra “rebento” evoca fecundidade, vida em abundância (cf. Is 4,2; Ez 16,7) e “Messias” (cf. Zc 3,8; 6,12).

1Tessalonicenses 3,12–4,2:

A comunidade cristã de Tessalônica foi fundada por Paulo, Silvano e Timóteo durante a segunda viagem missionária de Paulo, no ano 50 (cf. At 17,1). Em pouco tempo, Paulo desenvolveu uma intensa atividade missionária, que resultou numa comunidade numerosa e entusiasta, constituída na sua maioria por não-judeus convertidos (cf. 1Ts 1,9-10). No entanto, devido a reação da colônia judaica, Paulo teve de fugir, deixando para trás uma comunidade em perigo, insuficientemente evangelizada. Preocupado, Paulo envia Timóteo a Tessalônica para saber notícias e encorajar a comunidade. Quando Timóteo regressa, encontra Paulo em Corinto e comunica-lhe notícias animadoras: apesar das provações, a fé dos tessalonicenses continua bem vivos e mais profundos (cf. 1Ts 1,3; 3,6-8). A comunidade pode ser apontada como modelo aos cristãos das regiões vizinhas (cf. 1Ts 1,7-8). Mas Paulo exorta a que progridam ainda mais (1Ts 4,1), sobretudo no amor para com todos (1Ts 3,12. É nesta atitude de não acomodação que a comunidade deve esperar “vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts 3,13).

Abaixo, um roteiro de Celebração penitencial no Advento, com o Ofício Divino das Comunidades:

CALENDÁRIO DOS GRANDES EVENTOS DO JUBILEU DE 2025

O site do Jubileu de 2025 já disponibilizou o Calendário de todos os eventos que acontecerão durante este ano de 2025 ligados ao Jubileu. O Santo Padre abrirá oficialmente o Ano Santo com o Rito de Abertura da Porta Santa da Basílica Papal de São Pedro, às 19 horas. Em seguida, presidirá à celebração da Santa Missa na noite de Natal do Senhor, no interior da Basílica. O evento pode ser seguido através dos ecrãs instalados na Praça de São Pedro.

Não são necessários bilhetes para participar na celebração a partir da Praça de São Pedro: basta inscrever-se no evento através do Portal do site oficial do Jubileu https://register.iubilaeum2025.va/events/8

Os bispos e presbíteros que desejem concelebrar e os diáconos que desejem participar devem fazer a sua inscrição junto do Departamento para as Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice através do seguinte link: https://biglietti.liturgiepontificie.va/

Para acompanhar baixar o Calendário dos grandes eventos, acesse o link: https://www.iubilaeum2025.va/content/dam/iubilaeum2025/calendario/PDF/PT-CAL.pdf

FAMÍLIA PAULINA E O JUBILEU 2025

Como Família Paulina, estamos nos mobilizando para participar do evento da Comunicação. Aqui no Brasil foi formada uma EQUIPE DO JUBILEU DA FAMÍLIA PAULINA composta por: Pe. Galvão, ssp, Ir. Viviani, fsp, Ir. Cristiane, sjbp, Ir. Bianca, pddm, Silvia, Coop. Paulina. Eles compõem o Núcleo de Comunicação e Ações Integradas (NAIF) da Família Paulina e promoverão uma série de ações e vídeos em preparação ao Jubileu.

O 1° vídeo do projeto “Flash de Esperança” é uma iniciativa audiovisual para nos ajudar a refletir sobre o valor da Esperança neste tempo marcado pela angústia e a falta de sentido.

Que o Jubileu seja um ano de graça para todos (as) nós.

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM LITURGIA 2025

O Instituto de Filosofia e Teologia de Goiás (IFITEG), em parceria com a Rede Celebra, oferece o curso de Especialização em Liturgia, que tem início em janeiro de 2025. O curso é uma oportunidade para quem deseja aprofundar os estudos sobre a tradição litúrgica da fé. O curso é ideal para: Seminaristas, Religiosos, Agentes pastorais e todos que estão interessados em aprofundar seus conhecimentos na liturgia.

Este curso, estruturado em quatro módulos ao longo de um ano, oferece uma combinação equilibrada de aprendizado presencial e remoto, permitindo flexibilidade sem comprometer a qualidade da formação.

Os dois primeiros módulos serão realizados de forma presencial, totalizando 200 horas/aula cada. Durante essas etapas, os participantes terão a oportunidade de interagir diretamente com professores especializados e colegas, explorando aspectos teóricos e práticos da liturgia em um ambiente enriquecedor.

Os dois módulos seguintes serão conduzidos de forma remota, porém síncrona, somando 160 horas/aula cada. Isso significa que os alunos poderão participar das aulas interativas em tempo real, aproveitando a conveniência de estudar de onde estiverem, sem perder a interação direta com os professores e colegas de curso.

O curso conta com um processo seletivo para garantir a qualidade e adequação dos participantes, assegurando um ambiente de aprendizado colaborativo e enriquecedor. Os interessados deverão submeter sua inscrição dentro do prazo estabelecido, atentando-se aos critérios e documentos exigidos.

O investimento para o curso é acessível, dividido em 18 mensalidades de R$ 275,56, facilitando o planejamento financeiro dos interessados. Além disso, para aqueles que optarem por participar dos módulos presenciais, há a opção de hospedagem e alimentação no local, proporcionando conforto e praticidade durante a estadia, com um custo de R$ 2.035,00 por etapa.

Esta especialização é ideal para seminaristas, religiosos, agentes pastorais e todos os interessados em aprofundar seus conhecimentos na liturgia, contribuindo assim para uma vivência mais rica e significativa da fé em suas comunidades.

Não perca a oportunidade de se inscrever neste curso que promete expandir horizontes e enriquecer sua prática litúrgica. Prepare-se para uma jornada de aprendizado profundo e transformador ao longo do ano de 2025 até janeiro de 2026.

Para mais informações sobre o processo seletivo, inscrições e detalhes adicionais, visite nosso site ou entre em contato conosco. Junte-se a nós nesta jornada de conhecimento e fé!

Resumidamente, será assim:

      02 Módulos presenciais: (200 horas/aula)

            I – 02 a 12 de janeiro 2025;

            II – 05 a 16 de julho 2025;

  • Módulos remotos síncronos: (160 horas/aula)

I – março a junho 2025;

            II – agosto de 2025 a janeiro de 2026 (com recesso em dezembro);

                         Dia da semana: quarta-feira.

                         Período: noturno.

Carga horária: 400h.

Total do curso: R$ 4.960,08.

Modos de pagamento:

– 12 parcelas de R$ 413,34

(janeiro a novembro de 2025 + a matrícula em novembro de 2024);

Ou

– 18 parcelas de R$ 275,56

(janeiro de 2025 a maio de 2026 + a matrícula em novembro de 2024).

            Total: 4.070,00

            Por etapa presencial: R$ 2.035,00 (Janeiro e julho de 2025).

1ª ETAPA: MÓDULO PRESENCIAL – 02 a 12 de janeiro de 2025    – 100h
DisciplinaDocentesh/aula
Aula inaugural: Vaticano II, pontificado de Francisco e a LiturgiaDom Jerônimo04
Liturgia, experiência eclesial de oração, Linguagem simbólico-ritual da oração da Igreja / Introdução à liturgia e método mistagógicoMe. Danilo César dos Santos Lima10
Liturgia das Horas e Ofício Divino das ComunidadesMe. Maria da Penha Carpanedo10
Teologia litúrgica sobre a Eucaristia e Culto eucarísticoMe. Danilo César dos Santos Lima20
Metodologia da formação litúrgica IMe. Marlon Lopes10
Sacramentalidade e ritualidade / Canto e Música ritual IMe. Márcio Pimentel 18
Vivências Rituais I Me. Daniela Oliveira18
Metodologia Científica – Observação participanteDr. Raimundo Nonato Moura Oliveira 10
2ª ETAPA: AULAS REMOTAS SÍNCRONAS – março de 2025 a junho de 2025  –  80h
DisciplinaDocentesh/aula
Observação participante em LiturgiaDr. Raimundo Nonato Moura Oliveira12
História da LiturgiaDr. Damásio Raimundo S. Medeiros15
EucologiaDr. Jerônimo Pereira Silva12
Ano Litúrgico IMe. Maria da Penha Carpanedo12
Celebração dominical da PalavraMe. Danilo César dos Santos Lima12
Liturgia da Palavra: homiliaMe. Márcio Pimentel12
3ª ETAPA: MÓDULO PRESENCIAL – 05 a 16 de julho de 2025     – 100h
DisciplinaDocentes 
Assembleia e Ministérios Me. Patrick Brandão      15
Liturgia, ecumenismo, piedade popular e inculturaçãoDr. José Reinaldo Felipe Martins Filho10
Metodologia da formação litúrgica IIMe. Marlon Ramos Lopes10
Pastoral Litúrgica Me. Marlon Ramos Lopes10
Canto e Música RitualMe. Márcio Pimentel10
Vivências RituaisMe. Daniela Oliveira17
Mistério PascalDr. Jeronimo Pereira10
Ano litúrgico IIPenha Carpanedo10
Leitura OranteMe. Penha Carpanedo08
Atividades orientadas – TCC (por professor)Orientadores15
4ª ETAPA: AULAS REMOTAS SÍNCRONAS – agosto de 2025 a janeiro de 2026  –  80h
DisciplinaDocentesh/aula
Espiritualidade LitúrgicaMe. Maria da Penha Carpanedo10
Sacramentos: iniciação cristãMe. Domingos Ormondes15
Sacram. da Penitência e do MatrimônioMe. Frei Luis Felipe Marques15
Exéquias e BençãosDr. Joaquim Fonseca15
Atividades orientadas – TCC (por professor)*Orientadores*15*
Seminário de liturgia 30
ATIVIDADES COMPLEMENTARES
Produção do TCC 40
 Total de horas    400

RETIRO MENSAL DE OUTUBRO DE 2024

Todo sábado que antecede ao primeiro Domingo de cada mês, nós, família das Pias Discípulas do Divino Mestre, fazemos o retiro mensal. É um momento de encontro com a palavra de Deus da liturgia do primeiro Domingo do mês, domingo dedicado ao Divino Mestre.

Neste 27º Domingo do Tempo Comum, a Ir. M. Letícia Pontini do Secretariado de Espiritualidade quem preparou o texto de reflexão e que nos conduz na leitura atenta da Palavra de Deus.

Compartilhamos com vocês este texto, que está na integra no site: https://espacoorante.piasdiscipulas.org.br/retiro-mensal

Boa oração a todos!

SECRETARIADO PARA ESPIRITUALIDADE

RETIRO – OUTUBRO – 2024

27º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO B

Prepare o ambiente: uma mesa com toalha, a bíblia, uma vela e cadeiras em círculo. Alguém acende a vela. Canta-se um hino apropriado. Pessoas previamente preparadas leem as leituras dos textos deste domingo: primeiro o Evangelho, segue a 1ª leitura, o salmo, a 2ª leitura.

A liturgia deste 27ª Domingo do Tempo Comum reflete sobre algumas questões fundamentais como: o homem não realiza sua vocação só no domínio da matéria e da vida, mas traz em si a exigência do encontro com um ser capaz de comunhão com ele.

De fato, é outro ele mesmo que descobre na mulher: “Desta vez é carne da minha carne e osso dos meus ossos” (1ª leitura). A estrutura sexual do homem e da mulher, como toda a sua existência corporal, deve ser compreendida como presença, linguagem, reconhecimento do outro. O mistério do homem e da mulher não está no homem e na mulher separadamente, mas a comunhão de toda a pessoa até um verdadeiro diálogo fecundo e aberto. O profundo laço que une o homem e a mulher tem, no texto do Gênesis, duas características essenciais: é superior a qualquer outro laço, inclusive o dos pais, que, nos mandamentos, vem imediatamente depois das relações com Deus; é tão íntimo e profundo no plano do corpo e do espírito que  formam um só ser.

Analisando a história do matrimônio através dos séculos, nota-se como a evolução dos costumes favoreceu, em quase todos os povos, a passagem da poligamia para a concepção monogâmica do matrimônio, e isto teve duas importantes consequências paralelas: a libertação da condição da mulher, que de um estado de inferioridade e quase de escravidão passou gradualmente à igualdade jurídica e social; e a escolha do parceiro no matrimônio, como ato livre, pessoal, não mais regulamentado e imposto de fora, por interesses estranhos. O atrativo sempre mais forte para o matrimônio, fundado no livre consenso dos cônjuges, não é absolutamente acompanhado, porém, de uma adesão voluntária à lei da indissolubilidade, onde ela figura no código religioso ou mesmo civil.

O Amor nunca morre.  Assim como Cristo não abandonou a humanidade nem a Igreja quando o pregavam na cruz, também no matrimônio contraído “no Senhor” conserva a indissolubilidade da ligação entre Cristo e a Igreja, também quando se tornou uma crucifixão. A presença de Cristo no matrimônio dos que creem não exclui, pois, a priori, incompatibilidade de caracteres, erros na escolha matrimonial, dificuldades com os filhos, nervosismo, doença, tédio… mas significa que, para os que creem, o Terceiro, isto é, Cristo, está sempre presente; Jesus Cristo dá força, conforto, esperança, enquanto observa que é sempre melhor dar que receber( cf At 20,35). Quem se impregna deste espírito nos dias felizes, poderá continuar a viver desta esperança nas horas difíceis.  (Missal Dominical).

Como uma criança que aprende convivendo com os pais e vendo a atitude deles, assim Jesus nos convida a aprender do Pai vendo o exemplo do Filho. Se recebermos o Reino como crianças, aprendendo as atitudes de Jesus, o amor fiel que nos une, perdoa e se doa será sempre a regra sem exceção.

Leituras para nossa oração orante:

Evangelho Marcos 10,2-16, conversar sobre o que chamou a atenção no texto. Em seguida, ler a primeira leitura, de Genesis 2,18-24, o salmo 128(127), e a segunda leitura, de Hebreus 2,9-11.  Como esses textos combinam com o Evangelho.

Que o mês do Divino Mestre seja uma escola de Amor, Fidelidade e Perseverança no caminhar de cada uma. “O homem todo em Cristo, com pleno amor a Deus: mente, vontade, coração, forças físicas. Tudo, natureza e graça e vocação, pelo apostolado. Carro que corre apoiado sobe quatro rodas: santidade, estudo, apostolado, pobreza”,(AD 100). Este é o centro, o núcleo da espiritualidade que estimula cada filho de Padre Alberione.  (Catequese Paulina)

50 anos de vida religiosa: Ir. M. Pierângela Dalla Riva

Ir. Pierangela Dalla Riva nasceu no dia 14 de setembro de 1945, em Aratiba/RS. Ingressou na Congregação em 4 de março de 1971. Emitiu a sua primeira profissão em 10 de fevereiro de 1974. Viveu a vida e missão de Discípula nas comunidades em São Paulo, Caxias do Sul/RS, Rio de Janeiro, Porto Alegre/RS, Olinda/PE, Taguatinga/DF. Colaborou também no apostolado sacerdotal junto ao Seminário Diocesano de Osasco. Em 2001, em Roma, participou dos estudos das nossas origens, com enfoque aos personagens: Pe. Tiago Alberione, Madre Escolástica e Pe. Timóteo Giaccardo. Desde 2011, pertence à Comunidade Madre Escolástica, para tratamento de saúde.

Frase: Tudo na alegria do ” Faça-se de Maria …seguindo JESUS MESTRE CAMINHO, VERDADE E VIDA no intuito primeiro do Chamado à graça a ser: ” Ser total para Deus e para as pessoas no Serviço: Eucarístico, Sacerdotal e Litúrgico na Igreja e no nosso mundo.

Escreve a Ir. M. Pierângela sobre o seu jubileu: Esta momento da minha caminhada, foi de vida e morte, porque, quando eu fiquei doente, eu achei que não tinha mais retorno, mas eu consegui retomar a saúde com a graça e a força de Deus. É uma grande alegria e gratidão profunda acolher a vida em mim, na Congregação, na nossa realidade de povo.

Dentro dessa minha entrega, eu me sinto que nada preservei para mim mesma, mas foi uma entrega contínua à Congregação, a quem muito amo e tenho muito apreço.

E, no final, quando o meu grupo se movimentou pra celebrar os 50 anos e os 100 anos, eu senti que não tinha palavras para expressar minha gratidão a Deus e a Congregação pelo caminho feito até aqui.

E sinto que realmente, como eu expressei no meu escrito por ocasião do jubileu, é um eterno Magnificat. É um eterno Magnificat por estar ainda aqui celebrando, ainda continuando a celebrar, continuando esse esforço comum de fazer esse momento tão importante.

Foi uma grande alegria ter a minha família participando. Família e amigos. Foi uma explosão de alegria encontrar os meus irmãos, que expressaram também que foi como um relâmpago, de tão feliz.

Entre nós e na expectativa de futuro de um desenvolvimento, dentro da realidade do nosso servir a Deus e aos irmãos. Está muito dentro do Carisma, até na fórmula dos votos a gente pronuncia: ”eu me entrego ao Senhor e à Congregação no serviço da Eucaristia, do Sacerdócio e da Liturgia, na pessoa de Jesus Cristo Caminho, Verdade e Vida.

PÁSCOA ETERNA DE IR. PIERÂNGELA

No dia 16 de setembro de 2024, no Hospital Lefort, em São Paulo (Brasil), às 17 horas, o Divino Mestre chamou nossa irmã

Ir. M. PIERÂNGELA – ILIDA  DALLA  RIVA

(nascida em 14 de setembro de 1945 em Aratiba (Rio Grande do Sul – Brasil)

É a mais velha dos seis filhos do casal Pedro Dalla Riva e Ângela De Ré. Uma família unida, trabalhadora e animada pela fé e pelo espírito de sacrífício. Participavam com disposição da vida paroquial, da animação das celebrações litúrgicas e das festas populares e, na oração, vai amadurecendo o desejo de consagrar-se totalmente a Deus, a exemplo de Maria, a Mãe de Jesus, que considera sua vocação e mestra de vida.

Tendo conhecido as Discípulas do Divino Mestre, pôde finalmente ingressar na Congregação em São Paulo DM, em 4 de março de 1971, aos 25 anos de idade. No final de seu noviciado, fez sua Profissão Religiosa, na comunidade DM, em São Paulo, em 10 de fevereiro de 1974, no 50º aniversário da fundação do Instituto. Em 10 de fevereiro de 1980, fez sua Profissão Perpétua, na mesma comunidade Divino Mestre, em São Paulo.

Provocada também pela vida e pela situação familiar, Ir. M. Pierangela mostrou-se, desde os primeiros passos da vida religiosa, uma jovem madura, boa e serena, que participava ativamente da vida comunitária e exercia o apostolado com amor e dedicação. Ela cultivou um espírito de oração e de profundo louvor e progrediu na compreensão e na fidelidade ao carisma das Pias Discípulas do Divino Mestre.

Especialmente nos primeiros anos de sua vida religiosa, dedicou-se à pastoral vocacional e à formação de aspirantes e, posteriormente, assumiu a função de coordenadora nas comunidades no Rio de Janeiro (1985 – 1988) e em Caxias do Sul (1989 – 1990).  Passou a maior parte de sua vida consagrada dedicando-se à missão nos Centros de Apostolado Litúrgico.

A Ir. M. Pierângela é fascinada pela força e beleza de nossa missão como Discípulas do Divino Mestre. Todos os padres e outras pessoas que entravam no CAL, de alguma forma, procuravam a irmã, seja para receber ajuda ou para serem ouvidos. No relacionamento que ela estabelecia com os padres e amigos, era possível perceber a marca da fé e da gratuidade que norteava sua doação de vida. Todos os dias, com alegria, esperança e com a certeza da Divina Providência, preparava-se para o serviço com a oração inicial junto com sua equipe e, na medida do possível, desejava por um momento de adoração ao Santíssimo Sacramento na capela interna do Centro. Os padres e leigos que compareciam no CAL de São Paulo o percebiam como um oásis hospitaleiro e um ponto de encontro.

A irmã M. Pierângela testemunhou abertamente: “De minha parte, continuo agradecendo e abençoando o Senhor pelas inúmeras experiências de fé que ocorreram ao longo dos anos. Sempre tentei e descobri que a melhor ajuda é a escuta: acolher a todos da melhor maneira possível. Há espaço para todos em nossa capela. A Palavra de Deus sempre nos coloca em uma atitude de humildade e abertura interior para acolher o mistério do amor que não tem limites.

Refleti, à luz dos escritos de Pe. Alberione, Madre Escolástica e dos artigos da Regra de Vida, sobre como ser testemunha viva da presença do Senhor Ressuscitado, em cada período de nossa história. Nossa querida e amada Madre Escolástica, em seus escritos, nos lembra que aqui é “a terra dos méritos e o paraíso é o lugar da alegria”; é também nosso desejo que o Senhor seja Ele mesmo em nós, o único tudo, para que todos possam vê-lo e amá-lo”.

Ir. M. Pierângela passou seus últimos anos enfrentando com serenidade e paciência a exacerbação de várias doenças que tornaram sua pequena pessoa cada vez mais frágil e purificaram seu espírito interior como ouro no crisol. Na celebração do centenário de fundação, ela se une à ação de graças pelo dom do jubileu de sua consagração religiosa, continuando a bendizer o Divino Mestre pelo grande dom da vocação e da missão que brota do Mistério Pascal de Cristo Jesus. E ela se consomiu no físico, lenta e inexoravelmente, como “uma vela acesa para iluminar”.

E agora confiamos que ela possa interceder por todos nós invocando o dom da fidelidade criativa e da interioridade que se nutre na docilidade ao Espírito de Deus e na escuta da Palavra de Vida eterna.

Roma, 17 de setembro de 2024         

Necrológio escrito por Ir. M. Micaela Monetti

Ir. M. Pierangela e irmãos, no dia 10 de fevereiro de 2024.

Leitura Orante com a Pastoral Vocacional- 23ª Domingo do Tempo Comum

Algumas recomendações:

-Antes de começar a leitura, prepare o ambiente, acenda uma vela…

Encontre uma posição confortável, acalma-se de toda a agitação, preste atenção aos próprios sentimentos, pensamentos, preocupações…

Deixe que volte ao coração acontecimentos, pessoas, situações…Entregue tudo ao Senhor.
Em atitude de fé, invoque o Espírito Santo, pois é ele que ‘perscruta todas as coisas, até mesmo as profundidades de Deus’ (cf. I Coríntios 2,10-12 ).

Se desejar, escreva no seu caderno pessoal tudo o que experimentou durante a oração. Se possível, partilhe com alguém.

Abaixo o roteiro na íntegra.

Leitura Orante com a Pastoral Vocacional

Querida juventude,

Nós Irmãs Pias Discípulas do Divino Mestre iremos oferecer um roteiro de oração em preparação para o Domingo Dia do Senhor.

Desejamos a você um frutuoso caminho com Jesus Mestre.

Boa oração!

Algumas recomendações:

-Antes de começar a leitura, prepare o ambiente, acenda uma vela…

Encontre uma posição confortável, acalma-se de toda a agitação, preste atenção aos próprios sentimentos, pensamentos, preocupações…

Deixe que volte ao coração acontecimentos, pessoas, situações…Entregue tudo ao Senhor.
Em atitude de fé, invoque o Espírito Santo, pois é ele que ‘perscruta todas as coisas, até mesmo as profundidades de Deus’ (cf. I Coríntios 2,10-12 ).

Se desejar, escreva no seu caderno pessoal tudo o que experimentou durante a oração. Se possível, partilhe com alguém.

Abaixo o roteiro na íntegra.

Mês da Bíblia 2024: Ezequiel

Para o ano de 2024, a proposta de estudo e aprofundamento bíblicos no Mês da Bíblia da Igreja Católica é o livro do profeta Ezequiel. O lema inspirador para este estudo é “Porei em vós o meu Espírito e vivereis” (Ez 37,14).

O livro de Ezequiel nos coloca diante de uma das etapas mais atribuladas e trágicas da História do Povo de Deus. O reino de Judá, fraco e indefeso diante dos grandes impérios, se vê mergulhado numa disputa de ordem internacional sem ter condição nenhuma de interferir em seu próprio destino. De um lado, o império babilônico. Do outro, o reino do Egito. No meio, tentando se equilibrar entre poderosos, estavam os sucessivos reis de Judá. A consequência desastrosa deste jogo de poderes internacionais foi o exílio e a destruição do país e da capital Jerusalém. O profeta Jeremias é a grande testemunha histórica de todo este desastre político. O livro das Lamentações é o grito doloroso do povo sofrido, vítima dos erros políticos dos governantes. A mensagem do profeta Ezequiel vem completar este quadro histórico de dor e de morte, mas também trazendo uma centelha de reconstrução e de esperança.

A vivência de Ezequiel junto à comunidade dos exilados mergulhou-o na mesma sorte do povo de Deus naquele momento histórico. Ele também passou pela noite escura do desterro, do medo, da ausência e da saudade. Mas ele continua fiel e teima em continuar a crer na fidelidade do Deus que esteve sempre presente na vida do povo.

Toda a mensagem profética de Ezequiel foi vivida e proclamada no exílio na Babilônia. Ezequiel tenta mostrar aos exilados que, apesar de toda destruição, morte e desterro, ainda há uma esperança, muita esperança. Ainda ardem as brasas da fé por baixo de todas as cinzas da destruição, do sofrimento e do exílio.

Situando a pessoa e o livro do profeta Ezequiel

As várias experiências de exílio e de deportação. 

Uma das etapas históricas do povo de Israel é a etapa do Exílio. A ideia mais comum a respeito deste período, que vai de 597 até 538, é a seguinte: houve a invasão da Babilônia contra Judá; Nabucodonosor, o rei da Babilônia, fez duas deportações (597 e 586) e levou muita gente para o Exílio. Com a derrota dos babilônios para os persas (539), Ciro, o rei da Pérsia, permitiu o retorno do povo para sua terra. A partir de 538, em sucessivas levas, os judeus regressaram da Babilônia para a Judéia.

Na realidade, o que houve não foram só estas duas deportações. A Bíblia registra muitos exílios do povo de Israel e de Judá. Já em 734, o rei da Assíria promoveu uma deportação de israelitas para as terras do império assírio (cf. 2Rs 15,29). Com a queda da Samaria (722) muitas outras pessoas do reino de Israel foram levadas para a Mesopotâmia e lá espalhadas entre as várias províncias do império assírio (cf. 2Rs 17,6.23). O mesmo aconteceu com Judá a partir das invasões assírias entre 701 e 669 (2Cr 33,11-13). As sucessivas deportações por ocasião das invasões babilônicas geraram uma comunidade de uns dez mil judeus exilados na Babilônia (cf. 2Rs 24,14). A maior parte destas pessoas não voltou para Jerusalém. Havia uma grande comunicação entre a comunidade dos judeus que permaneceram em Judá e a comunidade dos exilados na Babilônia (cf. Jr 29,5-7).

Foi um processo, cada vez mais amplo, de exílio, saída, dispersão, deportação e emigração do povo para os países ao redor da Palestina. E ao mesmo tempo, houve um processo igualmente crescente de retorno, de reorganização, de reconstrução, de busca de uma nova identidade.

A esperança que nasceu no cativeiro e fez nascer o livro do profeta Ezequiel

Foi nesta noite escura do povo que brilhou a aurora de um novo olhar. Um olhar nascido da experiência do amor fiel de Deus que permitiu à comunidade fazer a releitura do passado. E assim, desta situação de morte, nasceram as imagens mais bonitas de esperança. Jeremias fala do novo coração (Jr 30 a 33), Isaías fala do consolo e do amor que animam o servo de YHWH para ser o revelador da presença de Deus no mundo (Is 40 a 66), como transparece nos quatro cânticos do povo Servo: no primeiro cântico Deus escolhe o seu Servo (Is 42,1-9); no segundo cântico o Servo de Deus descobre a sua missão (Is 49,1-6); no terceiro cântico o Servo assume e executa a sua missão (Is 50,4-9); no quarto cântico temos a paixão e vitória final do Servo de Deus (Is 52,13 a 53,12). 

É neste contexto de avaliação e de reconstrução que surge o profeta Ezequiel. Ele fala do novo pastor (Ez 34,11-31), do novo Templo (Ez 40 a 47), da água purificadora que restaura a Criação (Ez 47,1-12). Na visão dos ossos secos, ele descobriu sinais de vida lá onde os outros só enxergavam morte e desespero (Ez 37,1-14). 

Ezequiel é um profeta que tem um jeito todo próprio. Ele era da tribo de Levi, e toda a sua espiritualidade transpira o ambiente sacerdotal. Ele anuncia e lamenta a destruição do templo e da cidade como consequência dos desvios, sobretudo cultuais, da elite. Ele tem visões estranhas, difíceis de serem decifradas e interpretadas. Tem desmaios, deve realizar ações simbólicas estranhas, mas que chamam a atenção do povo. Toda a sua vida, tanto pessoal como familiar, se torna uma profecia viva. Ele já não se pertence. 

Grande parte das profecias de Ezequiel são denúncias violentas que acusam o povo e anunciam o castigo. Talvez seja a sua experiência da santidade de Deus, profanada tão despudoradamente pelos sacerdotes, pelos reis e pelos falsos profetas, que o levou a essa reação tão agressiva que, até hoje, faz a gente sentir-se incomodada quando lê as profecias de condenação deste profeta. A enormidade dos castigos que ele anuncia revela o tamanho da sua dor ao ver o povo desviado pelos seus maus governantes, nobres, sacerdotes e profetas. E o profeta conclui suas trágicas mensagens com um refrão misterioso da parte de Deus: “Então sabereis que eu sou YHWH!” (cf. Ez 6,7.10.13.14; 7,4.9.26; etc…)

Mas no meio destas visões terríveis aparecem também as visões mais bonitas da Bíblia, como flores brilhantes no meio do mato fechado. Uma destas flores é a visão dos ossos secos que retomam vida sob a ação do espírito de Deus (Ez 37,1-14).

O livro do profeta Ezequiel.

Sendo sacerdote, é evidente que Ezequiel sabia ler e escrever. Desta forma, grande parte dos oráculos podem ter saído de seu próprio punho. Ele mesmo pode ter escrito sobre suas experiências extáticas ou suas ações simbólicas. Mas não podemos pensar que todo o livro foi obra dele. Numerosos acréscimos posteriores são contribuições de seus discípulos.

De qualquer forma, apesar de reunir materiais tão diferentes como visões, sermões complicados, oráculos de difícil intepretação, encenações dramáticas, o livro de Ezequiel é um dos mais bem organizados dentre os livros proféticos.

Divisão do Livro do profeta Ezequiel

  • 1-3: A vocação profética. O profeta recebe sua missão
  • 4-24: Profecias de ameaça e de condenação contra Judá, antes do segundo cerco de Jerusalém
    Nesta unidade vale destacar o seguinte: as ações simbólicas (4 e 5); a visão da profanação do templo (8 a 11); a parreira inútil (15); a responsabilidade pessoal (18); as duas irmãs (23); a morte da esposa (24,15-27).
  • 25-32: Oráculos contra as nações cúmplices do império.
    O centro destas denúncias são as duras palavras dirigidas contra a cidade de Tiro, na Fenícia (26 a 28) e contra o Egito e seu faraó (29 a 32).
  • 33-39: Oráculos de salvação durante e depois do cerco final de Jerusalém.
    O profeta busca animar o povo exilado apontando para um renascimento futuro. Aqui estão as passagens sobre os pastores de Israel (34); o oráculo sobre os montes de Israel (36); a visão dos ossos secos (37,1-14); as duas achas de lenha (37,15-28); os oráculos contra o reino de Gog (38-39).
  • 40-48: Estatuto político e religioso da futura comunidade na nova Cidade Santa.
    Esta parte apresenta um plano de reconstrução da nova Jerusalém, tendo como centro um templo restaurado para onde voltará a glória de Deus. Sendo um documento que fundamenta o renascimento da religião judaica, algumas Bíblias chamam esta parte de “A Torá de Ezequiel”. 

Algumas chaves de leitura para ajudar a descobrir a mensagem do profeta Ezequiel.

A pessoa de Ezequiel

Ezequiel era um sacerdote (Ez 1,3). Ele teve uma boa formação e um bom nível de instrução. O templo e o culto eram suas principais preocupações. Assim entendemos a gravidade de suas denúncias. Suas palavras são dirigidas, tanto em relação ao templo de sua época, maculado por ritos impuros (Ez 8,7-16) e que será abandonado pela Glória de YHWH (Ez 10,18-22), quanto ao templo futuro (Ez 40,1 a 42,20), para o qual ele vê a Glória de Deus voltar (Ez 43,1-9). 

Temos poucas informações sobre a vida pessoal de Ezequiel. Seu pai, Buzi, estava entre os sacerdotes selecionados para o desterro na Babilônia na primeira leva. Sinal de que ele ocupava um lugar de destaque no serviço do templo. Não temos certeza de sua idade, mas como ele dá a entender que sabe dos ritos e das funções sacerdotais, tinha mais de vinte anos. Era casado, mas não sabemos se teve filhos. Ficou viúvo pouco antes da queda de Jerusalém. Tendo sido exilado muito novo, ele não pôde exercer seu sacerdócio no templo de Jerusalém. Pelas datas presentes no livro, sua atividade profética vai do ano 593 (Ez 1,1-2) até 571 (Ez 29,17).

Ezequiel é uma pessoa singular. Ele tem contínuas visões, realiza ações simbólicas com frequência; perde a fala por períodos relativamente longos; e é meio propenso a desânimos. Ele sofre de paralisia, mas continua trabalhando em seu leito de enfermo (Ez 4,4). A dor da morte da esposa faz com que ele perca a fala completamente. Estes dados acabam revelando uma personalidade um pouco doentia. Ele provavelmente morreu na Babilônia.

Como sacerdote, ele guarda o culto e a lei e, na história das infidelidades de Israel (20), a censura de eles terem “profanado os sábados”, volta como um refrão (Ez 20,13.16.21.24 23,38.39). Ele tem horror às impurezas legais (cf. Ez 4,14) e uma grande preocupação por separar o sagrado do profano (Ez 45,1-6). Na sua qualidade de sacerdote, resolvia os casos de direito ou de moral e por isso o seu ensinamento assume um tom casuístico (Ez 18,1-23).

Durante seu ministério, Ezequiel é chamado por Deus de “Filho do Homem” (cf. Ez 2,1.3.8 etc…). Esta expressão tem um sentido poético significando “um ser humano”, a humanidade da pessoa na sua fraqueza e fragilidade (cf. Sl 8,5; Is 51,12; 56,2; Jó 25,6; Dn 8,17). Ao chamar assim o profeta, o próprio Deus quer estabelecer uma distância entre divindade e humanidade, entre YHWH e o povo de Israel. Ao animar o profeta chamando-o assim, o próprio Deus quer superar esta distância através a atuação de Ezequiel. Esta expressão é específica de Ezequiel, mas é retomada por Jesus ao falar de si mesmo e de suas fraquezas e humilhações (cf. Mt 8,20; 11,19; 17,22; 20,28; etc…). Uma possível tradução desta expressão seria “Filho da Humanidade”. Como o próprio Jesus faz um paralelo com o título de “Filho do Homem” em Ezequiel, não é bom traduzir por “Criatura Humana”, como fazem algumas Bíblias.

Ezequiel, o profeta dos gestos simbólicos

Mais que nenhum outro profeta da Bíblia, Ezequiel multiplicou os gestos simbólicos e mímicas. Em suas atividades Ezequiel faz muitos gestos como bater palmas, sapatear e dançar com frequência (Ez 6,11; 21,17.19). Representou com mímica o cerco de Jerusalém (Ez 4,1 a 5,4); a partida dos exilados (Ez 12,1-7); o rei da Babilônia na encruzilhada dos caminhos (Ez 21,23s); a união de Judá com Israel (Ez 37,15s).

Ações simbólica são encenações públicas transformadas em oráculos. São muitas as ações simbólicas de Ezequiel. Logo no início de suas atividades ele é convidado a engolir um livro (Ez 3,3). Depois temos as ações do tijolo escrito, da frigideira de ferro; das cordas e do pão assado sobre excrementos (Ez 4,1-16). Em seguida temos a faca afiada e a queima dos cabelos e da barba (Ez 5,1-3). Temos também a encenação do desterrado (Ez 12,7). Até nas provações que Deus lhe envia, como a morte de sua amada esposa, ele acolhe o fato como uma ação simbólica e um “sinal” para Israel (Ez 24,15-18).  

Na verdade, Ezequiel age como tinham agido outros profetas como Oseias, Isaías ou Jeremias. Mas a complexidade de suas ações simbólicas contrasta com a simplicidade dos gestos dos seus predecessores.

Ezequiel, o homem das visões

Ezequiel é sobretudo o homem das visões. Seu livro contém apenas quatro visões propriamente ditas, mas elas ocupam um espaço considerável: Ez 1-3; 8-11; 37; 40-48. Estas visões do profeta manifestam um mundo fantástico: os quatro seres vivos do carro de YHWH (Ez 1,4-28), a sarabanda cultual do Templo, com seu pulular de animais e de ídolos (Ez 8,7-18), a planície dos ossos que se reanimam (Ez 37), um templo futuro desenhado como numa planta de arquiteto, donde brota um rio de sonhos numa geografia utópica (Ez 40 a 48). 

Este poder de imaginação estende-se aos quadros alegóricos que o profeta descreve: as das irmãs Oola e Ooliba (Ez 23,1-45), o naufrágio da rica cidade de Tiro (Ez 26 e 27), o faraó-crocodilo (Ez 29 e 32), a árvore gigante (Ez 31,1-18) e a descida do faraó aos infernos (Ez 32,17-32). As visões amplas e detalhadas de Ezequiel, algumas de difícil interpretação, apontam para uma transição entre a profecia clássica e a nova profecia de cunho apocalítico. Muitas destas visões de Ezequiel são retomadas em Daniel e no Apocalipse.

O caminho novo aberto por Ezequiel

Já se vê que, diante da nova realidade do exílio, Ezequiel abre um caminho novo para o povo de Deus. Ele rompe com o passado da sua nação. Em seus oráculos, a lembrança das promessas feitas aos antepassados e da Aliança concluída no Sinai aparece esporadicamente. Mas, se até aqui, Deus continuamente salvou seu povo, manchado desde o nascimento (Ez 16,3s), não foi para cumprir as promessas, mas sim para defender a honra do seu nome (Ez 20,9-17). E se agora, Deus substituirá a Aliança antiga por uma Aliança eterna (Ez 16,60; 37,26s), e tal gesto por parte de Deus não será em recompensa de uma “volta” do povo para ele, mas por pura benevolência, por graça. O arrependimento virá depois (Ez 16,62-63). Um capítulo importante do livro é onde a responsabilidade coletiva do passado é substituída pela responsabilidade pessoal no presente (Ez 18,1-32). A pessoa é responsável pelo seu destino, a partir das opções que faz em vida.

O messianismo de Ezequiel, aliás pouco explícito, já não é régio e glorioso: sem dúvida ele anuncia um futuro Davi, o qual será, porém, apenas “pastor” do seu povo (Ez 34,23;37,24), “príncipe” (Ez 24,24) e não rei, pois não há lugar para reis na visão teocrática do futuro (Ez 45,7s). Ele rompe com a tradição da solidariedade no castigo e afirma o princípio da retribuição individual (Ez 18; cf. 33,10-20). 

A Torá de Ezequiel

Os capítulos 40 a 48 de Ezequiel formam uma ampla unidade literária, trazendo uma única visão: num plano minucioso de reconstrução religiosa e de um recomeço político, o profeta revela a futura Jerusalém centralizada num templo reconstruído. É como se fosse uma carta de fundação de um novo país. Segundo o próprio texto destas visões, a data é bem precisa: o profeta está entre setembro e outubro de 573. 

Num texto seco e esquemático, bastante detalhado e minucioso, a visão mostra um plano de reconstrução para o país e para a cidade. No centro de tudo está o novo Templo, para onde voltará a Glória de Deus. Os grandes agentes deste novo Judá são os sacerdotes. Ezequiel, na verdade, aponta para uma reconstrução após o exílio comandada pela classe sacerdotal sadoquita. As visões de Ezequiel estabelecem um novo estatuto político e religioso, uma nova redistribuição da terra e um novo calendário litúrgico. São orientações para a comunidade que retornasse a Judá, quando terminasse o exílio. Seu objetivo é conscientizar os exilados de que uma hora o exílio iria terminar e, ao mesmo tempo, eles deveriam ter um projeto de reconstrução da nação destruída. Ezequiel busca dar uma nova organização ao povo de Deus, descrevendo a comunidade perfeita. Seu projeto será retomado no pós-exílio pelo profeta Zacarias e pelo sumo-sacerdote Josué (cf. Zc 3,1-7; Esd 3,1-6; 5,1-2).

A presença de Ezequiel no Novo Testamento

Existem muitas referências ou alusões às passagens de Ezequiel nos livros do Novo Testamento. Ez 32,7, junto com outras passagens apocalípticas, é citado em Mt 24,29 e Lc 13,24-25. Em Mc 8,18 Jesus cita Ez 12,2. 

Já vimos como Jesus assume para si mesmo a expressão “Filho do Homem”, característica da profecia de Ezequiel. Jesus se apresenta assim diante da reação à sua mensagem, feita pelos sacerdotes, escribas e fariseus (cf. Mt 8,20; 11,19; 20,28).

Mas grandes referências são feitas por Jesus em parábolas, como na parábola do Bom Pastor (Jo 10,7-16), inspirada em Ez 34,23-30 e que também inspira outras citações tais como Mt 25,31-46; Lc 9,10; 15,4-7; Hb 13,20 e 1Pd 2,25; 5,2-4. Da mesma forma, a alegoria da vinha (Jo 15,1 -6) se inspira nas parábolas da vinha em Ez 15,1-8; 17,6-10. O lamento de Ezequiel sobre Jerusalém (Ez 16,1-5) inspira Jesus em Mt 28,2-14.

Outras alusões são: a denúncia dos pecados do povo (Ez 7,15-22 em Mt 24,16-19); a santificação do Nome de Deus (Ez 36,23 em Mt 6,9); o desejo divino de que todos se salvem (Ez 18,23 em 1Tm 2,4); o julgamento que começa pela casa de Deus (Ez 9,6 em 1Pd 4,17); a recusa em comer alimentos impuros (Ez 4,14 em At 10,14).

Mas a grande releitura de Ezequiel no Novo Testamento encontra-se no livro do Apocalipse. Eis alguns exemplos:

  • A visão do carro de YHWH (Ez 1,4-26) inspira Ap 4,6-8.
  • A visão do livro (Ez 2,8 a 3,3) é relida em Ap 5,1; 10,8-11.
  • A visão do fim próximo (Ez 7,1-9) inspira Ap 8,13; 9,12; 11,14.
  • Os assinalados com o sinal da cruz (Ez 9,3-4) é retomada em Ap 7,2-3; 9,4.
  • O lamento denunciando a prostituição (Ez 16,35-43) inspira Ap 17,15-16.
  • A ampla denúncia de Ezequiel sobre a cidade de Tiro (Ez 26 a 28) inspira o jogral do Apocalipse sobre a cidade de Roma, a Grande Prostituta (Ap 18,1-24).
  • A visão dos ossos secos (Ez 37-9-10) é retomada em Ap 11,11.
  • O reino de Gog (Ez 38,1-7) é retomado em Ap 20,7-10.
  • A convocação das aves do céu (Ez 39,17-20) é retomada em Ap 19,17-18.
  • A água que purifica e traz vida (Ez 47,1-12) inspira Ap 22,1-2.
  • A visão da Nova Jerusalém (Ez 48,30-35) é retomada em Ap 21,12-13.

CONGRESSO EUCARÍSTICO INTERNACIONAL 2024

De 8 a 15 de setembro de 2024, a cidade de Quito (Equador) vai vestir-se de festa para o 53º Congresso Eucarístico Internacional, e no entrelaçado colorido das suas ruas coloniais receberá milhares de pessoas provenientes de todo o mundo para celebrar o Mistério da nossa fé e renovar, numa alegre partilha de dons, o amor a Cristo, Pão vivo descido do céu.

O Congresso Eucarístico Internacional é destinado a leigos, religiosos, pessoas consagradas, padres e bispos em geral. Todos estão convidados a participar. O Congresso Eucarístico Internacional será realizado no Centro de Convenções Metropolitano de Quito “CCMQ”. O Centro de Convenções é o mais moderno e funcional do Equador, com todas as características e condições para o desenvolvimento de grandes eventos, congressos, feiras, exposições e convenções.

Sua localização em Quito é privilegiada. Quito foi declarada Cidade Patrimônio da Humanidade pela UNESCO em 1978, o que a torna um destino turístico de eleição.

Saiba como participar, acessando o site do Congresso Eucarístico Internacional: https://www.iec2024.ec/participe/

Os congressos eucarísticos, que nos últimos tempos foram introduzidos na vida da Igreja como manifestação peculiar do culto eucarístico, devem ser considerados como uma «estação» para a qual uma comunidade convida toda a Igreja local, ou uma Igreja local convida as outras Igrejas duma região ou nação, ou até as do mundo todo, a fim de, em conjunto, reconhecerem mais profundamente o mistério da Eucaristia sob algum aspecto, e lhe prestarem um culto público nos laços da caridade e da união. É pois necessário que tais congressos sejam um verdadeiro sinal de fé e de caridade pela plena participação da Igreja local e pela associação significativa das outras Igrejas.

O logo do 58º Congresso Eucarístico Internacional

Logo do 58º Congresso Eucarístico Internacional

O logotipo representa a identidade visual do evento de uma forma distinta e memorável. Uma combinação de símbolos e letras permite que a marque o Congresso com elementos característicos da identidade cultural do Equador neste momento histórico da Igreja Católica.

A Cruz de Cristo entra na carne do mundo para curar as feridas abertas pelo pecado. Onde a humanidade desferiu a máxima violência contra o Cordeiro de Deus, Deus derramou o seu amor nos sinais da água e do sangue que brotaram do lado aberto de Cristo. O Crucificado – Ressuscitado, abraça a todos como irmãos reconciliados com o Pai.

O Coração aberto de Cristo na Cruz é a fonte do amor que torna novas todas as coisas. A sua ferida é fonte de vida e de reconciliação. As feridas abertas do Ressuscitado são as feridas do amor que curam as feridas do ódio, da inimizade, da violência e da morte que afligem a humanidade.

A Hóstia lembra a Eucaristia, ápice e fonte de toda a vida cristã. Oferece um novo rumo à história humana para que Deus continue a reunir o seu povo, de Oriente a Ocidente, congregando-o em torno da Palavra de vida e do Pão vivo descido do céu. A Eucaristia é um vínculo de fraternidade: se o pecado a fratura, a celebração eucarística reúne-nos na única mesa como filhos do mesmo Pai celeste.

Quito, uma cidade no meio do mundo, localizada na latitude zero, alarga a sua tenda para se tornar uma imensa cidade eucarística onde todos estão convidados a construir o sonho de uma fraternidade curada pelo amor de Cristo que nesta hora da história nos diz: “Todos vós sois irmãos” (Mt 23,8).

A EVANGELIZAÇÃO NO EQUADOR

A descoberta e a evangelização da América Latina estão ligadas à data simbólica de 12 de outubro de 1492, quando as caravelas de Cristóvão Colombo, sob a égide dos reis católicos Isabel e Fernando de Espanha, desembarcaram na ilha de Guanahaní (Bahamas), que foi chamada San Salvador, um prenúncio da futura evangelização. Esta começou com os doze sacerdotes que chegaram ao Novo Mundo na segunda expedição de Colombo: foram orientados pelo vigário apostólico Frei Bernardo Boyl que celebrou a primeira missa solene na América em 6 de janeiro de 1494. Estas crónicas marcaram a história fascinante da evangelização de um continente que, no espaço de pouco mais de um século, mudou o rumo da trajetória da humanidade.

Na obra de evangelização houve luzes e sombras porque a difusão do Evangelho no Equador fez parte do processo de colonização do que restava do Império Inca, que ruiu após o assassinato de Atahualpa (1533). Muitos dos franciscanos, mercedários, dominicanos e agostinianos que chegaram às atuais terras equatorianas como capelães das tropas espanholas tinham amadurecido a sua experi-ência missionária em outras partes do continente. Por isso, em primeiro lugar, procuraram conhecer os habitantes das regiões de Quito, as suas línguas, estruturas sociais, crenças, hábitos e costumes, conscientes de que a melhor forma de evangelizar era fazê-lo na língua indígena, a partir dos filhos dos caciques, os chefes das comunidades tribais. O tom repressivo dos primeiros contactos deu gra-dualmente lugar à persuasão: não se impunha a conversão imediata, mas esperava-se a livre adesão dos indígenas, porque a aceitação da fé era incompatível com a coerção.

Pelos dados de que dispomos, a fundação indo-hispânica da cidade de São Francisco de Quito em 1534 é a referência que marcou a história da Igreja nesses territórios. Dois anos após a fundação da cidade, iniciou-se a construção da igreja e convento de São Francisco, conjunto arquitetônico denominado Escorial de los Andes. Nesse local, já estimado pelos indígenas, o padre Rique e os seus companheiros semearam no terreno em frente da nova igreja a primeira semente de trigo da terra fértil do Equador e, com ela, confiaram a boa semente do Evangelho a Quito.

Em 1545 a comunidade quitenha (de Quito) foi elevada a diocese, sufragânea de Lima e as “doctrinas”, núcleo das futuras paróquias, multiplicaram-se graças às congregações religiosas, per-mitindo o nascimento político da Real Audiência de Quito (29 de agosto de 1563). Depois da adesão também dos jesuítas à obra evangelizadora, a Igreja colonial deu vida a uma rede de escolas que levou à fundação das universidades de São Fulgêncio e de São Gregório, enquanto as artes e os ofícios encontraram a sua expressão máxima nas obras-primas da escola quitenha. Enquanto isso, o Evange-lho penetrou na faixa amazónica do país.

A evangelização desenvolveu-se rapidamente a partir dos ambientes urbanos apoiada pelos bis-pos que convocaram concelhos metropolitanos e sínodos provinciais para orientar a atividade missi-onária, ratificar os direitos e as liberdades dos indígenas, incentivar a catequese e a pregação nas línguas indígenas através do uso de imagens, da música e do canto. Assim se desenvolveu o grande mosaico da piedade popular que é o tesouro precioso da Igreja Católica na América Latina.

Sem silenciar os erros, é preciso reconhecer que no período colonial a Igreja foi considerada uma “formadora do sentimento nacional” graças à sua atenção às necessidades do povo e à promoção da dignidade dos povos indígenas. Marcos neste trabalho de consolidação social e de serviço pastoral são o Itinerário para os párocos dos índios do bispo de Quito, Alonso de la Pena (+1687), a primeira Carta fundamental do Equador republicano, elaborada pelos sacerdotes da Assembleia eclesiástica quitenha em 1812, a orientação social e científica das cátedras dos jesuítas na Universidade nacional e da primeira escola politécnica. No Equador republicano, bispos, sacerdotes diocesanos, religiosos e religiosas, eminentes leigos construíram e reafirmaram, até hoje, o caráter cristão e cultural do país.

O povo de Deus no Equador é fruto do encontro fecundo com o Evangelho de populações de diferentes culturas, línguas e tradições. A sua fé vivida encontra clara expressão na santidade de numerosos homens e mulheres entre os quais brilham Santa Mariana de Jesus (1618 – 1645), “lírio de Quito”; a “rosa de Baba e Guayaquil”, Beata Mercedes de Jesus (1828 – 1883); Santa Narcisa de Jesus Martillo y Morán (1832-1869), “Menina Narcisa” para muitos devotos; o Beato Emílio Moscoso (1846-1897), mártir da Eucaristia.

Tudo isto ainda hoje é visível nas instituições educativas, nas magníficas obras de arte, nas igrejas da cidade de Quito, declarada “património cultural da humanidade” pela UNESCO. Mas o património mais importante é constituído pelos valores que impregnam as famílias e a sociedade, a vida privada e pública: a sabedoria que vem da memória histórica das derrotas e dos triunfos, da vitalidade dos grandes temas religiosos que inspiram a cultura, a arte, o artesanato, a festa e o repouso, o nascimento e a morte. Um espírito de fraternidade sincera, mais forte que qualquer inimizade violenta, manifesta-se na alegria e no entusiasmo das “mingas”,60 nas festas, na cordialidade para com os forasteiros, na solidariedade na hora difícil da provação.

O advento do Evangelho de Cristo Salvador nesta terra da América, consagrada desde 1874 ao Sagrado Coração de Jesus, fez amadurecer, entre alegrias e dores, o fruto genuíno de uma Igreja viva que deseja partilhar a sua vitalidade com os peregrinos que, de todas as partes do mundo, chegarão a Quito para celebrar o 53.º Congresso Eucarístico Internacional.

Baixe os materiais do Congresso: https://www.iec2024.ec/materiales/

O PAPA FRANCISCO E O 58º CONGRESSO EUCARÍSTICO INTERNACIONAL

O Papa Francisco escolheu o Equador para celebrar o 53º Congresso Eucarístico Internacional porque o ano de 2024 marcará o 150º aniversário da consagração do Equador ao Sagrado Coração de Jesus.

O Santo Padre espera que a experiência deste Congresso manifeste a fecundidade da Eucaristia para a evangelização e a renovação da fé no continente latino-americano.

O tema escolhido pelo Papa Francisco é: “Fraternidade para curar o mundo”. Iluminado pelo texto bíblico: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8). Um Congresso Eucarístico Internacional tem como objetivo conhecer melhor, amar e servir Nosso Senhor Jesus Cristo em Seu Mistério Eucarístico, o centro da vida e da missão da Igreja para curar as feridas do mundo.

Este tema é muito consonante com as pregações do Papa Francisco que, constantemente, pede e conclama o mundo a uma teologia do cuidado. E as relações são o principal objeto de cura, para que possamos fazer, de fato, o encontro com Jesus Eucarístico.

Os Congressos são a expressão de uma veneração e de um amor particulares da Igreja Universal pelo Mistério Eucarístico, fonte de fraternidade e paz. Desde o Concílio Vaticano II, os Congressos Eucarísticos são uma melhor expressão da “Statio orbis”, ou seja, onde as Igrejas particulares se unem ao Papa ou ao seu legado em uma cidade para celebrar a Eucaristia e trazer à tona seu pleno significado.

Basta recordar os recentes Congressos Eucarísticos: o Congresso de Dublin (“A Eucaristia, comunhão com Cristo e entre nós”) que procurou recuperar a eclesiologia de comunhão que era “a ideia central e fundamental dos documentos conciliares”. O Congresso de Cebu (Filipinas), que, com sua reflexão sobre a relação entre a Eucaristia e a dimensão missionária da Igreja, faz parte de um dos aspectos mais atuais do trabalho pastoral. Finalmente, o Congresso de Budapeste, que identificou a Eucaristia como a fonte capaz de oferecer à Europa e ao mundo vida e futuro.

ORAÇÃO PARA O CONGRESSO EUCARÍSTICO

Senhor Jesus Cristo,
Pão vivo descido do céu:
Olhai para o povo do vosso coração
que hoje vos louva, adora e bendiz.
Vós que nos reunis em redor da vossa mesa
para nos alimentardes com o vosso Corpo
concedei que, superando toda a divisão, ódio e egoísmo,
nos unamos como verdadeiros irmãos,
filhos do Pai do céu.
Enviai-nos o vosso Espírito de amor
para que, procurando caminhos de fraternidade:
paz, diálogo e perdão,
ajudemos a sarar as feridas do mundo.
Amém.

Leia na íntegra o texto-base deste congresso:

Leitura orante com a Pastoral Vocacional

Querida juventude,

Nós irmãs Pias Discípulas do Divino Mestre neste mês de agosto iremos oferecer a cada sexta-feira um roteiro de oração em preparação para o Domingo Dia do Senhor.

No Brasil o mês de agosto é dedicado a oração pelas vocações. Esse ano de 2024 tem como tema: “Igreja como uma sinfonia vocacional” e o lema é: “Pedi, pois, ao Senhor da Messe” (Mt 9, 38).

Desejamos a você um frutuoso caminho com Jesus Mestre.

Boa oração!

Algumas recomendações:

-Antes de começar a leitura, prepare o ambiente, acenda uma vela…

Encontre uma posição confortável, acalma-se de toda a agitação, preste atenção aos próprios sentimentos, pensamentos, preocupações…

Deixe que volte ao coração acontecimentos, pessoas, situações…Entregue tudo ao Senhor.
Em atitude de fé, invoque o Espírito Santo, pois é ele que ‘perscruta todas as coisas, até mesmo as profundidades de Deus’ (cf. I Coríntios 2,10-12 ).

Se desejar, escreva no seu caderno pessoal tudo o que experimentou durante a oração. Se possível, partilhe com alguém.

Abaixo o roteiro na íntegra.