3º DOMINGO DA PÁSCOA: “É O SENHOR” (Jo 21,7)

A liturgia do 3º Domingo da Páscoa nos convida a mergulhar mais profundamente na experiência do Cristo ressuscitado, que se revela na vida cotidiana dos discípulos, reorienta suas missões e transforma o medo em alegria, a negação em amor, a fraqueza em testemunho corajoso.

1. A Palavra de Deus nos ilumina

No Evangelho de João (21,1-19), Jesus aparece aos discípulos às margens do mar de Tiberíades. Eles haviam voltado à antiga atividade de pesca, mas a noite toda de trabalho não rendeu frutos. É ao romper da manhã que o Ressuscitado se faz presente. Sua palavra reencaminha os discípulos: “Lançai a rede” — e a pesca se torna abundante. A rede cheia simboliza a missão universal da Igreja, e o número 153 reforça esse alcance total: a salvação é para todos.

Pedro, ao reconhecer a presença de Jesus, exclama: “É o Senhor!”. Esse encontro é profundamente restaurador. Jesus prepara uma refeição e convida os discípulos a partilhá-la, revelando-se como aquele que continua a alimentar, a guiar e a reunir seu povo. O diálogo com Pedro, com a tríplice pergunta “Tu me amas?”, não apenas reconcilia a negação passada, mas também confere a ele uma nova responsabilidade: apascentar o rebanho do Senhor. O seguimento de Jesus exige amor, entrega e disposição para servir até as últimas consequências.

2. A missão nasce da experiência pascal

A primeira leitura (At 5,27b-32.40b-41) retrata o testemunho ousado dos apóstolos. Apesar das ameaças e perseguições, eles afirmam com convicção: “É preciso obedecer a Deus antes que aos homens”. Fortalecidos pelo Espírito Santo, anunciam a ressurreição com alegria, conscientes de que participam da missão do próprio Cristo. Ser discípulo é ser testemunha — com coragem, fé e fidelidade.

O Salmo 30 (29) eleva uma ação de graças jubilosa: o Senhor transforma o pranto em dança, a dor em festa. É a experiência de quem foi salvo e agora canta a vida nova que Deus oferece. A Páscoa é essa passagem contínua da morte para a vida.

A segunda leitura (Ap 5,11-14) nos conduz à contemplação litúrgica do Cristo glorificado. Toda a criação, celeste e terrestre, rende louvor ao Cordeiro que foi imolado. Sete palavras descrevem sua dignidade — poder, riqueza, sabedoria, força, honra, glória e louvor — indicando a plenitude da realeza do Ressuscitado. Ele é o centro da história e da liturgia da Igreja.

3. A missão da Igreja hoje

A barca, as redes, os peixes, o cuidado das ovelhas… todos esses elementos falam da missão e da identidade da Igreja: comunidade enviada para evangelizar, acolher, alimentar e cuidar. Como os discípulos, também somos chamados a lançar as redes, confiando na presença do Senhor, que nos assegura: “Sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15,5).

Em cada Eucaristia, participamos da Ceia pascal, sentando-nos à mesa com o Ressuscitado. É Ele quem nos fortalece e envia. Seu chamado permanece: “Segue-me!”. Com liberdade e alegria, somos convidados a renovar nossa adesão ao discipulado e ao serviço, certos de que Ele caminha conosco.

4. Vivência litúrgica

Celebrar este domingo pascal é renovar nosso compromisso com o Cristo vivo. Ao proclamarmos a Palavra, ao cantarmos o salmo, ao partilharmos o pão, damos testemunho de que o Senhor está conosco. Louvamos o Cordeiro Pascal que venceu a morte e permanece no meio de nós.

Que, ao ouvir a voz do Senhor que nos chama à margem de nossa vida, possamos responder com o coração ardente: “Senhor, tu sabes que te amo”, e assim, seguir firmes no caminho da missão e da comunhão.

Sugestão para a Celebração Dominical deste 3º Domingo da Páscoa – ano C:

A aspersão com a água batismal, quando utilizada no início da missa, substitui o ato penitencial e convida a assembleia a renovar sua identidade batismal. É um gesto litúrgico que ajuda a comunidade a recordar que, pelo batismo, participamos do mistério pascal de Cristo — sua morte e ressurreição.