Nesta semana, em nota de solidariedade ao povo e a à Igreja da Nicarágua, a CRB Nacional (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) se posiciona em favor da Igreja Católica na Nicarágua, em ação de protesto pela crise ética, política e religiosa nicaraguense. O mundo vem acompanhando a crise interna. Há dois meses, assistimos a expulsão das Irmãs da Caridade do país e recentemente a prisão do bispo, de Matagalpa, Dom Rolando Álvares, crítico do presidente Daniel Ortega, com oito padres, seminaristas e um leigo; e o fechamento de várias emissoras ligadas à Igreja Católica no país.

Domingo, 21/08, o Papa Francisco, após o Angelus, ponderou: “Acompanho de perto com preocupação e tristeza a situação que se criou na Nicarágua, que envolve pessoas e instituições. Gostaria de expressar minha convicção e minha esperança de que, por meio de um diálogo aberto e sincero, se possam encontrar as bases para uma convivência respeitosa e pacífica. Peçamos ao Senhor, por intercessão da Puríssima, para que inspire esta vontade concreta no coração de todos”. O Papa Francisco se colocou numa posição conciliadora para o diálogo sobre crise na Nicarágua.

Em vista de todos estes acontecimentos, a Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) se posicionou em nota de solidariedade ao povo e à Igreja da Nicarágua:

NOTA DE SOLIDARIEDADE DA CRB NACIONAL AO POVO E À IGREJA DA NICARÁGUA

“Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus.” (Mt 5, 9)

Nós, consagradas e consagrados da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), assumimos recentemente em Assembleia, como prioridade: ”Assegurar nossa presença profética e transformadora junto às diversas formas de pobreza e vulnerabilidade nas periferias existenciais, sociais e geográficas” (Cf. P.05).
Com este empenho e, em união com muitas instituições que formam uma grande rede de missão, oração e solidariedade à Nicarágua, diante da alarmante crise ética, política e religiosa, manifestamos:

  1. Nosso repúdio às agressões e mortes que aumentam o sofrimento do povo nicaraguense;
  2. Nosso protesto pela expulsão do país, ameaças e ataques à integridade física e moral, prisões e torturas aos leigos, religiosos e religiosas, pela invasão à Cúria episcopal da Diocese de Matagalpa, a prisão e o desaparecimento do bispo, Dom Rolando Álvarez, como também dos padres e seminaristas que o acompanhavam.
  3. Nosso protesto pelo fechamento de jornais independentes, emissoras de rádio católicas e de TV no país.
  4. Denunciamos a invasão e ataques violentos à catedral de Manágua e outros espaços de oração e igrejas.
  5. São para nós, intoleráveis, todas estas violações aos direitos fundamentais e pedimos reparação às:
  • Acusações sem fundamento;
  • Detenções, buscas e apreensões arbitrárias;
  • Ocupações indevidas de empresas de comunicação.

Como o Papa Francisco se expressou ao Cardeal de Manágua, Leopoldo Brenes, também nós, manifestamos indignação e dor pelo vandalismo e violência, garantimos nossa proximidade à Igreja e ao povo nicaraguense com oração e solidariedade.

Solenidade da Assunção de Maria
Brasília, 21 de agosto de 2022
Ir. Eliane Cordeiro de Souza, MC
Presidente e Diretoria da CRB Nacional

NOTA DE SOLIDARIEDADE AO POVO E À IGREJA DA NICARÁGUA:


ENTENDA A TENSÃO ENTRE IGREJA E GOVERNO DE DANIEL ORTEGA

Daniel Ortega, ex-guerrilheiro de 76 anos, governa a Nicarágua deste 2007. Ele foi reeleito três vezes. A última reeleição aconteceu em 2021 em meio a represarias aos seus adversários que foram presos ou exilados. Nisto, a Igreja Católica atuou como mediadora no diálogo entre governo e oposição nos anos de 2018 e 2019.

Atualmente o presidente Daniel Ortega acusa os bispos de serem golpistas e apoiadores da oposição. Ele acusa que os bispos aceitaram a proposta da oposição de adiantar as eleições de 2021 para diminuir o tempo do seu mandato presidencial.

Depois disto, as relações entre Igreja e governo foram cada vez piores. Neste ano de 2022, o presidente Daniel Ortega mandou fechar meios de comunicações católicos, prendeu padres sem razão, expulsou as Irmãs Missionárias da Caridade, fundadas pela Madre Teresa de Calcutá e várias ações contrárias à presença da Igreja Católica no país.

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