LITURGIA DE HOJE: REFLEXÕES SOBRE JUÍZES 11,29.39A, SALMO 39(40) E MATEUS 22,1-14

A liturgia de hoje (21/08/2025) nos apresenta leituras profundamente desafiadoras, capazes de provocar em nós tanto estranhamento quanto esperança. De um lado, a primeira leitura (Jz 11,29-39a) traz a história trágica do voto insensato de Jefté, que termina com a morte de sua própria filha. De outro, o Evangelho (Mt 22,1-14) nos abre a perspectiva de um Deus que convida todos para o banquete de bodas do Reino, revelando sua graça gratuita. O salmo responsorial (Sl 39/40) se coloca no meio desses dois textos como chave de interpretação: “Sacrifício e oblação não quiseste, mas abriste, Senhor, os meus ouvidos”.

Essas leituras, quando lidas em conjunto, nos ajudam a refletir sobre a diferença entre uma religiosidade baseada em medo, violência e barganha, e a verdadeira fé, fundada na escuta da Palavra e no acolhimento do amor gratuito de Deus.

A liturgia de hoje e o contexto do Livro dos Juízes

A liturgia de hoje começa com um episódio marcante do Livro dos Juízes. Jefté, um homem de origem marginalizada, é escolhido para libertar Israel da opressão dos amonitas. Antes da batalha, tomado pelo desejo de vitória, ele faz uma promessa precipitada: se vencer, oferecerá em holocausto a primeira pessoa que sair da porta de sua casa para saudá-lo. Para sua tragédia, quem sai é sua filha única.

O texto bíblico não é um modelo a ser imitado, mas um retrato cru da mentalidade da época, quando práticas religiosas pagãs — como sacrifícios humanos — ainda influenciavam Israel. Aqui, a Escritura não silencia a dor, nem tenta “adoçar” a dureza do acontecimento. Ela nos coloca diante de uma experiência de fé mal compreendida, que acaba gerando morte e sofrimento.

Um voto insensato e uma religiosidade distorcida

O drama de Jefté é, antes de tudo, um alerta. Ele tinha sido revestido pelo Espírito do Senhor para conduzir o povo (Jz 11,29), mas isso não o impediu de agir de maneira equivocada. Seu voto revela uma tentativa de “comprar” o favor divino, como se Deus precisasse de pagamento humano para conceder a vitória.

Essa postura mostra uma compreensão distorcida de Deus: em vez de confiar na sua misericórdia e na sua promessa, Jefté se deixou levar pelo medo e pela superstição. O resultado é um ato de violência contra a própria vida, justamente contra a filha que representava sua descendência e esperança de futuro.

O contraste com o salmo da liturgia de hoje

É interessante perceber como o salmo responsorial da liturgia de hoje oferece uma resposta direta ao drama de Jefté. O Salmo 39(40) proclama: “Sacrifício e oblação não quiseste, mas abriste, Senhor, os meus ouvidos”. Aqui, o salmista deixa claro que Deus não se agrada de rituais vazios ou de ofertas violentas, mas deseja sobretudo a escuta obediente e a disponibilidade interior.

Se Jefté tivesse compreendido isso, não teria caído na armadilha de pensar que o sacrifício de uma vida humana poderia agradar ao Senhor. O salmo, portanto, funciona como chave hermenêutica que nos orienta: o verdadeiro culto é feito de fé, obediência e amor, não de gestos desesperados ou supersticiosos.

O Evangelho e a gratuidade do convite divino

No Evangelho de Mateus (22,1-14), a liturgia de hoje apresenta a parábola das bodas. Um rei prepara a festa de casamento para seu filho e convida muitos, mas os primeiros convidados recusam, ocupados com seus próprios interesses. Então, o rei manda chamar todos os que encontrarem, bons e maus, para preencher a sala do banquete.

Aqui vemos o contraste com a primeira leitura. Enquanto Jefté tenta conquistar o favor de Deus por meio de um sacrifício terrível, Jesus revela que o Pai é aquele que oferece gratuitamente a salvação, comparada a um banquete de alegria. Não se trata de negociar com Deus, mas de acolher seu convite.

Contudo, há também o detalhe da veste nupcial. Isso nos lembra que, embora o convite seja gratuito, ele pede de nossa parte uma resposta sincera. Não basta apenas “estar presente” fisicamente; é preciso deixar-se transformar, vestir-se da graça que nos é oferecida.

Religião que gera morte versus fé que gera vida

Colocadas lado a lado, as leituras da liturgia de hoje nos ajudam a discernir entre dois tipos de religiosidade:

  1. Uma religião distorcida, que nasce do medo, da superstição e da tentativa de controlar Deus, mas que termina gerando violência e morte (como no caso de Jefté).
  2. A fé verdadeira, que nasce da escuta e da confiança no amor gratuito de Deus, levando à vida plena e à alegria do banquete (como ensina Jesus na parábola).

Esse contraste nos convida a examinar a qualidade de nossa própria fé: será que buscamos a Deus por confiança e amor, ou por interesse e medo? Estamos abertos à sua graça gratuita, ou ainda tentamos negociar com Ele?

A história de Jefté pode parecer distante, mas ela continua atual. Quantas vezes ainda hoje vemos pessoas fazendo “promessas” a Deus, pensando que Ele exige algo em troca para abençoar sua vida? Muitas vezes, essa lógica pode levar a sofrimentos desnecessários e a uma compreensão equivocada do amor divino.

O Evangelho, ao contrário, nos chama a uma espiritualidade da gratuidade. Deus nos convida a participar de sua festa, independentemente de méritos. O que Ele pede é que tenhamos um coração aberto, revestido de humildade e pronto para acolher sua graça transformadora.

A liturgia de hoje e a memória de São Pio X

Além das leituras bíblicas, a liturgia de hoje celebra a memória de São Pio X, Papa (1835–1914). Conhecido como o “Papa da Eucaristia”, ele incentivou fortemente a participação dos fiéis no mistério do altar. Promoveu a comunhão frequente e até mesmo das crianças, convencido de que a Eucaristia é o alimento essencial para a vida cristã.

Enquanto a primeira leitura nos mostra uma religiosidade que gera morte, e o Evangelho nos revela a festa da vida no Reino, São Pio X nos aponta o caminho concreto para viver essa fé: a comunhão com Cristo na Eucaristia, que fortalece a Igreja e renova os corações. Sua vida foi marcada pelo lema: “Instaurare omnia in Christo” – “Restaurar todas as coisas em Cristo”.

Celebrar sua memória junto com estas leituras é recordar que a verdadeira fé não exige sacrifícios humanos ou gestos supersticiosos, mas se manifesta na confiança no amor de Deus, na participação no banquete da Eucaristia e na vida transformada pela graça.

A liturgia de hoje nos provoca com a dureza da história de Jefté e ao mesmo tempo nos consola com a beleza do convite divino ao banquete. De um lado, aprendemos a rejeitar toda religiosidade marcada pela violência e pela barganha; de outro, somos convidados a abrir o coração para a gratuidade da salvação oferecida por Cristo.

São Pio X foi para o Bem-Aventurado Pe. Tiago Alberione uma inspiração determinante. Seu lema Instaurare omnia in Christo moldou o projeto apostólico da Família Paulina, enquanto sua promoção da Eucaristia como centro da vida cristã alimentou a espiritualidade de Alberione. Pode-se dizer que Pio X foi a grande referência eclesial que confirmou e orientou a vocação do Fundador da Família Paulina.

Quando ainda seminarista, Alberione participou em 1900 da vigília de Ano Novo em Alba, onde sentiu o chamado para trabalhar pela Igreja do novo século. Pouco depois, Pio X foi eleito Papa e adotou como lema “Instaurare omnia in Christo”. Esse lema se tornou uma inspiração central para Alberione, que o assumiu como guia espiritual e apostólico.

Pio X também foi o Papa da Eucaristia, incentivando a comunhão frequente e das crianças. Alberione bebeu intensamente dessa espiritualidade: para ele, a Eucaristia deveria ser o centro da vida e da missão apostólica. Não por acaso, a espiritualidade da Família Paulina é marcada pela adoração eucarística e pela centralidade de Cristo Mestre.

Além disso, Alberione viu em Pio X o impulso para usar os novos meios de comunicação como instrumentos para “restaurar todas as coisas em Cristo”. A missão da Família Paulina nasceu desse horizonte: difundir a Palavra de Deus através da imprensa e, depois, de todos os meios de comunicação social.

Assim, pode-se dizer que São Pio X foi uma referência determinante para Alberione: sua visão e seu lema inspiraram diretamente a espiritualidade e a missão da Família Paulina.

Que a memória de São Pio X, Papa da Eucaristia, inspire novos profetas e nos ajude a viver essa fé verdadeira, centrada não em sacrifícios externos, mas na comunhão profunda com o Senhor, que nos chama sempre para o seu banquete de amor.

JUBILEU DE OURO DA ORAÇÃO EUCARÍSTICA V É CELEBRADO EM LIVE ESPECIAL

Em 2025, a Oração Eucarística V, composta por ocasião do Congresso Eucarístico Nacional de Manaus (1975), completa 50 anos de existência. Para celebrar este marco histórico e espiritual da Igreja no Brasil, a Revista de Liturgia promoveu uma Live especial no dia 18 de agosto de 2025 (segunda-feira), às 20h, pelo canal do YouTube da Revista.

O encontro, intitulado “Jubileu de Ouro da Oração Eucarística V”, será conduzido pela Ir. Maria da Penha Carpanedo, pddm, diretora da Revista de Liturgia, e terá como convidados especiais Dom Jerônimo Pereira Silva, monge beneditino do Mosteiro de São Bento de Olinda-PE, e Frei Telles Ramon, O. de M., da Ordem de Nossa Senhora das Mercês.

Dom Jerônimo é Mestre em Teologia, com especialização em Liturgia Pastoral pelo Instituto de Liturgia Pastoral de Santa Justina (Pádua, Itália – 2012), e Doutor em Sagrada Liturgia pelo Pontifício Instituto Litúrgico Santo Anselmo, em Roma (2016). Já Frei Telles Ramon, músico e integrante da Rede Celebra de Animação Litúrgica, atua especialmente na área da música litúrgica. A contribuição de ambos promete enriquecer a reflexão, destacando a profundidade e a atualidade desta oração eucarística.

A Oração Eucarística V é reconhecida por sua beleza teológica e pastoral, marcada pelo forte espírito de comunhão e pela dimensão missionária da Igreja, que se deixa conduzir pelo Espírito para formar um só corpo em Cristo.

Este momento foi marcado por formação, espiritualidade e gratidão pela riqueza litúrgica da Igreja no Brasil, especialmente pela herança do Congresso Eucarístico de Manaus.

🔗 A transmissão será feita no YouTube da Revista de Liturgia: Live sobre a Oração Eucarística V.

Todos são convidados a rever este momento especial.

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A SOLENIDADE DA ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA

No dia 15 de agosto, a Igreja Católica celebra a Solenidade da Assunção de Nossa Senhora. Esta festa recorda que Maria, ao final de sua vida terrena, foi elevada por Deus em corpo e alma à glória do Céu. É um mistério de fé que nos lembra a dignidade da Mãe de Jesus e, ao mesmo tempo, aponta para o destino final de todos os cristãos: a vida plena junto de Deus.

Aqui no Brasil, por determinação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a solenidade é transferida para o domingo seguinte ao dia 15 de agosto. Essa decisão pastoral busca facilitar a participação de todos os fiéis na celebração deste importante mistério da fé.

Fundamentos bíblicos e litúrgicos

A Bíblia não descreve diretamente a Assunção de Maria, mas a liturgia associa a este mistério algumas passagens que iluminam sua importância:

  • Apocalipse 11,19a; 12,1-6a.10ab: apresenta a “mulher revestida de sol, coroada de doze estrelas”, figura tradicionalmente associada a Maria e à Igreja.
  • 1 Coríntios 15,20-27a: São Paulo recorda que Cristo venceu a morte. Maria participa dessa vitória de forma plena, sendo a primeira depois de Jesus a experimentar a glória da ressurreição.
  • Lucas 1,39-56 (Magnificat): Maria é proclamada bem-aventurada por todas as gerações. Sua fé e disponibilidade a Deus são a razão de sua glorificação.

Essas leituras, proclamadas na liturgia da solenidade, ajudam a compreender o significado espiritual da Assunção: em Maria, vemos realizada a promessa da vida eterna.

A festa da Assunção tem raízes muito antigas. Já no século V, os cristãos do Oriente celebravam a “Dormição de Maria”, ou seja, o seu trânsito da vida terrena para a glória de Deus. No século VII, a celebração chegou a Roma e, pouco a pouco, se espalhou por toda a Igreja. Com o passar do tempo, tornou-se uma das mais importantes solenidades marianas do calendário litúrgico.

A fé na Assunção sempre fez parte da tradição cristã, mas foi proclamada oficialmente como dogma pelo Papa Pio XII, em 1º de novembro de 1950, na Constituição Apostólica Munificentissimus Deus.
O texto define que: “A Imaculada Mãe de Deus, sempre Virgem Maria, terminado o curso de sua vida terrena, foi elevada em corpo e alma à glória celeste.”

Essa definição não especifica se Maria morreu antes de ser assumida, deixando aberta a questão. O essencial é afirmar que ela foi glorificada de modo integral, em corpo e alma, como fruto de sua união única com Cristo.

Significado teológico

A Assunção de Nossa Senhora não é apenas uma festa litúrgica; ela possui um profundo valor espiritual e teológico para todos os fiéis. Cada aspecto desse mistério nos convida a refletir sobre a fé, a esperança e a vida cristã.

Assunção de Nossa Senhora

Maria é sinal de esperança: a Assunção revela que a vida terrena é apenas uma etapa do nosso caminho. Maria, elevada em corpo e alma à glória celestial, torna-se um sinal de esperança para todos os cristãos. Ela nos mostra que a morte não é o fim, mas uma passagem para a plenitude da vida em Deus. Assim como Maria foi glorificada, todos os batizados são chamados à ressurreição final e à participação na vida eterna. Celebrar a Assunção é, portanto, renovar a confiança de que o amor de Deus vence a morte e transforma a existência humana, tornando possível a vida plena junto do Criador.

Maria é modelo de discipulado: esta solenidade também destaca Maria como modelo de discípula. Desde a anunciação, ela se colocou inteiramente à disposição de Deus, dizendo seu “sim” com humildade e coragem. Sua vida é exemplo de fé, escuta da Palavra e serviço ao próximo, caminhos que todo cristão é chamado a percorrer. Ao contemplarmos Maria elevada aos céus, percebemos que o discipulado verdadeiro não é apenas seguir Jesus nos momentos de conforto, mas permanecer fiel mesmo diante das dificuldades. A Assunção reforça que a entrega total a Deus conduz à glória eterna.

Maria e a dignidade do corpo humano: a Assunção de Maria ressalta, ainda, a dignidade do corpo humano. Ao ser elevada em corpo e alma, Maria mostra que o corpo, criado por Deus e destinado à comunhão com Ele, não é descartável nem secundário em relação à alma. Pelo contrário, o corpo participa da glória divina e será transformado na ressurreição. Esse ensinamento é importante para a teologia cristã: cada pessoa é chamada a cuidar de si mesma e dos outros, respeitando a vida e valorizando a corporeidade como parte essencial da criação. A Assunção nos lembra que nosso corpo também é chamado à glorificação, assim como Maria já experimentou.

Em resumo, o significado teológico da Assunção nos apresenta três verdades essenciais: a esperança da vida eterna, o modelo de fé e entrega e a dignidade integral do ser humano, corpo e alma. Ao celebrarmos Maria glorificada, somos convidados a caminhar com confiança, a imitar sua fidelidade e a reconhecer o valor da vida em todas as suas dimensões.

Dimensão pastoral e espiritual

Celebrar a Assunção é renovar a confiança na vitória de Cristo sobre o pecado e a morte. É também olhar para Maria como mãe e intercessora, que já participa plenamente da glória do Filho.
Ao contemplar sua Assunção, os cristãos são convidados a viver com esperança, cultivando a fé e a caridade, sabendo que a vida terrena é caminho para a vida eterna.

Aqui no Brasil, a celebração em domingo reforça esse aspecto pastoral, garantindo que a comunidade de fé possa se reunir em maior número para celebrar a vitória de Maria e, nela, a promessa da vida eterna para todos os batizados.

A Solenidade da Assunção de Nossa Senhora é uma celebração de fé, esperança e alegria. Ela nos lembra que Maria, a primeira discípula de Jesus, já alcançou a plenitude da salvação e nos encoraja a seguir seu exemplo de escuta da Palavra e de confiança em Deus.

O dogma proclamado em 1950 apenas confirmou aquilo que o povo cristão já acreditava e celebrava há séculos: Maria está junto de Deus, em corpo e alma, e de lá continua a cuidar da Igreja e de cada um de seus filhos.

69 ANOS DE PRESENÇA DAS PIAS DISCÍPULAS NO BRASIL

Memória agradecida e fidelidade criativa à missão

No dia 26 de julho de 2025, celebramos com profunda gratidão os 69 anos da chegada das Irmãs Pias Discípulas do Divino Mestre ao Brasil. Foi em 1956 que as primeiras irmãs pisaram em terras brasileiras, vindas da Itália, acolhendo com generosidade o chamado da missão confiada pelo Bem-aventurado Tiago Alberione: ser presença orante, litúrgica e formativa no coração da Igreja e da Família Paulina.

Esses quase sete decênios de história são marcados por uma entrega silenciosa e fiel, construída dia a dia nas comunidades, nos bastidores da liturgia, na atenção aos ministros ordenados, na acolhida aos que buscam um espaço de silêncio e oração, na evangelização através da arte e da beleza.

Ao longo deste caminho, foram muitos os rostos, nomes e histórias que deram corpo à missão das Pias Discípulas no Brasil. Mulheres consagradas, discípulas e apóstolas do Divino Mestre, que, com simplicidade e ousadia, lançaram as sementes do carisma e cuidaram para que crescessem em solo brasileiro, sempre em sintonia com os tempos, as culturas e os desafios de cada época.

Hoje, a presença das Pias Discípulas se estende por diferentes regiões do país, com comunidades e centros de missão que continuam a proclamar, com a vida e o serviço, a centralidade da Eucaristia, da Palavra e da Liturgia na vida da Igreja.

Celebrar este aniversário é mais do que recordar o passado. É renovar o compromisso de ser hoje “memória viva de Jesus Mestre, Caminho, Verdade e Vida”, como nos lembra a espiritualidade que herdamos. É continuar, com fidelidade criativa, a missão iniciada por Ir. M. Escolástica Rivata e tantas irmãs que nos precederam, tendo os olhos fixos no Mestre que caminha conosco.

Nesta linda festa, recordamos com gratidão a vida e a fidelidade de nossas Irmãs jubilandas:
Ir. Neusa, Ir. Auxiliadora, Ir. Clarinda, Ir. Rosângela e Ir. Vera,
que celebram 60 anos de consagração religiosa. Suas vidas testemunham o “sim” perseverante, a comunhão fraterna e o amor apaixonado por Jesus Mestre, vivido no cotidiano da missão. Com elas, louvamos ao Senhor por tantas graças derramadas!

A Ele, a glória!
A Maria, Rainha dos Apóstolos, nossa confiança!
Aos irmãos e irmãs que caminham conosco, a nossa gratidão!

SOLENIDADE DE CORPUS CHRISTI: O PÃO QUE DÁ VIDA AO MUNDO

Quinta-feira, 19 de junho de 2025
“Dai-lhes vós mesmos de comer!” (Lc 9,13)

A Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo (Corpus Christi) é uma das mais belas expressões da fé católica na presença real de Jesus Cristo na Eucaristia. Neste dia, a Igreja celebra com solenidade, louvor e gratidão o mistério do pão consagrado, que é o próprio Cristo, oferecido por amor ao Pai e por nós.

A festa teve início no século XIII e foi instituída oficialmente pelo Papa Urbano IV, diante do desejo de reafirmar a fé na Eucaristia em tempos de incerteza. Desde então, ela se tornou uma celebração que une liturgia, piedade e missão, levando o Corpo de Cristo a percorrer nossas ruas em procissão, como sinal de bênção e esperança.

As leituras proclamadas neste ano (Ano C) nos conduzem a uma profunda compreensão teológica da Eucaristia como presença viva, sacrificial e salvífica de Cristo.

Na primeira leitura (Gn 14,18-20), encontramos Melquisedec, figura enigmática e ao mesmo tempo profética, que oferece pão e vinho em ação de graças e bênção. Este gesto antigo, realizado por um sacerdote-rei, já prefigura a oferta eucarística de Cristo, Sumo e eterno Sacerdote, que nos alimenta com o pão da vida e o cálice da salvação. Não por acaso, o Salmo responsorial recorda: “Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem do rei Melquisedec!” (Sl 109/110,4).

A segunda leitura (1Cor 11,23-26) nos leva ao coração da ceia de Jesus. São Paulo transmite à comunidade aquilo que ele mesmo recebeu: “Isto é o meu corpo que é dado por vós. Fazei isto em minha memória.”

Celebrar a Eucaristia é tornar presente a entrega de Cristo, sua morte e ressurreição, até que ele venha. Trata-se de uma memória viva e transformadora: ao partilhar do mesmo pão e do mesmo cálice, a comunidade é chamada a se tornar o que recebe, Corpo de Cristo no mundo, unido, reconciliado e comprometido.

No Evangelho de Lucas (9,11b-17), Jesus multiplica os pães e peixes diante de uma multidão faminta. O cenário é revelador: Jesus acolhe, ensina, cura e alimenta. Diante da escassez, Ele não manda o povo embora, mas confia aos discípulos uma missão ousada: “Dai-lhes vós mesmos de comer.”

A multiplicação é mais do que um milagre físico: é sinal e antecipação da Eucaristia, onde Jesus toma o pão, ergue os olhos ao céu, pronuncia a bênção, parte e o entrega. É o mesmo gesto da Última Ceia, é o mesmo gesto da Missa.

Na Eucaristia, não apenas comungamos um alimento espiritual, mas aprendemos o gesto do dom: abençoar, partir e repartir. A lógica do Evangelho não é a do acúmulo, mas a da entrega. Por isso, “todos comeram e ficaram satisfeitos” e ainda sobrou.

A sequência litúrgica tradicional de Corpus Christi, atribuída a São Tomás de Aquino, é uma verdadeira catequese em forma de poesia. Em versos belíssimos, proclamamos o mistério de fé: “Faz-se carne o pão de trigo, faz-se sangue o vinho amigo: deve-o crer todo cristão.”

A sequência nos convida a olhar com fé para o altar: vemos pão e vinho, mas cremos no Cristo inteiro, que se dá em cada partícula da Hóstia e em cada gota do Cálice. Alimentar-se da Eucaristia é entrar em comunhão com o próprio Deus, é ser nutrido para a vida eterna.

A Eucaristia é presença. Não é apenas símbolo ou lembrança, mas o Senhor Ressuscitado realmente presente, que permanece conosco até o fim dos tempos. Adorá-Lo no Sacramento é reconhecer que Ele está vivo entre nós e que o altar é o centro e o coração da Igreja.

A Eucaristia também é missão. Como afirmou o Papa Francisco: “A Missa é o céu na terra, mas também é um apelo à caridade no mundo.” Quem comunga o Corpo do Senhor é chamado a ser corpo doado, pão repartido, vida entregue. Não há verdadeira adoração sem compromisso com a justiça, a fraternidade e a dignidade humana. A procissão de Corpus Christi, ao sair do templo, nos lembra disso: Cristo quer caminhar pelas ruas, encontrar as feridas do povo, alimentar os famintos do corpo e da alma.

Celebrar Corpus Christi é renovar a fé no mistério da Eucaristia, que nos forma, transforma e envia. É deixar que Jesus nos nutra com o Pão da vida e nos ensine a repartir com generosidade. “Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente.” (Jo 6,51)

Que nesta festa, cada comunidade cristã se reúna com alegria, fé e reverência ao redor da mesa da Palavra e da Eucaristia, reconhecendo no pão consagrado o Cristo vivo que caminha conosco. E que, ao final da celebração, ao sair em procissão pelas ruas, cada fiel seja sinal de esperança, de comunhão e de solidariedade, levando a presença de Jesus aos cantos do mundo que mais precisam Dele.

6º DOMINGO DA PÁSCOA – ANO C: O ESPÍRITO VOS RECORDARÁ TUDO O QUE EU VOS DISSE.

📖 Leituras:

  • 1ª Leitura: Atos dos Apóstolos 15,1-2.22-29
  • Salmo: 66(67),2-3.5.6 e 8 (R. 4)
  • 2ª Leitura: Apocalipse 21,10-14.22-23
  • Evangelho: João 14,23-29

Neste 6º Domingo da Páscoa, a liturgia nos convida a contemplar a presença viva do Senhor ressuscitado que prepara a sua comunidade para a missão no mundo, guiada pela força do Espírito Santo.

1ª Leitura: Atos dos Apóstolos 15,1-2.22-29

O relato do Concílio de Jerusalém nos mostra uma Igreja nascente, confrontada com desafios de unidade diante da diversidade. A questão era: os cristãos vindos do paganismo deveriam seguir as práticas da Lei judaica? A resposta, fruto do discernimento comunitário, é clara: “Decidimos, o Espírito Santo e nós” (v.28). Este é um marco eclesial que revela que a verdadeira comunhão se constrói na escuta do Espírito e no respeito às diferenças, sem impor fardos desnecessários.

A comunidade pascal é chamada a ser espaço de acolhida, unidade e liberdade no seguimento de Jesus.

Salmo 66(67)

O salmista eleva um cântico de louvor, pedindo que a bênção de Deus se estenda a todos os povos: “Que as nações vos glorifiquem, ó Senhor, que todas as nações vos glorifiquem!”. Este salmo ecoa o desejo missionário da Igreja, que, iluminada pelo Ressuscitado, deseja que todos conheçam a sua salvação e experimentem sua misericórdia.

2ª Leitura: Apocalipse 21,10-14.22-23

A visão da Jerusalém Celeste, descendo do céu, é um sinal de esperança escatológica. Ela representa a plenitude da comunhão entre Deus e a humanidade. Essa cidade não necessita de templo, pois “o Senhor Deus Todo-poderoso e o Cordeiro são seu templo” (v.22). A luz de Cristo ilumina a vida, e suas portas estão sempre abertas, acolhendo todos os povos.

A comunidade pascal, hoje, é chamada a ser sinal desta cidade santa, testemunhando a luz de Cristo que dissipa toda treva.

Evangelho: João 14,23-29

Neste trecho do discurso de despedida, Jesus oferece palavras de consolo e promessa. O amor a Ele se manifesta na escuta e na prática de sua palavra: “Se alguém me ama, guardará minha palavra, e meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada” (v.23).

Ele promete o Paráclito, o Espírito Santo, que ensinará e recordará tudo o que Ele revelou. O dom da paz que Jesus oferece não é uma paz passageira, mas a certeza da presença de Deus no coração dos discípulos, sustentando-os na missão e nos desafios da vida.

Este domingo insere-se na preparação imediata para a Ascensão e Pentecostes. A Igreja, nascida da Páscoa, é formada na escuta da Palavra, fortalecida pela presença do Espírito e enviada para testemunhar o amor de Deus no mundo.

A liturgia destaca:

  • A comunhão que vence as divisões (Atos).
  • A missão universal, que brota da Páscoa (Salmo).
  • A esperança escatológica na plena comunhão com Deus (Apocalipse).
  • A presença amorosa de Deus, que habita nos corações dos que guardam sua Palavra (Evangelho).

Oração Final

Senhor Jesus, que prometestes o Espírito da Verdade para consolar e conduzir a vossa Igreja, fortalecei-nos no amor e na escuta da vossa Palavra. Que sejamos sinal de unidade, paz e esperança no mundo, testemunhando a luz da vossa ressurreição. Amém.

CURSO DE PÓS-GRADUÇÃO EM LITURGIA

Curso de Especialização em Liturgia
Faculdade Católica do Amazonas

Aprofunde seus conhecimentos litúrgicos com uma formação sólida, contextualizada e em sintonia com os desafios pastorais da Igreja na Amazônia.


Coordenação: Dra. Elisângela Maciel
Carga horária total: 360 horas
Modalidade: Presencial e Híbrido
Duração: Junho de 2025 a Julho de 2026
Horário: Intensivo
Início das aulas: 30 de junho de 2025
Local: Faculdade Católica do Amazonas
Curso com reconhecimento pelo MEC

Parceria: Irmãs Pias Discípulas e Faculdade Católica do Amazonas
Aberto para o Regional Norte 1 da CNBB
Corpo Docente: Mestres e Doutores


Investimento

  • Mensalidade: R$ 430,00
  • Desconto de pontualidade: 10%
  • Valor com desconto: R$ 387,00
  • Parcelamento: 12 vezes

Estrutura Curricular

📚 1ª Etapa (30/06/2025 a 16/07/2025)

  • Inculturação da Liturgia: Exortação Apostólica Querida Amazônia – 24h
  • Introdução à Liturgia – 24h
  • Igreja na Amazônia – 24h
  • Seminário I: Piedade Popular na Região Norte – 24h
  • Seminário de Pesquisa – 24h

📚 2ª Etapa (19/01/2026 a 03/03/2026)

  • Liturgia e Pedagogia: Laboratório e Assembleia Litúrgica – 24h
  • Palavra de Deus: Liturgia, Sacramentalidade e Ritualidade – 24h
  • Música e Ritual Litúrgico – 20h
  • Ministérios, Eucologia e Espiritualidade Litúrgica – 28h
  • Catequese, Liturgia e Sacramentais: Exéquias e Bênçãos – 24h

📚 3ª Etapa (30/06/2026 a 17/07/2026)

  • Artigo Final – 24h
  • Ano Litúrgico e Pastoral Litúrgica – 24h
  • Sacramentos da Iniciação Cristã – 28h
  • Sacramentos do Serviço e da Cura – 24h
  • Espaço Litúrgico e Arte Sacra – 20h

Observação:
O curso será realizado em três etapas:

  • A 1ª e a 2ª em formato híbrido (presencial para Manaus e online ao vivo para outras dioceses e prelazias);
  • A 3ª etapa será presencial para todos os participantes.

Inscrições

  1. Preencha o formulário de inscrição:
    👉 Clique aqui para se inscrever
  2. Efetue o pagamento da taxa de inscrição no valor de R$ 430,00:
    • PIX (CNPJ): 07.864.772/0001-10
    • Depósito/Transferência:
      AAPEC – Associação Amazônica para Pesquisa e Educação Cristã
      Banco Bradesco (237)
      Agência: 3053-8
      Conta Corrente: 6350-9
    • Ou presencialmente no setor financeiro da Faculdade Católica do Amazonas
  3. Envie o comprovante de pagamento para whats: (92) 9 8562-8206 | (92) 9 9668-2250

⚠️ A inscrição só será confirmada após o envio do comprovante de pagamento.


Informações

📞 (92) 9 8562-8206 | (92) 9 9668-2250
🌐 www.catolicadoamazonas.edu.br


P A R T I C I P E !
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22º ANIVERSÁRIO DA BEATIFICAÇÃO DO BEATO TIAGO ALBERIONE

Por Secretariado para a Espiritualidade do Governo Geral, 27/04/2025

27 de abril de 2025 – Segundo Domingo da Páscoa | Domingo da Divina Misericórdia

Tiago Alberione: Apóstolo dos Tempos Novos, “Farol” de Esperança

Neste Segundo Domingo da Páscoa (27/04/2025), em que a Igreja celebra a Divina Misericórdia, a Família Paulina se une em ação de graças pelo 22º aniversário da beatificação do seu Fundador: o Beato Tiago Alberione. Um momento de renovação espiritual, memória viva e oração pela sua canonização.

Comemoramos a vida de um verdadeiro “apóstolo dos tempos novos”, que buscou incessantemente dar a conhecer Jesus Cristo – Caminho, Verdade e Vida – com os meios de comunicação do seu tempo. Inspirado por São Paulo Apóstolo, Alberione fundou a Família Paulina com a missão de evangelizar o mundo moderno através da imprensa, rádio, cinema e, hoje, também pela internet.

MENSAGEM ESPIRITUAL

“Louvai ao Senhor porque Ele é bom, porque a sua misericórdia dura para sempre” (Sl 117,1). Neste clima pascal, nos unimos em oração pelo dom da canonização do Beato Alberione, cuja missão continua a inspirar gerações de religiosos e leigos comprometidos com a comunicação do Evangelho. Abaixo, um trecho da homilia de São João Paulo II feita no dia 27 de abril de 2003, dia da sua canonização (o texto integral da homilia, em várias línguas, se encontra neste link):

O Bem-aventurado Tiago Alberione sentiu a necessidade de dar a conhecer Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida, ‘aos homens do nosso tempo com os meios do nosso tempo’ – como gostava de dizer – e inspirou-se no apóstolo Paulo, a quem chamou ‘teólogo e artífice da Igreja’, permanecendo sempre dócil e fiel ao Magistério do Sucessor de Pedro, ‘farol’ de verdade em um mundo muitas vezes desprovido de sólidas referências ideais. ‘Que haja um grupo de santos para usar esses meios’, repetia este apóstolo dos novos tempos.Que legado formidável ele deixa para sua família religiosa! Que seus filhos e filhas espirituais mantenham inalterado o espírito de suas origens, a fim de responder adequadamente às exigências da evangelização no mundo de hoje“. Papa João Paulo II

ORAÇÃO PELA CANONIZAÇÃO DO BEATO TIAGO ALBERIONE

Trindade Santíssima,
que quisestes reavivar na Igreja o
carisma apostólico de São Paulo,
revelando-se à luz da Eucaristia
ao Beato Tiago Alberione,
fazei com que a presença de Cristo Mestre,
Caminho, Verdade e Vida,
se irradie em todo o mundo
por Maria, Rainha dos Apóstolos.
[…]
Glória ao Pai…


UM ENCONTRO DE GERAÇÕES: BEATO TIAGO ALBERIONE E CARLO ACUTIS

No mesmo dia em que se celebraria a canonização de Carlo Acutis — adiada devido ao falecimento do Papa Francisco — recordamos as convergências e as singularidades de duas figuras que marcam profundamente a espiritualidade contemporânea da Igreja.

Convergências

  • Ambos apaixonados pela Eucaristia e por Nossa Senhora.
  • Evangelizadores incansáveis em seus contextos históricos.
  • Pioneiros no uso dos meios modernos para a missão cristã.
  • Inspiração contínua para jovens, religiosos e comunicadores.

Divergências Complementares

LEGADO VIVO

Padre Tiago Alberione e Carlo Acutis representam dois polos de uma mesma corrente: a santidade vivida na contemporaneidade. Um sacerdote inovador e um jovem genial. Um fundou uma família religiosa; o outro transformou sua curta vida em um testemunho profundo da presença viva de Jesus na Eucaristia.

Ambos nos ensinam que a missão evangelizadora continua — nos templos, nas ruas, na mídia e na internet — onde Cristo precisa ser anunciado.


Contato:
Secretariado para a Espiritualidade – Pias Discípulas do Divino Mestre
📧 segretariatogen_spirit@pddm.org

PAPA FRANCISCO E SEUS ESCRITOS: UM PONTIFICADO DE ESPERANÇA E RENOVAÇÃO

Jorge Mario Bergoglio, mais conhecido como Papa Francisco, nasceu em 17 de dezembro de 1936, em Buenos Aires, Argentina. Filho de imigrantes italianos, cresceu em um ambiente modesto e desde cedo demonstrou interesse pela religião e pelo serviço à comunidade. Em 1958, ingressou na Companhia de Jesus, tornando-se jesuíta. Foi ordenado sacerdote em 1969 e, ao longo dos anos, desempenhou diversas funções na Igreja Católica, incluindo a de arcebispo de Buenos Aires e cardeal. Em 13 de março de 2013, foi eleito o 266º Papa da Igreja Católica, tornando-se o primeiro pontífice latino-americano e o primeiro jesuíta a ocupar o cargo.

Desde o início de seu pontificado, Francisco tem se destacado por seu carisma, simplicidade e forte compromisso com a justiça social. Ele tem abordado questões fundamentais como a pobreza, a ecologia, os direitos humanos e a reforma da própria Igreja. Seu estilo pastoral próximo do povo e seu desejo de diálogo com diferentes culturas e religiões o tornaram uma figura influente e respeitada no cenário global.

AS CARTAS E ENCÍCLICAS DO PAPA FRANCISCO

Ao longo de seu pontificado, o Papa Francisco escreveu diversas cartas e encíclicas que refletem sua visão de mundo e os desafios que a humanidade enfrenta. Seus textos são amplamente lidos e discutidos tanto dentro quanto fora da Igreja, pois oferecem reflexões profundas sobre temas sociais, espirituais e ambientais.

EVANGELII GAUDIUM (A ALEGRIA DO EVANGELHO) – 2013

Publicada poucos meses após sua eleição, esta exortação apostólica trata da missão da Igreja no mundo moderno. Francisco incentiva os fiéis a saírem de suas zonas de conforto e a evangelizarem com alegria e misericórdia. Ele critica o consumismo desenfreado, a exclusão social e a desigualdade econômica, destacando a necessidade de uma Igreja mais próxima dos pobres e marginalizados.

LAUDATO SI’ (LOUVADO SEJA) – 2015

Uma das encíclicas mais impactantes do Papa Francisco, “Laudato Si’” trata da ecologia e do cuidado com a Casa Comum, o planeta Terra. O pontífice alerta para os danos ambientais causados pela atividade humana e pela exploração irresponsável dos recursos naturais. Ele destaca a interconexão entre os problemas ambientais e sociais, chamando líderes e cidadãos do mundo inteiro à responsabilidade ecológica e à busca por um modelo de desenvolvimento sustentável.

AMORIS LAETITIA (A ALEGRIA DO AMOR) – 2016

Essa exortação apostólica trata do amor na família e do matrimônio. Baseada nos debates realizados durante os sínodos sobre a família, o documento enfatiza a importância da compreensão, da misericórdia e do acolhimento dentro das comunidades cristãs. Francisco também aborda questões como o divórcio, a educação dos filhos e os desafios enfrentados pelas famílias contemporâneas.

GAUDETE ET EXSULTATE (ALEGRAI-VOS E EXULTAI) – 2018

Este documento trata do chamado universal à santidade no mundo atual. O Papa explica que a santidade não é um privilégio de poucos, mas um chamado acessível a todos, independentemente da vocação ou estado de vida. Ele alerta contra o perigo do individualismo e do consumismo, ressaltando a necessidade de uma vida de serviço e de amor ao próximo.

FRATELLI TUTTI (TODOS IRMÃOS) – 2020

Publicada em meio à pandemia de COVID-19, “Fratelli Tutti” aborda a fraternidade e a amizade social. Francisco critica a cultura do descarte, o aumento das desigualdades e o fechamento de fronteiras entre os povos. Ele propõe um modelo de sociedade baseado na solidariedade, na inclusão e no diálogo inter-religioso.

CARTA APOSTÓLICA PATRIS CORDE (COM CORAÇÃO DE PAI) – 2020

Dedicada a São José, essa carta apostólica destaca a importância desse santo como modelo de pai, trabalhador e homem justo. Francisco ressalta a humildade e o serviço de São José, convidando os cristãos a aprenderem com sua discrição e confiança em Deus.

DILEXIT NOS – 2024

A mais recente encíclica do Papa Francisco, “Dilexit Nos”, publicada em 2024, aborda o amor redentor de Cristo e sua importância na vida cristã. O Papa destaca a centralidade do amor na missão da Igreja e a necessidade de testemunhar esse amor no mundo contemporâneo. Ele enfatiza o perdão, a reconciliação e a caridade como elementos fundamentais para a construção de uma sociedade mais fraterna e pacífica. “Dilexit Nos” convida os fiéis a refletirem sobre o significado do amor de Deus e sua manifestação nas relações humanas.

O IMPACTO DAS CARTAS DO PAPA FRANCISCO

As cartas e encíclicas do Papa Francisco têm um impacto profundo tanto dentro da Igreja quanto na sociedade em geral. Seus escritos são direcionados não apenas aos católicos, mas a todas as pessoas de boa vontade. Seu estilo acessível e suas reflexões baseadas na realidade contemporânea tornam seus textos fontes de inspiração para líderes políticos, ambientalistas, teólogos e fiéis em todo o mundo.

Francisco busca sempre aproximar a Igreja das pessoas, promovendo um diálogo aberto e acolhedor. Ele desafia as estruturas de poder e propõe uma visão de mundo mais humana e solidária. Sua preocupação com os marginalizados, os pobres e o meio ambiente reflete um compromisso genuíno com a justiça e a paz.

Além de suas encíclicas e exortações apostólicas, o Papa também escreve cartas e mensagens para diferentes ocasiões, como eventos internacionais, congressos religiosos e crises humanitárias. Seus escritos são frequentemente citados em debates sobre políticas públicas, economia e direitos humanos.

O Papa Francisco, desde o início de seu pontificado, tem demonstrado um compromisso inabalável com os valores do Evangelho e com a transformação do mundo em um lugar mais justo e fraterno. Suas cartas e encíclicas são documentos fundamentais para compreender sua visão pastoral e seus esforços em enfrentar os desafios do século XXI.

Seja ao abordar a necessidade de uma Igreja mais missionária, a importância do cuidado com o meio ambiente ou a urgência da fraternidade entre os povos, suas palavras ecoam como um chamado à reflexão e à ação. Em um mundo marcado por divisões e crises, as mensagens do Papa Francisco continuam a inspirar milhões de pessoas na busca por um futuro mais humano e solidário.


Fonte:

Documentos do Papa Francisco:

PAPA FRANCISCO. Evangelii Gaudium: A Alegria do Evangelho. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 2013. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/apost_exhortations/documents/papa-francesco_esortazione-ap_20131124_evangelii-gaudium.html. Acesso em: [19 fev. 2025].

PAPA FRANCISCO. Laudato Si’: Sobre o Cuidado da Casa Comum. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 2015. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/encyclicals/documents/papa-francesco_20150524_enciclica-laudato-si.html. Acesso em: [19 fev. 2025].

PAPA FRANCISCO. Amoris Laetitia: Sobre o Amor na Família. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 2016. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/apost_exhortations/documents/papa-francesco_esortazione-ap_20160319_amoris-laetitia.html. Acesso em: [19 fev. 2025].

PAPA FRANCISCO. Gaudete et Exsultate: Sobre o Chamado à Santidade no Mundo Atual. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 2018. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/apost_exhortations/documents/papa-francesco_esortazione-ap_20160319_amoris-laetitia.html. Acesso em: [19 fev. 2025].

PAPA FRANCISCO. Fratelli Tutti: Sobre a Fraternidade e a Amizade Social. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 2020. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/encyclicals/documents/papa-francesco_20201003_enciclica-fratelli-tutti.htmlAcesso em: [19 fev. 2025].

PAPA FRANCISCO. Patris Corde: Com Coração de Pai. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 2020. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/apost_letters/documents/papa-francesco-lettera-ap_20201208_patris-corde.html Acesso em: [19 fev. 2025].

PAPA FRANCISCO. Dilexit Nos. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 2024. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/encyclicals/documents/20241024-enciclica-dilexit-nos.html. Acesso em: [19 fev. 2025].

Livros sobre o Papa Francisco:

IVEREIGH, Austen. O Grande Reformador: Francisco e a Construção de um Novo Papado. São Paulo: Planeta, 2015.

VALLELY, Paul. Papa Francisco: O Homem e Sua Missão. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

Texto de Ir. Julia Cristina de Almeida.
Publicado dia 20 de fevereiro de 2025.

COMO CONTAMOS OS DIAS DO TRÍDUO PASCAL?

O Tríduo Pascal é o centro do ano litúrgico cristão, especialmente para os católicos. Nele, celebramos os três momentos mais importantes da fé: a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo. Mas os dias do Tríduo não são contados como os dias comuns do nosso calendário. Eles seguem uma lógica litúrgica e bíblica, baseada na tradição judaica, onde o dia começa ao pôr do sol e não à meia-noite, como fazemos hoje.

A Contagem Litúrgica dos Dias

A Bíblia nos mostra esse modo de contar o tempo já na criação do mundo:

“Houve uma tarde e uma manhã: o primeiro dia.”
(Gênesis 1,5)

Por isso, festas importantes como o Natal (que começa na noite do dia 24) e a Páscoa (que começa com a Vigília Pascal) seguem essa lógica. O mesmo vale para o Tríduo Pascal.

Uma Correção Histórica

Durante a Idade Média, o Tríduo sofreu distorções. A celebração do domingo da Ressurreição deixou de ser vista como parte dele, e o sábado passou a ser chamado de “sábado de aleluia”, perdendo o sentido do “sábado da sepultura”. Para corrigir isso, o Papa Pio XII, motivado pelo movimento de renovação litúrgica, fez importantes reformas:

  • 1951: Reforma da Vigília Pascal
  • 1955: Reforma da Semana Santa

Essas reformas restabeleceram a contagem original do Tríduo: sexta-feira da Paixão, sábado da sepultura e domingo da Ressurreição, com início solene na noite da Quinta-feira Santa. Assim, a Quinta-feira ainda pertence à Quaresma e prepara a entrada no mistério pascal.

Entre outras coisas estabeleceu a hora da missa vespertina da ceia do Senhor [não antes das 17 horas] bem como a hora da vigília, de preferência depois da meia noite de sábado para o domingo. Com isto se restabelecia os dias do tríduo pascal.

O Tríduo Dia a Dia

O Tríduo começa na noite da Quinta-feira Santa, com a Missa da Ceia do Senhor, que recorda a Última Ceia, a instituição da Eucaristia e do sacerdócio. Após a missa, o Santíssimo é levado para um lugar de adoração. O altar é desnudado. E vivemos a “vigília com Jesus”, acompanhando espiritualmente sua entrega até a cruz.

Na sexta-feira, às 15h, celebramos a Paixão do Senhor, com a leitura da Paixão; Adoração da Cruz; e a Comunhão eucarística. Esse é um dia de jejum e abstinência, marcado pelo silêncio e recolhimento.

É um dia de silêncio, oração e espera. A Igreja permanece junto ao sepulcro de Jesus, contemplando sua morte e aguardando a ressurreição. Neste dia, não se celebra Missa. O altar permanece desnudado. Só se distribui a Comunhão como viático (para os enfermos).

É um dia ideal para a oração pessoal e a Liturgia das Horas. A oração comunitária deve ser intensificada, especialmente com o uso da Liturgia das Horas e/ou a sua versão inculturada, o Ofício Divino das Comunidades. A insistência é que se celebre com o povo o Ofício de Leituras na madrugadinha e a Oração da manhã  [ou ofício da manhã e do meio dia].  Tais ofícios celebrados na igreja despojada [não na capela da reposição] oferecem um ambiente contemplativo de vigilância, como as mulheres portadoras dos perfumes [miróforas] à espera da madrugada.

A Vigília, considerada a “mãe de todas as Vigílias”, tem quatro partes:

  1. Celebração da Luz: bênção do fogo novo e proclamação da Páscoa.
  2. Liturgia da Palavra: narração das grandes obras de Deus.
  3. Liturgia Batismal: batismo dos catecúmenos e renovação das promessas batismais.
  4. Liturgia Eucarística: celebração da ressurreição com a comunhão.

Mesmo que seja celebrada antes da meia-noite, esta missa já é liturgicamente o Domingo da Páscoa, a maior festa da fé cristã. O mistério da ressurreição celebrado nessa noite se estende ao Domingo de Páscoa e continua por cinquenta dias até Pentecostes.

Por Que a Igreja Conta os Dias Assim?

Esse modo de contar os dias – de pôr do sol a pôr do sol – vem da tradição judaica, que também influenciou Jesus e os primeiros cristãos. A Páscoa cristã tem suas raízes na Páscoa judaica, que celebra a libertação do povo de Israel. Para os cristãos, essa libertação se cumpre plenamente na morte e ressurreição de Cristo.

A Igreja manteve essa tradição para destacar que:

  • O mistério pascal transcende o tempo.
  • Cada “dia” do Tríduo é uma etapa na vitória de Cristo sobre o pecado e a morte.
  • O movimento das trevas para a luz, da morte para a vida, é central para nossa fé.

E o Concílio Vaticano II? O Concílio Vaticano II (1962-1965) não alterou a forma de contar os dias do Tríduo, mas ajudou a redescobrir seu sentido profundo. A reforma litúrgica enfatizou:

  • A participação ativa dos fiéis.
  • A clareza teológica das celebrações.
  • A adaptação pastoral às comunidades.

Ou seja, manteve-se a contagem tradicional, mas com uma renovada atenção ao significado espiritual e ao envolvimento da comunidade.

VIVER O TRÍDUO PASCAL

Independentemente da contagem dos dias litúrgicos, o mais importante é como vivemos o Tríduo Pascal no coração e na fé. Ele é o centro da vida cristã, um tempo sagrado para mergulhar no mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Aqui vão algumas formas de viver esse tempo com profundidade:

Com espírito de recolhimento e oração: durante esses dias, somos convidados a silenciar o coração, reduzir as distrações e criar espaço para contemplar o mistério da salvação. O jejum, o silêncio e a meditação ajudam a entrar no clima próprio do Tríduo.

Participar ativamente das celebrações: Cada celebração tem um sentido único:

  • Quinta-feira Santa: reviver a Última Ceia, a Eucaristia e o mandamento do amor.
  • Sexta-feira Santa: contemplar a cruz, fazer jejum e adorar o mistério da entrega total de Cristo.
  • Sábado Santo: viver a espera em oração, no silêncio do sepulcro.
  • Vigília Pascal: celebrar a vitória da luz sobre as trevas, da vida sobre a morte.
  • Domingo de Páscoa: celebrar com grande solenidade. Eis o dia que o Senhor fez para nós.

– Renovar a fé na Ressurreição: o Tríduo não termina na cruz, mas no túmulo vazio. É tempo de esperança renovada, de proclamar com alegria: “O Senhor ressuscitou verdadeiramente!” Somos convidados a deixar que a vida nova do Ressuscitado transforme o nosso modo de viver.

Viver o amor em gestos concretos: o mandamento de Jesus – “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei” – deve guiar nosso Tríduo. Isso pode significar perdoar, reconciliar-se, servir alguém, ou simplesmente estar presente com compaixão.

Bom caminho nestas celebrações do tríduo pascal!