Os textos bíblicos, da liturgia de hoje, de Marcos 3,13-19, Hebreus 8,6-13 e Salmo 84(85) abordam temas profundos e transformadores: o chamado de Deus, a nova aliança em Cristo e a paz de Deus. Cada um desses textos nos convida a refletir sobre o papel fundamental da obediência a Deus, o relacionamento renovado com Ele através de Cristo e a busca pela verdadeira paz, que vai além das circunstâncias temporais.
Marcos 3,13-19: O Chamado de Deus para a Missão
No evangelho de Marcos 3,13-19, vemos Jesus escolhendo Seus apóstolos. Ele os chama para estarem com Ele e, ao mesmo tempo, para serem enviados em missão. Este momento marca o chamado de Deus que é respondido com uma missão clara: pregar, curar e anunciar a chegada do Reino de Deus. Jesus escolhe doze apóstolos, não por sua perfeição, mas pela vontade divina de utilizar aqueles homens para uma obra grandiosa.
Esta passagem lembra-nos que cada um de nós também é chamado para uma missão, independentemente das nossas fragilidades. O chamado de Deus é uma resposta a uma necessidade de transformar o mundo, através da proclamação da palavra, da cura das feridas espirituais e da busca por uma vida de santidade. A missão dos apóstolos é a missão de todos os cristãos: viver em união com Cristo e levar essa mensagem de reconciliação aos outros.
Hebreus 8,6-13: A Nova Aliança em Cristo
Em Hebreus 8,6-13, é apresentada a nova aliança estabelecida por Cristo. A antiga aliança foi renovada pela vinda de Jesus, que se tornou o mediador de uma nova aliança. Essa nova aliança, operando no coração dos fiéis, transforma o ser humano por meio do Espírito Santo.
Esta passagem revela que, em Cristo, estamos a Ele, perfeito e eterno, que traz perdão e reconciliação. Deus coloca Sua lei em nossos corações e em nossas mentes, e, assim, somos chamados a viver em um relacionamento mais profundo com Ele. A nova aliança é uma aliança de graça que nos permite seguir em frente e crescer na santidade.
Salmo 84(85): A Paz e a Justiça de Deus
O Salmo 84(85) traz um belo retrato da paz e justiça que vêm de Deus. O salmista expressa o desejo de que a graça divina e a verdade se encontrem, e que a paz seja estabelecida entre os seres humanos. Ele deseja que Deus se lembre da Sua misericórdia e nos conceda a verdadeira paz, uma paz que vai além das circunstâncias externas e que se fundamenta no relacionamento sincero com Deus.
Este salmo reflete o desejo profundo de muitos corações: a esperança de que, por meio da ação de Deus, a paz prevaleça. A paz mencionada aqui não é a ausência de conflitos, mas a presença de Deus em nossas vidas, que traz a serenidade interior e a capacidade de viver com justiça, amor e misericórdia. Deus, em Sua bondade, deseja que todos experimentem essa paz, que resulta da harmonia entre Suas promessas e as ações humanas, quando estas estão alinhadas com Sua vontade.
CONCLUSÃO
Esses três textos nos mostram a jornada do cristão, começando com o chamado de Deus para a missão, a compreensão de que essa missão é vivida na nova aliança com Cristo e, finalmente, o fruto dessa aliança, que é a paz. Cada um de nós, como os apóstolos escolhidos por Jesus em Marcos 3, é chamado para viver de acordo com os ensinamentos de Cristo, levando Sua mensagem de esperança, cura e perdão ao mundo. Como em Hebreus 8, a nova aliança com Cristo implica uma transformação profunda no coração humano, um relacionamento mais íntimo e pessoal com Deus, onde a Sua lei é gravada em nossa alma.
E, ao viver conforme essa nova aliança, como é proclamado no Salmo 84(85), a verdadeira paz se estabelece em nossos corações e, por meio de nós, pode também se espalhar ao nosso redor. A paz que vem de Deus é o resultado de uma vida em harmonia com Sua vontade, uma vida de obediência, amor e justiça. A paz verdadeira é duradoura e baseada no relacionamento profundo com Deus.
O chamado de Deus, a nova aliança e a paz de Deus são temas que nos convidam a refletir sobre nossa própria caminhada de fé. Como os apóstolos, somos chamados para a missão de proclamar a Boa Nova, não só com palavras, mas com nossas ações diárias. A nova aliança em Cristo nos transforma, tornando-nos participantes da Sua graça, e a paz que experimentamos ao vivermos essa aliança é a verdadeira paz que Cristo nos oferece.
Esses textos nos lembram de que, como cristãos, não fomos chamados apenas para crer, mas para viver de maneira ativa, trazendo ao mundo a cura, a reconciliação e a paz que encontramos em Cristo. Ao respondermos ao chamado de Deus, vivermos a nova aliança e procurarmos a verdadeira paz de Deus, estamos cumprindo o propósito que Deus tem para cada um de nós.
São Francisco de Sales como Exemplo Vivo da Missão Cristã
A vida de São Francisco de Sales foi uma verdadeira resposta à chamada divina, refletindo de forma única os ensinamentos encontrados em Marcos 3,13-19, Hebreus 8,6-13 e Salmo 84(85). Ele viveu sua missão com um coração dedicado ao serviço da caridade, pregando a paz e vivendo a nova aliança de Cristo de maneira profunda e concreta. Seu legado nos ensina que, como discípulos de Cristo, somos chamados a viver a caridade cristã em nossas ações diárias, buscando sempre a reconciliação, a paz e a transformação interior que a nova aliança em Cristo nos oferece. São Francisco de Sales, com sua vida de fé e serviço, continua a ser um farol de inspiração para todos aqueles que buscam viver de acordo com a vontade de Deus, em plena harmonia com o próximo.
Os textos de Marcos 3,7-12, Hebreus 7,25-8,6 e Salmo 39(40),7-8a.8b-9.10.17 se entrelaçam de forma profunda ao apresentarem a missão redentora de Cristo e o Seu sacerdócio eterno. A partir desses textos, podemos refletir sobre o papel único de Jesus como aquele que atrai as multidões, mas também como sumo sacerdote perfeito, intercedendo por nós junto ao Pai. Além disso, esses textos revelam a nova aliança que Ele institui, uma aliança que se fundamenta não em sacrifícios repetidos, mas em Seu sacrifício único e eterno. Vamos analisar como essas passagens bíblicas nos ajudam a entender a profundidade do amor e da salvação de Cristo.
1. Marcos 3,7-12: A Atração das Multidões e a Autoridade de Jesus
No trecho de Marcos 3,7-12, vemos que Jesus está em plena atividade de cura, atraindo uma multidão imensa de pessoas de diversas regiões. Elas vêm em busca de cura, libertação e esperança. Esse episódio é significativo, pois demonstra que Jesus, pela Sua autoridade divina, não apenas cura fisicamente, mas também restaura espiritualmente aqueles que se aproximam d’Ele. A multidão sente uma urgência em tocar Jesus, pois sabem que Ele tem poder para curar e expulsar os demônios.
Jesus, apesar de ser seguido por uma grande multidão, demonstra Sua autoridade ao ordenar que os demônios não O revelassem, pois ainda não era o momento para que a Sua identidade plena fosse divulgada. Nesse momento, Cristo revela Seu poder e autoridade, mas também mostra Sua sabedoria em não querer ser mal interpretado ou pressionado a revelar Seu verdadeiro papel antes da hora certa. Ele sabia que Sua missão transcende a simples ação de curar fisicamente, sendo, na verdade, uma missão de salvação integral para a humanidade.
Este episódio em Marcos nos faz refletir sobre como Jesus atrai as pessoas pelo Seu poder de cura, mas também revela que Sua missão é de restaurar o ser humano de forma completa. A multidão busca milagres, mas o verdadeiro milagre que Cristo oferece é a salvação eterna, que vai além da cura temporal.
2. Hebreus 7,25-8,6: O Sacerdócio Eterno de Cristo
O livro de Hebreus nos apresenta Cristo como o sumo-sacerdote eterno, um papel que Ele assume não apenas para interceder pelo povo, mas para garantir a salvação eterna de todos os que Nele creem. O trecho de Hebreus 7,25-8,6 explica que, ao contrário dos sacerdotes do Antigo Testamento, que ofereciam sacrifícios para a remissão dos pecados, Cristo oferece um sacrifício perfeito e definitivo, uma vez por todas. Ele é o intercessor perfeito, mediando a reconciliação entre Deus e os homens de maneira única e eterna.
O autor de Hebreus destaca que Cristo vive para sempre e, por isso, é capaz de interceder continuamente pelos fiéis. Ele não apenas morre por nós, mas também ressuscita e vive eternamente, tornando-se o único mediador entre Deus e a humanidade. Sua missão é eterna, e Ele assegura que a salvação dada por Deus seja para sempre. Essa intercessão permanente de Cristo é um aspecto central da nova aliança que Ele estabeleceu, onde a graça de Deus é dada de maneira definitiva e irrevogável.
A carta aos Hebreus também nos fala de um novo sacerdócio, o sacerdócio segundo a ordem de Melquisedec, que é eterno e sem fim. Melquisedec, figura enigmática do Antigo Testamento, é o precursor de Cristo, que, ao ser o sumo-sacerdote eterno, não tem fim. Cristo realiza o sacrifício único, mas também intercede perpetuamente em nosso favor, garantindo nossa reconciliação com Deus e nossa salvação. Ao fazer isso, Ele inaugura uma nova aliança, não baseada em sacrifícios de animais, mas na Sua própria entrega por todos nós.
3. Salmo 39(40),7-8a.8b-9.10.17: A Obediência de Cristo à Vontade de Deus
O Salmo 39(40) é uma oração de confiança e entrega a Deus, onde o salmista se coloca em disposição para cumprir a vontade de Deus. Esta oração tem uma forte relevância messiânica, pois ela profetiza a obediência de Cristo, que vem para cumprir a vontade do Pai. No versículo 8, o salmista declara: “Sobre mim está escrito no livro: “Com prazer faço a vossa vontade, guardo em meu coração vossa lei!””. Esse versículo se cumpre plenamente em Cristo, que, ao assumir a natureza humana, vem para obedecer totalmente ao Pai, oferecendo-Se como o sacrifício perfeito.
Jesus é o sacerdote que Se entrega de forma plena, obedecendo à vontade do Pai, até o fim. Ao fazer isso, Ele realiza a salvação de todos os homens. Ele não apenas é o sacerdote que intercede, mas o sacrifício que oferece, cumprindo o propósito de Deus para a redenção da humanidade.
Este salmo também nos ensina sobre a importância da obediência a Deus. A salvação não vem da total entrega à vontade do Pai, como demonstrado por Cristo. Ele é o cumprimento perfeito de toda a Escritura e o único capaz de realizar a vontade de Deus de maneira plena, trazendo a verdadeira libertação e salvação para o mundo.
4. A Nova Aliança: Cristo como Mediador Perfeito
Em Hebreus 8,6, vemos que Cristo é o mediador de uma nova aliança, uma aliança que é perfeita e eterna. Ao contrário da antiga aliança, baseada na Lei e nos sacrifícios repetidos, a nova aliança é fundamentada no sacrifício definitivo de Cristo. Ele não apenas oferece o sacrifício, mas garante a salvação para todos aqueles que Nele creem. A nova aliança é a promessa de que Deus estará conosco de maneira definitiva, sem mais necessidade de intermediários humanos, pois Cristo, como sumo-sacerdote eterno, nos reconciliou com Deus de forma total e definitiva.
5. A Missão Redentora de Cristo: Cura, Libertação e Salvação
Os três textos juntos nos revelam a profundidade da missão redentora de Cristo. Marcos 3,7-12 nos mostra Jesus como aquele que atrai as multidões, revelando Seu poder de cura, mas também a autoridade divina que tem sobre todas as coisas. Em Hebreus 7,25-8,6, entendemos que Sua missão vai além da cura física: Ele é o sumo-sacerdote eterno que garante nossa salvação de forma definitiva e eterna. Por fim, o Salmo 39(40) profetiza Sua obediência total ao Pai, o que culmina no sacrifício perfeito que Ele oferece por nós.
Cristo, como sumo-sacerdote, intercede constantemente por nós e estabelece a nova aliança. Sua obra de cura, libertação e salvação é definitiva e eterna, oferecendo a todos que creem uma vida plena em Deus.
Conclusão
Esses três textos nos ajudam a compreender de forma mais profunda o papel de Cristo como o Mediador perfeito, o Sumo Sacerdote eterno e o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. A Sua missão não se limita à cura física, mas se estende à salvação eterna, que Ele oferece a todos que O buscam. Cristo é o cumprimento de todas as promessas de Deus, sendo o sacrifício perfeito que nos reconcilia com o Pai e nos dá acesso à vida eterna.
Os três textos apresentados para a liturgia de hoje (20/01/2025) — o Evangelho segundo Marcos 2,23-28, a Leitura da Carta aos Hebreus 6,10-20 e o Salmo 110(111),1-2.4-5.9 e 10c — estão interligados principalmente pelos temas da aliança de Deus, fidelidade, salvação e a reinterpretação das leis em Cristo. Vejamos as relações entre eles:
1. A Aliança de Deus e a Fidelidade
O Salmo 110(111) celebra a fidelidade de Deus à Sua aliança com o povo. Ele lembra que Deus é bom, clemente e nunca se esquece de Sua aliança. Essa fidelidade divina é um tema central em todos os textos, pois Deus se compromete com Seu povo e garante Suas promessas.
Em Hebreus 6,10-20, a carta fala do juramento de Deus a Abraão e como, por meio de dois atos irrevogáveis (a promessa e o juramento), Ele reafirma a esperança de salvação. Essa esperança é descrita como uma âncora segura e firme para os cristãos, que têm Cristo como mediador dessa promessa. Jesus, como sumo-sacerdote eterno na ordem de Melquisedec, é a garantia da aliança e da salvação.
No Evangelho de Marcos, Jesus se posiciona como Senhor do sábado, redefinindo a interpretação das leis antigas. Ele afirma que o sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado, implicando que a verdadeira aliança com Deus não se resume à observância legalista de rituais, mas deve ser vivida de forma que atenda às necessidades humanas, como exemplificado pela história de Davi.
2. A Autoridade de Cristo
Em Marcos 2,23-28, Jesus declara que Ele é o Senhor do sábado, posicionando-se como autoridade superior à interpretação legalista dos fariseus. O sábado, enquanto parte da Lei de Moisés, é reinterpretado por Jesus, que destaca a necessidade de atender às necessidades humanas e não sobrecarregar as pessoas com regras que não são conforme o espírito da aliança de Deus. Ele, portanto, afirma sua autoridade como Filho do Homem, que é superior à Lei.
A autoridade de Cristo também é mencionada em Hebreus 6,20, onde Ele é descrito como o precursor e sumo-sacerdote eterno. Ele entra no santuário celestial, abrindo caminho para que os fiéis possam ter acesso direto a Deus. Assim, em ambos os textos, Jesus é apresentado como aquele que cumpre e reinterpreta a antiga aliança para trazer um novo caminho de salvação.
3. A Esperança e a Salvação
Hebreus 6,10-20 fala de esperança como uma âncora firme e segura para a vida dos cristãos, apontando para a confiança nas promessas de Deus, cumpridas em Cristo. A esperança é encontrada em Cristo, o sumo-sacerdote que garante a salvação eterna.
No Salmo 110(111), Deus envia libertação ao Seu povo e confirma Sua aliança. Isso é uma preparação para a promessa de salvação que se cumpre em Cristo, que, como Sumo-Sacerdote, oferece a verdadeira libertação.
Marcos 2,23-28, embora focado na interpretação do sábado, também indica que a salvação e a misericórdia de Deus estão acima das regras e rituais externos. Jesus vem para dar ao povo um descanso verdadeiro, que vai além da simples observância de normas, apontando para a verdadeira libertação em Deus.
4. A Reinterpretação das Leis
No Evangelho de Marcos, Jesus reformula a observância do sábado, ensinando que a Lei não deve ser um peso, mas um meio de promover o bem-estar do ser humano. Isso também se relaciona com a Carta aos Hebreus, onde a fidelidade à promessa de Deus não está nas observâncias externas, mas em Cristo, o sumo-sacerdote eterno.
Em Hebreus 6, a confiança nas promessas e a perseverança são enfatizadas como respostas mais profundas à aliança de Deus, que se cumpriu em Cristo. Isso implica que a verdadeira observância da aliança de Deus é vivida pela fé em Jesus, não por rituais externos.
Conclusão
Esses textos, embora abordem temas distintos, estão unidos pela fidelidade de Deus à Sua aliança, a autoridade de Cristo como mediador da nova aliança, a reinterpretação das leis e a esperança de salvação que é garantida em Cristo. O Evangelho de Marcos redefine a prática religiosa à luz de Cristo, enquanto a Carta aos Hebreus reafirma a base da nossa esperança na fidelidade de Deus, consumada na obra de Cristo como sumo-sacerdote eterno. O Salmo 110 complementa, exaltando a justiça e a salvação de Deus, e lembrando que Ele se lembra sempre de Sua aliança com o Seu povo.
“Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador, que é Cristo Senhor” (Lc 2,11).
O Senhor fez resplandece esta noite santa com o esplendor da verdadeira luz! (liturgia).
Nesta noite, Papa Francisco abre de novo a Porta Santa da Basílica de São Pedro no Vaticano, dando início ao Jubileu Ordinário, o jubileu da Encarnação. Somos convidados a contemplar os “sinais de luz no nosso mundo” e invocar o Espírito Santo de Deus sobre cada uma destas boas obras e luz de Deus na humanidade. A liturgia do Natal leva-nos a uma experiência de luz, de exultação, de alegria, porque a verdadeira “Luz” que veio ao mundo ilumina cada ser humano.
O SIGNIFICADO DO NATAL
“Uma das maiores obras de Deus em favor de todos nós, uma das maiores ‘liturgias’ de Deus, portanto, foi quando ele nos ‘presenteou’ seu próprio Filho para ser o nosso Salvador. Desde muito tempo, Deus vinha se mostrando um ‘tremendo apaixonado’ pela nossa humanidade. E, enfim, depois de um longo período de ‘noivado’, em todo o Antigo Testamento, Deus acabou se ‘casando’ com a humanidade, na pessoa de Maria. Realizou-se a promessa, realizou-se a profecia (cf. Is 62,1-5). E deste ‘casamento’ resultou – por obra do Espírito Santo! – uma ‘gravidez’ e, por esta ‘gravidez’, foi-nos dado Jesus, Filho de Deus, Emanuel (Deus-conosco!) (cf. Mt 1,18-25): ‘O Verbo eterno de Deus se fez carne e habitou entre nós’ (Jo 1,14). Que maravilhosa obra de Deus em favor da humanidade!… […] um enorme bem que Deus fez para nós, através do ‘sim’ de Maria: O Verbo eterno de Deus ‘mergulhou’, de cabeça, para dentro do imenso e abissal mistério da nossa existência humana. É muito amor por nós! […] no Natal, podemos ouvir a auspiciosa notícia do anjo: ‘Não tenham medo! Eu lhes anuncio uma grande alegria, que deve ser espalhada para todo o povo. Hoje… nasceu para vocês um Salvador, que é o Cristo Senhor’. E um coral imenso de anjos irrompe num alegre hino de louvor: ‘Glória a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens por ele amados’ (cf. Lc 1,10-14). Paz na terra aos homens (e mulheres) amados por ele!… Deus nos amou e, deste amor resultou para nós a paz, que no fundo é sinônimo de vida. E nisto está precisamente a sua admirável grandeza: ‘A glória de Deus é a vida do ser humano’ (Santo Irineu)”.[1]
[1] ARIOVALDO DA SILVA, José. A liturgia do natal, apostila.
A voz das Mulheres nos Ministérios da Igreja-Diálogo Sinodal
Nestes dias, de 23 a 28 de junho, nós, Irmãs Pias Discípulas do Divino Mestre estamos vivendo a 26º Semana de Formação Intensiva no Jardim Divino Mestre, Cabreúva-SP.
Somos 26 irmãs, vindas de todas as comunidades do Brasil, acolhidas com a sororidade e o carinho da Comunidade do Jardim DM.
Iniciamos com a Celebração Eucarística na tarde deste domingo, presidida pelo Pe. Alberto Simionato que nos incentivou a aprender do Divino Mestre que nos forma com sua Palavra e sua vida. Após o jantar, Ir. Aparecida Batista, provincial, com as boas-vindas nos introduziu no tema da semana que viveremos em clima sinodal.
Com uma dinâmica interativa ao som de música e concentração, Ir. Juceli Aparecida Mesquita nos orientou e cada uma das irmãs teceu sua própria mandala e o conjunto delas enfeitou nossa sala de encontro.
Nosso primeiro dia foi orientado por Ir. Penha Carpanedo e Ir. Veronice Fernandes, com a participação remota de Ir. Regina Cesarato, de Roma, Itália. Nos adentramos no fundamento bíblico com o método da conversação espiritual.
Foi uma riqueza de conteúdos e de participação. Amanhã continuaremos nosso estudo e aprofundamento.
26ª Semana de Formação Intensiva
Além desta semana que acontece de 23 a 28 de junho, as Irmãs Pias Discípulas do Divino Mestre terão mais dois outros grupos: 07 a 12 de julho; e 04 a 09 de agosto de 2024.
A temática é a mesma para os três grupos formativos: A voz da mulher nos ministérios da Igreja – um diálogo sinodal. Este foi o tema do Congresso que aconteceu em Ariccia, Itália, na comemoração do Centenário da Congregação, de 28 de janeiro a 03 de fevereiro de 2024. Ir. Penha, Ir. Veronice e Ir. Laíde participaram deste importante evento e agora fazem o repasse para todas as irmãs da província.
O Congresso tinha como objetivo celebrar o Centenário da Fundação das Pias Discípulas do Divino Mestre, o aniversário de 60 anos da Sacrosanctum Concilium, a partir das Escrituras, do Concílio Vaticano II e do legado carismático do Bem-aventurado Tiago Alberione. Assim, foi proposto neste Congresso:
Ouvir, com atenção e respeito, a voz das mulheres em uma Igreja ministerial e missionária, em estilo sinodal e em diálogo com outras denominações cristãs;
Aprofundar o tema e a prática dos ministérios eclesiais, particularmente aqueles exercidos pelas mulheres na Igreja de ontem e de hoje, de acordo com contextos culturais específicos;
Iniciar processos transformadores e geradores que favoreçam escolhas corajosas para a missão dos Discípulos do Divino Mestre na vida da Igreja, na Família Paulina, em uma forma mais participativa e samaritana.
Na 26ª Semana de Formação Intensiva, as Irmãs Penha, Veronice e Laíde propuseram de usar o método da conversação espiritual, integrado com o método da Leitura Orante da Bíblia.
O MÉTODO DA CONVERSAÇÃO ESPIRITUAL
O método do diálogo sinodal é uma modalidade de diálogo. Mais que método é uma “Regra de conversação espiritual” [Regra de vida] que busca purificar o olhar e o coração com o máximo de participação para chegar ao discernimento espiritual. Esta regra foi usada no sínodo. Aliás o sínodo não é um método. É da natureza da Igreja ser sinodal. Na Igreja não há nada mais sinodal do que a liturgia [fazer coletivo].
Esta Regra de vida não é o jeito de fazer funcionar melhor um processo mas despertar em nós a natureza do ser Igreja. A Regra da conversação espiritual, é uma espécie de “ginástica” que nos coloca no eixo. É exigente, é a passagem caminho estreito como no parto, para nascer em um lugar amplo.
Os participantes formam pequenos círculos de 5 a 8pessoas. Cada círculo será acompanhado por uma facilitadora que tem a função de vigilância sobre o andamento dos trabalhos com a participação de todas as pessoas do círculo.
Invocação do Espírito. Ele age quando o invocamos. Seguido de um tempo pessoal para organizar-nos interiormente.
Primeiro passo: faz-se um primeiro giro, na sequencia do circulo. Cada pessoa partilha um aspecto que seja importante, bonito, útil e necessário, a partir da minha condição batismal de discipula, mulher, não a partir da função que exerço. Os demais membros do círculo estão à escuta.
Silencio: Terminado o 1º giro seguem um ou dois minutos de silêncio, que faz parte do diálogo. Neste silêncio deixar ressoar o que tocou nas falas do primeiro giro. Não podemos falar nada da própria fala no primeiro giro.
Segundo passo: Faz-se um segundo giro, ressoando o que ouviu nas outras falas. Não só repetir, mas ampliar: que imagem esta palavra despertou em mim, que movimento? Se no grupo não ressoar a minha fala não é porque foi esquecida, mas porque não foi considerada importante neste momento.
Silêncio, dois minutos para iniciarmosa síntese, dentro de nós. Não é um resumo, onde nos preocupamos em juntar todas as falas. Dois critérios para saber se é uma passagem do Espírito. Primeiro: a insistência de um argumento em diferentes falas é um indicador da passagem do Espírito, Não vem só de uma pessoa. Segundo: a originalidade, no sentido de originário, do nosso ser como Igreja, do nosso carisma, do nosso ministério também é um indicador da passagem. Cada pessoa busca esta síntese e depois partilha.
O terceiro passo; não propriamente um giro. As pessoas partilham o que emergiu na sua síntese pessoal, e no círculo se discute à luz destes dois critérios para chegar a dois ou três núcleos. Discussão é energia, que reconhecendo a pessoa, pode discordar do seu argumento, até chegar ao consenso que o discernimento espiritual requer. No círculo pode ter uma secretária que toma nota de tudo. A síntese se configura em dois ou três núcleos de significância espiritual, que vem ao nosso encontro, que não decidimos por nossa vontade e que acolhemos como dom do Espírito. A elaboração do texto final pode ser depois, mas é preciso que o círculo saia com o consenso sobre os núcleos que emergiram. [Se há uma posição A diferente da B ou se deixa perder ou devemos buscar uma posição C].
MÉTODO SINODAL E LEITURA ORANTE
Considerando que boa parte do nosso trabalho tem como ponto de partida leitura de textos biblicos, procuramos fazer uma articulação entre conversaão espiritual e os dois primeiros passos da leitua orante: leitura e meditação. Em certa medida, quando o ponto de partida é um texto biblico, a prmeira rodada no métoda conversação coincide com leitura, ao passo que a segunda coincide com a meditação. Nunca é demais lembrar em que consiste a leitura e meditação, no método da lectio divina.
Como já conhecemos e praticamos, a leitura é atenção às palavras, às imagens, às personagens, ações, sentimentos, atitudes. Importante: despojar-nos de todo saber sobre o texto.
Enquanto se lê, pode ser que um versículo ou uma palavra, chame a nossa atenção. Alessandro Borban[1] faz uma distinção entre “versículo de cabeça” e o “versículo de coração”. O “versículo de cabeça” é aquele filtrado pela nossa compreensão imediata, nossas memórias. Hoje em dia temos opinião sobre tudo. O versículo de “cabeça” coincide com o já dito, o já explicado, escutado, digamos, o lugar comum. O “versículo de coração”, é algo inédito, surpreendente, que não tínhamos percebido antes, ou não tínhamos percebido ainda desta maneira. O versículo do coração é um dom que requer uma qualidade na escuta: “atenção como escutais” [LC 8,18].
A meditação, segundo Alessandro, não é tempo de silêncio, nem exercício de ioga. Isso pode ser bom antes, para favorecer uma postura física correta e um acordo de paz no corpo.[2] Na meditação a escuta transforma-se em interpretação. Não uma interpretação, fundamentalista, mas um olhar que leva em conta o autor, o contexto, a questão vital a que o texto responde. Também não é necessariamente uma interpretação do texto em todas as direções ou em todos os seus aspectos. O ponto de partida da meditação é o “versículo do coração”, ou seja, aquela, palavra que nos atraiu como a sarça atraiu Moisés. À medida que nos aproximamos da Palavra como Moisés da sarça, outras palavras da Escritura quem venham enriquecer o nosso versículo, inicia-se um êxodo pessoal que “abre a inteligência das Escrituras [Lc 24,45]. Eis a importância dos textos paralelos ou memórias bíblicas, que se prolonga depois da lectio, mas durante toda a jornada, entre os afazeres cotidianos e compromisso, sempre à espera de faíscas emanadas do texto, verdadeiras intuições de sentido nunca antes entendido.
Muito esclarecedor é o que diz Ivan Nicoletto citado por Alessandro Barban: “Começas a colocar tua atenção em uma palavra, em um versículo, em uma pericote e ela te introduz em outras salas, espalha-se por toda a bíblia, as literaturas, os grandes mitos e símbolos da humanidade, e depois envolve as interpretações e as experiências às quais aquelas imagens deram vida. Estende-se ao presente da tua vida, te eleva talvez ao coração inexaurível da energia criadora e amante”.[3]
[1] Cf. Alessandro Barban. O Caminho espiritual da lectio divina. No livro Como água da fonte: a espiritualidade monástica camaldolense entre memória e profecia. São Paulo Edições Loyola, 2009,p. 174.
A porta de entrada na Semana Santa é a memória solene da entrada de Jesus em Jerusalém, “porque não convém que um profeta morra fora de Jerusalém” (Lucas 13,22]. Normalmente passamos rápido demais da procissão dos ramos ao relato da paixão. Mas é importante nos deter no mistério profundo desta epifania de Jesus que reúne todo o sentido espiritual da Semana Santa. Os relatos de Marcos Mateus e Lucas estão em sintonia entre si sobre a interpretação deste evento pascal. Neste domingo, escutamos a narrativa de
Marcos 11,1-10:
Quando se aproximaram de Jerusalém, na altura de Betfagé e de Betânia, junto ao monte das Oliveiras, Jesus enviou dois discípulos, dizendo: ‘Ide até o povoado que está em frente, e logo que ali entrardes, encontrareis amarrado um jumentinho que nunca foi montado. Desamarrai-o e trazei-o aqui! Se alguém disser: ‘Por que fazeis isso?’, dizei: ‘O Senhor precisa dele, mas logo o mandará de volta’.’ Eles foram e encontraram um jumentinho amarrado junto de uma porta, do lado de fora, na rua, e o desamarraram. Alguns dos que estavam ali disseram: ‘O que estais fazendo, desamarrando este jumentinho?’ Os discípulos responderam como Jesus havia dito, e eles permitiram. Trouxeram então o jumentinho a Jesus, colocaram sobre ele seus mantos, e Jesus montou. Muitos estenderam seus mantos pelo caminho, outros espalharam ramos que haviam apanhado nos campos. Os que iam na frente e os que vinham atrás gritavam: ‘Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor! Bendito seja o reino que vem, o reino de nosso pai Davi! Hosana no mais alto dos céus!’
Multidões de peregrinos ocupam a cidade de Jerusalém na festa da Páscoa. Jesus não é um peregrino a mais, anônimo, perdido no meio da multidão. Jesus sobre a Jerusalém para cumprir o seu destino. Chega com os discípulos no limiar da cidade santa. Esta soleira que não é apenas a fronteira de uma cidade, mas o limite de uma vida. Jesus sente e sabe que seu caminho vai em direção à morte. E quando o futuro desaparece, o olhar se volta para o que está próximo.
Jesus, então se volta para os discípulos, envia dois deles, sem citar nome, e lhes dá responsabilidade sobre os preparativos de sua entrada solene em montaria régia. Os detalhes sobre o burrinho [7 dos 11 versículos] mostra toda a sua importância no contexto. Jesus entra na cidade como o Messias descrito pelo profeta Zacarias 9,9: rei justo e humilde, montado em um jumento emprestado [v. 3], sem tropas e sem armas, para destruir todo armamento e proclamar a paz. A participação ativa dos discípulos indica o profundo entrelaçamento entre o discipulado e a missão de paz de Jesus. Os discípulos e discípulas que subiram com Jesus a Jerusalém estão na sua escola. Um ditado rabínico afirma que “uma pessoa aprende pelos caminhos que percorre”. Os discípulos e discipulas aprendem medindo os seus próprios caminhos com os passos percorridos por Jesus.
A procissão que acompanhará esta entrada (v. 8-10) apresenta traços régios, como transparecem nos mantos espalhados pelo caminho e nas aclamações. O povo reconhece em Jesus o Messias como um novo Davi poderoso, conquistador, que iria devolver a Israel a soberania. Projetam sobre Jesus a sua ideia de Messias: “Bendito seja o Reino vindouro de nosso pai Davi”.
E no entanto, Jesus frustra esta expectativa. Jesus sempre anunciou o Reino de Deus, não de Davi. Passou a vida inteira desmontando a ideia de triunfo que imperava no povo e nos seus discípulos, fugiu daqueles que queriam fazê-lo rei (…). Com sua “entrada em Jerusalém”, Jesus desconcerta a todos. Diante dele é preciso decidir.
E então, veremos que a maioria dos que hoje o recebem como rei, pedirão que seja crucificado. O aparente êxito de hoje, será transformado no aparente fracasso dos dias que virão. Mas em Jesus, é no extremo fracasso, que êxito será revelado. “Quando eu for exaltado atrairei todos a mim”. Martín Buber, lembra que as realidades significativas se realizam mais na profundidade do fracasso que na superficialidade do êxito. No fracasso nossa consciência fica marcada para sempre.
Neste domingo o adentrar as portas da igreja com nossos ramos, o convite que chega até nós e a toda a Igreja é o de voltar o nosso olhar, para aquele que foi levantado como a serpente foi levantada por Moisés no deserto. A liturgia da Semana Santa, como toda a liturgia da Igreja, nos coloca diante do Pai, do lugar do filho, recordando ao Pai seu amor e a sua obediência. Neste curto espaço de tempo de uma semana, que vamos nos submergir no Mistério da MORTE DO FILHO, é a partir de seus passos, e não de nossos pensamentos, que cada coisa terá um novo olhar. O caminho que se abre é o caminho da não violência, do amor gratuito, da obediência à Palavra.
A violência, na sua raiz mais profunda, é uma absolutização do ego. Seguir o caminho de Cristo significa aprender o caminho da mansidão, isto é, de aceitar colocar limites em nós para acolher e dar espaço ao coletivo, às grandes causas humanitárias.
Seguir o Senhor para estar com Ele, para servi-Lo, fazer um silêncio profundo sobre nossas necessidades, sobre nossos pensamentos, sobre nossos sentimentos, sobre nossas opiniões. Estar atentos aos acontecimentos sem a interferência de nosso eu, sequer para tentar compreender. Silêncio receptivo: somente a ação de Deus, seus atos, suas palavras, seu silêncio. Podemos repetir ao longo destes dias uma pequena oração “Não eu, Senhor, senão Tu”.[1] Ou como nos inspira nossa Madre Escolástica: “Só tu, e basta!”
PARA BEM CELEBRAR O TRÍDUO PASCAL
O Tríduo Pascal não é preparação para a solenidade da Páscoa [como acontece com outros tríduos], mas é a própria celebração pascal em três dias: a sexta-feira da paixão, o sábado do seu repouso e o domingo do seu ressurgir dos mortos [segundo Santo Ambrósio][2] ou, o Sagrado Tríduo da cruz, sepultura e ressurreição [segundo Santo Agostinho][3]. A celebração da Ceia do Senhor ao anoitecer da quinta-feira com caráter de “primeiras vésperas”[4], é solene abertura do Tríduo que culmina na Vigília da noite pascal.
Toda a reforma litúrgica do Concílio Vaticano II teve como finalidade devolver ao povo de Deus o acesso à liturgia, qual fonte de vida espiritual. Nesta perspectiva a celebração da Páscoa como era nas origens, volta a cada ano, como festa espiritual, realidade mística e universal. Assim sendo, não basta executar os ritos, ainda que de forma precisa, é preciso celebrar e fazer silêncio para deixar ecoar no coração o mistério proclamado na assembleia litúrgica. Além de participar das celebrações litúrgicas próprias de cada dia do Tríduo, há os ofícios comunitários, sobretudo o ofício da manhã no sábado santo. Ese propõe ainda tempo de oração pessoal como preparação e aprofundamento para os momentos comunitários.O que seguem são dicas para a oração pessoal de cada dia do tríduo.
MEMÓRIA DA ÚLTIMA CEIA DE JESUS – ABERTURA DO TRÍDUO
O que celebramos:
Nesta noite repetimos em memória da Páscoa de Jesus, os gestos da sua última ceia que estrutura a Liturgia eucarística; “tomou o pão, deu graças, partiu e passou aos seus”. Com esta celebração retomamos o verdadeirosentido da eucaristia. O simples gesto de passar ao outro um pedaço de pão é um gesto despojado de poder que aponta para uma espiritualidade da mesa, baseada na gratuidade e no serviço fraterno [cf. padre Adroaldo]. Eis o gesto de Jesus na noite da em que foi entregue, tendo à mesa Judas, aquele que o iria entregar.
Para a Oração pessoal
Depois da celebração celebra-se o ofício da “Vigilância com Jesus” na capela da reposição fazendo memória da passagem de Jesus, da Ceia à Cruz. Esta oração comunitária pode ser prolongada pessoalmente, repassando no coração a Palavra e meditando em silêncio:
a) Ler pausadamente e com toda a atenção, o texto da segunda leitura 1Coríntios 11,23-26 [relato mais antigo da última ceia de Jesus]. Ler também o evangelho de João 13,1-15.
b) Rezar no coração o salmo 116 da liturgia da Palavra da missa ou o salmo 130 indicado no Ofício da vigilância com sua antífona:
Pai, se este cálice não pode passar sem que eu beba,
seja feita a tua vontade.
1. Das profundezas, Senhor clamo a ti: / escuta a minha voz!
Atento se façam teus ouvidos / ao clamor da minha prece.
2 Se reténs os pecados, Senhor, / quem poderá subsistir?
Mas em ti se encontra o perdão: / eu temo e espero.
3. No Senhor ponho a minha esperança / e na sua palavra
espera a minh’alma o Senhor / mais que os guardas pela aurora.
4. No Senhor está toda a graça, / copiosa redenção,
ele vem resgatar Israel / de toda iniquidade.
5. Glória ao Deus presente em toda a terra / que Jesus manifestou,
ao Espírito de Deus amor materno, / toda graça e todo amor.
c) Ficar em silêncio, repetindo no coração alguma palavra, deixando que os sentimentos de Jesus habite o coração.
A GRANDE SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO – Primeiro dia do Tríduo
O que celebramos:
A Sexta-Feira da Paixão, em que pese a dimensão de dor tão curtida pela piedade popular, na perspectiva bíblica, sobretudo do Evangelho de João, é “Paixão gloriosa”, celebra, pois, o Amor Maior, que se manifestará vencedor na madrugada da Ressurreição. Ao fazer memória da bem-aventurada paixão do Senhor, a Igreja comemora o seu próprio nascimento do lado de Cristo na cruz (cf. PCFP, 58). A leitura da paixão segundo João é a parte mais importante da celebração deste dia. Exalta a vitória do Cristo o servo sofredor anunciado por Isaías 52,13-53,12 que fez da sua vida uma oferenda de amor até o fim (Hebreus 4,14-16;5,6-7).
Para a Oração pessoal
a) Os Ofícios da manhã e do meio-dia celebrados na igreja despojada [não na capela da reposição] e a solene celebração da tarde em si já oferecem uma experiência contemplativa do Mistério celebrado neste dia.
b) Esta contemplação pode ser prolongada depois de cada celebração, repassando no coração a Palavra e meditando em silêncio.
3) Em algum momento do dia, ler com calma, o texto que segue sobre o sentido espiritual deste grande dia em seu duplo mistério:[5]
[…]. A Igreja primitiva chamava a este dia “A Páscoa da Cruz,” porque ele é de fato o começo desta Páscoa ou Passagem cujo sentido nos será revelado progressivamente; primeiro na paz do grande e santo Sabbat, depois na alegria do dia da Ressurreição.
Mas antes, as trevas. Se ao menos pudéssemos compreender que as trevas da Sexta-feira Santa não são puramente simbólicas e comemorativas! É muito frequentemente com o sentimento de nossa própria justiça e de nossa própria integridade que contemplamos a tristeza solene destes ofícios. Há dois mil anos, sim, homens “maus” mataram o Cristo, mas hoje nós — o bom povo cristão — levantamos suntuosos túmulos em nossas igrejas; não é esta a prova da nossa justiça? E, no entanto, a Sexta-feira Santa não concerne somente ao passado. É o dia do Pecado, o dia do Mal, o dia no qual a Igreja nos ensina a aprender a terrível realidade do pecado e seu poder no mundo. Pois o pecado e o mal não desapareceram: ao contrário, permanecem a lei fundamental do mundo e de nossa vida. Nós que nos dizemos cristãos não entramos frequentemente nesta lógica do mal que conduziu o Sinédrio e Pilatos, os soldados romanos e toda a multidão a detestar, torturar e matar o Cristo? De que lado nós teríamos ficado se tivéssemos vivido em Jerusalém no tempo de Pilatos? Esta é a pergunta que nos é feita por cada uma das palavras do ofício de Sexta-feira Santa. É de fato “o dia deste mundo,” de sua condenação real e não somente simbólica, e do julgamento real e não somente ritual, de nossa vida. . . É a revelação da verdadeira natureza do mundo que preferiu então e continua a preferir as trevas à luz, o pecado ao bem, a morte à vida. E condenando o Cristo à morte “este mundo” condenou-se a si mesmo à morte, e na medida em que aceitamos seu espírito, seu pecado e sua traição a Deus, estamos também condenados. . . Este é o primeiro significado, terrivelmente realista, da Sexta-feira Santa: uma condenação à morte…
No entanto, este dia do Mal cuja manifestação e triunfo estão em seu paroxismo, é também o dia da Redenção. A morte do Cristo nos é revelada como uma morte salvífica para nós e para nossa salvação. […] O Cristo dá sua morte a seu Pai e no-la dá também. Ele a dá a seu Pai porque não há outro meio de destruí-la e libertar a humanidade dela; ora, é a vontade do Pai que os homens sejam salvos da morte. O Cristo nos dá sua morte porque na verdade é em nosso lugar que Ele morre. A morte é o fruto natural do pecado, um castigo iminente. O homem escolheu não mais estar em comunhão com Deus, porém como ele não tem a vida nele mesmo e por ele mesmo, morre. Em Jesus Cristo, entretanto, não há pecado, logo não há morte. É somente por amor a nós que ele aceita morrer; Ele quer assumir e compartilhar de nossa condição humana até o fim. […] Sua morte é então a revelação suprema de sua compaixão e de seu amor. […] A condenação é transformada em perdão.
[…] E enquanto o Cristo avança silenciosamente para a Cruz e para seu fim, quando a tragédia humana está em seu apogeu, seu triunfo, sua vitória sobre o mal e sua glorificação, aparecem progressivamente em luz plena. A cada passo esta vitória é reconhecida, confessada, proclamada: pela mulher de Pilatos, por José, pelo bom ladrão, pelo centurião. Quando ele morre na cruz, tendo aceito o supremo horror da morte, a solidão absoluta (Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?)” não resta senão confessar: “Verdadeiramente este homem era o filho de Deus!” Assim esta morte, este amor e esta obediência, esta plenitude de vida destroem aquilo que faz da morte o destino universal. “E os túmulos foram abertos” (Mt 27:52). Já aparecem os primeiros clarões da Ressurreição…
Este é o duplo mistério desta grande Sexta-feira; os ofícios deste dia nô-lo mostram e nos fazem participar dele. De um lado, eles insistem constantemente sobre a Paixão do Cristo enquanto pecado de todos os pecados, crime de todos os crimes. […] Por outro lado, encontramos desde o começo do ofício o segundo aspecto do mistério deste dia: o do sacrifício de amor que prepara a vitória final. […]
SÁBADO SANTO – Segundo dia do Tríduo
O que celebramos:
– No Sábado Santo, “a Igreja permanece junto ao sepulcro do Senhor, meditando sua paixão e morte, a sua descida à mansão dos mortos, e esperando na oração e no jejum a sua ressurreição” (PS 73); ela abstém-se absolutamente do sacrifício da Missa, o altar foi desnudado (Missal Romano). O foco é a sepultura do Senhor, certificação de sua morte, pertencente à forma mais antiga da fé: ‘Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras’ (1Cor 15,3-4). Na liturgia ressoa o convite: “Cristo por nós padeceu, morreu e foi sepultado: vinde todos, adoremos!”
Para a Oração pessoal
O sábado santo é o segundo dia do tríduo, carrega em si um aspecto fundamental do mistério pascal do Senhor. Mesmo tendo de cuidar dos preparativos da grande vigília na noite pascal, é importante é importante consagrar algum momento à oração comunitária e pessoal. A Liturgia das Horas e a sua versão inculturada, o Ofício Divino das Comunidades, oferecem as orações para esse segundo dia do Tríduo. A insistência é que se celebre com o povo o Ofício de Leituras na madrugadinha e a Oração da manhã [ou ofício da manhã e do meio dia]. Tais ofícios celebrados na igreja despojada [não na capela da reposição] oferecem um ambiente contemplativo de vigilância, como as mulheres portadoras dos perfumes [miróforas] à espera da madrugada.
a) Esta contemplação pode ser prolongada depois de cada ofício, repassando no coração a Palavra e fazendo silêncio em atitude de vigilância.
b) Além disso é importante reservar um tempo pessoal em algum momento do dia, para a oração silenciosa e para a leitura espiritual. Sugerimos os seguintes textos: Os relatos evangélicos referentes aos sepultamento de Jesus: João 19,38-42 e Lucas 23,50-56 [ver também Mateus 27,56-61 e ; Marcos 15,42-47].
c) Textos sobre o sentido espiritual do sábado santo:
Alexandre Schmémann, Olivier Clément [padres da Igreja Oriental]:
O ‘grande e santo Sabbat’ é o dia que liga a Sexta-Feira santa, à comemoração da Cruz, ao dia da Ressurreição. Para muitos, a verdadeira natureza e o sentido desta ligação, a necessidade real deste dia intermediário, permanece obscura. Para a grande maioria daqueles que vão à igreja, os dias “importantes” da grande semana são a Sexta-feira e o Domingo, a Cruz e a Ressurreição. Estes dois dias, entretanto, ficam de alguma forma distintos. Há um dia de tristeza e depois um dia de alegria. Nesta sucessão, a tristeza é simplesmente substituída pela alegria. Mas segundo o ensinamento da Igreja, expresso na sua tradição litúrgica, a natureza desta sucessão não é uma simples substituição. A Igreja proclama que o Cristo “venceu a morte pela morte”; isto quer dizer que, antes mesmo da ressurreição, coloca-se um acontecimento no qual a tristeza não é simplesmente substituída pela alegria, mas ela própria é transformada em alegria. O grande Sábado é precisamente este dia de transformação, o dia em que a vitória germina de dentro mesmo da derrota, uma vez que antes da ressurreição nos é dado contemplar a morte da própria morte. . . E tudo isso é expresso – mais ainda, tudo isso é realmente atualizado – a cada ano, neste maravilhoso ofício matinal, na comemoração litúrgica que se torna para nós um “presente” salvador e transformador.
Bento XVI [2/5/2010]:
O Sábado Santo é aquele intervalo único e irrepetível na história da humanidade e do universo em que Deus, em Jesus Cristo, compartilhou não só nosso morrer, mas também nosso permanecer na morte. A solidariedade mais radical. Todos temos sentido alguma vez uma sensação espantosa de abandono. Isto é o que mais tememos da morte. Como os meninos, nos dá medo ficarmos sozinhos na escuridão. Só a presença de uma pessoa que nos ama nos dá segurança. Pois bem, isto é o que ocorreu no Sábado Santo: no reino da morte ressoou a voz de Deus. Aconteceu o inimaginável: que o Amor penetrou “nos infernos”: na obscuridade extrema da solidão humana mais absoluta. Também nós podemos escutar a voz que nos chama e a mão que nos toma e nos tira para fora. O ser humano vive porque é amado e pode amar. E se no espaço da morte penetrou o amor, então chegou ali a vida. Na hora da extrema solidão, nunca estaremos sozinhos.
Padre Adroaldo Palaoro:
O silêncio de Deus deve ser respeitado, pois a Deus lhe dói a morte de seus fiéis (Sl. 116,15): o Pai não estará fazendo luto por seu Filho e por suas criaturas? Não será que o silêncio do Sábado Santo supõe o direito de Deus se calar? Quê Deus não tem direito de guardar silêncio? Quem somos nós para exigir de Deus que nos esteja falando continuamente? Se não oramos a partir desse silêncio, é porque ainda não mergulhamos no mistério do Amor compassivo. […] O Pai está de luto; toda a natureza, em silêncio, acolhe a semente do Corpo do Verbo, na esperança de germinar Vida plena. O Sábado Santo, portanto, não é o mutismo de Deus, mas seu Silêncio, ou seja, a ação oculta de Deus estendida no tempo; morte e ressurreição são simultâneas no presente de Deus, mas no acontecer humano só podem ser sucessivas.
Antiga Homilia no grande Sábado Santo [(s. IV), lido do ofício das leituras]:
Que está acontecendo hoje? Um grande silêncio reina sobre a terra. Um grande silêncio e uma grande solidão. Um grande silêncio, porque o Rei está dormindo; a terra estremeceu e ficou silenciosa, porque o Deus feito homem adormeceu e acordou os que dormiam há séculos. Deus morreu na carne e despertou a mansão dos mortos.
Ele vai antes de tudo à procura de Adão, nosso primeiro pai, a ovelha perdida. Faz questão de visitar os que estão mergulhados nas trevas e na sombra da morte. Deus e seu Filho vão ao encontro de Adão e Eva cativos, agora libertos dos sofrimentos.
O Senhor entrou onde eles estavam, levando em suas mãos a arma da cruz vitoriosa. Quando Adão, nosso primeiro pai, o viu, exclamou para todos os demais, batendo no peito e cheio de admiração: “O meu Senhor está no meio de nós”. E Cristo respondeu a Adão: “E com teu espírito”. E tomando-o pela mão, disse: “Acorda, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará.
Eu sou o teu Deus, que por tua causa me tornei teu filho; por ti e por aqueles que nasceram de ti, agora digo, e com todo o meu poder, ordeno aos que estavam na prisão: ‘Saí!’; e aos que jaziam nas trevas: ‘Vinde para a luz!’; e aos entorpecidos: ‘Levantai-vos!’
Eu te ordeno: Acorda, tu que dormes, porque não te criei para permaneceres na mansão dos mortos. Levanta-te dentre os mortos; eu sou a vida dos mortos. Levanta-te, obra das minhas mãos; levanta-te, ó minha imagem, tu que foste criado à minha semelhança. Levanta-te, saiamos daqui; tu em mim e eu em ti, somos uma só e indivisível pessoa.
Por ti, eu, o teu Deus, me tornei teu filho; por ti, eu, o Senhor, tomei tua condição de escravo. Por ti, eu, que habito no mais alto dos céus, desci à terra e fui até mesmo sepultado debaixo da terra; por ti, feito homem, tornei-me como alguém sem apoio, abandonado entre os mortos. Por ti, que deixaste o jardim do paraíso, ao sair de um jardim fui entregue aos judeus e num jardim, crucificado. […]
Adormeci na cruz e por tua causa a lança penetrou no meu lado, como Eva surgiu do teu, ao adormeceres no paraíso. Meu lado curou a dor do teu lado. Meu sono vai arrancar-te do sono da morte. Minha lança deteve a lança que estava dirigida contra ti.
Levanta-te, vamos daqui. O inimigo te expulsou da terra do paraíso; eu, porém, já não te coloco no paraíso mas num trono celeste. O inimigo afastou de ti a árvore, símbolo da vida; eu, porém, que sou a vida, estou agora junto de ti. Constituí anjos que, como servos, te guardassem; ordeno agora que eles te adorem como Deus, embora não sejas Deus.
Está preparado o trono dos querubins, prontos e a postos os mensageiros, construído o leito nupcial, preparado o banquete, as mansões e os tabernáculos eternos adornados, abertos os tesouros de todos os bens e o reino dos céus preparado para ti desde toda a eternidade”.
O DOMINGO DA RESSURREIÇÃO – Terceiro dia do Tríduo
Domingo da Páscoa na Ressurreição, “máxima solenidade do ano litúrgico” (PSL, 148).
A primeira celebração deste domingo maior é a Vigília Pascal,Mãe de todas as Vigílias da Igreja.
O que celebramos:Nesta NOITE os nossos pais e mães passaram pelas águas do Mar Vermelho livres da escravidão. Foi nesta noite que Jesus rompeu o inferno, e tornou para nós o novo Adão e a própria noite, e tão só ela, soube a hora em que Cristo ressurgiu da morte. Nesta noite, também nós passamos pelas águas batismais da Páscoa e renovamos o que professamos.
Para a oração pessoal – Lectio das leituras da Liturgia da Palavra[6]
a) Ler com atenção cada uma das 7 leituras, liturgia diária, ou no missal. Prestar atenção nas palavras que chamam a nossa atenção…
b) Ler a oração, buscando perceber a conexão que esta faz da leitura com o batismo
c) Por último ler a leitura da carta aos Romanos e o relato da ressurreição segundo Marcos
1ª Leitura de Gn 1,1-2,2; ou 1,1.26-31 – sobre a criação
Oração: Deus eterno e todo-poderoso,que dispondes de modo admirável todas as vossas obras, dai aos que forem resgatados pelo vosso Filho a graça de compreender que o sacrifício do Cristo, nossa Páscoa, na plenitude dos tempos, ultrapassa em grandeza a criação do mundo realizada no princípio. Por Cristo, nosso Senhor.
2ª Leitura de Gn 22,1-18 sobre o sacrifício de Abraão
Oração: Ó Deus, Pai de todos os fiéis, vós multiplicais por toda a terra os filhos da vossa promessa, derramando sobre eles a graça da filiação e, pelo mistério pascal, tornais vosso servo Abraão pai de todos os povos, como lhe tínheis prometido. Concedei, portanto, a todos os povos a graça de corresponder ao vosso chamado. Por Cristo, nosso Senhor.
3ª Leitura de Ex 14,15-15,1 sobre a passagem do mar Vermelho
Oração: Ó Deus, vemos brilhar ainda em nossos dias as vossas antigas maravilhas. Como manifestastes outrora o vosso poder, libertando um só povo da perseguição de Faraó, realizais agora a salvação de todas as nações, fazendo-as renascer nas águas do batismo. Concedei a todos os seres humanos tornarem-se filhos de Abraão e membros do vosso povo eleito. Por Cristo, nosso Senhor.
4ª Leitura de Is 54,5-14 sobre a nova Jerusalém:
Oração: Deus eterno e todo-poderoso, para a glória do vosso nome, multiplicai a posteridade que prometestes aos nossos pais, aumentando o número dos vossos filhos adotivos. Possa a Igreja reconhecer que já se realizou em grande parte a promessa feita a nossos pais, da qual jamais duvidaram. Por Cristo nosso Senhor.
5ª Leitura de Is 55,1-11 sobre a “salvação oferecida a todos gratuitamente”
Oração: Deus eterno e todo-poderoso, única esperança do mundo, anunciastes pela voz dos profetas os mistérios que hoje se realizam. Aumentai o fervor do vosso povo, pois nenhum dos vossos filhos conseguirá progredir na virtude sem o auxílio da vossa graça. Por Cristo, nosso Senhor.
6ª Leitura de Br 3,9-15.31-4,4 sobre “a fonte da sabedoria”
Oração: Ó Deus, que fazeis vossa Igreja crescer sempre mais chamando todos os povos ao Evangelho, guardai sob a vossa proteção os que purificastes na água do batismo. Por Cristo, nosso Senhor.
7ª Leitura de Ez 36,16-28 – sobre “um coração novo e um espírito novo”:
Oração: Ó Deus, força imutável e luz inextinguível, olhai com bondade o mistério de toda a vossa Igreja e conduzi pelos caminhos da paz a obra da salvação que concebestes desde a eternidade. Que o mundo todo veja e reconheça que levanta o que estava caído, que o velho se torna novo e tudo volta à integridade primitiva por aquele que é princípio de todas as coisas. Por Cristo, nosso Senhor.
8ª Leitura de Rm 6,3-11– o nosso batismo na morte de Cristo
9. Evangelho de Marcos 16,1-7
A segunda celebração é a do dia da ressurreição,
O que celebramos:
O domingo da ressurreição é celebrado com grande solenidade (PS 97) o dia que o Senhor fez para nós.
Para a oração pessoal:
a) Fazer a Leitura orante do evangelho de João 20,1-18: não só a trecho indicado para este dia [1-10], mas até o versículo 18, que inclui o encontro com Madalena, a discípula amada.
b) Em algum momento do dia, ler com calma, o texto que segue sobre o sentido espiritual deste grande:
Alexandre Schmémann, Olivier Clément [padres da Igreja Oriental]:
Na Páscoa os esponsais são consumados. No Ressuscitado é a humanidade inteira, e o cosmos, que se acham secretamente recriados, transfigurados. Em sua hipóstase divina, portanto perfeita, e pela qual nada de exterior pode existir, o Cristo, através de uma comunhão sem limites, assume todo ser criado e o arrebata em sua ressurreição. […]
Em Cristo sempre vivo e presente no Espírito, cada um de nós morre e ressuscita: “Ontem, eu estava enterrado contigo, ó Cristo; hoje eu acordo contigo, ó Ressuscitado; Salvador, glorifica-me contigo em teu Reino.” A Ressurreição tem um alcance cósmico pois o corpo engloba secretamente o cosmos inteiro. Por isso o universo é chamado a rejubilar-se após ter tremido de um horror sagrado diante da Paixão e do enterro de seu Criador. “Que todo o universo esteja em festa, toda a terra… pois ele ressuscitou, o Cristo, alegria eterna.”
[…] Doravante a vida e a luz nos chegam mesmo pela morte e por todas as situações de morte de nossa existência se as “configuramos” na fé na cruz do Cristo sobre a qual ele venceu a morte. Por isso o mártir é o mais elevado estado místico do cristianismo. […] Não somente a morte está repleta de luz, como também o inferno: “Agora tudo está repleto de luz: o céu, a terra e o inferno.” Deus é tudo em todos. A apocatastase (a salvação universal) é oferecida à humanidade.
Não é, pois, de se impressionar que esses textos tenham fortes ressonâncias escatológicas: a luz da Páscoa é a mesma da Parusia. A Páscoa já é o Oitavo dia em que se inaugura a luz sem declínio. É o “dia do Senhor,” no sentido escatológico de que se reveste esta expressão na Bíblia: “É agora o dia insigne e santo, único nas semanas, o rei e o Senhor dos dias, a festa das festas.” […] O mundo só existe através das existências pessoais: sua transfiguração escatológica, inaugurada em Cristo, deve ser decifrada, assumida, reinventada e difundida pela comunhão dos santos, até que ela tenha atingido seu “pleroma,” conforme uma medida que não é a da história “objetiva,” mas a de Deus.
No Espírito Santo, a luz pascal, vida do Ressuscitado, nos é comunicada pela eucaristia que constitui a Igreja, que a funda sobre o “mistério pascal”: “Vinde, neste dia da Ressurreição, comungar o fruto novo da vinha, a alegria divina, a realeza do Cristo.” Uma vez que a eucaristia nos incorpora ao Ressuscitado, nós podemos, pouco a pouco, por uma ascese de vigilância, nos acordarmos para nossa ressurreição no Ressuscitado, de modo que nós contemplamos conscientemente nossa reunião com ele. […] “Vigiemos até o final do dia; em lugar da mirra, ofereçamos um hino ao Senhor e nós veremos o Cristo, Sol de Justiça, fazer brotar a vida para todos.”
[4]Ao longo da Idade Média, em consequência da decadência de toda a liturgia da Igreja, o tríduo pascal passou por tal deformação que o domingo da páscoa já não contava como parte do Tríduo [considerado como tal a quinta, a sexta e o sábado]. O sábado da sepultura desapareceu do horizonte espiritual da Igreja e tomou o lugar do domingo, denominado “Sábado de Aleluia”. Por isso, o papa Pio XII (1876-1958), incentivado pelo movimento litúrgico propôs Reforma da Vigília pascal [1951] a da semana santa [1955]. Entre outras coisas estabeleceu a hora da missa vespertina da ceia do Senhor [não antes das 17 horas] bem como a hora da vigília, de preferência depois da meia noite de sábado para o domingo. Com isto se restabelecia os dias do tríduo pascal: sexta da paixão, sábado da sepultura e domingo da Ressurreição, com seu solene início na noite da quinta [que na contagem da liturgia já pertence ao dia seguinte]. O dia da Quinta-feira santa, portanto, pertente à quaresma, não ao tríduo.
De 3 a 29 de junho, nós, Pias Discípulas do Divino Mestre estamos em Camaldoli, Itália, para o nosso 10º Capítulo Geral que tem escopo eletivo. Hoje, 21 de junho de 2023,o 10° Capítulo Geraldas Pias Discípulas do Divino Mestre elegeu Ir. M. Bernardita Meráz Sotelo, Superiora Geral do Institutopelo sexênio 2023 – 2029.
Ir. M. Bernardita Meráz Sotelo nasceu em 27 de fevereiro de 1958 em El Molino Namiquipa, província de Chihuahua, no Mexico. É Pia Discípula do Divino Mestre desde 25 de março de 1977. Ela é formada em Psicologia (1991/1995), tem mestrado em Terapia Gestalt (2005) e um diploma em Pastoral Vocacional.
Atualmente exercia seu apostolado como Diretora do programa kairos, acompanhando padres e religiosas em terapia e diagnóstico; e formadora das junioristas. Anteriormente foi Superiora Regional, Superiora Provincial e Visitadora Apostólica do Dicastério para Institutos de Vida Consagrada e Sociedade de Vida Apostólica.
Ir. M. Bernardita Meráz Sotelo será a primeira Superiora Geral das Pias Discípulas do Divino Mestre que não é italiana. Agradecemos a Ir. M. Micaela Monetti pelo seu serviço gratuito à frente da nossa congregação nestes últimos seis anos. Nossa prece e comunhão com o governo que cessa e com as Irmãs que assumirão.
10º Capítulo Geral
No dia 3 de junho, o Oásis Divino Mestre, em Camaldoli, Itália, foi colorido pelos rostos de todas as Irmãs vindas de diversas partes do mundo. Antes, tivemos uma belíssima Celebração Eucarística, na Igreja Divino Mestre, na Via Portuense. A celebração foi presidida pelo Cardeal Angelo de Donatis. Ele enfatizou que o discernimento é um dom da graça e o colírio para abrir nossos olhos e ver as maravilhas que Deus realiza é o Espírito Santo.
De 4 a 7 de junho, fizemos os exercícios espirituais acompanhados, com grande paixão, pela Ir. Elena Bosetti, jbp. Foi uma verdadeira imersão nas Sagradas Escrituras, seguindo o tema «Nos passos do Mestre… elas encontraram, acolheram e anunciaram Jesus». E assim, por meio das mulheres do Evangelho, experimentamos a beleza do seguimento e do anúncio.
A abertura dos trabalhos do Capítulo ocorreu na tarde do dia 8 de junho quando fomos chamadas pelo nome, o qual respondemos “eis-me aqui”. Após isto, assinatura atestou nossa legítima participação no 10º Capítulo Geral. Entramos na sala capitular em procissão, seguindo a Palavra. Na sala foram feitos os procedimentos formais, como aprovação do Regulamento e do Calendário, a nomeação dos serviços e das várias comissões.
A facilitadora que acompanha o nosso Capítulo é a Ir. Marian Murcia, do Instituto Sagrada Família, em Bordeaux, com quem nos detivemos em uma reflexão envolvente sobre o discernimento espiritual do Capítulo. A Ir. Marian nos lembrou que “o mesmo Espírito que inspirou nosso fundador está agindo nos corações dos membros da Congregação reunidos aqui em Camaldoli, mas também nos corações de todas as nossas irmãs que estão em casa, enquanto passamos por essa experiência “formal” do Capítulo”. Temos certeza que isto as alegrará e as farão sentir ainda mais em comunhão. «O discernimento que somos chamadas a viver exige que cada irmã esteja verdadeiramente preocupada com o bem do todo, com a vitalidade da Congregação e com sua missão hoje».
Entendemos que a palavra-chave é JUNTAS. Já estamos vivendo-a na oração litúrgica simples e rica, nos momentos de convívio, na escuta, no diálogo e no conhecimento mútuo das diferentes realidades da Congregação. O Espírito Santo, como um diapasão, nos deu o «la»… cabe agora a nós afinarmos para uma sinfonia maravilhosa.
De 9 a 11 de junho, fizemos uma viagem virtual visitando a realidade da Congregação espalhada pelos cinco continentes: a grande África (Burkina Faso, República Democrática do Congo e República do Congo), a imensa Ásia (Filipinas/Taiwan/Hong Kong, Coreia do Sul, Japão, Índia), a promissora Oceania (Austrália), a atribulada Europa (Itália, Vaticano, França, Polônia, Espanha, Portugal, Ucrânia, República Tcheca), as duasAméricas (México, Chile, Venezuela, Colômbia/Equador, Argentina, Brasil, Irlanda/Estados Unidos, Canadá).
Uma grande viagem caracterizada pela diversidade, riqueza de línguas, culturas, recursos humanos, espirituais e econômicos… tantas peças formando um único mosaico na comunhão de um único corpo. Essa grande viagem, porém, não foi apenas virtual, mas também vivida no conhecimento mútuo entre as irmãs que, nesta assembleia sinodal, representam todas as Circunscrições da Congregação.
Chegamos à conclusão de que estamos todas no mesmo barco: embora atravessemos as ondas na tempestade da vida e da missão, no barco, conosco, está Jesus, o Mestre ressuscitado, e por isso não temos medo de afundar, a fé confirma que com Ele o barco chegará à margem. As páginas da nossa história, da nossa vocação, da missão nos cinco continentes são feitas de luz e sombra, de sol e chuva (assim como o clima de Camaldoli que nos acompanha nestes dias). É a história das abundantes riquezas da graça derramadas sobre toda a família, uma bela história que nos faz cantar o Magnificat com alegria e o Miserere com humildade.
A oração na Sala Capitular, pela manhã, é animada a cada dia pelas irmãs de uma Circunscrição diferente; todas se expressam com simplicidade e criatividade. À tarde, antes de começar o trabalho, assistimos e ouvimos, com profunda emoção e gratidão, as histórias das irmãs que foram pioneiras nas fundações em todo o mundo, por meio das histórias em vídeo preparadas para o Centenário que estão no nosso site: https://www.pddm.org/-100anni/visual-story-telling/.
Na segunda-feira, 12 de junho, nos dedicamos a ler e compartilhar o relatório institucional apresentado por Ir. M. Micaela Monetti, do qual compartilhamos aqui um trecho: «O 10º Capítulo Geral nos oferece a oportunidade de ouvir, diretamente das delegadas, as diversas vozes da polifonia da Congregação que, na peculiaridade de cada circunscrição, manifestam a unidade da missão: ser, naquela porção do povo fiel de Deus da qual fazemos parte nas diversas nações e culturas, uma presença viva e atuante para que Jesus Mestre seja conhecido, amado e seguido, e em todos os lugares se elevem louvores a Deus, na beleza e na verdade».
No dia seguinte, 13 de junho, foi a vez de Ir. M. Giovanna Colombo apresentar o relatório econômico-administrativo da Congregação. Foi uma leitura realista da situação dos últimos seis anos, marcados pela pandemia e pela guerra na Ucrânia e em outras partes do mundo, pela pobreza e pelas situações sociais em vários países. É um chamado à responsabilidade e à solidariedade em relação ao mundo inteiro. “As dificuldades econômicas e sociais – que certamente existem, e nos últimos anos ainda mais – não nos impedem de reconhecer o belo e o bom que acontece em nossas comunidades e ao nosso redor, apesar de tudo. Juntas, peçamos ao Bem-aventurado Tiago Alberione e à Madre M. Escolástica Rivata que nos obtenham do Divino Mestre um grande coração para acolher o grito de uma humanidade que tem fome e sede de Deus, especialmente nesta hora sombria da história, nos dê a coragem de nos doarmos totalmente à Sua causa, a humildade de reconhecer os nossos erros, a força para recomeçar através da experiência e do cansaço de cada dia. Mas, acima de tudo, pedimos para fortalecer a comunhão entre as diferentes Circunscrições e comunidades, o que nos faz sentir unidos no amor do Pai, do Filho e do Espírito Santo».
Há tempo suficiente para compartilharmos a vida, seja nos grupos de idiomas variados ou no salão, todas juntas, ecoando o que está sendo refletido ou as inspirações que o Espírito sugere a cada uma para o bem de todo o corpo. Nós nos envolvemos em um diálogo animado com muita liberdade, escuta, respeito mútuo e ritmado por horários precisos que nossa facilitadora marca para nós.
Isso, que podemos considerar uma segunda etapa de nosso trabalho capitular, terminou em 13 de junho, com a celebração da reconciliação. Vivemos esse momento litúrgico na capela, seguindo o subsídio preparado para o centenário, pedindo e oferecendo sinceramente perdão mutuamente e nos reconciliando com o abraço da paz: « Lembre-se, porém, de todo o caminho que Javé seu Deus fez você percorrer durante quarenta anos no deserto, a fim de o humilhar e o colocar à prova, para conhecer suas intenções: será que você iria observar os mandamentos dele ou não? » (Dt 8,2).
Fase Iluminativa
No dia 14 de junho, iniciamos uma nova etapa de nosso trabalho capitular: a «fase iluminativa». Essa fase compreendeu dois dias: o primeiro foi conduzido pelo Pe. Mario Oscar Llanos, sdb, professor da Universidade Pontifícia Salesiana, especializado em pedagogia e pastoral vocacional. Ele abordou o seguinte tema: «Para que a formação integral se torne uma fonte de beleza», com o objetivo de responder às perguntas: «O que significa hoje viver uma formação integral? E quais são as maneiras específicas pelas quais a formação integral pode se tornar uma fonte de beleza?». A partir dessas perguntas, o Pe. Mário desenvolveu seu relatório, intercalado com a partilha da assembleia.
Concluímos esse momento de reflexão com Maria e Isabel, mulheres do encontro: « Hoje, com quem quero compartilhar a beleza de minha humanidade, para saltarmos juntas nas profundezas de nosso ser e agradecermos ao Senhor pelas obras que Ele realiza? Em que base construo meus relacionamentos? Deus pede nossa colaboração para uma sociedade fundada no amor, começando pelas pequenas coisas».
O segundo dia desta fase iluminativa foi marcado pela cor paulina. O pe. Don Bogusław Zeman, vigário geral dos Padres e Irmãos Paulinos, nos falou sobre: «A complementaridade na missão da Família Paulina». Este tema avivou nosso interesse, uma vez que toca não apenas a realidade da missão, mas a própria identidade da Família Paulina. O fato de chamarmos e sermos «Família Paulina» é uma das características essenciais do carisma paulino. Pe. Bogusław nos convidou a refletir, em primeiro lugar, sobre o significado da palavra «complementaridade», depois a buscar essas características em nossa história como Família, no legado que nos foi deixado pelo Bem-aventurado Tiago Alberione e, finalmente, na complementaridade da Família Paulina em sua missão hoje. Referindo-se ao versículo de Gn 2,23, concluiu com um encorajamento que é também uma sensibilização: « Vocês são ossos dos meus ossos, carne da minha carne. Preciso de vocês para viver e cumprir minha missão».
No dia 16 de junho, com grande alegria, nos permitimos um dia de visita/peregrinação em Siena, seguindo os passos de Santa Catarina. Nossa guia em Siena foi a Ir. M. Regina Cesarato, que nos deu uma amostra da beleza dessa cidade medieval. Retornamos a Camaldoli, agradecendo ao Senhor por nos favorecer um dia ensolarado. Neste link: https://www.pddm.org/10-capitolo-generale/galleria/, vocês podem ver algumas fotos.
Nos dias 17 e 18 de junho, nosso calendário incluiu a leitura, aprofundamento e partilha sobre o «Instrumento de Trabalho». Assim continua, para esta Assembleia capitular, o processo de discernimento que olha para toda a Congregação, para a Igreja, sociedade e todo o criado, realidades caracterizadas por desafios e mudanças de época.
O Instrumento de Trabalho que temos em nossas mãos nestes dias é fruto da reflexão de cada comunidade de toda Congregação. A Comissão Preparatória do X Capítulo Geral recolheu todas as contribuições das Circunscrições e estas se tornaram as estrelas da manhã que, brilhando intensamente, estão guiando o discernimento capitular. O método de discernimento é o da conversação espiritual, aprendida no caminho sinodal eclesial.
O Espírito Santo que sopra sobre nós e faz novas todas as coisas, graças também à vossa oração, nos guia para identificar os chamados que Deus sabiamente traçou para nós, para sermos as mulheres do Evangelho, discípulas/apóstolas do Mestre Ressuscitado, chamadas a viver a beleza do Encontro e a testemunhar a alegria de um envio para o mundo de hoje.
O Papa Francisco, há quase um ano, brindou a Igreja com a Carta Apostólica Desiderio Desideravi sobre a formação litúrgica do Povo de Deus. Com ela, o pontífice concedeu-nos uma leitura teológico-espiritual da Constituição litúrgica Sacrosanctum Concilium, cujo aniversário de 60 anos estamos prestes a celebrar no próximo 04 de dezembro. Compreendendo Desiderio Desideravi como uma retomada do caminho conciliar, os benefícios para a pastoral litúrgica são certamente inúmeros.
A Constituição sobre a sagrada Liturgia Sacrosanctum Concilium relança a celebração do Mistério de Cristo como fonte da genuína espiritualidade cristã. Ao reconhecer a Liturgia como forma ritual da Revelação, situa-a como constitutiva do evento pascal, inerente ao Mistério de Cristo e da Igreja. Sacrosanctum Concilium nos faz perceber que os ritos e preces não são mero adorno ou acréscimo ao Mistério Pascal com finalidade pedagógica, mas mostra-a como a atividade mais excelente, embora não única, dentre as ações pastorais da Igreja.
Em Desiderio Desideravi o Papa Francisco medita sobre os grandes temas da Constituição litúrgica à luz da reforma litúrgica nela instituída. Mais de meio século após sua promulgação, propõe-nos redescobrir a beleza da verdade da Liturgia que, precisamente, reside em ser a mediação para o encontro com o Senhor. O faz ressaltando a linguagem simbólica e a ação ritual interpretadas teologicamente na perspectiva da encarnação do Verbo, “método que a Trindade escolheu para abrir o caminho de comunhão até nós” (DD 10).
No ano em que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil disponibiliza para todos os fiéis a tradução da terceira edição típica do Missal Romano, após aproximadamente duas décadas de muito trabalho, a Semana de Liturgia quer ser ocasião de festa. Animados na recepção do grande monumento da oração cristã e uma das obras mais emblemáticas da reforma litúrgica que em breve estará nas mãos das comunidades de nosso país, o Centro de Liturgia e a Rede Celebra prepararam juntos um percurso formativo que buscará evidenciar como a Liturgia renovada pelo Concílio Vaticano II fez-se de fato fonte de vida para a Igreja.
I. DATA:
16 a 20 de outubrode 2023 (segunda a sexta-feira).
Início: 12h com o almoço do dia 16/10.
Término: 12h com o almoço do dia 20/10.
* Tendo em vista a metodologia da Semana de Liturgia compreende-se que a participação em tempo integral é indispensável.
· Diária do quarto individual R$312,00 x 4 diárias e ½: 1.404,00 (Um mil, quatrocentos e quatro reais).
• Diária do quarto duplo R$280,00 por pessoa x 4 diárias e ½: 1.260,00 (Um mil, duzentos e sessenta reais).
• Diária do quarto triplo R$248,00 por pessoa x 4 diárias e ½: 1.116,00 (Um mil, cento e dezesseis reais).
Para esse período será cobrado 4 diárias e ½
Pagamentos:
· Pagamento da Hospedagem direto com o Mosteiro de Itaici no período de 20/09 a 07/10/2023. (Não receberão pagamentos antes e nem posterior a data estipulada).
Forma de pagamento da hospedagem:
Via PIX, transferência bancária ou depósito.
– Dados para Transferência Bancária:
Razão Social: Associação Nobrega de Educação e Assistência Social (CNPJ 33.544.370/0035-98).
Banco Itaú – Agência 6260 – Conta Corrente 01573-7
– Chave PIX: 33.544.370/0035-98 (CNPJ)
* (Inscrições sem pagamento até o dia 07/10 serão canceladas).
* A nota será emitida em nome do pagador.
* Pagamento de mais de um inscrito, deve ser informado a quem se refere o pagamento.
* A confirmação da hospedagem será realizada mediante o envio do comprovante de pagamento para o e-mail: financeiro@itaici.org.br
· Desistência/cancelamento serão aceitas até o dia 10/10/2023, após essa data será cobrado o percentual de 30% do valor total pago referente a taxa administrativa.
Participantes com restrições alimentares devem informar no momento da inscrição.
• Estão dispostos dentro do quarto: Por cama 02 lençóis, 01 travesseiro, 01 cobertor, 01 toalha de banho e 01 toalha de rosto
C – COMO CHEGAR:
· Aeroporto Internacional Viracopos – Campinas: é o aeroporto mais próximo do Mosteiro de Itaici. Segundo informações obtidas através do Google Maps o trajeto é de 17,3km, 22 min (aprox) de carro. Segundo informações da casa de encontros o mais comum é fazer este trajeto por meio de táxi e/ou aplicativos de mobilidade urbana (Uber, 99pop, etc).
· Campinas-Indaiatuba: transitar pela Rod. SP-75 até chegar a Saída 57-C e Sorocaba-Indaiatuba, Saída 55-A, saindo na Av. Cel. Antonio Estanislau do Amaral / Estr. Municipal Indaiatuba-Itupeva / Rod. José Boldrini. Manter-se nesse percurso até passar a ponte do Rio Jundiaí. A entrada fica à direita em frente a E.E. Joaquim Pedroso de Alvarenga.
· São Paulo-Indaiatuba: transitar pela Rod. dos Bandeirantes até a Saída 88. Fazer o contorno no pontilhão entrando para a Rod. SP-75. Manter-se no percurso até encontrar a Saída 57-C, saindo na Av. Cel. Antonio Estanislau do Amaral / Estr. Municipal Indaiatuba[1]Itupeva / Rod. José Boldrini. Manter-se nesse percurso até passar a ponte do Rio Jundiaí. A entrada fica à direita em frente a E.E. Joaquim Pedroso de Alvarenga.
· Sorocaba e região: seguir pela Rod. Sen. José E. de Moraes até chegar a Rod. Dep. Archimedes Lammoglia, manter-se no percurso até encontrar a Rod. Pref. Hélio Steffen. Siga nessa rota até encontrar a Rod. Eng. Ermênio de Oliveira Penteado, mantenha-se nesse percurso até encontrar à sua direita a Saída 55-A, saindo na Av. Cel. Antonio Estanislau do Amaral / Estr. Municipal Indaiatuba-Itupeva / Rod. José Boldrini. Manter-se nesse percurso até passar a ponte do Rio Jundiaí. A entrada fica à direita em frente a E.E. Joaquim Pedroso de Alvarenga.
· Rio de Janeiro-Indaiatuba: acesso pela Rod. Dom Pedro I, até a rotatória que leva a Rod. Anhanguera, seguir até encontrar a Rod. Alberto Panzan. Continuar em frente até a Rod. Bandeirantes, seguindo até chegar a Rod. SP-75.
· Ônibus (VB Transportes) – Informações pelo telefone (19) 3875-2342 ou pelo site www.vbtransportes.com.br. VB Transportes mantém horários diários de Campinas-Indaiatuba e São Paulo-Indaiatuba. De Indaiatuba ao bairro Itaici é preciso tomar táxi ou ônibus circular. O circular da Viação Guaianazes (Linhas: Engenho, Terras de Itaici ou Vale das Laranjeiras) passa no portão de entrada do Mosteiro de Itaici, sendo necessário andar 1,2Km até a recepção da casa.
IV. INFORMAÇÕES
· Trazer o Ofício Divino das Comunidades.
· Trazer comidas e bebidas típicas da sua região para a confraternização.
“Então as mulheres se lembraram das palavras de Jesus” (Lc 24,8).
Na madrugada do domingo, algumas mulheres vão ao túmulo trazendo no coração o sofrimento após ter presenciado a morte de Jesus na cruz. Elas entraram no túmulo, mas não viram o corpo de Jesus e ficaram sem saber o que lhe acontecera. Certamente suas interrogações foram muitas, pois estavam diante de um fato novo: o sepulcro vazio. O que, de fato, havia acontecido? Como entender e explicar a ausência do corpo do Mestre para o qual levaram perfumes?
É nesse momento que os anjos de Deus anunciam a elas que o corpo de Jesus não estava ali porque ele havia ressuscitado, e lhes pedem para recordar o que Jesus dissera: “O Filho do Homem será entregue nas mãos dos pecadores, será crucificado e no terceiro dia ressuscitará” (Lc 24,7). Esse acontecimento nos revela uma luz importante: era fundamental considerar a Palavra de Jesus para que pudessem acolher o que aconteceu em sua vida e o que ele estava indicando para elas.
Mináforas – Imagem de Ir. Laíde Sonda – Arquitetura do Apostolado Litúrgico
A Palavra é luz para nossa vida e faz arder nosso coração. Quando as mulheres se lembram das palavras de Jesus, elas se deixam iluminar por essa luz e não a retêm para si. Saem correndo para anunciar aos apóstolos e a outros o mistério que lhes tocara o coração. Quem configura sua vida à de Jesus, através de sua Palavra, é chamado a partilhar essa experiência de fé com a comunidade. Ainda que o testemunho delas não tenha sido considerado de imediato, elas não deixaram de proclamar e testemunhar a novidade que aquecia seus corações e transformava suas vidas: “Ele ressuscitou”. No fato proclamado – “Ele ressuscitou” – está todo o coração do mistério pascal e do anúncio cristão, cuja certeza é que Cristo está conosco todos os dias até o fim dos tempos. As mulheres são, de fato, as primeiras testemunhas da Ressurreição. E os apóstolos, após acolher o anúncio das mulheres, experimentam a graça do encontro com Jesus, que lhes abre a inteligência e o coração para um modo de vida renovado. E assim a ação de Deus transforma a vida das mulheres discípulas missionárias de Jesus Cristo, dos apóstolos, dos demais discípulos, de toda Igreja nascente.
Acolher a Palavra de Jesus, encontrar-se com ele, escutar testemunhos sobre a presença de Jesus na vida das pessoas são ações fundamentais que devem ser vivenciadas, partilhadas e testemunhadas por nós. É desse modo que nossa vida pessoal, familiar e comunitária se torna iluminada pela presença viva de Jesus Cristo. A Palavra Sagrada escrita e vivenciada, abre-nos horizontes para o caminho de sinodalidade por meio de uma experiência de fé pessoal e comunitária. Enquanto Igreja sinodal, somos chamados a caminhar juntos, desafiando esse modelo de sociedade que, por diversos meios, faz imperar o individualismo.
Sem dúvida, nosso tempo nos coloca interrogações assim como aquelas que as mulheres tiveram junto à sepultura de Jesus. Por exemplo, como superar um modo de vida social polarizado e funcionalista que não oferece às pessoas condições para refletir sobre o sentido da vida, da fé, da felicidade? Como fechar os olhos para o sofrimento dos mais pobres e das várias situações de mortes que assolam nosso país? Essas interrogações resultam de um mundo plural e complexo, cujas relações humanas se tornam cada vez mais “líquidas”, individualistas, não duradouras, o que fortalece, como consequência, o desenvolvimento de uma cultura do subjetivismo.
Diante dessas situações reais de sofrimento, precisamos ser sinais da presença do Salvador que entregou sua vida por todos da seguinte maneira: a) testemunhando nossa fé, nossa adesão a Cristo nos vários ambientes da sociedade; b) descobrindo luzes da presença viva de Jesus Cristo ressuscitado na vida de pessoas, famílias, comunidades e grupos; c) apontando o caminho do cuidado para com a vida das pessoas e com o meio ambiente; d) dedicando-se à construção de uma sociedade humanizada e fraterna, querida por Deus; e) cuidando da vida das pessoas, em especial dos pobres que vivem nas periferias urbanas e existenciais.
Portanto, iluminados pela Páscoa de Cristo e por sua Palavra, somos chamados a cuidar ainda mais da vida das pessoas, em especial dos pobres e de tantos quantos vivem nas periferias. Desse modo, somos chamados ressuscitar com Cristo, percorrendo os passos de sua paixão, morte e ressurreição. Jesus venceu a morte para nos dar a vida em plenitude. Assumiu nossa natureza humana e a condição de servo para nos revelar o Pai e, pelo Espírito Santo, nos fazer mergulhar no mistério de Deus. Como sinal de amor e entrega extrema ao projeto de Deus, ensina-nos o dom do serviço e da disponibilidade às pessoas.
Mesmo que nosso testemunho de fé não seja considerado pela comunidade cristã, precisamos confiar no Espírito Santo que está presente e age na vida das pessoas e nas realidades, indicando as luzes necessárias para caminharmos juntos, em espírito de sinodalidade.
Assim como o Papa Francisco nos pede, sejamos sinais de esperança face a uma humanidade em crise, portadores da palavra de Jesus, suas testemunhas, indo ao encontro das pessoas em suas realidades, tendo como verdade de fé o Cristo ressuscitado que nos acompanha, nos ilumina e nos fortalece!
Uma feliz e santa Páscoa a todos e todas!
Dom Esmeraldo Barreto de Farias
Foi ordenado sacerdote em 9 de janeiro de 1977, na diocese de Amargosa. Em 2000, o papa João Paulo II o nomeou bispo da diocese de Paulo Afonso, na Bahia. Em 28 de fevereiro de 2007, o Papa Bento XVI o nomeou bispo da diocese de Santarém. Em 2011, iniciou sua participação como membro da Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB. Ainda neste ano, foi nomeado arcebispo de Porto Velho. Em 18 de março de 2015 o Papa Francisco o nomeou bispo-titular de Súmula e auxiliar da Arquidiocese de São Luís do Maranhão. Em 18 de novembro de 2020, foi nomeado como bispo diocesano de Araçuaí.
O Espírito do Senhor está sobre mim; Ele me enviou para proclamar o ano da graça do Senhor (cfr Is 61; Lc 4,18-19).
Com o passar do tempo, muitas coisas serão realizadas que agora não se pode imaginar, desde que sejais fiel a sua vocação, na docilidade e na fé.
Na Família Paulina nascente, a comunidade das irmãs cresce em espírito de adoração e de serviço (RV 4).
No dia 21 de novembro, segunda-feira, recordamos a abertura do Ano Jubilar em preparação ao Centenário da Congregação. Nós celebramos na Casa Provincial, às 7h, e presidiu a celebração o pe. José Erivaldo Dantas, ssp.
Na sua homilia, Pe. Erivaldo falou da liturgia do dia, sobre a Memória da apresentação de Nossa Senhora. Sobre a alegria de celebrar o Centenário, o presbítero usou uma imagem interessante e bonita. Disse que já teve oportunidade de celebrar 100 anos de um tio. Momento de alegria e festividade para toda família. Mas pediu para ver como aquela pessoa chega aos 100 anos: chega bem, dentro do possível, com saúde e perspectivas ou chega cansada, triste e com dificuldade. Assim ele pediu que fizéssemos também a nossa avaliação desta chegada aos 100 anos.
Participaram presencialmente da celebração algumas Irmãs das Comunidades das Pias Discípulas em São Paulo. Como os ouvintes de Jesus na sinagoga de Nazaré, acolhemos o dom particular de um Ano de graça, revisitando o passado com gratidão, o presente com compromisso e o futuro com esperança.
Estamos concluindo o ano litúrgico na Solenidade de Cristo Rei do Universo e também nós, como toda a Igreja, estamos prestes a abrir um novo ano da graça, olhando para a realização do Reino, inaugurado por Jesus.
Em 21 de novembro de 1923, o pe. Alberione “colocava a parte” as duas primeiras Irmãs: foi um ato de preparação para a obra que há muito tempo ele guardava em seu coração, à luz do Espírito, como ele diria: «Em 1908 comecei a rezar e pedir orações para que nascesse uma Família religiosa de vida retirada, dedicada à Adoração e ao apostolado sacerdotal e litúrgico: toda de Jesus Divino Mestre presente no Mistério Eucarístico».(APD 1946-47, 21. Outras referências no mesmo volume nos números 42. 50. 129. Tradução retirada do livro CESARATO, Regina. A árvore vista a partir das raízes volume 1. Manuscrito de uso interno, 1997, p. 61).
Um pouco da nossa História presente na Regra de Vida PDDM
Padre Tiago Alberione (1884-1971), na memória de santa Escolástica (10 de fevereiro de 1924), inicia em Alba (Itália) a Congregação das Pias Discípulas do Divino Mestre. Escolhe Orsola Rivata (1897-1987) para ser sua colaboradora em Cristo. Chama-a com o nome de Escolástica, que significa “discípula”, e lhe confia a primeira comunidade de irmãs.
2. Tiago Alberione nasce em uma família camponesa e pobre, onde foi educado numa sólida vida cristã e ao trabalho. Aos sete anos, sente-se “iluminado” e declara: «quero ser padre». Nesta direção orienta “o estudo, a piedade, os pensamentos, o comportamento e até o lazer”. Ordenado presbítero, torna-se membro da Associação dos Sacerdotes Adoradores. No seminário de Alba empenha-se na formação ao presbiterado, atento aos movimentos de renovação socioeclesial.
3. A experiência eucarística que o seminarista Tiago Alberione vive na noite de passagem entre os dois séculos (1900-1901) é “decisiva para a missão específica e o espírito particular no qual nasceria e viveria a Família Paulina”. Em resposta ao convite evangélico «Vinde a mim todos», sente-se obrigado a preparar-se para fazer algo para o Senhor e a humanidade do seu tempo, unificando tudo em Cristo Mestre, Caminho, Verdade e Vida. Quando ressoa a hora de Deus, padre Alberione dedica-se totalmente ao apostolado da Imprensa, confirmando o chamado à evangelização nas fronteiras inexploradas do mundo da comunicação. Aberto aos sinais dos tempos, associa a mulher na diversidade e na complementaridade dos carismas, para a vida e a missão da Igreja. Considerando a situação religiosa do mundo, a partir de 1908 começa “a rezar e a pedir orações” para o nascimento de uma Família religiosa “toda de Jesus Divino Mestre presente no Mistério eucarístico”. A nossa Congregação se torna memorial da experiência carismática do Fundador: reza e trabalha para que a humanidade acolha, escute e ame Jesus Mestre e Salvador.
4. Guiado pelo Espírito e confirmado pelo Cônego Francesco Chiesa (1874-1946), seu diretor espiritual, o Fundador reúne as primeiras jovens na casa Divino Mestre e, em colaboração com Madre Escolástica, forma-as para uma nova missão em vista do advento do Reino de Deus no mundo. Na Família Paulina nascente, a comunidade das irmãs cresce em espírito de adoração e de serviço. Caracteriza-se pela fé heróica, pelo trabalho assíduo e pelo amor mútuo, na alegria, no silêncio e no habitual recolhimento. Encontramos este estilo de vida nas páginas evangélicas que inspiraram a Oração de Betânia.
5. O evento fundacional da nossa Congregação amadureceu na Igreja com alternadas vicissitudes que trazem o selo da Cruz. Padre Tiago Alberione institui inicialmente as Pias Discípulas do Divino Mestre “distintas e separadas” das Filhas de São Paulo, mas, por vicissitudes canônicas, foram a estas associadas em uma única aprovação. A interferência do Fundador, de Madre Escolástica e a oferta de vida do padre Timóteo Giaccardo (1896-1948) contribuem ao reconhecimento eclesial e institucional da nossa Congregação. No dia 3 de abril de 1947, quinta-feira santa, foi promulgado o decreto da aprovação diocesana. O nosso carisma exprime mais nitidamente a sua índole universal e a sua eficácia apostólica na aprovação pontifícia, concedida no dia 12 de janeiro de 1948 e ratificada definitivamente no dia 30 de agosto de 1960. O discernimento eclesial expresso com a beatificação de padre Tiago Alberione nos confirma na vocação recebida.
6. Participamos do projeto unitário da Família Paulina: viver e comunicar Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida, à humanidade de hoje com os meios mais rápidos e eficazes que o progresso humano oferece. A nossa Congregação, chamada a cultivar a comunhão, “vai à raiz da videira, para obter a linfa que alimentará a planta, e assim dar frutos de santidade e de apostolado”.
7. Conquistadas por Jesus Mestre, contemplamo-lo e seguimo-lo no Mistério Pascal. Ele vive e se forma em nós no dinamismo do ano litúrgico e, com a força do seu Espírito, transforma a nossa vida em culto agradável a Deus. Maria, Rainha dos Apóstolos, nos introduz à escola de Jesus Mestre e nos ensina como amá-lo e anunciá-lo na vida de cada dia. São Paulo, apóstolo e místico, guia-nos no ardor da caridade até ao “não sou mais eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim”.
8. No mistério da Igreja, povo de Deus, formamos comunidades onde se acolhe, se escuta e se serve ao Senhor, na multiplicidade das suas presenças com a nossa específica missão. Como Maria, imagem da Igreja, dóceis ao Espírito, guardamos a Palavra e a colocamos em prática, até sermos um só coração e uma só alma..
9. Pela ação do Espírito Santo, recebemos “a graça do apostolado” em Jesus Mestre, Caminho, Verdade e Vida. Como Maria, Mãe de Deus, e as mulheres do Evangelho, transformadas pelo encontro com o Ressuscitado, Beleza que salva o mundo, somos enviadas, apóstolas com os apóstolos, a anunciálo, a celebrá-lo e a servi-lo. Do amor a Jesus vivente na Eucaristia, no Sacerdócio e na Liturgia nasce o nosso apostolado orientado à glória de Deus e à paz da humanidade. No espírito do apóstolo Paulo, que se fez tudo para todos, acolhemos com discernimento os valores e as tradições dos diversos povos e nos empenhamos no diálogo ecumênico e inter-religioso para o anúncio da novidade evangélica.
11. Continuamente damos graças a Deus que nos chamou a ser discípulas do seu Filho Jesus, nosso Senhor e Mestre. A voz do Espírito Santo, na profundidade do nosso coração, nos coloca em sintonia com o carisma de padre Alberione, vivido pela Família Paulina de geração em geração. “Tudo é de Deus, tudo nos leva ao Magnificat!”.
Percorremos o itinerário de cristificação, vivido pelo Fundador. Em Jesus Mestre, Caminho, Verdade e Vida, ele se deixou gradualmente transformar em verdadeiro homem de Deus e em apóstolo dos novos tempos. Ressoa também em nós a Palavra de Jesus: «Vinde a mim todos vós». Na Eucaristia renovamos o pacto que nos empenha a confiar-nos a Deus e a orientar todas as forças para o advento do seu Reino no mundo. Deixamo-nos conduzir pelo Espírito na procura da face de Deus, a exemplo das irmãs e dos irmãos que nos precederam na vocação. Nas provas do caminho espiritual e do apostolado perseveramos sustentadas pela promessa de Jesus Mestre Eucarístico: “Não temais. Eu estou convosco. Daqui quero iluminar. Arrependei-vos dos pecados”.
13. Atraídas pelo amor de Jesus Cristo, aderimos a Ele de modo livre e pessoal. Entramos no Caminho novo e vivo que nos guia ao Pai, na Verdade que nos torna livres e na Vida que nos preenche de alegria. Caminhamos em novidade de vida, impelidas à plena configuração a Cristo no seu Mistério Pascal: “Fui crucificado com Cristo e não sou mais eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim. Esta vida na carne, eu a vivo na fé do Filho de Deus que me amou e se entregou por mim”.
DIAS SIGNIFICATIVOS PARA A MEMÓRIA AGRADECIDA
21 de novembro de 1923: Úrsula Rivata e Metilde Gerlotto são colocadas a parte para iniciar uma nova obra na Família Paulina. 26 de novembro de 1971: morre, em Roma, o Bem-Aventurado Tiago Alberione, nosso Fundador. 29 de novembro de 1936: Madre Escolástica com Ir. M. Elia Ferrero partem do porto de Nápole para a fundação de uma comunidade no Egito e chegam em Alexandria/Egito no dia 2 de dezembro. 9 de dezembro de 2013: a Serva de Deus Madre Escolástica Rivata é reconhecida Venerável pelo Papa Francisco. 12 de janeiro de 1948: recebemos a Aprovação pontifícia. 24 de janeiro de 1948: morre o Bem-Aventurado Timóteo Giaccardo, fidelíssimo entre os fiéis do Fundador. 10 de fevereiro de 1924: em memória de Santa Escolástica, o Pe. Tiago Alberione dá início, em Alba, a Congregação das Pias Discípulas do Divino Mestre.
ORAÇÃO
Bendito sejais, Senhor nosso Deus: Pai, Filho e Espírito Santo, fonte de vida e de todo dom.
Nós o louvamos pelas abundantes riquezas de graças dada à Igreja e à Família Paulina através da vida do Bem-Aventurado Pe. Tiago Alberione.
Ó Pai, guiastes com sabedoria estes 100 anos de história das Pias Discípulas do Divino Mestre e, com a efusão do Espírito Santo, as fez testemunhas do teu Filho Jesus.
Suscite hoje outras discípulas e apóstolas, seguindo o exemplo da venerável Madre Escolástica Rivata. Participantes do sacerdócio real do seu povo, converte-nos em uma liturgia viva para que, saciadas da fonte inesgotável de sua Palavra e Eucaristia, sejamos profecia de sua Presença que salva e transforma o mundo.
Glória a Ti, Santa Trindade, que desperta em nós o desejo de contemplar seu Rosto. Leve a pleno cumprimento a obra que iniciou, enquanto caminhamos, peregrinas, nesta história.
Guiados por Maria, Rainha dos Apóstolos, por São Paulo, por todos os santos e santas, chegaremos à sua morada, onde cantaremos para sempre o seu amor.
Por Jesus Mestre, Caminho, Verdade e Vida, na unidade do Espírito Santo, pelos séculos dos séculos. Amém.