BEM-AVENTURADO PE. TIMÓTEO GIACCARDO E AS PIAS DISCÍPULAS DO DIVINO MESTRE

O Bem-Aventurado Pe. Timóteo Giaccardo (1896–1948) foi um sacerdote italiano, membro da Família Paulina, e um dos principais colaboradores do Bem-Aventurado Tiago Alberione na fundação das congregações paulinas. Dotado de uma profunda espiritualidade e amor pela Igreja, Pe. Giaccardo desempenhou um papel essencial na formação e consolidação das Pias Discípulas do Divino Mestre, uma congregação feminina dedicada à adoração eucarística, ao serviço sacerdotal e ao apostolado litúrgico.

Infância e Vocacão

Pe. Timóteo Giaccardo nasceu em Bra, na Itália, em 13 de junho de 1896. Desde pequeno, demonstrava grande devoção e interesse pela vida religiosa, destacando-se por sua piedade e amor à Eucaristia. Seu encontro com Pe. Tiago Alberione, fundador da Família Paulina, foi determinante para sua vocação. Aos doze anos, ingressou no seminário menor e, posteriormente, passou a integrar a Sociedade de São Paulo, fundada por Alberione.

Durante seus anos de formação, Pe. Giaccardo aprofundou seu compromisso com a espiritualidade e a missão da Família Paulina, tornando-se um dos mais fiéis colaboradores de Pe. Alberione. Foi ordenado sacerdote em 19 de outubro de 1919, assumindo de imediato responsabilidades na propagação do carisma paulino.

O Apoio Fundamental de Pe. Giaccardo

Desde a sua criação, as Pias Discípulas encontraram em Pe. Timóteo Giaccardo um verdadeiro guia espiritual. Ele não apenas ajudou a estruturar a espiritualidade da congregação, mas também defendeu sua existência em momentos de grande dificuldade. Junto com Madre Escolástica Rivata, primeira Pia Discípula e animadora da congregação, Pe. Giaccardo trabalhou para garantir que as Pias Discípulas tivessem um caminho seguro dentro da Família Paulina.

A missão das Pias Discípulas do Divino Mestre sempre esteve ligada a três grandes pilares: a Eucaristia, o Sacerdócio e a Liturgia. Pe. Giaccardo compreendia profundamente a necessidade de uma congregação feminina que se dedicasse à oração, ao apoio aos sacerdotes e à evangelização por meio da liturgia e da arte sacra. Ele acompanhou de perto a formação espiritual das irmãs e intercedeu constantemente para que a nova comunidade fosse reconhecida oficialmente.

Seus esforços e orações foram tão intensos que ele chegou a oferecer sua própria vida pela aprovação da congregação. Pouco tempo depois de sua morte em 1948, as Pias Discípulas receberam o reconhecimento oficial da Santa Sé em 1957, consolidando sua missão na Igreja.

Espiritualidade e Missão das Pias Discípulas

As Pias Discípulas do Divino Mestre têm como carisma a vivência profunda da espiritualidade eucarística, sacerdotal e litúrgica. Seu apostolado se expressa na adoração perpétua ao Santíssimo Sacramento, no apoio e oração pelos sacerdotes, e na evangelização por meio da arte sacra, da liturgia e da formação cristã.

As irmãs exercem sua missão em diversos países, proporcionando formação litúrgica, confecção de objetos sagrados, e prestando assistência espiritual a comunidades e clero. Sua presença silenciosa, mas profundamente ativa, reflete o desejo de Pe. Giaccardo de que a Igreja fosse sempre nutrida pelo Divino Mestre, Cristo, que é Caminho, Verdade e Vida.

Beatificação e Legado

Pe. Timóteo Giaccardo foi beatificado em 22 de outubro de 1989 pelo Papa João Paulo II, reconhecido por sua santidade e pelo compromisso fiel ao carisma paulino. Seu testemunho de amor à Eucaristia, à Igreja e à Família Paulina continua inspirando fiéis em todo o mundo.

Seu legado é lembrado especialmente nas casas das Pias Discípulas do Divino Mestre, onde sua memória e ensinamentos seguem vivos no apostolado das irmãs. Ele é considerado um exemplo de humildade, dedicação e profunda vida de oração.

A história das Pias Discípulas e a vida do Pe. Timóteo Giaccardo são um convite a uma vida centrada em Cristo Mestre, Caminho, Verdade e Vida. Seu exemplo nos motiva a um compromisso mais profundo com a oração, a santidade e o serviço à Igreja.

O Bem-Aventurado Pe. Timóteo Giaccardo foi um verdadeiro apóstolo do Divino Mestre. Sua vida foi marcada pela fé inabalável, pelo zelo pastoral e pelo amor à Eucaristia. Seu empenho na fundação e no reconhecimento das Pias Discípulas do Divino Mestre foi um testemunho de sua dedicação à Família Paulina e à Igreja.

Hoje, sua espiritualidade continua inspirando religiosos e leigos a viverem com intensidade a relação com Cristo Mestre. Que seu exemplo de entrega total a Deus seja um modelo para todos os que desejam seguir o caminho da santidade.

“Cristo Mestre seja tudo para vocês!” – Bv. Pe. Timóteo Giaccardo.

ARTE FLORAL LITÚRGICA: BELEZA E ESPIRITUALIDADE NA DECORAÇÃO DAS IGREJAS

Por Ir. Cidinha Batista, pddm
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A arte floral litúrgica desempenha um papel fundamental na ambientação das celebrações religiosas. Muito mais do que uma simples decoração, os arranjos florais inseridos na liturgia têm a missão de elevar o espírito e criar um ambiente propício à oração. Como afirmava o Papa Paulo VI, “o mundo precisa de beleza para não cair no desespero“. Seguindo essa premissa, a arte floral na Igreja é um ministério que busca traduzir, por meio das flores, a espiritualidade e o ciclo da vida.

A Contemplação da Natureza

A base da arte floral litúrgica é a contemplação da natureza, considerada um dom divino. A observação atenta das formas e cores das árvores e flores é essencial para criar arranjos harmoniosos e simbólicos.

As árvores, por exemplo, servem de referência para a disposição das flores: alguns ramos crescem de forma vertical, outros inclinados ou horizontais. Essa estrutura natural deve ser respeitada ao compor os arranjos. Além disso, é importante considerar as folhas perenes, que se mantêm verdes ao longo do ano, e as caducas, que caem no outono, refletindo a passagem das estações.

As flores também apresentam grande diversidade de formas e significados. Algumas são arredondadas, outras pontiagudas ou eretas. A atenção ao seu processo de desabrochar também é essencial: há flores que se mantêm em botão por mais tempo, enquanto outras se abrem rapidamente.

O Cuidado com os Materiais

Para garantir a durabilidade e a beleza dos arranjos, algumas etapas são fundamentais:

  1. Escolha e separação: Selecionar flores e folhas saudáveis, eliminando aquelas que estão danificadas.
  2. Limpeza: Remover folhas e pétalas quebradas, garantindo que nenhuma folha fique submersa na água, evitando o apodrecimento.
  3. Corte adequado: O corte das hastes deve ser feito dentro da água para evitar bolhas de ar que prejudicam a absorção. O ângulo do corte deve ser de aproximadamente 45°, pois isso amplia a área de absorção de água e melhora a hidratação das flores. Alguns consideram que, para as plantas lenhosas, este ângulo deve ser entre 60° e 80°.
  4. Hidratação: Antes da montagem, as flores devem ficar em água limpa e fresca por pelo menos uma hora.
  5. Manutenção: Borrifar água regularmente, umedecer a esponja floral e retirar as flores murchas.

O reaproveitamento também é essencial: folhas descartadas e ramos menores podem ser utilizados em arranjos secundários, evitando desperdícios.

Composição dos Arranjos Litúrgicos

A confecção de arranjos para a liturgia exige um estudo do espaço disponível, da iluminação e do estilo arquitetônico da igreja. O posicionamento das flores deve ser planejado para integrar-se harmoniosamente ao ambiente.

Escolha dos Suportes

Os suportes para os arranjos podem variar entre:

  • Estruturas características (vasos tradicionais, suportes e pedestais);
  • Elementos neutros (cascas, raízes, pedras), que conferem um aspecto natural e sutil.

Elementos Naturais ao Ritmo das Estações

Os arranjos florais podem refletir a atmosfera das estações do ano:

  • Inverno: Tons mais sóbrios, simbolizando a purificação.
  • Primavera: Cores vibrantes e formas dinâmicas, representando renovação e vida.
  • Verão: Arranjos exuberantes, expressando a plenitude e a força da vida.
  • Outono: Cores quentes e composições equilibradas, remetendo à maturidade e à reflexão.

Estrutura e Equilíbrio

A arte floral litúrgica combina elementos da pintura (cores e perspectivas) e da escultura (formas e volumes). Assim, a composição floral deve levar em conta:

  • Linhas e volumes: A disposição das flores pode formar figuras geométricas como triângulos, círculos ou quadrados.
  • Altura e profundidade: Os arranjos devem distribuir os elementos de maneira equilibrada, criando uma sensação de harmonia.
  • Ponto focal: Deve haver um centro visual, seja uma grande flor ou um agrupamento de flores menores.

As flores devem estar dispostas de forma que pareçam “dialogar” entre si. Os cálices devem estar voltados para cima, transmitindo a ideia de elevação espiritual. Elementos arredondados e pontiagudos, flores claras e botões são mais adequados para as partes superiores do arranjo, enquanto as flores mais abertas e intensas devem estar na base.

A Espiritualidade da Arte Floral Litúrgica

Mais do que um aspecto estético, a arte floral na liturgia deve servir como um meio de conexão com o divino. Cada arranjo deve estar a serviço da oração, contribuindo para a experiência de fé dos fiéis.

Para que essa prática seja plenamente integrada às celebrações, é fundamental que haja uma equipe litúrgica dedicada ao planejamento das composições florais.

Dessa forma, a beleza dos arranjos não será apenas um elemento decorativo, mas uma expressão da espiritualidade que envolve toda a comunidade, auxiliando na oração e na vivência da fé.

 

PAPA FRANCISCO E AS PIAS DISCÍPULAS DO DIVINO MESTRE

Diante da delicada situação de saúde do Papa Francisco, voltamos nosso olhar para suas palavras dirigidas a nós em 2017, durante o nosso Capítulo Geral. Suas mensagens de encorajamento e seu desejo de bem para nossa congregação continuam a nos inspirar. Movidas por essa lembrança, renovamos nossa fé e reforçamos nossas orações por sua recuperação, pedindo a Deus que lhe conceda força, serenidade e saúde para seguir conduzindo a Igreja com sabedoria e amor.

DISCURSO DO PAPA FRANCISCO
 ÀS PARTICIPANTES NO CAPÍTULO GERAL
DAS PIAS DISCÍPULAS DO DIVINO MESTRE

Sala do Consistório
Segunda-feira, 22 de maio de 2017


Queridas Irmãs!

Dou as minhas boas-vindas a todas vós e saúdo cordialmente a nova Superiora-Geral e as novas Conselheiras. Faço votos para que este tempo forte que é o Capítulo Geral traga abundantes frutos evangélicos à vida do vosso Instituto.

Antes de tudo, frutos de comunhão. Abertas ao Espírito Santo, Mestre da diversidade, da unidade nas diferenças, caminhareis numa comunhão entre vós que respeite a pluralidade, que vos impulsione a tecer incansavelmente a unidade nas legítimas diferenças, considerando também o facto de que estais presentes em diversos países e culturas. «Como consentir a cada um de se exprimir, ser acolhido com os seus dons específicos, tornar-se plenamente corresponsável?» (Carta ap. Às pessoas consagradas, 21 de novembro de 2014, II, 3). Cultivando a atenção e o acolhimento recíproco; praticando a correção fraterna e o respeito pelas irmãs mais débeis; crescendo no espírito do viver juntas; banindo das comunidades as divisões, as invejas, os mexericos; dizendo tudo com franqueza e caridade. Sim, pode-se viver assim. Tudo isto que acabei de mencionar destrói a Congregação.

Frutos de comunhão com os irmãos e as irmãs da Família Paulina. Tendes em comum o sacerdote e fundador, padre Giacomo Alberione, e também a missão: anunciar o Evangelho aos homens e às mulheres do nosso tempo, particularmente no vosso caso, mediante o serviço litúrgico e o cuidado dos sacerdotes. Isto é bonito.

Frutos de comunhão com os outros carismas. É o momento da sinergia de todos os consagrados para acolher as riquezas dos demais carismas e pô-las todas ao serviço da evangelização, permanecendo fiéis à própria identidade. «Ninguém constrói o futuro isolando-se, nem contando apenas com as próprias forças« (ibidem). Por conseguinte, convido-vos a cultivar o diálogo e a comunhão com os outros carismas, e a combater de todos os modos a autorreferencialidade. Não é bom quando um consagrado ou consagrada é autorreferencial, sempre diante do espelho a olhar para si mesmo. É terrível.

Por fim, frutos de comunhão com os homens e as mulheres do nosso tempo. O nosso Deus é o Deus da história e a nossa é uma fé que age na história. Nas dúvidas e nas expetativas dos homens e das mulheres de hoje encontramos indicações importantes para o nosso seguimento de Cristo.

O Capítulo é tempo de escuta do Senhor que nos fala através dos sinais dos tempos; tempo de escuta recíproca e portanto de abertura a quanto o Senhor nos comunica mediante os irmãos; tempo de confronto sereno e sem preconceitos entre os próprios projetos e os dos outros. Tudo isto exige abertura da mente e do coração. Neste sentido o Capítulo é um tempo propício para praticar o espírito do êxodo e da hospitalidade: sair de si mesmo para acolher com alegria a parte de verdade que o outro me comunica e juntos caminhar para a verdade plena, a única que nos torna livres (cf. Jo 8, 32).

Ouvir as irmãs. Penso que um dos apostolados mais importantes hoje é o do ouvido: escutar. Ouvir as irmãs, assim como os homens e as mulheres de hoje, e partilhar com eles: estas atitudes são necessárias para um bom Capítulo e para uma santa vida fraterna em comunidade, em cujo crescimento todos se sentem participantes, todos oferecem e todos recebem. Não vos canseis de vos exercitar continuamente na arte da escuta e da partilha. Neste tempo de grandes desafios, que exigem dos consagrados fidelidade criativa e busca apaixonada, a escuta e a partilha são mais necessárias do que nunca, se quisermos que a nossa vida seja plenamente significativa para nós mesmos e para as pessoas que encontramos.

Para tal finalidade é necessário manter um clima de discernimento, para reconhecer o que pertence ao Espírito e o que lhe é contrário. Diante de nós abre-se um mundo de possibilidades. A cultura na qual estamos imersos apresenta-se-nos todas como válidas, boas, mas se não quisermos ser vítimas da cultura do zapping e, às vezes, de uma cultura de morte, devemos incrementar o habitus do discernimento, formar-nos e formar para o discernimento. Não vos canseis de perguntar pessoal e comunitariamente: «Senhor, o que queres que eu faça?», «o que queres que façamos?».

O Capítulo é também tempo para renovar a docilidade ao Espírito que anima a profecia. Ela é um valor irrenunciável para a vida consagrada, porque é uma forma especial de participação na missão profética de Cristo. Isto inclui o ser audaz e ao mesmo tempo humilde, apaixonado por Deus e pela humanidade, para se tornar porta-voz de Deus contra o mal e contra todo o pecado (cf. Vita consecrata , 84).

Como consagradas vivei, em primeiro lugar, a profecia da alegria. Ela está em primeiro lugar. Em primeiro lugar está a profecia da alegria: a alegria do Evangelho. É uma profecia. Hoje o mundo precisa disto: a alegria que nasce do encontro com Cristo numa vida de oração pessoal e comunitária, na escuta diária da Palavra, no encontro com os irmãos e as irmãs, numa feliz vida fraterna em comunidade, inclusiva da fragilidade e no abraço à carne de Cristo nos pobres. Profetas de uma alegria que nasce do nos sentirmos amados e, porque somos amados, perdoados.

A alegria é uma linda realidade na vida de muitos consagrados, mas é também um grande desafio para todos nós. Um seguimento triste é um triste seguimento! E a alegria autêntica, não autorreferencial nem arrogante, é o testemunho mais credível de uma vida plena (cf. Jo 10, 10), porque nele «transparecem a alegria e a beleza de viver o Evangelho e de seguir Cristo» (Carta ap. Às pessoas consagradas , 21 de novembro de 2014, II, 1).

Ao mesmo tempo, esta alegria que enche os vossos corações e se manifesta nos vossos rostos levar-vos-á a sair rumo às periferias participando da alegria da Igreja que é a evangelização. Mas para fazer isto a alegria deve ser verdadeira, não uma alegria falsificada! Não falsifiqueis a alegria. A evangelização, quando estamos convictos de que Jesus é a Boa Nova, é alegria e felicidade para todos. Esta alegria afasta de nós o cancro da resignação, fruto da preguiça que torna a alma árida. Por favor, irmãs resignadas, não! Alegria. Mas o diabo dirá: «Somos poucas, não temos vocações…». Deste modo, fecha-se a cara, faz-se carranca… e perde-se a alegria, acabando na resignação. Não, não se pode viver assim: a esperança de Jesus Cristo é alegria.

Encorajo-vos também a ser profetas de esperança, com os olhos dirigidos para o futuro, lá onde o Espírito impele, para continuar a fazer convosco grandes coisas (cf. Vita consecrata , 110). Santo Hilário de Poitiers, no seu Comentário aos salmos (118, 15, 7), fazia-se eco de uma pergunta que muitos formulavam e ainda hoje formulam aos cristãos: «Onde está, ó cristãos, a vossa esperança?». Como consagrados sabemos que não podemos ser surdos a esta questão. Como todos os discípulos de Jesus sabemos que a esperança é para nós uma responsabilidade, porque fomos chamados a responder a todos que nos perguntarem a sua razão (cf. 1 Pd 3, 15). A esperança que não desilude não se baseia em números nem em obras, mas n’Aquele para o qual nada é impossível (cf. Lc 1, 37).

Santo Agostinho diz que «só a esperança nos torna propriamente cristãos» (A Cidade de Deus, 6, 9, 5). E noutra obra afirma: «A nossa vida, agora, é esperança, depois será eternidade» (Comentário aos salmos 103, 4, 17). Só a esperança permite que caminhemos na estrada da vida, só ela nos torna capazes de futuro. Jesus Cristo é a nossa esperança (cf. 1 Tm 1, 1): n’Ele depositemos a nossa confiança (cf. 2 Tm 1, 12), e com a força do Espírito Santo podemos ser profetas de esperança.

Com esta confiança e força repito-vos: não vos unais aos profetas de desventura, que fazem muitos danos à Igreja e à vida consagrada; não cedais à tentação da sonolência — como os apóstolos no Getsémani — e do desespero. Fortalecei a vossa vocação de «sentinelas da manhã» (cf. Is 21, 11-12) para poder anunciar aos outros a chegada da aurora. Despertai o mundo, iluminai o futuro! Sempre com o sorriso, a alegria, a esperança.

Obrigado pelo que sois, pelo que fazeis e como o fazeis, também aqui na Cidade do Vaticano. Muito obrigado! Maria nossa Mãe vos proteja com o seu olhar e o Senhor vos abençoe, vos mostre o seu Rosto, vos conceda paz e misericórdia.

Por favor, rezai por mim.


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Fonte:

PAPA FRANCISCO. Discurso do Papa Francisco às Pias Discípulas do Divino Mestre. Vaticano: Libreria Editrice, 22 maio 2017. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2017/may/documents/papa-francesco_20170522_pie-discepole-divin-maestro.html. Acesso em: [19 fev. 2025].

PAPA FRANCISCO E SEUS ESCRITOS: UM PONTIFICADO DE ESPERANÇA E RENOVAÇÃO

Jorge Mario Bergoglio, mais conhecido como Papa Francisco, nasceu em 17 de dezembro de 1936, em Buenos Aires, Argentina. Filho de imigrantes italianos, cresceu em um ambiente modesto e desde cedo demonstrou interesse pela religião e pelo serviço à comunidade. Em 1958, ingressou na Companhia de Jesus, tornando-se jesuíta. Foi ordenado sacerdote em 1969 e, ao longo dos anos, desempenhou diversas funções na Igreja Católica, incluindo a de arcebispo de Buenos Aires e cardeal. Em 13 de março de 2013, foi eleito o 266º Papa da Igreja Católica, tornando-se o primeiro pontífice latino-americano e o primeiro jesuíta a ocupar o cargo.

Desde o início de seu pontificado, Francisco tem se destacado por seu carisma, simplicidade e forte compromisso com a justiça social. Ele tem abordado questões fundamentais como a pobreza, a ecologia, os direitos humanos e a reforma da própria Igreja. Seu estilo pastoral próximo do povo e seu desejo de diálogo com diferentes culturas e religiões o tornaram uma figura influente e respeitada no cenário global.

AS CARTAS E ENCÍCLICAS DO PAPA FRANCISCO

Ao longo de seu pontificado, o Papa Francisco escreveu diversas cartas e encíclicas que refletem sua visão de mundo e os desafios que a humanidade enfrenta. Seus textos são amplamente lidos e discutidos tanto dentro quanto fora da Igreja, pois oferecem reflexões profundas sobre temas sociais, espirituais e ambientais.

EVANGELII GAUDIUM (A ALEGRIA DO EVANGELHO) – 2013

Publicada poucos meses após sua eleição, esta exortação apostólica trata da missão da Igreja no mundo moderno. Francisco incentiva os fiéis a saírem de suas zonas de conforto e a evangelizarem com alegria e misericórdia. Ele critica o consumismo desenfreado, a exclusão social e a desigualdade econômica, destacando a necessidade de uma Igreja mais próxima dos pobres e marginalizados.

LAUDATO SI’ (LOUVADO SEJA) – 2015

Uma das encíclicas mais impactantes do Papa Francisco, “Laudato Si’” trata da ecologia e do cuidado com a Casa Comum, o planeta Terra. O pontífice alerta para os danos ambientais causados pela atividade humana e pela exploração irresponsável dos recursos naturais. Ele destaca a interconexão entre os problemas ambientais e sociais, chamando líderes e cidadãos do mundo inteiro à responsabilidade ecológica e à busca por um modelo de desenvolvimento sustentável.

AMORIS LAETITIA (A ALEGRIA DO AMOR) – 2016

Essa exortação apostólica trata do amor na família e do matrimônio. Baseada nos debates realizados durante os sínodos sobre a família, o documento enfatiza a importância da compreensão, da misericórdia e do acolhimento dentro das comunidades cristãs. Francisco também aborda questões como o divórcio, a educação dos filhos e os desafios enfrentados pelas famílias contemporâneas.

GAUDETE ET EXSULTATE (ALEGRAI-VOS E EXULTAI) – 2018

Este documento trata do chamado universal à santidade no mundo atual. O Papa explica que a santidade não é um privilégio de poucos, mas um chamado acessível a todos, independentemente da vocação ou estado de vida. Ele alerta contra o perigo do individualismo e do consumismo, ressaltando a necessidade de uma vida de serviço e de amor ao próximo.

FRATELLI TUTTI (TODOS IRMÃOS) – 2020

Publicada em meio à pandemia de COVID-19, “Fratelli Tutti” aborda a fraternidade e a amizade social. Francisco critica a cultura do descarte, o aumento das desigualdades e o fechamento de fronteiras entre os povos. Ele propõe um modelo de sociedade baseado na solidariedade, na inclusão e no diálogo inter-religioso.

CARTA APOSTÓLICA PATRIS CORDE (COM CORAÇÃO DE PAI) – 2020

Dedicada a São José, essa carta apostólica destaca a importância desse santo como modelo de pai, trabalhador e homem justo. Francisco ressalta a humildade e o serviço de São José, convidando os cristãos a aprenderem com sua discrição e confiança em Deus.

DILEXIT NOS – 2024

A mais recente encíclica do Papa Francisco, “Dilexit Nos”, publicada em 2024, aborda o amor redentor de Cristo e sua importância na vida cristã. O Papa destaca a centralidade do amor na missão da Igreja e a necessidade de testemunhar esse amor no mundo contemporâneo. Ele enfatiza o perdão, a reconciliação e a caridade como elementos fundamentais para a construção de uma sociedade mais fraterna e pacífica. “Dilexit Nos” convida os fiéis a refletirem sobre o significado do amor de Deus e sua manifestação nas relações humanas.

O IMPACTO DAS CARTAS DO PAPA FRANCISCO

As cartas e encíclicas do Papa Francisco têm um impacto profundo tanto dentro da Igreja quanto na sociedade em geral. Seus escritos são direcionados não apenas aos católicos, mas a todas as pessoas de boa vontade. Seu estilo acessível e suas reflexões baseadas na realidade contemporânea tornam seus textos fontes de inspiração para líderes políticos, ambientalistas, teólogos e fiéis em todo o mundo.

Francisco busca sempre aproximar a Igreja das pessoas, promovendo um diálogo aberto e acolhedor. Ele desafia as estruturas de poder e propõe uma visão de mundo mais humana e solidária. Sua preocupação com os marginalizados, os pobres e o meio ambiente reflete um compromisso genuíno com a justiça e a paz.

Além de suas encíclicas e exortações apostólicas, o Papa também escreve cartas e mensagens para diferentes ocasiões, como eventos internacionais, congressos religiosos e crises humanitárias. Seus escritos são frequentemente citados em debates sobre políticas públicas, economia e direitos humanos.

O Papa Francisco, desde o início de seu pontificado, tem demonstrado um compromisso inabalável com os valores do Evangelho e com a transformação do mundo em um lugar mais justo e fraterno. Suas cartas e encíclicas são documentos fundamentais para compreender sua visão pastoral e seus esforços em enfrentar os desafios do século XXI.

Seja ao abordar a necessidade de uma Igreja mais missionária, a importância do cuidado com o meio ambiente ou a urgência da fraternidade entre os povos, suas palavras ecoam como um chamado à reflexão e à ação. Em um mundo marcado por divisões e crises, as mensagens do Papa Francisco continuam a inspirar milhões de pessoas na busca por um futuro mais humano e solidário.


Fonte:

Documentos do Papa Francisco:

PAPA FRANCISCO. Evangelii Gaudium: A Alegria do Evangelho. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 2013. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/apost_exhortations/documents/papa-francesco_esortazione-ap_20131124_evangelii-gaudium.html. Acesso em: [19 fev. 2025].

PAPA FRANCISCO. Laudato Si’: Sobre o Cuidado da Casa Comum. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 2015. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/encyclicals/documents/papa-francesco_20150524_enciclica-laudato-si.html. Acesso em: [19 fev. 2025].

PAPA FRANCISCO. Amoris Laetitia: Sobre o Amor na Família. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 2016. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/apost_exhortations/documents/papa-francesco_esortazione-ap_20160319_amoris-laetitia.html. Acesso em: [19 fev. 2025].

PAPA FRANCISCO. Gaudete et Exsultate: Sobre o Chamado à Santidade no Mundo Atual. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 2018. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/apost_exhortations/documents/papa-francesco_esortazione-ap_20160319_amoris-laetitia.html. Acesso em: [19 fev. 2025].

PAPA FRANCISCO. Fratelli Tutti: Sobre a Fraternidade e a Amizade Social. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 2020. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/encyclicals/documents/papa-francesco_20201003_enciclica-fratelli-tutti.htmlAcesso em: [19 fev. 2025].

PAPA FRANCISCO. Patris Corde: Com Coração de Pai. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 2020. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/apost_letters/documents/papa-francesco-lettera-ap_20201208_patris-corde.html Acesso em: [19 fev. 2025].

PAPA FRANCISCO. Dilexit Nos. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 2024. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/encyclicals/documents/20241024-enciclica-dilexit-nos.html. Acesso em: [19 fev. 2025].

Livros sobre o Papa Francisco:

IVEREIGH, Austen. O Grande Reformador: Francisco e a Construção de um Novo Papado. São Paulo: Planeta, 2015.

VALLELY, Paul. Papa Francisco: O Homem e Sua Missão. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

ESPAÇO PARA CELEBRAR: COMO A ARQUITETURA E O AMBIENTE INFLUENCIAM AS LITURGIAS

Por Ir. Cidinha Batista
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Em nossos espaços de celebração, é comum realizarmos diversas liturgias ao longo dos tempos litúrgicos, sempre no mesmo local: o salão, com os mesmos móveis e a mesma igreja. De forma semelhante, a vida também se desenrola no mesmo cenário natural, com as mesmas montanhas, rios, árvores e o céu que nos circundam. No entanto, a natureza, com seus ciclos diários e sazonais, com o frio e o calor, a chuva e o vento, e os diferentes aromas, enriquece constantemente este cenário e nos permite fugir da rotina.

Inspirar-se na natureza pode ser uma excelente forma de enriquecer os espaços litúrgicos, ajustando-os aos tempos e celebrações da Igreja. A natureza sabe utilizar a luz e a sombra, as cores, os cheiros e as diferentes atmosferas de cada estação. No inverno, a luz escassa e as cores mais apagadas trazem uma sensação de introspecção, enquanto no verão, a abundância de água e a vegetação vibrante despertam ânimo. A primavera é uma explosão sensorial, e o outono nos prepara para a melancolia do inverno. Para cada tempo litúrgico, podemos (e devemos) adaptar os espaços de celebração de forma discreta e coerente com a essência do momento.

A Luz: Elemento Essencial da Liturgia

A iluminação é um fator fundamental para o desenvolvimento da liturgia e deve ser cuidadosamente planejada. Cada ambiente requer um tipo de luz específico, com intensidades variadas conforme a função do local. A luz em uma igreja, por exemplo, não deve ser a mesma que em uma sala de aula ou escritório. Uma igreja iluminada excessivamente pode perder seu caráter acolhedor, enquanto a iluminação fluorescente, típica de escritórios, não é indicada para ambientes de oração.

A iluminação pode, inclusive, ser usada de forma estratégica. Destacar certos espaços, como o altar ou a mesa da Palavra, com uma iluminação direcionada, valoriza os elementos essenciais da celebração. O contraste entre luz e sombra, além de ser esteticamente atraente, remete à dinâmica da fé, que transita entre a luz e as trevas.

Cores e Texturas: O Conforto Estético

As cores e as texturas desempenham um papel crucial na criação de um ambiente acolhedor e propício à oração. Cores frias, como o cinza e o gelo, tendem a afastar, criando uma atmosfera de frieza. Já tons como areia, camurça, terra e pérola são acolhedores, promovendo um ambiente confortável. Além disso, as texturas dos materiais que revestem o interior e o exterior das igrejas podem reforçar essa sensação de acolhimento, como as paredes texturizadas que não só enriquecem visualmente o espaço, mas também contribuem para a acústica.

Decoração: Simplicidade e Coerência

É comum vermos construções feitas de forma desordenada, para depois buscar um toque de beleza e acolhimento através da decoração. No entanto, a decoração não deve ser um elemento isolado. Ela deve estar sempre a serviço do projeto arquitetônico e litúrgico, criando uma unidade harmoniosa. Seja através de vitrais, pinturas ou outros elementos decorativos, tudo deve ser pensado de maneira cuidadosa, alinhado à teologia e à liturgia. O excesso de decoração pode tornar o ambiente sobrecarregado, o que acaba afastando os fiéis da experiência de oração, dispersando sua atenção.

Em espaços litúrgicos, menos é mais. A sobriedade, a simplicidade e a discrição devem ser priorizadas, evitando a tentação de enfeitar o ambiente de maneira exagerada.

Flores: Moderação na Simplicidade

Quanto às flores, a discrição é essencial. Muitas vezes, os arranjos florais ganham destaque de forma excessiva, obscurecendo o altar e a mesa da Palavra. É importante que o arranjo não seja mais notável que o próprio espaço sagrado. Além disso, plantas e flores artificiais não devem ser utilizadas. Em um ambiente de celebração, onde a verdade é proclamada e experimentada, o uso de materiais artificiais – como o plástico, símbolo de descarte – não é apropriado.

Vasos de barro, madeira ou ferro são os mais indicados, trazendo um toque de nobreza e dignidade ao ambiente. A escolha do material e a quantidade de decoração devem sempre estar em consonância com o objetivo litúrgico e teológico do momento.

Conclusão: Um Espaço Coerente com a Liturgia

Para cada liturgia, a dinâmica do espaço deve ser cuidadosamente planejada. O local de celebração não deve ser apenas um ambiente decorado, mas um espaço com um objetivo claro e definido. A arquitetura e a decoração devem ser pensadas para servir à liturgia, para enriquecer a experiência de oração e promover uma verdadeira vivência da fé. O segredo está na simplicidade, no equilíbrio, e na coerência com o tempo litúrgico.


Bibliografia:

  • Carpanedo, Penha e Guimarães, Marcelo. Dia do Senhor: Guia para as Celebrações das Comunidades. São Paulo, Ave Maria, 1997.
  • Beckhäuser, Alberto. Celebrar a Vida Cristã. Petrópolis, Vozes, 1984.
  • Machado, Regina Céli de Albuquerque. O Local de Celebração: Arquitetura e Liturgia. São Paulo, Paulinas, 2001.

 

JUNIORISTAS PIAS DISCÍPULAS DO DIVINO MESTRE RENOVAM SEUS VOTOS RELIGIOSOS

As junioristas Pias Discípulas do Divino Mestre, Ir. M. Antônia Bianca Oliveira dos Santos e Ir. M. Kainã Barbosa da Silva, renovaram recentemente seus votos religiosos em celebrações marcadas pela fé, pela entrega a Deus e pela alegria da vida consagrada. A renovação dos votos representa um passo significativo na caminhada vocacional dessas irmãs, reafirmando seu compromisso com a missão e com a espiritualidade da congregação.

Celebração em São Paulo: Ir. M. Antônia Bianca Oliveira dos Santos

No dia 09 de fevereiro de 2025, na cidade de São Paulo, Ir. M. Antônia Bianca Oliveira dos Santos renovou seus votos religiosos em uma celebração marcada pela profundidade espiritual e pelo eco da Palavra de Deus. A liturgia do dia, com os textos de Lucas 5,1-11, Isaías 6,1-2a.3-8, o Salmo 138 (137) e a Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios 15,1-11, trouxe um rico significado ao seu compromisso renovado.

Neste 5º domingo do Tempo Comum, a Palavra de Deus nos apresenta o chamado dos primeiros discípulos, conforme narrado por Lucas. Jesus convida Simão Pedro a lançar novamente as redes, conduzindo a uma pesca milagrosa. Esse episódio se entrelaça com a experiência do profeta Isaías, que, ao sentir-se indigno diante da santidade divina, acolhe com humildade sua missão. Essa mesma atitude de entrega e confiança é essencial a todos os que seguem o Senhor, reconhecendo suas limitações, mas aceitando o chamado divino.

O apóstolo Paulo, na Carta aos Coríntios, recorda o anúncio do Evangelho e ressalta como a graça de Deus opera na fraqueza humana. Assim, a liturgia deste dia iluminou de forma especial o sim de Ir. M. Antônia Bianca, fortalecendo seu compromisso ao renovar os votos religiosos. Como Pedro, Isaías e Paulo, ela respondeu com amor e confiança ao chamado do Divino Mestre, reafirmando sua disposição para seguir em missão, mesmo diante dos desafios.

Celebração em Olinda/PE: Ir. M. Kainã Barbosa da Silva

Poucos dias depois, no dia 11 de fevereiro de 2025, foi a vez de Ir. M. Kainã Barbosa da Silva renovar seus votos religiosos em uma celebração especial na cidade de Olinda, Pernambuco. A solenidade ocorreu na comunidade local das Pias Discípulas do Divino Mestre, reunindo irmãs da congregação e amigos que acompanham sua trajetória vocacional.

Assim como Ir. M. Antônia Bianca, Ir. M. Kainã renovou seus votos religiosos com fervor e profunda espiritualidade, reafirmando sua consagração ao Senhor. Sua jornada tem sido marcada pela busca constante de serviço e de vivência do carisma da congregação, que se dedica à espiritualidade e à missão evangelizadora por meio da liturgia e da pastoral vocacional.

A comunidade local celebrou com alegria esse momento especial, reforçando a importância da vocação religiosa e da vida consagrada na construção do Reino de Deus.

Significado da Renovação dos Votos Religiosos

A renovação dos votos é um momento essencial na caminhada das religiosas, pois reafirma sua escolha de seguir a Cristo de maneira plena e dedicada. Para as junioristas, esse período é de aprofundamento da vocação e de vivência do carisma congregacional, preparando-as para a profissão perpétua no futuro.

As Pias Discípulas do Divino Mestre, congregação fundada pelo Bem-Aventurado Tiago Alberione, têm como missão principal a oração e o apostolado litúrgico. Seu carisma está intimamente ligado à vivência da espiritualidade e ao testemunho de vida centrado na Eucaristia, no Sacerdócio e na Liturgia.

Ao renovarem seus votos, Ir. M. Antônia Bianca e Ir. M. Kainã reafirmam sua disponibilidade em servir a Deus e aos irmãos, mantendo viva a essência da vocação religiosa.

As celebrações realizadas em São Paulo e Olinda foram momentos de graça e bênção, que marcaram a caminhada vocacional das irmãs junioristas. A renovação dos votos é uma ocasião de renovar o sim a Deus, fortalecendo a missão e o compromisso com o Reino.

A comunidade das Pias Discípulas do Divino Mestre segue em oração por Ir. M. Antônia Bianca e Ir. M. Kainã, para que continuem firmes em sua caminhada de fé e doação. Que o Divino Mestre as fortaleça e guie em sua missão, para que possam testemunhar com alegria e amor a presença de Deus no mundo.

SANTA ESCOLÁSTICA E MADRE ESCOLÁSTICA: DUAS MULHERES, UM MESMO AMOR POR JESUS MESTRE

Por Ir. Julia de Almeida

Na história da Igreja Católica, há nomes que marcam épocas e vocações específicas. Entre eles, encontramos duas mulheres que, embora separadas pelo tempo e pelas circunstâncias, compartilham um mesmo nome e um mesmo amor profundo por Jesus Mestre, Caminho, Verdade e Vida. Trata-se de Santa Escolástica, irmã de São Bento, e Madre Escolástica Rivata, a primeira religiosa das Pias Discípulas do Divino Mestre. Apesar de pertencerem a contextos distintos, ambas viveram sua vocação de maneira intensa e são figuras inspiradoras para a espiritualidade cristã.

Santa Escolástica: A Primeira Monja Beneditina

Santa Escolástica nasceu no século VI e era irmã gêmea de São Bento, o grande fundador da ordem beneditina e da tradição monástica no Ocidente. Desde jovem, Escolástica escolheu dedicar sua vida a Deus, fundando um mosteiro feminino que seguia a Regra Beneditina, com ênfase na oração, no trabalho e na vida comunitária.

Um dos episódios mais marcantes de sua vida foi seu último encontro com São Bento, narrado por São Gregório Magno. Conta-se que, em uma noite de conversa espiritual, Santa Escolástica desejava prolongar aquele momento de comunhão, mas São Bento insistia em seguir a disciplina e voltar ao seu mosteiro. Santa Escolástica então rezou, e uma forte tempestade impediu seu irmão de partir, permitindo que passassem a noite em oração e reflexão. Três dias depois, São Bento teve uma visão de sua irmã subindo ao céu em forma de uma pomba, indicando sua morte e sua entrada na glória eterna.

Essa história reflete o amor de Santa Escolástica pela oração e sua íntima união com Deus. Sua vida foi um exemplo de fé, obediência e entrega total, características essenciais da espiritualidade beneditina. Por isso, ela se tornou padroeira das monjas beneditinas, da vida consagrada feminina e das pessoas que buscam uma relação profunda com Deus através da oração.

Madre Escolástica Rivata: A Primeira Pia Discípula do Divino Mestre

Séculos depois, no século XX, surge uma nova Escolástica, chamada para uma missão diferente, mas igualmente marcada pela oração e pelo serviço ao Reino de Deus. Úrsula Rivata, nascida em 1897, foi a primeira mulher a ingressar na Congregação das Pias Discípulas do Divino Mestre, um ramo da Família Paulina fundado pelo Bem-aventurado Tiago Alberione. Ao professar seus votos, recebeu o nome de Irmã Escolástica Rivata, tornando-se a primeira religiosa dessa nova família religiosa.

As Pias Discípulas do Divino Mestre foram fundadas com um carisma muito especial: unir vida contemplativa e serviço apostólico, especialmente no cuidado da liturgia, na oração e na adoração ao Santíssimo Sacramento. Madre Escolástica foi uma das grandes responsáveis por dar forma a essa missão, ajudando na formação das primeiras irmãs e sendo um modelo de vida consagrada.

Ela viveu com simplicidade, discrição e grande espírito de obediência, enfrentando desafios e até períodos de isolamento dentro da própria congregação. No entanto, permaneceu fiel ao seu chamado, confiando sempre na vontade de Deus e no carisma que Alberione havia lhe confiado. Por essa razão, em 2014, o Papa Francisco reconheceu suas virtudes heroicas, concedendo-lhe o título de Venerável Madre Escolástica Rivata, um passo importante para sua futura beatificação.

Por que Alberione escolheu o nome Escolástica para Úrsula Rivata?

O Bem-aventurado Tiago Alberione não escolhia nomes ao acaso. Para ele, cada nome dado a um membro da Família Paulina possuía um significado profundo, refletindo uma missão e um modelo de santidade a ser seguido.

No caso de Úrsula Rivata, Alberione escolheu o nome Escolástica por algumas razões muito significativas:

  1. Ligação com a vida contemplativa: Assim como Santa Escolástica, Irmã Escolástica Rivata foi chamada a uma vida de intensa oração. O carisma das Pias Discípulas inclui a adoração eucarística e a espiritualidade litúrgica, que exigem uma alma profundamente contemplativa.
  2. Obediência e entrega total: Santa Escolástica foi um exemplo de confiança na providência divina e obediência à vontade de Deus. Madre Escolástica Rivata também viveu essa entrega, aceitando com humildade os desafios e provações de sua vida religiosa.
  3. Comunhão com a missão da Igreja: Santa Escolástica tinha uma relação profunda com São Bento e, juntos, influenciaram a vida monástica da Igreja. Da mesma forma, Madre Escolástica foi um pilar na construção da identidade das Pias Discípulas, auxiliando na formação das irmãs e na vivência do carisma paulino.
  4. Amor por Jesus Mestre, Caminho, Verdade e Vida: Ambas as Escolásticas viveram centradas em Cristo. Santa Escolástica dedicou-se à oração e à contemplação, enquanto Madre Escolástica foi chamada a servir a Igreja na liturgia e na formação espiritual das religiosas e dos fiéis.

Duas Mulheres, Um Mesmo Espírito de Amor e Serviço

Embora separadas por séculos, Santa Escolástica e Madre Escolástica Rivata têm muito em comum. Ambas foram mulheres de oração, que viveram sua vocação com fidelidade e entrega total a Deus. Santa Escolástica influenciou a vida monástica feminina e nos ensina sobre o poder da oração e da confiança na vontade divina. Madre Escolástica, por sua vez, foi um exemplo de humildade e serviço dentro da Família Paulina, ajudando a construir uma nova espiritualidade para a Igreja do século XX.

O nome Escolástica, portanto, não foi apenas um título simbólico para Úrsula Rivata, mas uma verdadeira missão de vida. Tiago Alberione viu nela o espírito de Santa Escolástica e a confiou à mesma missão de santidade e comunhão com Deus. Hoje, ao lembrarmos dessas duas grandes mulheres, somos convidados a seguir seus exemplos, buscando em nossa vida um profundo amor por Jesus Mestre e um compromisso fiel com a missão da Igreja.

Que Santa Escolástica e a Venerável Madre Escolástica Rivata intercedam por nós e nos ensinem a viver com fé, oração e serviço a Deus e ao próximo!

DIMENSÃO LITÚRGICA: AMOR PELA LITURGIA

Por Ir. M. Cristina Cruciani, pddm*

Texto traduzido da Revista “La Vita in Cristo e nella Chiesa”, pela Ir. Maristela Bravin, pddm.

1. A biografia litúrgica de Padre Alberione

Padre Alberione viveu em uma época[1] que, por quanto se refere à liturgia, é marcada por eventos gloriosos daquilo que chamamos «Movimento litúrgico». O momento determinante para tal movimento se faz coincidir com o «Congrès national des oeuvres catholiques» realizado em Malines (Bélgica) em 23 de setembro de 1909, onde o monge beneditino Lambert Beaudoin deu uma magistral conferência sobre a Liturgia que constituiu uma enorme novidade e suscitou grande interesse.

Sob o pontificado de Pio X se desenvolvem, quase com um caráter oficial, todos os germes de reforma da Liturgia surgidos no final do século XIX e recolhidos em particular na obra de outro beneditino, P. Guéranger (1805-1875).

O ‘800 foi marcado por grandes figuras que na Europa indicam a urgência de uma renovação da Liturgia. Entre outros, depois de Guéranger, o fundador do movimento litúrgico beneditino de Solesmes, foi justamente, L. Beaudoin (1873-1953) que amplia o movimento na Bélgica, na Alemanha onde a abadia de Maria Laach dá ulterior contributo especialmente por obra do abade l. Herwegen e do monge Odo Casel. O romantismo do 800 tinha favorecido o retorno à tradição e à redescoberta daquela época, diria Guéranger, «na qual os livros santos nunca eram abandonados pelas mãos dos pastores e dos fiéis»[2]: a época dos Padres!

Os pontos cardeais do Movimento litúrgico, no seu nascer, de algum modo, podem-se reduzir ao amor pelas S. Escrituras, à sua interpretação segundo os Padres e à redescoberta de um conceito profundo do valor da Tradição, na sua continuidade infalível e na fidelidade ao Magistério.

Depois de 1909 o Movimento litúrgico encontrará uma brecada por causa da primeira guerra mundial para, depois, estender-se, na Europa e além do oceano. Depois da segunda guerra mundial encontrará a sua «Magna charta » na encíclica de Pio XII «Mediator Dei» de novembro de 1947.

Na Áustria o padre P. Parch e na Itália outras figuras eminentes de liturgistas, são pioneiras, sobretudo do retorno do povo à Liturgia. Já desde 1887 publicava-se a revista do Centro litúrgico vicentino, em Roma: Ephemerides liturgicae. E, em 1914 a abadia beneditina de Finalpia, por obra do abade B. Bolognani tinha fundado Rivista liturgica com o objetivo de «apresentar, fazer amar e praticar a liturgia como vida religiosa própria na Igreja… e de apoiar a piedade no sentido católico, que é o sentido de Cristo»[3]. Depois, a direção da revista foi confiada ao Padre E. Caronti da abadia de Praglia.

Nos anos entre as duas guerras e depois da segunda, desenvolve-se uma enorme série de iniciativas em campo litúrgico: revistas, artigos, pequenos missais, obras de comentário ao Ano litúrgico. Semanas litúrgicas são constantemente promovidas para difundir, primeiro entre o clero e depois entre o povo, um conhecimento mais profundo da Liturgia como fonte de genuína vida espiritual. Não nos podemos deter muito sobre estes acontecimentos históricos importantes, que desembocam na Constituição sobre a S. Liturgia do Concílio Vaticano II. Reenviamos aos livros de história da liturgia. Estes acenos servem para sublinhar a sensibilidade eclesial de Padre Alberione e a sua atenção aos sinais dos tempos. O campo litúrgico foi um dos campos de maior interesse para ele.

Com acentuada sensibilidade e preocupação pastoral encontrou e indicou na liturgia uma das maiores fontes para alimentar a vida cristã dos fiéis.

No livrinho autobiográfico, «Abundantes Divitiae», ele mesmo fala do seu «espírito litúrgico». Citamos integralmente o texto:

«Grande proveito[4] (lhe ofereceu) a leitura dos livros de G. Durando, Gavanti, Barin, Destefani, Guéranger, Schuster, Veneroni, Eisenhofer, Lefèbvre[5]; assim também lhe valeram os periódicos Ephemerides liturgicae e Rivista liturgica (Finalpia). Ficara particularmente impressionado com a atividade de Pio X em favor do canto sacro, do breviário, do ensino da liturgia. Teve que dar aula de liturgia por alguns anos. Depois designado mestre de cerimônias, sacristão no seminário, cerimoniário do Bispo, com o encargo de preparar o livro das cerimônias, saboreou sempre melhor a oração da Igreja e com a Igreja. Tais incumbências levaram-no ao desejo de ter igrejas adequadas às belas funções litúrgicas. Certo dia o Bispo lhe confidenciou: “Uma vez eu pregava de preferência o dogma: depois de preferência a moral; hoje sinto mais útil expor as orações litúrgicas, com os ensinamentos dogmáticos e morais que lhe são ligados”. Foi uma orientação para ele. Consequências: na Família Paulina se teve em grande conta o canto gregoriano e a música sacra; bem cedo pôs mãos ao missalzinho que era preparado em aula (1935), depois o boletim litúrgico (1932), La Vita in Cristo e nella Chiesa (1952), e foi fundado o Instituto das Pias Discípulas com finalidade litúrgica (1924); tudo isso considerando a Liturgia no seu sentido pleno e realístico.

O Divino Mestre sacramentalmente mora em 150 capelas (estamos em 1954) da Família Paulina. Três igrejas principais: ao Divino Mestre, à Rainha dos Apóstolos, a São Paulo, de acordo com as três principais devoções. Foram-lhe confiadas as aulas de Arte sacra. Por isso (seguiu-se) a leitura de textos, as visitas a obras, os debates em revistas e em privado sobre o princípio: “a arte para a vida, para a verdade, para o bem”.

Bem cedo se inscrevera como membro da Sociedade “Amigos da arte cristã”. As três igrejas foram construídas de acordo com os princípios publicados muitos anos antes, nos Apontamentos de teologia pastoral[6].

Entregou ao arquiteto o esboço para a elaboração do desenho de cada uma, como programa geral de trabalho; para que a igreja tenha unidade e desenvolvimento de tema em todas as partes: arquitetura, escultura, pintura, vitrais, alfaias. Sobretudo (para que) corresponda à finalidade para a qual era construída uma igreja paulina»[7].

Certamente a atividade litúrgica de Pio X impressionou particularmente Padre Alberione. Se os anos de formação e os primeiros de seu ministério foram, portanto, marcados pelo interesse e trabalho direto no campo litúrgico, toda a vida de Padre Alberione foi caracterizada por esta atenção. Para ele, era habitual a expressão: «As edições devem referir: o dogma, a moral, o culto». A Providência o chamou depois a assinar com entusiasmo, junto aos outros Padres do Concílio, a Constituição «Sacrosanctum Concilium» de 4 de dezembro de 1963.

2. Bíblia e Liturgia

O objetivo claro desde o início para as fundações paulinas é a divulgação do Evangelho, aliás, de toda a Escritura, enquanto esta é dar a conhecer Jesus Cristo.

Por isto Padre Alberione promoveu a Associação Bíblica Internacional e foi ele que idealizou o projeto: «A Bíblia em cada família».

Da Bíblia deriva a compreensão da Liturgia; não é possível reconduzir as grandes multidões à Liturgia sem antes reconduzi-las à Bíblia. Nos últimos anos ele repetia esta convicção: «O retorno à Liturgia e o retorno à Bíblia são duas realidades inseparáveis. Antes, este é um dos maiores frutos que a Igreja espera da reforma litúrgica: reconduzir com a reforma, o povo à Bíblia e a Bíblia ao povo. Este contínuo descristianizar-se da vida, da arte, do pensamento depende da falta de oxigênio litúrgico bíblico no qual nós, por séculos fizemos o povo viver. Do fenômeno de séculos de separação entre Liturgia e Bíblia resultam consequências dolorosas: o grande povo não compreendia a Missa, os Sacramentos, as funções… Uma pregação separada da Bíblia não era ouvida como Palavra de Deus, mas sim como raciocínio de homem. E o que é a Liturgia? É a realização de quanto está na Bíblia; missa, sacramentos, sacramentais… É apresentada por palavras, gestos, cerimônias, etc. que estão na Bíblia; e se faltasse a leitura da Bíblia não se compreenderia nada da Liturgia. A Liturgia é a sacramentalidade da Bíblia. Disso segue a necessidade da Bíblia, em particular do Novo Testamento em paralelo ao Antigo. Também nos trechos reportados literalmente pelos livros litúrgicos, é sempre o sentido, o espírito, o clima bíblico.

Segue disso a necessidade da Bíblia para o povo: do contrário, a Liturgia nada diz ao povo; e muito menos dá louvor a Deus; nem fará uma oração consciente.

Em conclusão: o binômio Liturgia e Bíblia, Cálice e Livro[8].

3. A liturgia para as massas

Era então necessário, devolver a Bíblia, e portanto, a Liturgia às massas através de publicações que chegassem ao grande público.

A atividade editorial paulina, desde os primeiros decênios, dedicou particular atenção à  publicações de caráter litúrgico; já em 1921 editava-se um folheto tendo por título: Uma boa palavra que depois foi substituído por La Domenica. Em 8 de dezembro de 1926 saiu La Domenica illustrata; em 1932 iniciou-se Bollettino Parrocchiale-liturgico justamente no intento de orientar os fiéis para maior compreensão e estima da Liturgia da Igreja. Foi editado por uns quinze anos. Em 1952 foi substituído pela revista litúrgica La Vita in Cristo e nella Chiesa, confiada às Pias Discípulas do Divino Mestre, congregação fundada em 1924 para o apostolado Eucarístico, Sacerdotal e Litúrgico. O próprio Padre Alberione ditou o programa para a Revista no seu primeiro número: «A mulher que se torna ajuda dell’Alter Christus, o padre, desde a vocação à formação, ao ministério público, na morte: depois da morte com os sufrágios: eis a primeira chama do incêndio que este periódico quer alimentar. Incendeie!

…Levar as pessoas à Missa, à Comunhão, à Adoração. Esta é a segunda chama do incêndio que este periódico quer alimentar. Incendeie!

…Conhecer os tesouros da Liturgia, divulgar tudo quanto serve à Liturgia, viver a Liturgia conforme a Igreja: esta é a terceira chama do incêndio que este periódico quer alimentar. Incendeie!»[9].

4. A Liturgia, livro do Espírito Santo

Uma definição original da Liturgia recorre mais vezes nos escritos e nas falas de Padre Alberione. No prefácio de um missalzinho organizado pelos paulinos em 1935 ele escrevia: «A sagrada Liturgia da Igreja é ao mesmo tempo: Lei de oração, Norma de ação Regra de fé. A Liturgia da Igreja deve, portanto, ser interpretada segundo seu sentido integral e total. Esta é como o grande livro do Espírito Santo. Em forma de oração, em atos de culto, em coisas sagradas o Espírito Santo ilumina, enquanto manifesta a Divina Vontade e juntamente infunde a graça: ‘Assim também o Espírito Santo socorre a nossa fraqueza. Pois não sabemos o que pedir como convém; mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis, e aquele que perscruta os corações sabe qual o desejo do Espírito; pois, é segundo Deus que ele intercede pelos santos’ (Rm 8,26-27). Existem no presente, diversos livros para o povo; há livros rituais, sacramentais, breviários, epistolários, missais, etc. com comentários e interpretações fáceis ou elevadas, críticas ou piedosas. É necessário, porém, entender toda a mente da Igreja.

Esta sempre nos apresenta o dogma, a moral, o culto; mesmo com prevalência de uma das partes conforme os fins e as circunstâncias específicas. Por outro lado, na Liturgia a Igreja quer levar o homem a Deus inteiramente: conforme a mente, a vontade, o coração. Portanto, as considerações, os comentários, as introduções deverão ser ao mesmo tempo: dogmáticas para iluminar os fiéis sobre as verdades que a Chiesa nos quer ensinar nos vários mistérios do Ano Litúrgico; morais, pois a vida de Jesus Cristo, da SS. Virgem e dos Santos que passam diante de nós cada dia, são para serem imitadas; piedosas: de fato, o missal é, na sua parte mais substancial, um livro de oração, aliás, ele é feito pela maior oração, a renovação do Sacrifício da Cruz. O presente Missal quotidiano é completo sob este ponto de vista, porque feito na plena luz da Igreja, na plena luz de Jesus Cristo que disse: «eu sou o Caminho, a Verdade, a Vida» (cf. Jo 14,6). Poderá, portanto, fazer grande bem aos fiéis que o usarão. Unindo-nos à Igreja, grande mestra de oração, nos unimos a Jesus Cristo mesmo: por Ele, com Ele, Nele, mandamos as nossas adorações, agradecimentos, propiciações e súplicas ao Pai celeste».

Ao apresentar La vita in Cristo e nella Chiesa, Padre Alberione afirmava: «Deus Pai fala na criação, e as coisas são o seu grande livro. O Filho fala nas suas obras e na sua pregação, e o Evangelho é o seu grande livro. O Espírito Santo fala e opera nos Sacramentos, sacramentais, orações, e a Liturgia é o seu grande livro»[10]. A sagrada Liturgia é luz para as almas porque se apóia sobre os  dogmas; é guia para as pessoas porque mostra a vida cristã e a vida perfeita; é santificação para as pessoas, porque é o meio ordinário com o qual comunica às pessoas a graça e o caminho sobrenatural.

Em um escrito autógrafo Padre Alberione observava acerca das Pias Discípulas: «Considerou-se longamente três necessidades e três apostolados correspondentes e até então repartidos em várias instituições:

a) Apostolado eucarístico praticado já amplamente, mas ainda privado de forma e de organização definitiva…, sentia o Espírito do B. Eymard[11] e Pio X, que era por todos considerado o papa da Eucaristia. Era necessário, porém, que a piedade eucarística se tornasse apostolado, e se realizasse no Divino Mestre.

b) Apostolado litúrgico, pois o Divino Mestre quis na Igreja uma pregação verbal, mas a história ensina qual seja a pregação do culto e que a sua eficácia concebia a Liturgia conjuntamente: como culto a Deus, como distribuição do caminho divino às almas, como instrução ativa sobre a fé e sobre a moral e meio pelo qual a moral pregada e a moral ensinada fossem, pela divina graça, aceitas e vividas. Parecia-lhe que a Liturgia, depois dos grandes mestres, devesse popularizar-se; parecia-lhe o livro do Espírito Santo prometido por Jesus Cristo; e que cumprisse a obra da pregação com os meios modernos. Esta pregação é cheia de perigos e de dificuldades! São necessárias, portanto, graças especiais para os apóstolos e os apostolados;

c) O apostolado do serviço sacerdotal… Este serviço compreende a espera: a Pia Discípula pede e ajuda vocações; o serviço de casa; a assistência de oração, durante o ministério; ofício de enfermeira; sufrágios após a morte “[12].

Liturgia, portanto «grande livro do Espírito Santo», lugar eminente onde a Igreja ensina a verdade e a fé. Ainda mais: «Liturgia que cumpre a obra da pregação com os meios modernos». Estas afirmações são riquíssimas de consequências. Hoje os estudos litúrgicos, 25 anos após a Constituição conciliar sobre a Liturgia, depois de uma reflexão mais propriamente bíblica e teológica, os estudos orientam-se sobre a linguagem da Liturgia, sobre a característica simbólica, sobre códigos de comunicação dos quais esta se serve: palavra, gesto, imagem. E tudo isso se justifica enquanto a Liturgia é veículo da salvação para o homem que nela entra com suas capacidades humanas de receptividade e de resposta. Padre Alberione de algum modo intuiu tudo isso.

Em segundo lugar as consequências estão no plano do papel do Instituto das Irmãs Pias Discípulas ao interno da Família Paulina. Elas cumprem, como toda a Família, o apostolado do anúncio de Jesus Cristo às multidões com sua atividade litúrgica. Portanto, não somente com a oração elas têm parte, no apostolado dos meios da comunicação de massa, com os outros Institutos mais diretamente empenhados, mas se inserem neste mandato carismático paulino com o apostolado litúrgico.

Fazem isto seja cuidando da arte em todas as suas formas, como a música, a pintura, a escultura, a arquitetura, seja cuidando da realização do arredo litúrgico; seja, sobretudo com a catequese específica litúrgica, através do ensino da Liturgia, a edição, os audiovisuais.

5. Às Pias Discípulas do Divino Mestre: manifestar Jesus por meio da Liturgia

Padre Alberione manifestava a intenção de fundar um instituto com estas palavras «Em 1908 comecei a rezar e a pedir orações para que nascesse uma Família religiosa de vida retirada, dedicada à adoração e ao apostolado sacerdotal e litúrgico, toda de Jesus Divino Mestre presente no Mistério Eucarístico. Para que? Para que se tornasse fonte de graça à qual atingiriam outras famílias religiosas mais especialmente dedicadas à vida apostólica. Sucessivamente continuando a rezar, vinha se delineando o modo de vida desta Família e a forma concreta das relações com as Famílias a serem instituídas. Escrevi então o livro La donna associata allo zelo sacerdotale[13], onde expressei no modo então possível; projetando luz sobre o apostolado da mulher em união e sob a direção do apostolado sacerdotal”[14].

O apostolado litúrgico tem a finalidade de levar os fiéis a viver em Cristo e na Igreja. A atividade litúrgica do Instituto das Pias Discípulas é «atividade de espírito pastoral» como toda a atividade paulina[15]. «A Liturgia, acrescentava Padre Alberione, se exerce em primeiro lugar com o conhecimento e em segundo dando a conhecer. Conhecer e fazer conhecer. A revista La Vita in Cristo e nella Chiesa tem esta finalidade. As publicações litúrgicas deveriam aumentar e então, seja por meio do periódico, seja por meio do livro, de áudio visuais, seja com filmes, se contribui para tornar conhecida a Liturgia da Igreja. Nisto tem-se muito que progredir porque de um lado, importa o estudo da sagrada teologia para melhor conhecer e, por outro, importa também o amor à Liturgia. Folhetos, pequenos opúsculos e quem sabe, livros! »[16].

Dirá ele às irmãs: «Entrem sempre mais no espírito da Igreja como entraram muitos artistas e muitos estudiosos da liturgia… Devem pensar que se pode abraçar tudo aquilo que é apostolado litúrgico, também as igrejas que se devem construir.

Mas, especialmente. devem se tornar mestras de Liturgia, porque o Instituto é para isto. Se não levasse seu aporte de luz, de clareza, de maior inteligência da S. Liturgia, não alcançaria completamente seu fim. Liturgia a ser estudada em si mesma, estudada no seu sentido teológico e de modo específico; e ainda, Liturgia na sua história, Liturgia nos documentos pontifícios»[17].

Referindo-se ao canto, Padre Alberione exortava a fazer canto de multidões, como já Pio X havia ensinado, e enquanto possível, cantos cantados por todo o povo, não tão facilmente por poucos[18].

Em 6 de janeiro de 1958, na solenidade da Epifania, Padre Alberione reforçava o programa das Pias Discípulas: manifestar Jesus através da Liturgia, acrescentando que isto deve ser feito imitando Maria: «Manifestar Jesus, claro, com a palavra, mas a manifestação pode ser feita de vários modos, sim, com o ensino, com a pregação, mas, ao mesmo tempo, com os trabalhos, com os quadros, com as estátuas e com tudo aquilo que a Liturgia é; tudo é manifestação de Jesus Cristo realizada no espírito da Igreja e no espírito do Evangelho. E quem, primeiro, mostrou Jesus Cristo foi a Virgem bendita. Ela trouxe no seu seio o Filho de Deus encarnado e depois o manifestou, sem pregar, no silêncio, com fatos. Mostrou-o, antes aos pastores, para que o adorassem; manifestou-o aos Magos para que o adorassem; manifestou-o qual ele era, isto é, Filho de Deus, Mestre da humanidade, Salvador do mundo. Jesus depois manifestou a si mesmo por meio dos milagres, da palavra, e manifestou o Pai, falando do Pai e dando a conhecer o Pai: «Dei a conhecer o teu Nome!» (Jo 17,5). E continuava: «Jesus é a própria Liturgia e Maria é a mãe da Liturgia, porque é a mãe de Jesus. Ele o Liturgos, ela é a mãe. Então se as Pias Discípulas, se vocês, atuarem melhor no espírito de Maria, manifestarão Jesus com Maria, como o manifestou Maria, não tanto com as palavras, mas com aquilo que se produz, aquilo que se apresenta. Portanto, a vida do apostolado é vida «em Cristo e na Igreja» (Ef 5,32)… Tudo aquilo que a Igreja ensina se pode dizer com palavras e se pode dizer com as obras, com os fatos, com a pintura, com a escultura, com as construções das igrejas e com tudo aquilo que diretamente è Liturgia. O campo de vocês é vastíssimo e requer sempre mais instrução…

Quando uma pintura representa um dogma é claro que é uma pregação. Agora, vejam bem se existe uma mente aberta naquilo que se estuda, naquilo que se produz, naquilo que se divulga: se há uma mente ampla, ou uma mente muito restrita.

Sempre a mente aberta, isto é, ideias amplas. Quem alcançará mais? Quem penetra melhor o mistério cristão. E se penetra antes com o catecismo, depois com a cultura religiosa um pouco mais ampla, particularmente rezando. É preciso que se pense que o Centro litúrgico[19] é como uma igreja onde tornar conhecido Jesus e as coisas que se referem a Jesus, que se referem ao Divino Mestre e que portanto, se referem, às almas…  Terão muitas vocações na medida em que saberão fazer bem o próprio apostolado”[20].

6. Liturgia fonte de vida em Cristo

Da Liturgia deriva o nutrimento da própria vida em Cristo Mestre, até assimilar-se a ele. As inumeráveis meditações ditadas pelo Padre Alberione aos seus, seguem o Ano Litúrgico, como «itinerário de fé»: «O Ano litúrgico com suas festas é ordenado para conhecer Jesus, imitar Jesus, viver Jesus»[21].

Para Padre Alberione, normalmente o Evangelho do dia, da festa ou do tempo, constitui o ponto de partida da meditação que, tendo em conta o grupo ao qual se dirige, torna-se Parola atualizada, dita por Deus naquele dia e para aquelas pessoas ou Instituto. Manifesta-se aqui o gênio do homem de Deus que sabe ler a história à luz da Palavra e sabe fazer a Liturgia tornar-se vida e a vida Liturgia, ou seja, resposta a Deus Pai na Igreja por meio de Jesus Cristo, na força do Espírito que, na Liturgia, leva a cumprimento toda santificação. Do trecho da Transfiguração (Mt 17,1-8), no segundo domingo da Quaresma de 1964, por exemplo, ele tira consequências ousadas e aproveita para indicar o objetivo de uma vida formada por Palavra e Liturgia: a contemplação e a inserção em Cristo. Propunha, portanto às irmãs esta reflexão: «Os apóstolos, vendo Jesus assim transfigurado: ‘o seu rosto como um sol, suas vestes brancas como a neve’, contemplavam maravilhados aquela transfiguração.

É isso, contemplavam. Existe a oração vocal, a mais simples, há a oração mental isto é, a meditação, depois a oração afetiva; e, quarto, a contemplação.

Existem ainda outros graus de oração, mas chegar à contemplação não é difícil… é uma coisa que vem, é ordinária, não é milagre, é o que é normal; as almas quando são um pouco adiantadas, devem chegar ali. Rezar, como diz a Escritura, para pedir o Espírito de oração: ‘infundirei o Espírito de graça e de oração’ (Zc 12,10). Sobre quem o deseja o Espírito Santo infundirá o Espírito de oração[22]. Participando da Eucaristia, sobretudo: chegar a ter os mesmos pensamentos de Deus e as mesmas intenções pelas quais Deus criou o mundo, pelas quais Jesus Cristo remiu o mundo, pelo que o Espírito Santo santifica as pessoas no mundo. Ter em mira esta perfeição».

Nos últimos anos o apelo é ainda mais recorrente: agir para a glória de Deus, chegar até: «A minha vida é Jesus Cristo» (Fl 1,21 e Gl 2,20) vivendo o Ano Litúrgico. «Cada ano que o Senhor nos dá, ele afirmava, é para que cheguemos a uma perfeição mais alta, mais profunda e isto é: «vivit vero in me Christus», Jesus Cristo vive em nós; os seus pensamentos são os nossos pensamentos, o seu querer é o nosso querer, os desejos e as intenções são aquelas de Jesus… A cada Ano Litúrgico crescer no conhecimento de Deus e no fazer bem em todos os modos…, «viverão assim de modo digno de Deus» (Cl 1,9-14)[23].

Conclusão

 Do imenso material sobre o assunto, resulta muito claramente, que Padre Alberione foi um homem que atuou as linhas, primeiro do Movimento litúrgico, depois da Reforma litúrgica conciliar. Não teorizou muito, mas realizou! Para ele a Liturgia, cujo centro é a Eucaristia, tanto no Ano Litúrgico, quanto na celebração quotidiana, tem a finalidade de formar no cristão e no religioso, Jesus Cristo, para que «o homem de Deus seja perfeito» (cf 2Tm 3,16), até a estatura de Cristo e, como Paulo, possa dizer: «a minha vida é Cristo» (Gl 2,20). Este é, na realidade o fim último da Liturgia da Igreja.

A. UGENTI (ed.) O desafio de Pe. Alberione, Piemme, Casale Monferrato, 1989, PP 153-165


* Pia Discípula do Divino Mestre italiana e foi Diretora da Revista A Vida em Cristo e na Igreja.

[1] Sublinha-se neste trabalho, as principais realizações e as mais originais intuições de Padre Alberione em ordem à Liturgia.

[2] O. ROUSSEAU, Storia del Movimento Liturgico, Roma 1961, pp. 23ss.

[3] Ibid, p. 290.

[4] Padre Alberione fala de si na terceira pessoa.

[5] São figuras de grande liturgistas cujas obras foram lidas por Padre Alberione.

[6] G. ALBERIONE, Appunti di teologia pastorale, Lit. Viretto, Torino 1912. Deste livro antes datilografado, foram faeitas duas edições, a terceira foi atualizada eml 1960 por um sacerdote paulino. .

[7] G. ALBERI0NE Abundantes Divitiae , Opera Omnia, Roma 1985, pp. 78-82.

[8] R.F. ESPOSITO (curador), Carissimi in San Paolo (CISP), Roma 1971, pp. 685-687.

[9] G. ALBERIONE, Apresentação, em La Vita in Cristo e nella Chiesa, l, 1952, pp. 4-5.

[10] lbid, p. 5.

[11] S. PIETRO GIULIANO EYMARD (1811-1868) fundador dos PP. Sacramentinos.

[12] G. ALBERIONE, Abundantes Divitiae, o.c., pp. 184-185. 11.

[13] ID,. La donna associata allo zelo sacerdotale. Alba 1915.

[14] ID,. Abundantes Divitiae, o.c., p. 171 ss.   

[15] ID., Alle Pie Discepole, Opera Omnia, 1961, p. 144. 

[16] ID., 1955, p. 338.   

[17] ID., 1958, pp. 13-16.    

[18] CISP, pp. 680-681.      

[19] Centro de Apostolado litúrgico é o local aberto ao público para a divulgação de arredo sacro, paramentos, etc. preparados pelas Irmãs Pias Discípulas do D.M.

[20] Opera Omnia, 1962, p. 52ss.

[21] A dinalidade do ano Litúrgico, em «La Vita in Cristo e nella Chiesa», (1952) p. 3.

[22] Opera Omnia, 1964, p. 66ss. 

[23] Meditação no 24° dom. depois de Pentecostes 1965, texto datilografado.

101 ANOS DE FUNDAÇÃO DAS IRMÃS PIAS DISCÍPULAS DO DIVINO MESTRE

No dia 10 de fevereiro de 1924, nascia, sob a inspiração do Bem-Aventurado Tiago Alberione, a Congregação das Irmãs Pias Discípulas do Divino Mestre. Hoje, celebramos com alegria e gratidão 101 anos de uma missão dedicada à oração, à Eucaristia, ao serviço sacerdotal e à evangelização através da arte e da liturgia.

Ao longo de mais de um século, as Pias Discípulas expandiram sua presença em diversos países, levando a mensagem do Evangelho por meio do silêncio orante, da formação litúrgica e do serviço à Igreja. Fiéis ao carisma recebido, continuam a ser luz e presença viva de Cristo Mestre, Caminho, Verdade e Vida, inspirando novas gerações a se dedicarem à missão de santificação do mundo através da adoração e do serviço.

Nesta data especial, rendemos graças a Deus pela história de fidelidade e entrega das irmãs, pelos frutos dessa caminhada e pelo chamado a seguir testemunhando o amor de Cristo no coração da Igreja. Que este jubileu seja um momento de renovação da fé e do compromisso com o Reino de Deus!

CELEBRE CONOSCO!

Convidamos todos a se unirem em oração e ação de graças por esse momento de bênção e renovação. Que possamos continuar, juntos, a missão de ser Discípulas do Divino Mestre!


Meditemos à Luz da Palavra de Deus e dos Textos Carismáticos este dia da Fundação das Pias Discípulas do Divino Mestre

As palavras das Sagradas Escrituras, do Bem-aventurado Tiago Alberione e de Madre Maria Escolástica Rivata – nossa primeira Madre –, que souberam encarnar os valores do Evangelho transmitidos pelo Fundador, são um convite à reflexão e um encorajamento para renovarmos diariamente nossa pertença a Jesus Mestre. Através delas, somos chamados a viver com alegria e fidelidade nossa bela vocação e missão.

Ef 1,16-19: Não cesso de dar graças a Deus por vocês recordá-los em minhas orações, 17Que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, conceda a vocês um espírito de sabedoria e revelação, para que o reconheçam dele. 18 Queele lhes ilumine os olhos do coração para que saibam qual é a esperança do chamado que ele faz, qual é a riqueza da glória da sua herança entre os santos, 19e qual é a extraordinária grandeza do seu poder em favor de nós, os que acreditamos, conforme a ação do seu poder eficaz. 

Outros textos bíblicos: Mt 19,27-29; Lc 8,1-3; 10, 38-42; Jo 20,1-8.


TEXTOS CARISMÁTICOS  

O Mais Belo Apostolado

(T. Alberione, APD 1947, 44-46.52-53, 9 de janeiro de 1947)

“O apostolado de vocês é insuperável; o mais belo! E, justamente por isso, é combatido pelo inimigo. As coisas mais preciosas e belas são sempre as mais desafiadas, pois ele tenta falsificá-las. Vocês têm a missão de desempenhar o ofício de Nossa Senhora, de serem sentinelas do Tabernáculo, elevando mãos puras, unidas a Jesus Hóstia.”

“Na planície, o povo de Deus lutava; no monte, Moisés orava com os braços erguidos. Quando os abaixava, o povo recuava; quando os erguia, o povo vencia. E, para que não se cansasse, dois homens sustentavam seus braços. Assim, o povo de Deus triunfou!”

“Por isso, não estranhem as provações e dificuldades que surgem. Tenham fé! Pois Jesus nos ensina: ‘Se tiverdes fé do tamanho de um grão de mostarda e disserdes a esta montanha: move-te, ela se moverá.’ Acreditamos, de fato, com esta firmeza? Muitas vezes cremos nos dogmas, mas na vida cotidiana nossa fé vacila. Confiem sem hesitação!”


Como Nossa Senhora

(T. Alberione, APD 1947, 177-180)

“Assim como Maria, a Pia Discípula é uma apóstola. Maria não apenas gerou Jesus, mas acompanhou a Igreja nascente, sustentando-a em seus primeiros passos. O apostolado de vocês está no coração da Igreja. As dificuldades externas podem surgir, mas o verdadeiro desafio está em viver plenamente o espírito da vocação.”

“Não caiam na tentação de comparar-se com os outros. O jardim de vocês é o mais belo! Nele, o Amado espera por vocês. Sua vocação é preciosa! Não se distraiam admirando os frutos alheios, pois sua missão é única e insubstituível.”

“A Pia Discípula deve rezar pelas vocações e pela santificação dos sacerdotes. Como o coração que irriga todos os membros com vida, assim é o seu apostolado. Unam-se à oração da Santíssima Virgem e peçam com confiança: ‘Tu, que és poderosa, roga conosco, para que o Senhor envie bons trabalhadores para sua messe.'”

“Para serem boas discípulas, é preciso piedade, inteligência, sabedoria e vontade. O apostolado de vocês é simples, mas exige entrega e nem sempre será bem compreendido. Cresçam, avancem e amadureçam como o Divino Mestre: em idade, em sabedoria e em graça. Aprofundem-se no conhecimento da sua vocação e vivam-na com autenticidade e amor.”


A Profissão Religiosa

(T. Alberione, APD 1959, 64)

“‘Eu me entrego, ofereço e tudo consagro.’ Assim como Jesus se entregou inteiramente a nós, devemos responder: ‘E eu me entrego inteiramente a Vós, tudo.’ Isso significa amar o Senhor com toda a mente, coração e forças, ao longo de toda a vida, até o último instante, quando O amaremos perfeitamente no céu.”

“A força do amor está precisamente nesse ‘tudo’, sem reservas. Devemos encher nossa mente com a doutrina de Cristo, para que raciocinemos conforme ela. Devemos encher nosso coração com Seu amor, para que ele se torne um reflexo do coração de Jesus. Toda a nossa vida, nossas energias, sentidos, tempo e capacidades devem ser entregues a Ele, sem hesitação.”


A Missão da Pia Discípula Perpetua-se ao Longo dos Séculos

(T. Alberione, APD 1964, 168)

“Grande é a gratidão a Deus por ter querido esta Congregação! Foi Jesus quem a suscitou, a sustentou, a fez crescer e florescer em sua missão apostólica. Ele deseja que avancemos sempre, oferecendo nossa oração, nossas obras e toda a nossa vida ao serviço do Reino.”

“O apostolado que vocês exercem é eterno, pois a Eucaristia, o serviço sacerdotal e litúrgico jamais deixarão de ser necessários. Enquanto o mundo existir, essa missão continuará a ser um canal de graça. Por isso, mantenham-se unidas, esforcem-se para progredir e expandam essa obra divina a todas as nações.”


Reflexões de Madre Escolástica Rivata

“Por que viemos para a vida religiosa? Para fortalecer nossa caminhada com uma piedade sincera e viva, com amor recíproco, no silêncio orante e no serviço generoso.” (1968)

“Façamos do nosso dia um exercício contínuo de amor, recebendo tudo das mãos de Deus e oferecendo-Lhe tudo. Agradeçamos ao Senhor, mesmo nas provações, pois a santidade é luta, é batalha. Confiemos no Deus que tudo dispõe para o nosso bem.” (1970)


Carta de Madre Escolástica Rivata a uma Jovem Irmã (janeiro de 1979)

“Mantenhamos sempre firmes nossas resoluções: Sim, sempre! No amor, na ação de graças incessante e na aceitação total do que Deus quer e como Ele quer!”

“Querida irmã, que tudo em nós glorifique o Senhor: nossa alegria, nossa generosidade, nossa fé e amor! Que nossa vocação seja vivida plenamente, para que um dia, junto com Maria Santíssima, possamos entoar o hino do amor eterno!”

TECLA MERLO: UM EXEMPLO DE FÉ E DEDICAÇÃO AO SERVIÇO DE DEUS

No dia 5 de fevereiro de 2025, celebramos o 61º aniversário de morte da Mestra Tecla Merlo (1894-1964) que foi uma mulher visionária e devota, cuja vida e legado continuam a inspirar. Nascida na Itália, ela, junto com o Bem Aventurado Tiago Alberione, ajudou a fundar a Congregação das Irmãs de São Paulo (ou Irmãs Paulinas) com um propósito claro: utilizar os meios de comunicação para evangelizar e transmitir os ensinamentos cristãos ao mundo.

Sua visão inovadora a levou a explorar a imprensa, a rádio, o cinema e outros canais de comunicação como ferramentas poderosas de evangelização. Ao longo de sua vida, Tecla Merlo buscou capacitar mulheres para se tornarem instrumentos de transformação social e espiritual, cumprindo sua missão de espalhar a mensagem de Cristo através das novas tecnologias.

Com profunda fé e coragem, Tecla animou uma congregação dedicada à caridade e à comunicação. Suas Irmãs Filhas de São Paulo desempenham até hoje um papel fundamental na formação de líderes cristãos e na disseminação de valores cristãos através de diversos meios de comunicação.

A dedicação de Tecla Merlo à causa do Evangelho e seu compromisso com a educação religiosa, a justiça e o papel das mulheres na Igreja Católica são fontes de inspiração para muitas pessoas ao redor do mundo. Em reconhecimento à sua vida de serviço, o processo de beatificação de Tecla Merlo foi iniciado em 2003, reafirmando a importância de seu trabalho e de seu legado.

Com coragem e determinação, Tecla Merlo provou que a fé pode se expressar de muitas formas, e que os meios de comunicação são aliados poderosos para levar a mensagem de Cristo a todos os cantos do mundo.

A figura de Tecla Merlo continua a inspirar novas gerações da Família Paulina, que veem nela um exemplo de fé profunda, dedicação ao serviço de Deus e paixão pela missão. Seu trabalho ainda é um modelo de como integrar o cristianismo com as necessidades do mundo contemporâneo.

Abaixo, a carta escrita para esta ocasião pela Ir. Anna Caiazza, superiora geral das Irmãs Filhas de São Paulo:

Em memória de Maestra Tecla 2025

Carta de ir. Anna Caiazza, superiora geral das Irmãs Filha de São Paulo

Roma, 5 de fevereiro 2025

Caríssimas irmãs e jovens em formação,

inicio esta página dedicada a Mestra Tecla, no 61° aniversário de sua morte, com as palavras que o papa Francisco dirigiu aos participantes do Jubileu da comunicação, no dia 25 de janeiro passado:

… narrai também histórias de esperança, histórias que alimentam a vida. Que o vosso storytelling seja também hopetelling. (…) Narrar a esperança significa ver as migalhas de bem escondidas até quando tudo parece perdido, significa permitir esperar até contra toda a esperança. Significa dar-se conta dos rebentos que brotam quando a terra ainda está coberta de cinzas. Narrar a esperança significa ter um olhar que transforma a realidade, levando-a a tornar-se o que poderia, o que deveria ser. Significa fazer com que a realidade se encaminhe para o seu destino. Eis o poder das histórias! E é isto que vos encorajo a fazer: narrar a esperança, compartilhá-la. Este é – como diria São Paulo – o vosso “bom combate”.

Narrar a esperança, antes de tudo com a vida, com o testemunho de um modo novo de viver. É o quanto fez a Primeira Mestra, por isso é “história de esperança” para nós.

Maestra Tecla semeou, no terreno bom da vida paulina, alegria e confiança no futuro; nos ajudou a crer e a perseverar nas provas, a esperar com paciência a hora de Deus, a não temer o cansaço, os sofrimentos e os sacrifícios por um objetivo “alto”.

Ensinou-nos que esperar não é saber se tudo irá bem ou irá mal, mas a certeza de que aquilo que acontece tem um sentido, e portanto, é preciso viver e testemunhar a esperança também nas trevas sem sentido.

Incentivou-nos a fazer-nos companheiras de estrada dos homens e das mulheres do nosso tempo, radicadas no presente que continuamente muda e acolhendo, portanto, o desafio de caminhar com os tempos, em busca contemplativa das novas estradas que o Espírito abre ao anúncio da Bela Notícia, aberta ao futuro de Deus, rumo à concretização daquilo que, no momento parece impossível, porque de nós nada podemos; com ele, tudo.

Eis, confiemo-nos a Deus, a nossa esperança está toda nele, procuremos só a Deus. Sejamos espertas, a santidade consiste totalmente nisto: buscar só a Deus. Quando temos o coração e a alma plenos de Deus e trabalhamos só por ele, o que mais podemos desejar além disso? (CSAS 109,11)

A Primeira Mestra, peregrina da esperança, partilhou o sonho de dar a todos, através das diversas formas do nosso apostolado, “razões para esperar”, com doçura e respeito (cf. 1Pd 3,16), com aquela mansidão que é fruto do Espírito, tecendo relações e promovendo a comunhão, antes de tudo entre nós. Nisso nos reconhecerão…

Com o seu exemplo e por ela acompanhadas, renovemos o nosso empenho em comunicar, juntas, a beleza da fé, a audácia da esperança, as nuances da caridade nas linguagens e nas modalidades comunicativas mais adequadas para falar ao coração do homem e da mulher de hoje.

Maestra Tecla continue a proteger, acompanhar e bendizer todas nós, os membros da Família Paulina e a humanidade ferida dos nossos dias.

Com afeto, em comunhão de esperança.

Ir. Anna Caiazza
superiora geral