[…] “podem entrar todos aqueles que se empenham de fazer pela boa imprensa ou especiais orações, ou ofertas, ou trabalhar, escrever…” […] “Vós sereis seus zeladores junto a todos aqueles que puderdes. Dentro de trinta anos compreendereis a importância de quanto eu disse nessa noite. Dentro de trinta anos”. (Diário de Giaccardo, 30 de setembro de 1918, pp 46-47).

Assim começa a minha missão como Cooperadora Paulina, Amiga do Divino Mestre, antes mesmo que eu entendesse esse chamado. Desde pequena sempre fui uma pessoa muito falante e comunicativa. Cresci em uma família muito grande, com dois irmãos e meus pais, vivíamos com avós, tios e primos em um mesmo ambiente. Participei da catequese desde muito nova e, aos 13 anos, comecei a auxiliar os catequistas em minha comunidade. Aos 15 anos oficialmente após a crisma, me tornei catequista. Entrei também para o ministério de música e grupo de jovens, na Igreja praticamente o dia todo, como dizem por aí.

Nessa mesma época, meus pais se casaram no religioso iniciando a conversão de toda nossa família. Iniciei meu namoro também nesse período e passamos 11 lindos anos de relacionamento, entre namoro e noivado. Organizando casa, preparando a vida para constituir a tão sonhada família. Mas os planos de Deus foram outros. Em meados de 2009, aquela notícia que ninguém quer receber: seu grande amor, companheiro de vida foi diagnosticado com câncer. Um susto e ao mesmo tempo aquela esperança de que tudo se resolveria.

De repente, mais uma notícia: um primo muito querido falece, de câncer no auge da juventude. Tempo depois, um tio que há muito tempo não se via, falece por suicídio, e outro por uma doença adquirida por uma bactéria transmitida por pombos. As perdas só iam aumentando, duas senhoras amigas queridas também falecem de câncer. Parecia que essa era a palavra do dia, algo comum, a dor era inevitável, mas as lágrimas secaram e só vivia conforme a vida ia seguindo. No meio desse turbilhão idas e vindas no hospital para acompanhar meu noivo nesse processo todo, e revezamento com uma faculdade de administração na qual nem mesmo sei como passei e concluí a graduação, porque até mesmo meus trabalhos eram amigas maravilhosas que me ajudavam.

Em 2011, meu noivo faleceu e com ele toda uma vida de sonhos e idealizações. Ali, fui ao fundo do poço literalmente quando baixaram o caixão. Me fechei para tudo, para o mundo, mas o sorriso estampado no rosto para não permitir que ninguém sofresse comigo, por achar que aquela dor era só minha, me deu forças para seguir de alguma maneira. Um assalto em nossa residência, nos fez trocar de casa e apaguei da memória todo resquício que havia deixado de uma vida e fui atrás de outros caminhos.

Recomecei em novo trabalho, nova Igreja, novos amigos. Mas no meio da caminhada que parecia estar tudo normal, adoeci. E me vi em uma mesa de cirurgia. Vivia tendo crises e crises hemorrágicas devido a uma endometriose, na qual vivia em hospitais tomando remédios e a tristeza por trás daquele sorriso começou a transparecer mais forte. O médico disse que teria que fazer uma nova cirurgia, mais complexa porque meu intestino havia aderido ao útero e não poderia ser feita de forma simples.

Então, mais uma vez no turbilhão, nasceu minha primeira sobrinha, e a luz voltou. Naquele ser tão pequeno que eu só pude conhecer uma semana depois porque eu estava me recuperando, me deu novo sopro de vida e um amor tão grande que nem percebi, quando estava indo para a segunda cirurgia. Conversei com Deus e pedi uma luz para mudar a minha vida e pedi a cura para cuidar da minha pequena.

Uma amiga linda cuidou de mim e me indicou excelentes médicos, e fui parar no melhor médico de Brasília e especialista da área. Na mesma semana essa amiga também faleceu. Perdi também meus avôs nesse meio tempo e a morte passou a ser rotineira na minha vida. Dessa vez, eu tinha por quem lutar e fui pedindo a Deus forças. Entrei e saí de grupo de Igreja. Me revoltei, me afastei, mas Ele sempre nos busca aonde for. A catequese era minha base e foi o único grupo que não saí até hoje. E em uma formação, conheci a irmã Graça, Discípula do Divino Mestre, que fez o convite para ir em uma missa de envio aos 100 anos dos Cooperadores.

Operei, melhorei e fé em Deus fui curada, não da doença porque essa é crônica, mas para Deus nada é impossível. Nasceu meu segundo sobrinho e a tristeza que havia no sorriso foi dissipando ainda mais. A frase do início do texto, bateu forte no coração, desde o primeiro encontro dos Amigos, no qual levei minha mãe também. E em São Paulo, no encontro dos Cooperadores, desabrochou após uma entrevista ao Bem-vindo, Romeiro. A energia ali foi tão forte e aos pés de Nossa Senhora Aparecida naquela Missa, minha vida mudou. A comunicação veio forte e o chamado só foi aumentando.

Então me vi na comunicação nacional dos Amigos. Me vi em uma faculdade de jornalismo e hoje pós-graduada em Marketing Digital. Produtora e repórter voluntária em uma rádio católica em Brasília, no projeto de eventos Católicos e muitos outros projetos na área da comunicação, assumindo a gestão das redes sociais de algumas empresas privadas, além de um estágio no Ministério da Justiça em Brasília.

Tenho certeza de que Alberione intercede por mim e me leva cada vez mais para a comunicação católica. A fazer a boa imprensa e levar o Evangelho aonde for, pois esse tornou-se o lema do meu chamado: “Despertai o mundo com a Luz do Evangelho”. Agora falta apenas emitir as promessas no momento certo e ir cada vez mais anunciar a boa-nova e mostrar Jesus Divino Mestre, como Paulo fez.

Agradeço aos amigos e as irmãs queridas que me acolherem com tanto amor, por me ensinar, dar um sentido e razão de viver e anunciar. Além de entender que: “Dentro de trinta anos compreendereis a importância de quanto eu disse nessa noite. Dentro de trinta anos”. Tudo fez sentido!

Débora Brito.

CP-ADM núcleo de Brasília

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