TERÇA-FEIRA SANTA: ACOMPANHAR JESUS NA LITURGIA

À medida que avançamos, a liturgia da Terça-feira Santa nos convida a mergulhar mais profundamente no mistério da entrega de Jesus. As leituras de hoje revelam, em harmonia, um drama de missão, confiança e traição — e nos chamam a acompanhar o Senhor com o coração atento e fiel.

Em Isaías 49,1-6, ouvimos o chamado do Servo de Deus, escolhido desde o seio materno para ser “luz para as nações”. Ele enfrenta o aparente fracasso de sua missão — “cantei inutilmente, gastei minhas forças sem resultado” —, mas encontra em Deus sua força e recompensa. Esta figura profética se cumpre plenamente em Jesus, que caminha rumo à cruz com fidelidade inabalável, mesmo diante da rejeição e do sofrimento. O texto nos recorda que a verdadeira medida do êxito não está no aplauso do mundo, mas na obediência ao chamado de Deus.

O Salmo 70(71) é a oração de quem confia profundamente, mesmo nas tribulações. “Em vós, Senhor, me refugio” — canta o salmista —, expressando a confiança de quem caminha com Deus desde a juventude. Assim como Jesus que, mesmo traído e abandonado, permanece unido ao Pai, também somos convidados a buscar refúgio em Deus nos momentos de dor, dúvida e solidão.

O Evangelho de João 13,21-33.36-38 nos insere diretamente no clima da Última Ceia. Jesus, profundamente comovido, anuncia a traição de um dos seus. Judas sai da mesa, e João nos diz: “Era noite.” Não apenas no céu, mas também no coração de quem escolhe o caminho da infidelidade. Pedro, por sua vez, promete seguir Jesus até a morte, mas Jesus o adverte: “Tu me negarás três vezes”. As palavras de Jesus não são condenatórias, mas reveladoras da fragilidade humana — e também da misericórdia divina que nunca nos abandona.

Neste dia, a liturgia nos ensina que acompanhar Jesus é mais do que seguir seus passos fisicamente: é partilhar de sua missão, sua entrega, sua fidelidade, mesmo quando tudo parece escuro. É reconhecer que, como Pedro, também podemos falhar, mas somos chamados a recomeçar, com a graça daquele que conhece nossas fraquezas e mesmo assim nos ama.

A Terça-feira Santa nos convida a silenciar, a estar com Jesus na intimidade da Ceia, a olhar para dentro de nós e perguntar: Sou luz ou estou escolhendo a noite? Tenho confiado em Deus ou nas minhas próprias forças? Acompanhar Jesus na liturgia é permitir que essas palavras penetrem o coração e moldem nossa vida.

A Noite como Símbolo da Escuridão Interior

Essa expressão — “Era noite”, presente em João 13,30 — é breve, mas carrega um profundo simbolismo espiritual. No contexto do Evangelho, ela descreve o momento em que Judas sai da Ceia para consumar a traição. Mas, além de indicar o tempo do dia, “noite” aqui tem uma dimensão teológica e espiritual densa, que fala diretamente ao coração dos cristãos.

Na espiritualidade cristã, a noite muitas vezes representa o distanciamento de Deus, a perda de sentido, a confusão, o pecado. Judas não apenas sai fisicamente da presença de Jesus — ele entra espiritualmente na escuridão de suas escolhas. É o momento em que ele fecha o coração à luz, e, ao fazer isso, mergulha na noite mais profunda: a da alma afastada do amor.

“Era noite” — não só do lado de fora, mas dentro dele.

O Caminho Espiritual e a Escolha pela Luz

Para os cristãos, essa frase é um alerta e um convite. Ela nos lembra que o seguimento de Cristo passa por decisões concretas. Toda vez que negamos a verdade, que nos deixamos levar por interesses egoístas, que traímos os valores do Evangelho, também escolhemos a noite. E muitas vezes, essa noite se apresenta de forma sutil: um silêncio conveniente, uma omissão, uma palavra que fere, uma atitude que esfria o amor.

Mas o Evangelho não termina na noite. Jesus, Luz do mundo, enfrenta a noite da traição, do abandono e da cruz, para que nós nunca mais tenhamos que permanecer nela. Ele caminha conosco dentro das nossas noites — e é isso que transforma a escuridão em possibilidade de conversão.

A Noite como Lugar de Escolha e Esperança

Espiritualmente, “era noite” pode ser também o lugar do recomeço. Foi na noite que Pedro prometeu fidelidade e fracassou — mas também foi perdoado. Foi na noite que os discípulos fugiram — mas depois voltaram. A noite pode ser o tempo do erro, mas também pode ser o início de um novo amanhecer, se escolhemos voltar à luz.

“Era noite” é, então, uma frase que provoca o nosso coração:

  • Onde tenho escolhido a escuridão?
  • Que áreas da minha vida precisam ser tocadas pela luz de Cristo?
  • Estou caminhando com Jesus ou saindo às escondidas como Judas?

Na espiritualidade cristã, esta frase nos chama a vigiar o coração, a reconhecer que todos nós somos frágeis como Judas ou Pedro — mas também profundamente amados e chamados à luz.

“Era noite”: quando a humanidade se afasta da Luz

Essa expressão — “Era noite” (Jo 13,30) — quando lida à luz da história da humanidade, ecoa como um diagnóstico doloroso, mas também como um chamado à esperança. Ela não é apenas uma constatação do tempo, mas uma afirmação do estado da alma. Judas sai da presença de Jesus, e a noite cai, como símbolo da escolha pela escuridão. E assim tem sido, tantas vezes, na história humana.

Cada vez que a humanidade escolhe a lógica da guerra em vez do diálogo, a exploração em vez do cuidado, o egoísmo em vez da fraternidade, ela repete esse mesmo gesto de Judas. Sai da Ceia, abandona o lugar da comunhão, do amor partilhado, e mergulha na noite.

A escuridão de conflitos armados, de desigualdades gritantes, de violências contra os mais vulneráveis, e da devastação da criação é, de fato, uma noite espiritual e existencial. É a noite provocada por corações que perderam o rumo da luz, que já não escutam o grito do outro, nem o clamor da terra.

“Era noite” — e ainda é, quando o lucro vale mais do que vidas, quando as bombas falam mais alto que as pontes, quando rios morrem e povos são silenciados.

Mas essa noite não é o fim

O Evangelho de João é profundamente simbólico, e sempre contrapõe luz e trevas. Mas nunca deixa a noite como última palavra. Porque a luz brilha nas trevas, e as trevas não a venceram (Jo 1,5). Mesmo quando a humanidade parece perdida, Deus continua oferecendo sua presença, sua Palavra, sua luz.

Jesus entra na noite, não foge dela. Ele a atravessa — traído, humilhado, crucificado — para redimir a escuridão do mundo com o brilho do amor radical. E esse é o convite para nós: ser pequenas luzes no meio dessa noite global.

Um apelo à consciência e à conversão coletiva

A frase “era noite” também é um espelho que incomoda. Ela nos pergunta:

  • Onde estamos escolhendo a noite como sociedade?
  • Por que ainda naturalizamos a violência, a miséria, a destruição da Terra?
  • Como podemos voltar à mesa da Ceia, onde o amor é servido, e a fraternidade é possível?

A resposta cristã não é o desespero, mas a vigilância ativa, a compaixão comprometida. Somos chamados a ser sentinelas da manhã, aqueles que, mesmo em meio à escuridão, mantêm acesa a chama da esperança.

78º ANIVERSÁRIO DA APROVAÇÃO DIOCESANA DAS PIAS DISCÍPULAS DO DIVINO MESTRE

Texto do Secretariado de Espiritualidade do Governo Geral PDDM

3 de abril de 2025

Neste dia especial, celebramos com gratidão o 78º aniversário da Aprovação Diocesana da Congregação das Pias Discípulas do Divino Mestre (PDDM), ocorrida em 3 de abril de 1947, na cidade de Alba. Com o coração cheio de louvor, rendemos graças ao Mestre Divino por ter suscitado nossa Congregação e confirmado-a na Igreja.

A liturgia deste dia nos convida a acolher Jesus como a manifestação do amor do Pai. Ele é o Enviado, aquele a quem o próprio Deus dá testemunho. Nossa esperança está inteiramente nele, e nosso desejo é buscar unicamente a glória do Pai.

Relembramos, com emoção, os trechos do documento de fundação do Instituto, escrito e assinado pelo Beato Timóteo Giaccardo em nome do Fundador:

“Veneráveis Pias Discípulas do Divino Mestre, em memória de sua Paixão, hoje o Divino Mestre, em seu amor sem medidas e sem limites, instituiu a Eucaristia e o Sacerdócio. Neste dia sacerdotal e no mesmo amor, Ele lhes concede uma vida jurídica nova, plena e própria, e as chama a prestar ao seu Sacerdócio um contributo de oração e apostolado, segundo sua condição e com pleno amor. […] À Venerável Mestra M. Escolástica Rivata, que foi como a nutriz das Pias Discípulas e sua Mestra até a instituição canônica própria, deseja-se que seja demonstrada filial gratidão, respeito, deferência e piedade, como todas as Pias Discípulas desejam manifestar. […] A caridade do Pai, a graça do Divino Mestre e as doces comunicações do Espírito Santo estejam sempre com vocês.”

Com alegria e espírito renovado, reafirmamos nosso compromisso de viver as quatro estrelas que guiam nossa Congregação desde o 10º Capítulo Geral: interculturalidade, missão, discernimento e formação integral e contínua. Estes são os “projetos do coração de Deus (Salmo 32) para nós, suas discípulas, na Igreja e na humanidade de hoje”.

Oremos juntas pela nossa Congregação:

“Jesus Mestre,
Te confiamos nossa Congregação.
Vive em nós, tuas discípulas,
para que, renovadas na caridade,
possamos irradiar-te no mundo
como Caminho, Verdade e Vida,
até o dia da eterna Liturgia.
Amém.”

Neste Ano Jubilar da Igreja, seguimos firmes como peregrinas da esperança, elevando nosso canto de louvor ao Senhor. Que esta celebração fortaleça nossa missão e renove nossa caminhada na fé!

A CONTRIBUIÇÃO DO VENERÁVEL FRANCISCO CHIESA PARA A FAMÍLIA PAULINA E O BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE

O Venerável Francisco Chiesa (1874-1946) foi uma figura fundamental na trajetória do Bem-Aventurado Tiago Alberione e na fundação da Família Paulina. Sacerdote piedoso e intelectual respeitado, Chiesa exerceu um papel crucial na formação espiritual e teológica de Alberione, influenciando profundamente seu pensamento e sua missão apostólica.

VIDA E FORMAÇÃO

Francisco Chiesa nasceu em Montà d’Alba (Cuneo, Piemonte) em 2 de abril de 1874. Estudou no seminário de Alba e foi ordenado sacerdote. Depois de se formar em filosofia em Roma, em teologia em Gênova e em utroque jure em Turim, dedicou-se ao ensino por mais de cinquenta anos. Lecionou especialmente no Seminário de Alba, comunicando aos jovens clérigos e padres, junto com a ciência, o espírito sacerdotal.

UM MENTOR ESPIRITUAL E INTELECTUAL

Desde os tempos de seminário, o Cônego Chiesa foi um guia para Alberione, ajudando-o a aprofundar sua compreensão da Palavra de Deus e da missão evangelizadora da Igreja. Seu testemunho de vida sacerdotal e seu compromisso com a santidade inspiraram Alberione a buscar um apostolado voltado à comunicação e à propagação do Evangelho.

PUBLICAÇÕES E TRABALHO PASTORAL

Ao mesmo tempo em que se dedicava ao ensino, Chiesa também atuou na publicação de livros e artigos para revistas. Em 1913, foi eleito pároco da paróquia dos Santos Cosme e Damião, que guiou com sabedoria e amor por 33 anos, até sua morte em 1946.

APOIO NA FUNDAÇÃO DA FAMÍLIA PAULINA

Chiesa foi um dos primeiros a incentivar Alberione na realização de sua visão: criar instituições dedicadas à evangelização pelos meios de comunicação modernos. Seu apoio moral e intelectual foi decisivo nos primeiros anos de formação da Sociedade de São Paulo e das demais congregações da Família Paulina. Durante todo o desenvolvimento da Família Paulina, ele esteve presente como diretor espiritual e conselheiro de Dom Tiago Alberione.

UM MODELO DE SANTIDADE

A influência do Venerável Chiesa transcendeu a academia e o apoio institucional. Ele encorajou Alberione a confiar na Providência Divina e a manter-se fiel à oração e ao trabalho. Sua espiritualidade e sua profunda humildade deixaram marcas indeléveis na espiritualidade paulina.

LEGADO E RECONHECIMENTO

Francisco Chiesa faleceu em Alba no dia 14 de junho de 1946. Seu testemunho de vida e santidade continua inspirando aqueles que seguem os passos da espiritualidade paulina. Em reconhecimento à sua virtude heroica, foi proclamado venerável em 11 de dezembro de 1987.

Graças à sua orientação, Alberione seguiu em frente com sua missão, fundando a grande obra da Família Paulina, que hoje continua evangelizando em todo o mundo. O Venerável Francisco Chiesa permanece como um exemplo de fidelidade, dedicação e apoio ao chamado de Deus, sendo uma inspiração para todos aqueles que seguem a espiritualidade paulina.

15º ENCONTRO NACIONAL DE ARQUITETURA E ARTE SACRA (ENAAS) REFLETIRÁ ESPAÇO LITÚRGICO E PIEDADE POPULAR

Estão abertas as inscrições para o XV ENAAS, de 02 a 06 de junho de 2025, em Goiânia.
Inscreva-se e participe: https://app.ciaticket.com.br/e/ENCONTROARTESACRA

15º Encontro Nacional de Arquitetura e Arte Sacra
02 a 06 de junho de 2025
Tema: Espaço Litúrgico e Piedade Popular

Sobre o ENAAS 2025

A Comissão Episcopal para Liturgia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por meio do Setor Espaço Litúrgico, convida a todos para o 15º Encontro Nacional de Arquitetura e Arte Sacra (ENAAS). O evento bienal, consolidado como referência na Igreja e no meio acadêmico, ocorre em Goiânia-GO, em parceria com a Arquidiocese de Goiânia, PUC-Goiás, Santuário do Divino Pai Eterno e a Associação dos Liturgistas do Brasil (ASLI).

O ENAAS 2025 acontece em um contexto especial: o Ano Jubilar de 2025, que celebra os 60 anos do encerramento do Concílio Vaticano II. O evento promoverá um amplo debate acadêmico e interdisciplinar sobre a relação entre espaço celebrativo, liturgia e piedade popular, além da importância da preservação do patrimônio artístico e cultural da Igreja.

Local

Cidade da Comunhão – Centro Pastoral Dom Fernando (CPDF), Goiânia-GO.

Quem pode participar do 15º ENCONTRO NACIONAL DE ARQUITETURA E ARTE SACRA?

  • Estudantes, docentes e profissionais de arquitetura, engenharia e artes;
  • Padres, diáconos, seminaristas e religiosos;
  • Membros dos conselhos de economia e administração de paróquias e santuários;
  • Equipes de liturgia e leigos envolvidos em projetos de construção, reforma e decoração de igrejas;
  • Decoradores, organizadores de espaços celebrativos para eventos religiosos e técnicos de som e iluminação.

Inscrições no ENAAS:

As inscrições serão feitas pelo site da CiaTicket, com confirmação mediante pagamento da taxa:

  • 1º Lote: R$ 250,00 (28/nov/2024 a 31/dez/2024) – à vista;
  • 2º Lote: R$ 300,00 (01/jan/2025 a 31/mar/2025) – em até 2 vezes;
  • 3º Lote: R$ 350,00 (01/abr/2025 a 10/mai/2025) – à vista.

Estudantes têm 50% de desconto, mediante comprovação.

Hospedagem e Alimentação

Os participantes são responsáveis por sua hospedagem e alimentação. O evento sugere algumas opções:

Opção 1 – Cidade da Comunhão (CPDF)

Reserva diretamente pelo Centro Pastoral Dom Fernando. Valores incluem hospedagem de 02 a 06 de junho de 2025:

  • Quarto triplo (ventilador): R$ 240,00/pessoa
  • Quarto casal (ventilador): R$ 280,00/pessoa
  • Quarto duplo (ar-condicionado): R$ 400,00/pessoa
  • Quarto individual (ventilador): R$ 400,00/pessoa

Contato: Karla – WhatsApp: (62) 98178-0249
Pagamento via PIX: cpdf@arquidiocesedegoiania.org.br

Opção 2 – Hotel Santos Dumont

  • Quarto individual: R$ 298,00 (diária c/ café da manhã)
  • Quarto duplo: R$ 385,00 (diária c/ café da manhã)
  • Quarto triplo: R$ 480,00 (diária c/ café da manhã)

Opção 3 – Airbnb e Outras Modalidades

O participante pode escolher outras opções, considerando custo e deslocamento.

Pacote de Alimentação

Valor: R$ 530,00/pessoa (inclui todas as refeições durante o evento).
Pagamento até 10 de maio de 2025.
Contato: Karla – WhatsApp: (62) 98178-0249
PIX: cpdf@arquidiocesedegoiania.org.br

Seminários

Os participantes poderão se inscrever em 2 Seminários Temáticos, realizados nos dias 03 e 04 de junho. Inscrição a partir de 10 de março de 2025 pelo site: enaas2025.com.

Comunicações Científicas

Alunos de Graduação (TCC), Iniciação Científica, pós-graduandos, mestres e doutores podem submeter trabalhos.
Prazo para envio de resumos: 31 de março de 2025
Divulgação dos aprovados: 12 de abril de 2025
Edital completo no site: enaas2025.com

Outras Informações

A programação detalhada e a lista de palestrantes confirmados serão divulgadas nas redes sociais do Setor Espaço Litúrgico.

Dúvidas?
Contato: Raquel Tonini Schneider (assessora do Setor Espaço Litúrgico)
WhatsApp: (27) 99941-4644
E-mail: espacoliturgico@cnbb.org.br

MADRE ESCOLÁSTICA: 38 ANOS DA SUA PÁSCOA ETERNA

Madre Escolástica Rivata ou Úrsula Maria Rivata, nasceu em 12 de julho de 1897. Ela foi uma mulher cuja vida foi marcada pela fé, pelo serviço e por um profundo amor a Deus. Como a primeira integrante das Pias Discípulas do Divino Mestre e uma das figuras que marcou a Família Paulina. Ela dedicou sua vida à adoração eucarística, ao serviço sacerdotal e à promoção da liturgia, sempre guiada por uma espiritualidade profunda e um coração generoso. No dia 24 de março, celebramos a sua páscoa eterna. Neste ano de 2025, são 38 anos da sua partida para a casa do Pai.

Madre Escolástica: Infância e Primeiros Anos

Úrsula nasceu em Guarene, no Piemonte, Itália, em uma família cristã profundamente enraizada na fé. Desde pequena, demonstrou sensibilidade religiosa e um coração generoso. A morte prematura de sua mãe, quando ela tinha apenas seis anos, marcou sua infância, levando-a a assumir um papel mais responsável dentro da família. A devoção à Virgem Maria e sua inclinação para a oração tornaram-se características marcantes de sua personalidade.

Ainda jovem, trabalhou no campo, ajudando a família, e posteriormente como operária em uma fábrica de seda em Alba. Durante esse período, desenvolveu um espírito resiliente e uma grande sensibilidade para com os pobres e necessitados. Seu encontro com os escritos de Santa Teresinha do Menino Jesus influenciou profundamente sua jornada espiritual, levando-a a desejar uma vida de total entrega a Deus.

O Chamado à Vida Religiosa

O encontro decisivo em sua vida aconteceu em 1921, quando conheceu o padre Tiago Alberione, fundador da Família Paulina. Ele reconheceu nela uma alma profundamente dedicada e a convidou a fazer parte do novo projeto de evangelização que estava nascendo. Em 1922, Úrsula ingressou na Casa São Paulo, dando início a uma nova etapa de sua vida.

Em 1924, juntamente com outras sete jovens, iniciou a congregação das Pias Discípulas do Divino Mestre, cuja missão principal era a adoração eucarística, o serviço sacerdotal e a promoção da liturgia. Nessa ocasião, Úrsula recebeu o nome religioso de Irmã Escolástica da Divina Providência. Com grande zelo e humildade, ela abraçou sua nova missão, tornando-se referência para as futuras gerações de religiosas.

Provações e Testemunho de Humildade

Como muitas pessoas chamadas a grandes missões na Igreja, Madre Escolástica enfrentou momentos de provação. Em 1946, foi afastada do governo da Congregação por decisão da Santa Sé, um evento que lhe trouxe grande sofrimento. No entanto, sua resposta foi a doçura e a obediência, aceitando tudo como parte do desígnio de Deus.

Mesmo sem uma posição de liderança, continuou sendo um exemplo de fé e serviço. Viveu os anos seguintes em silêncio e oração, sempre disponível para ajudar e aconselhar as irmãs que buscavam sua orientação. Sua humildade e serenidade diante das dificuldades mostravam sua profunda união com Cristo.

Últimos Anos e Legado

Nos últimos anos de sua vida, Madre Escolástica continuou sendo uma presença discreta, mas profundamente inspiradora dentro da congregação. Faleceu em 24 de março de 1987, deixando um testemunho de fé, dedicação e amor ao próximo.

Seu processo de beatificação foi iniciado em 1993 e, em 2013, o Papa Francisco a declarou Venerável, reconhecendo suas virtudes heroicas. Hoje, sua memória continua viva, inspirando muitas pessoas a seguir o caminho da humildade, do serviço e da total entrega a Deus.

MADRE ESCOLÁSTICA: MODELO DE SANTIDADE

Madre Escolástica Rivata foi uma mulher extraordinária, cuja vida refletiu um profundo amor por Deus e pela Igreja. Como a primeira Pia Discípula do Divino Mestre e um dos pilares da Família Paulina, ela não apenas ajudou a estruturar e fortalecer sua congregação, mas também deixou um exemplo duradouro de humildade, oração e serviço.

Seu legado continua vivo na missão das Pias Discípulas do Divino Mestre, que seguem levando adiante o trabalho pastoral e evangelizador iniciado sob sua orientação. Sua história inspira todos aqueles que buscam viver a fé com dedicação e simplicidade, lembrando-nos de que a verdadeira grandeza está no serviço humilde e no amor incondicional a Deus e ao próximo.

Imagem de madre Escolástica Rivata , pddm, sorrindo
Madre Escolástica

CHAMADOS À CONVERSÃO: A MISERICÓRDIA E A PACIÊNCIA DE DEUS

Neste 3º Domingo da Quaresma, Ano C, as leituras nos convidam a uma profunda reflexão sobre a necessidade de conversão e a misericórdia de Deus.

Primeira Leitura: Êxodo 3,1-8a.13-15, Moisés, ao apascentar o rebanho de seu sogro Jetro, aproxima-se do monte Horeb e presencia uma sarça ardente que não se consome. Deus o chama do meio da sarça, revelando-Se como o Deus de seus antepassados e manifestando Seu desejo de libertar o povo de Israel da opressão no Egito. Este encontro destaca a santidade de Deus e Sua compaixão diante do sofrimento humano.

No Salmo 102(103),1-2.3-4.8.11, o salmista exalta a bondade e a misericórdia de Deus, que perdoa as faltas, cura enfermidades e resgata a vida da morte. Este salmo reforça a imagem de um Deus compassivo e amoroso, sempre disposto a acolher aqueles que O buscam com sinceridade.

Na Segunda Leitura, retirada de 1 Coríntios 10,1-6.10-12, São Paulo relembra aos coríntios os eventos do Êxodo, enfatizando que, apesar de todos terem recebido as mesmas bênçãos, muitos caíram devido à desobediência e falta de fé. Ele alerta para que não murmuremos e permaneçamos vigilantes, pois quem pensa estar de pé deve cuidar para não cair.

No evangelho de Lucas 13,1-9, Jesus aborda duas tragédias recentes e questiona a ideia de que essas vítimas eram mais pecadoras que outras. Ele enfatiza a necessidade urgente de arrependimento para todos. Na parábola da figueira estéril, o proprietário deseja cortá-la por não produzir frutos, mas o vinhateiro pede mais um ano, comprometendo-se a cuidar dela para que frutifique. Esta parábola ilustra a paciência e misericórdia de Deus, que nos concede tempo e oportunidades para nos convertermos e darmos frutos de boas obras.

Assim, as leituras deste domingo nos chamam à conversão sincera, reconhecendo a presença amorosa de Deus que nos oferece continuamente Sua misericórdia e nos convida a uma vida fecunda em boas ações.

Para aprofundar esta reflexão, você pode assistir ao vídeo a seguir:

SUGESTÕES PARA OS CANTOS NESTA CELEBRAÇÃO:

1 – ABERTURA – EIS O TEMPO DE CONVERSÃO
Áudio: https://www.youtube.com/watch?v=eYz25RU7-Us

2 – SALMO 102 (103) – O SENHOR BONDOSO E COMPASSIVO
Áudio: https://www.youtube.com/watch?v=9qMfJ_XD-nc

3 – ACLAMAÇÃO
GLÓRIA E LOUVOR…CONVERTEI-VOS, NOS DIZ O SENHOR
Áudio: https://www.youtube.com/watch?v=dO5TAmbzEXQ

4 – OFERENDAS – O VOSSO CORAÇÃO DE PEDDRA SE CONVERTERÁ
Áudio: https://www.youtube.com/watch?v=nI8LGfCBdp0

10 – COMUNHÃO – TANTO DEUS AMOU O MUNDO
Áudio: http://www.youtube.com/watch?v=RLc03QE221k

11 – CANTO FINAL – HINO DA CF
Áudio: https://www.youtube.com/watch?v=puXg_QBgzY4

PARTITURAS OU CIFRAS: https://www.arquidiocesedegoiania.org.br/liturgia/cifras-partituras/celebracoes-dominicais/ano-c-2024-2025

A Quaresma com os Padres da Igreja

* Por Padre José Raimundo dos Santos

Neste Primeiro Domingo da Quaresma, muitas Comunidades viverão o início do Segundo Tempo do Catecumenato, o Tempo da Purificação e Iluminação com a Celebração da Eleição ou inscrição do Nome. A Igreja conhece o belo caminho catecumenal de Agostinho de Hipona e propõe na Liturgia das Horas um texto de sua autoria, fruto de seu processo de conversão e do seu coração assimilado ao de Cristo.

Agostinho nasceu em 13 de novembro de 354 em Tagaste, na África, atual Algéria. Ele foi educado por sua mãe Mônica na fé católica, mas não seguiu seu exemplo. Contudo, ela exerceu uma grande influência sobre seu filho e o educou na fé cristã. Agostinho também recebeu sal como sinal de sua aceitação no catecumenato. E ele sempre foi fascinado pela figura de Jesus Cristo; de fato, ele diz que sempre amou Jesus, mas que se afastou cada vez mais da fé eclesial, da prática eclesial, como também acontece hoje com muitos jovens e adultos.

Adolescente animado, espirituoso e exuberante, dedicou-se ao estudo da retórica e seu desempenho foi excelente. Ele ama a vida e seus prazeres, cultiva amizades, persegue amores voluptuosos, adora o teatro e busca diversão e recreação. Depois de seus primeiros estudos em Tagaste e Madaura, ele continuou seu treinamento como retórico, graças ao apoio financeiro de um amigo de seu pai, em Cartago, onde se apaixonou por uma moça. Como ela era de um nível inferior ao seu, ele só pôde torná-la sua concubina, legalmente era impedido de casar-se comela. O fruto desse relacionamento é Adeodato. Agostinho, pai com apenas 19 anos, permanece fiel a essa mulher e assume a responsabilidade de chefe “familiar”. Mas a leitura do livro Hortensius, de Cícero, muda sua maneira de ver as coisas. A felicidade, escreve o grande orador, consiste nos bens que não perecem: sabedoria, verdade, virtude. Agostinho decide, então, ir em busca deles e consagrar-se à pesquisa da Filosofia.

Após sua conversão e Batismo, Agostinho, retornando à África em 388, levou uma vida de retiro por três anos na casa de seu pai em Tagaste, junto com seus amigos, lançando as bases do que mais tarde se tornaria seu estilo de vida religioso específico. Tornando-se sacerdote em 391 e bispo em 395, dedicou toda a sua vida à busca de Deus e a uma intensa atividade pastoral, estabelecendo comunidades religiosas de homens e mulheres, leigos e sacerdotes.

O texto seguinte é do período em que ele era bispo e medita os Salmos com o Povo de Deus.

Comentários sobre os Salmos, de Santo Agostinho, (Ps 60, 2-3:CCL39,766).

No Cristo fomos tentados e nele vencemos o demônio

Ouvi, ó Deus, a minha súplica, atendei a minha oração (Sl 60,2). Quem é que fala assim? Parece ser um só: Dos confins da terra a vós eu clamo, e em mim o coração já desfalece (Sl 60,3). Então já não é um só, e, contudo, é somente um, porque o Cristo, de quem todos somos membros, é um só. Como pode um único homem clamar dos confins da terra? Quem clama dos confins da terra é aquela herança a respeito da qual foi dito ao próprio Filho: Pede-me e te darei as nações como herança e os confins da terra por domínio (Sl 2,8).

Portanto, é esse domínio de Cristo, essa herança de Cristo, esse corpo de Cristo, essa Igreja de Cristo, essa unidade que somos nós, que clama dos confins da terra. E o que clama? O que eu disse acima: Ouvi, ó Deus, a minha súplica, atendei a minha oração; dos confins da terra a vós eu clamo. Sim, clamei a vós dos confins da terra, isto é, de toda parte.

Mas por que clamei? Porque em mim o coração já desfalece. Revela com estas palavras que ele está presente a todos os povos no mundo inteiro, não rodeado de grande glória, mas no meio de grandes tentações. Com efeito, nossa vida, enquanto somos peregrinos neste mundo, não pode estar livre de tentações, pois é através delas que se realiza nosso progresso e ninguém pode conhecer-se a si mesmo sem ter sido tentado. Ninguém pode vencer sem ter combatido, nem pode combater se não tiver inimigo e tentações.

Aquele que clama dos confins da terra está angustiado, mas não está abandonado. Porque foi a nós mesmos, que somos o seu corpo, que o Senhor quis prefigurar em seu próprio corpo, no qual já morreu, ressuscitou e subiu ao céu, para que os membros tenham a certeza de chegar também aonde a cabeça os precedeu.

Portanto, o Senhor nos representou em sua pessoa quando quis ser tentado por Satanás. Líamos há pouco no Evangelho que nosso Senhor Jesus Cristo foi tentado pelo demônio no deserto. De fato, Cristo foi tentado pelo demônio. Mas em Cristo também tu eras tentado, porque ele assumiu a tua condição humana, para te dar a sua salvação; assumiu a tua morte, para te dar a sua vida; assumiu os teus ultrajes, para te dar a sua glória; por conseguinte, assumiu as tuas tentações, para te dar a sua vitória.

Se nele fomos tentados, nele também vencemos o demônio. Consideras que o Cristo foi tentado e não consideras que ele venceu? Reconhece-te nele em sua tentação, reconhece-te nele em sua vitória. O Senhor poderia impedir o demônio de aproximar-se dele; mas, se não fosse tentado, não te daria o exemplo de como vencer na tentação”.


A Igreja começando hoje o Sacramento da Quaresma seu caminho para a Páscoa, contempla o Cristo em oração e jejum, sendo ao mesmo tempo tentado pelo enganador. Em Cristo, a Comunidade cristã descobre a si mesma em todas as tribulações de sua existência desde o princípio. Enquanto Cristo faz os maiores esforços para estar perto de Deus, quem parece mais presente é o maligno, com os problemas diários de subsistência, dinheiro e poder. Não parece um pouco com o nosso itinerário humano?

A situação paradoxal de Cristo sendo tentado expressa também a situação da Igreja, de cada ser humano, da vida humana em geral, que pode ser considerada a grande. tação. Cristo não foge à luta, à tentação da vida com pessimismo resignado, mas com uma confiança inabalável em Deus, que se faz presente entre os homens para que aprendam a dar sentido à sua existência. E a vida é aceita em seu significado insondável, entregando-a a Deus, de quem ela procede e para quem é dirigida.

Assim a vida humana é investida por uma nova luz, por uma nova dimensão, a da fé. Nessa perspectiva, a vida é entendida como liturgia, isto é, como serviço a Deus, e como “Eucaristia”, e, portanto, como oferenda de louvor. Agostinho escreve: “O cristão percebe a vida não tanto como o aspecto da tentação, mas sim como o resultado positivo dessa situação, isto é, Cristo que vence.”

Desde os confins da terra clamo a ti, enquanto meu coração está angustiado” (Sl 60,2).

  1. Você compreende a tentação como oportunidade de avaliação do seu progresso peregrinante na fé?
  2. Você sente em você a tendência de se reconhecer na vitória de Cristo sobre a tentação? 
  3. Para interiorizar: Cristo assumiu a tua morte, para te dar a sua vida; assumiu os teus ultrajes, para te dar a sua glória; assumiu as tuas tentações, para te dar a sua vitória.

Pe. José Raimundo dos Santos

*Padre José Raimundo dos Santos é presbítero da Diocese de Amargosa-BA. É Mestre e Doutorando em Teologia e Ciências Patrísticas Pelo Pontifício Instituto Patrístico Agostiniano de Roma. Atualmente é Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Conceição em Castro Alves/BA.

MISTAGOGIA NO TEMPO DA QUARESMA: UM CAMINHO DE CONVERSÃO E RENOVAÇÃO ESPIRITUAL

Por Ir. Veronice Fernandes, pddm

O texto abaixo “Mistagogia no Tempo da Quaresma” foi escrito pela Ir. Veronice Fernandes, pddm, e é uma reflexão profunda e prática destinada a guiar os fiéis durante o período quaresmal, desde a Quarta-feira de Cinzas até o Domingo de Ramos e da Paixão. Este material propõe um exercício espiritual que une preparação, participação e reflexão, oferecendo um caminho de conversão e crescimento na fé.

Durante a Quaresma, a Igreja nos convida a vivenciar o jejum, a oração e a esmola como práticas essenciais para a liberdade espiritual, a unificação do coração e a solidariedade concreta. Através da escuta da Palavra, das celebrações litúrgicas e de uma atitude constante de penitência e conversão, os cristãos são chamados a seguir os passos de Jesus rumo à Páscoa.

A proposta mistagógica vai além das celebrações, convidando cada fiel a recordar os ritos, refletir sobre sua experiência espiritual e permitir que o Espírito Santo conduza a oração interior. A inspiração das catequeses de Cirilo de Jerusalém ressalta o valor da iniciação cristã e da participação ativa nos sacramentos.

Este exercício espiritual é um convite para transformar a fé em caridade, promovendo ações concretas de solidariedade e justiça. Com um olhar atento à misericórdia de Deus e à renovação das promessas batismais, a Mistagogia no Tempo da Quaresma busca preparar os fiéis para a vivência plena do mistério pascal.

O CARNAVAL E O SENTIDO PARA A COMUNIDADE CRISTÃ

O Carnaval é uma das maiores celebrações culturais do Brasil e de vários outros países, carregando profundas raízes históricas e sociais. Para a comunidade cristã, no entanto, essa festividade possui um significado especial, muitas vezes ambíguo, que vai além da simples celebração. Embora seja tradicionalmente associada à alegria, à dança e à diversão, o Carnaval está intimamente ligado ao calendário litúrgico cristão, especialmente como uma preparação para a Quaresma, período de reflexão, penitência e jejum.

O Carnaval ocorre imediatamente antes da Quarta-feira de Cinzas, que marca o início da Quaresma — um período de 40 dias de introspecção, oração e preparação para a Páscoa, a maior celebração cristã. O próprio nome “Carnaval” deriva do latim carne vale, que significa “adeus à carne”, indicando o começo de um tempo de abstinência e foco espiritual. Para muitos cristãos, essa proximidade entre o Carnaval e a Quaresma representa um contraste: enquanto o Carnaval é visto como um momento de libertação e indulgência, a Quaresma é um convite ao arrependimento e à renovação.

O significado do Carnaval para a comunidade cristã pode ser interpretado de maneiras distintas. De um lado, há aqueles que participam das festividades de forma moderada, enxergando o evento como uma oportunidade de lazer, convivência e alegria. Para esses, o Carnaval é um momento para celebrar com responsabilidade e manter o equilíbrio. Por outro lado, existem aqueles que preferem se afastar da folia, dedicando-se a retiros espirituais e momentos de oração, iniciando assim a vivência do espírito quaresmal.

Nos períodos de Carnaval, os retiros espirituais são uma prática comum em muitas igrejas cristãs, especialmente nas católicas e evangélicas. Esses retiros oferecem um ambiente propício para o recolhimento, o louvor e o estudo da Palavra de Deus, sendo uma alternativa para aqueles que buscam começar a Quaresma de maneira profunda e espiritual. Para os cristãos que preferem esse caminho, o Carnaval se torna um período de maior concentração e renovação espiritual.

O Sentido Negativo do Carnaval para Alguns Cristãos

Apesar de o Carnaval ser uma grande festa cultural, ele carrega uma visão negativa para algumas vertentes do cristianismo, especialmente para aqueles que têm uma abordagem mais conservadora em relação aos comportamentos durante esse período. Para esses cristãos, o Carnaval é frequentemente associado a excessos, festas desenfreadas, consumo excessivo de álcool e comportamentos considerados imorais.

O Carnaval, com sua ênfase em liberdade e transgressão das normas sociais, tem raízes em antigas celebrações pagãs. Sua proximidade com a Quaresma, um tempo de penitência e reflexão, faz com que muitos vejam o evento como um momento de “liberação” de comportamentos considerados inapropriados ou pecaminosos. Para algumas comunidades cristãs, esses excessos podem ser vistos como um afastamento dos princípios de moderação, autocontrole e respeito ao próximo, que são centrais na vida cristã.

Para esses grupos, o Carnaval simboliza um período de indulgência, no qual as pessoas se entregam ao prazer imediato e aos vícios, muitas vezes em desacordo com os valores cristãos de pureza, autocontrole e respeito à dignidade humana. O comportamento excessivo e a busca desenfreada por prazer, que muitas vezes ocorrem durante as festividades, são criticados por alguns cristãos, que os associam à negação dos ensinamentos de Cristo.

A visão negativa do Carnaval também está ligada à comparação com a Quaresma. Enquanto a Quaresma chama os fiéis a um tempo de oração, arrependimento e renúncia, o Carnaval é visto como uma “antítese” dessa preparação espiritual. Para alguns cristãos, o Carnaval é um período de permissividade, onde as normas morais e espirituais são muitas vezes ignoradas, o que gera uma discordância com o espírito de disciplina e reflexão proposto pela Quaresma.

O CARNAVAL COMO UM CONVITE AO EQUILÍBRIO ESPIRITUAL

O verdadeiro sentido do Carnaval para a comunidade cristã pode ser compreendido como um convite ao equilíbrio. Seja por meio da participação nas festividades com moderação ou pelo aprofundamento espiritual em retiros, o importante é que cada cristão viva esse período de maneira consciente. O Carnaval, ao lado da Quaresma, oferece uma oportunidade única para que o cristão se prepare espiritualmente, refletindo sobre sua fé, suas escolhas e seu compromisso com os ensinamentos de Cristo.

CULTIVAR UM CORAÇÃO QUE FLORESCE

A liturgia do 8º Domingo do Tempo Comum (Ano C) nos convida a olhar para dentro de nós e perceber que nossas palavras e ações refletem aquilo que cultivamos no coração. A forma como falamos e agimos é um espelho do que nutrimos em nosso interior. Se plantamos bondade, paciência e amor, isso se manifestará no mundo à nossa volta. Se, por outro lado, deixamos crescer ressentimentos, críticas e julgamentos, inevitavelmente isso também se refletirá. Por isso, a Palavra de Deus hoje nos convida a cuidar daquilo que alimentamos internamente, para que possamos ser fonte de vida para os outros.

O livro do Eclesiástico (27,5-8) usa imagens simples, mas poderosas, para falar sobre autenticidade. Ele compara a vida com um processo semelhante ao da peneira que separa as impurezas, ou ao fogo que purifica os metais. Quando passamos por desafios, o que é verdadeiro em nós se revela. A forma como reagimos às dificuldades e provações diz muito sobre quem somos. Se nossa fé é só aparência, as tempestades da vida a farão desmoronar. Mas, se estamos enraizados em valores sólidos, enfrentaremos as adversidades com esperança e confiança.

Este trecho também nos ensina que é preciso tempo e paciência para conhecer verdadeiramente alguém. Muitas vezes, julgamos pelas aparências, sem perceber que o que importa está no interior. Em um mundo de redes sociais e impressões rápidas, esse é um lembrete essencial: devemos aprender a olhar além da superfície e valorizar o que é genuíno.

O Salmo 91(92) traz uma mensagem de confiança e esperança. Ele compara aqueles que confiam em Deus a árvores plantadas junto às águas, que dão frutos mesmo em tempos difíceis. Isso nos lembra que a fé não nos isenta de dificuldades, mas nos dá força para continuar crescendo. Muitas vezes, pensamos que o tempo de frutificar passou, que já não há espaço para mudanças ou novos começos. No entanto, Deus nos mostra que sempre há tempo para florescer. Não importa a idade ou a fase da vida em que estamos, podemos continuar crescendo e espalhando bondade ao nosso redor.

Na primeira carta aos Coríntios (15,54-58), São Paulo nos recorda que a morte não tem a última palavra, porque Cristo venceu a morte. Essa é uma mensagem de esperança poderosa, que nos encoraja a continuar firmes, sem desanimar. Nenhuma boa ação é em vão, nenhuma escolha pelo amor é desperdiçada. Às vezes, podemos sentir que nossos esforços para fazer o bem são pequenos diante do mundo, mas Paulo nos lembra que tudo o que fazemos por amor tem valor eterno. A bondade que espalhamos, por menor que pareça, permanece e se multiplica.

O Evangelho de Lucas (6,39-45) aprofunda essa reflexão ao trazer uma imagem clara: “Não existe árvore boa que dê frutos ruins, nem árvore ruim que dê frutos bons.” Jesus nos convida a um olhar sincero sobre nós mesmos. Antes de tentar corrigir os outros, precisamos primeiro trabalhar nosso próprio crescimento. É fácil apontar erros, mas muito mais valioso é buscar o autoconhecimento e a transformação interior.

Jesus nos ensina que nossas palavras e atitudes revelam o que carregamos por dentro. Se nosso coração está cheio de amor, paciência e compaixão, é isso que transmitiremos ao mundo. Se, por outro lado, cultivamos ressentimento e negatividade, isso também se refletirá.

Essa mensagem não é uma cobrança, mas um convite cheio de esperança. Jesus não quer nos condenar, mas nos ajudar a crescer. A cada dia, temos uma nova oportunidade de plantar coisas boas dentro de nós. Podemos escolher nutrir nosso coração com aquilo que traz paz e alegria, para que nossas palavras e gestos se tornem fonte de vida para quem está ao nosso redor.

Na prática, isso significa estar atento ao que consumimos e cultivamos. O que alimenta nosso coração? O que assistimos, ouvimos e lemos nos torna pessoas melhores? Estamos cercados de pessoas que nos inspiram ao bem? Quais são os pensamentos e sentimentos que mais cultivamos no dia a dia? Refletir sobre isso nos ajuda a construir um caminho de mais leveza e amor.

A liturgia deste domingo nos ensina que a transformação não precisa ser algo grandioso ou imediato. Pequenos gestos diários fazem a diferença. Um sorriso, um pedido de desculpas, uma palavra gentil, um momento de oração… Aos poucos, criamos um ambiente onde o bem floresce naturalmente.

Que esta mensagem nos inspire a sermos mais conscientes do que cultivamos dentro de nós. Cada dia é uma nova oportunidade de plantar o bem, de crescer e de espalhar frutos de amor e esperança.

Que possamos ser árvores que florescem e dão frutos de paz, alegria e vida! 🌳💛


SUGESTÕES DE CANTOS PARA A CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA

8º Domingo do Tempo Comum – Ano C – 02/03/2025

Sugestões da Arquidiocese de Goiânia

ENTRADA – TODA A TERRA TE ADORE
Áudio: https://www.youtube.com/watch?v=4AgEFpEzwKI

HINO DE LOUVOR – GLÓRIA A DEUS NOS ALTOS CÉUS
Áudio: https://www.youtube.com/watch?v=ZOasT8hYblU

SALMO 91 (92) – COMO É BOM AGRADECERMOS AO SENHOR
Áudio: https://www.youtube.com/watch?v=fKn9hNCTkx4

Aclamação – ALELUIA… COMO ASTROS NO MUNDO
Áudio: https://www.youtube.com/watch?v=5ZSIrgM7srw

OFERENDAS – DE MÃOS ESTENDIDAS
Áudio: https://www.youtube.com/watch?v=b_Y8N-CT0cY

SANTO
Áudio: http://www.youtube.com/watch?v=lV-RL98cNBA

ACLAMAÇÃO MEMORIAL
Áudio: http://www.youtube.com/watch?v=UHI-dl4CrEg

AMÉM
Áudio: https://www.youtube.com/watch?v=ke38zXN9Hqg

CORDEIRO DE DEUS
Áudio: https://www.youtube.com/watch?v=6XCyWxWpPAo

COMUNHÃO – É BOM ESTARMOS JUNTOS
Áudio: https://www.youtube.com/watch?v=aM1wWNKjt3Q

FINAL – HINO MARIANO – À VOSSA PROTEÇÃO
Áudio: https://www.youtube.com/watch?v=c6hSHsTC6bo