DIA DA POSTULANTE PIA DISCÍPULA

No último dia 21 de novembro, festa da Apresentação de Maria, as postulantes Pias Discípulas celebraram o dia dedicado a elas. Aqui no Brasil vivemos a grata experiência da unificação da formação do continente americano. Atualmente temos 4 postulantes vindas de outras nações: Amira (Argentina), Belimar (Venezuela), Odete (EUA) e Virgínia (México). Agradecemos a Deus por esta experiência enriquecedora da formação internacional aqui na nossa nação.

Pias discípulas do Divino Mestre
Comunidade reunida no almoço do Domingo de Cristo Rei para festejar as Postulantes Pias Discípulas.

A celebração foi feita em duas etapas: no dia 21 de novembro, com a Celebração Eucarística da festa litúrgica da Apresentação de Maria e, no domingo, Festa de Cristo Rei, houve um delicioso almoço que contou com a presença da ir. Marilez Furlanetto, provincial do Brasil, e outras irmãs da comunidade provincial.

Agora porquê esta data para comemorar nossas postulantes?

Um dos motivos pode estar implícito ao sentido desta data para a fundação das Pias Discípulas. Segundo a ir. Micaela Moneti, superiora geral da Congregação das Pias Discípulas, em sua última circular ela recorda:

Hoje é o dia em que recordamos o germe de vida nova para a nascente Família Paulina, isto é, o dia em que Padre Alberione pôs à parte as jovens Úrsula Rivata e Matilde Gerlotto para compartilhar a inspiração do Espírito ao iniciar uma obra nova, fundamental para a missão moderna da comunicação do Evangelho a todas as pessoas com todos os meios. Hoje, como então, podemos ouvir ressoar a palavra profética: “Eis que eu faço uma coisa nova. Agora mesmo está brotando. Não percebeis?” (Is. 43,18). Hoje, como em 1923, deveríamos alegrar-nos e olhar com confiança para a vida nova que nasce e flui pela força geradora da graça, na vocação recebida. Capazes de acolher os sinais dos tempos e dos lugares grávidos de esperança porque neles percebemos o grito da humanidade sedenta de paz, de justiça e de salvação; isto é, de Deus.

“Separai Úrsula e Matilde”, para uma nova missão. Cada uma poderá ouvir pronunciar sobre si e sobre as irmãs da própria comunidade estas palavras geradoras sugeridas pelo Espírito de Deus e responder com generosidade: “Eis-me, envia-me”. “O que faremos?”. Às discípulas de Jesus Mestre, mulheres do Evangelho e da Eucaristia, ontem como hoje Padre Alberione repete: “Fareis silêncio, silêncio, silêncio”. Ou seja: “Ouvireis, ouvireis, ouvireis”. Aquela escuta que é favorecida pelo silêncio interior e profundo e que é o ambiente propício ao diálogo e à comunicação para a comunhão (cf. RV 66).

Foi neste dia, portanto, o início memorável para as Pias Discípulas do Divino Mestre. O Bem-Aventurado Tiago Alberione separou do grupo das Filhas de São Paulo, duas jovens que iriam iniciar a nova congregação inspirada pelo Espírito Santo para a Igreja.

O segundo motivo está ligado também a celebração litúrgica: Festa da Apresentação de Nossa Senhora. Esta memória mariana é de origem devocional e sua celebração eucarística remonta do século VI no Oriente e século XIV no Ocidente. Esta festa realça a primeira doação que Maria fez de si mesma, tornando-se modelo de toda pessoa que se consagra ao Senhor. Toda Pia Discípula é chamada a seguir a Maria no modelo de vida. Confiar as postulantes a ela neste dia, é pedir que, sob sua intercessão, o caminho de cada jovem torne-se igual ao dela: com Maria a Jesus.

Rezemos por cada postulante Pia Discípula e por todos aqueles e aquelas que se colocam no seguimento mais de perto de Jesus. Que sob a intercessão de Maria, possam viver e buscar participar da plenitude da graça, seguindo o exemplo dela que viveu e deu Jesus, seu Filho, ao mundo.

SOLENIDADE DE CRISTO REI

Pe. Eugênio Antônio Bisinoto C. Ss. R

Nosso Senhor Jesus, Rei do Universo, é solenidade que transcorre no último domingo do tempo comum. É a derradeira celebração dominical do ano litúrgico.

A solenidade é conhecida popularmente como festa de Cristo Rei. Vem recordar o reinado que Cristo deve exercer sobre os seres humanos.

A origem da solenidade é recente. Foi instituída pelo Papa Pio XI com a Encíclica “Quas Prima”. Foi publicada no dia 11 de dezembro de 1965.

Na ocasião, Pio XI afirmou: “É costume geral e antigo chamar Cristo de Rei, diante do supremo grau que ocupa sobre todas as coisas. Diz que Ele reina sobre as inteligências e sobre as vontades dos homens. Finalmente, Cristo é reconhecido como Rei dos corações”. A primeira celebração de Cristo Rei aconteceu no dia 31 de outubro de 1926.

A solenidade era celebrada no último domingo de outubro. Com a reforma do Concílio Vaticano II (1962-1965), foi colocada no último domingo do tempo comum, concluindo o ano litúrgico.

A solenidade coroa o itinerário da vida e missão de Jesus, testemunhado o direito do Salvador ser reconhecido como legislador, chefe e juiz supremo de toda a humanidade. “Jesus Cristo é o Senhor: possui todo o poder nos céus e na terra” (Catecismo da Igreja Católica, no. 668).

A solenidade evidencia que Jesus é o centro de todo o ano litúrgico. É o ápice de toda a história da salvação.

Em seu plano de amor, o Pai constituiu e consagrou seu Filho Unigênito como sacerdote eterno e rei do universo. Por sua morte e ressurreição, Ele realizou a salvação da humanidade.

Depois da ascensão ao céu, Jesus sentou-se à direita do Pai como juiz dos povos e rei do mundo. Intercessor supremo, Jesus exerce sua missão contínua de governar as inteligências, as vontades e os corações dos seres humanos com sabedoria, benevolência e graça.

Jesus é o começo e o fim, o alfa e o ômega de toda a obra redentora. Dele provém toda a criação e para ele convergem todas as realidades naturais. Nele são recapituladas.

Em sua bondade e providência, o Pai dispôs restaurar todos os elementos do mundo em seu Filho Único, Rei do Universo. Oferecendo-se na cruz como vítima pura e pacifica, o Cristo realizou a redenção da humanidade.

Submetendo ao seu poder toda a criatura, o Filho de Deus entregará à majestade o Reino de Deus eterno e universal, caracterizado pela verdade, vida, santidade, graça, justiça, amor e paz. Jesus é o Rei que serve à humanidade, salvando-a e encaminhando para participar do desígnio do Pai.

Em sua missão real, Jesus procura promover a reconciliação do gênero humano com o Pai e no Pai. Busca congregar todas as pessoas na unidade do amor, da verdade, do bem e da justiça.

No mundo Jesus efetua a paz e a harmonia. No meio da humanidade divida em contínua discórdia, Jesus sempre sabe levar as pessoas a procurar o perdão e a amizade.

Jesus consegue reunir na sociedade nova, onde brilham a solidariedade e a mansidão, os homens e as mulheres de todas as classes nações, para a comunhão fraterna. Derruba as barreiras que separam as criaturas humanas para construir os elos duradouros da fé, da caridade e da esperança.

A solenidade convida a todos reconhecerem e honrarem Jesus como Rei do Universo. Amando-o acima de tudo, os seres humanos são convidados a conhecê-lo, segui-lo e servi-lo sempre.

Como discípulos e discípulas, os cristãos devem ter fé madura em Jesus, dando-lhe completa adesão de inteligência e de vontade. Deve se configurar paulatinamente ao Salvador, assemelhando seus corações ao coração dele.

Pe. Eugênio Antônio Bisinoto C. Ss. R.
Sacerdote e escritor
Igreja Santa Cruz – Araraquara – SP

A consciência negra: a busca da visibilidade de um grupo de jovens na periferia de Salvador.

Padre Bernardino Mossi K. Anoumou

A sociedade brasileira, marcada pela história da escravidão, avançou nesses últimos anos no processo de reconhecimento povo negro. Nota-se um avanço na tentativa de superação da desigualdade entre brancos e negros.  As condições de vida começaram a melhorar, as discriminações raciais tiveram uma decaída e o negro começou a ascender na vida social, intelectual e política, em comparação ao período colonial onde esse povo não tinha nem voz nem visibilidade. Mas ao lado dessa ascensão do negro na vida social, encontra-se ainda, infelizmente, um registro de várias formas de discriminação, de racismo e de negação. Voltar a lutar pela integração igual e completa do povo negro na sociedade brasileira é celebrar a consciência negra, é celebrar o dia de Zumbi, é reconhecer e respeitar os direitos, a cultura, a identidade, e a religião desse povo.

Nas linhas a seguir, iremos analisara vivência de um grupo de jovens soteropolitanos que luta pela sua visibilidade identitáriano bairro de Sussuarana. Esta experiência começou com a chegada dos missionários combonianos no bairro para desenvolver um trabalho com os afrodescendentes.  No ano 2000, criaram o Centro de Pastoral Afro Pe. Heitor Frisotti (CENPAH)para exercer atividades de formação identitária, arte-educação, promoção da autoestima de grupos, coletivos e comunidades na luta contra toda e qualquer discriminação. Tornou-se assim, um espaço em construção de resistência, de luta, de identificação, onde jovens de ambos os sexos podem analisar a sua situação atual de exclusão, tomar consciência disso e buscar estratégias para marcar a sua visibilidade.Fazendo assim, eles continuam a luta iniciada pelo líder do Quilombo dos Palmares: Zumbi dos Palmares. Para esses jovens, a grande metamorfose começou quando em 2011 nasceu o Sarau da Onça. Trata-se duma atividade cultural soteropolitana, tendo como objetivo despertar nos jovens negros o desejo de buscar sua visibilidade a partir da poesia. Esses encontros de poesias têm“como foco o acesso aos bens culturais, a ressocialização de populações marginalizadas, buscando promover e incluir socialmente esses sujeitos no modo como negociam e elaboram sua memória e suas identidades” (OLIVEIRA, Esmael; OLIVEIRA, AUGUSTO,2017).Em outras palavras, os encontros de poesias tornam-se momentos de partilha e reflexão sobre as realidades vividas de discriminação, racismo e rejeição no dia a dia. Essas poesias de afirmação do “ego” negro como sujeito e não objeto vãomudando o jeito de ser, de pensar, de falar, de vestir-se desses jovens. A repetição das poesias de afirmação da pele escura e de resistência vai reconfigurando os participantes para aceitarem o que são realmente: Negros e Negras. A nova resistência à discriminação é a afirmação da identidade negra como uma identidade autônoma, com seus privilégios e direitos iguais às outras identidades.Bispo diria que “na perspectiva da resistência cultural, essas identidades vêm sendo ressignificadas como forma de enfrentar o preconceito e o etnocídio praticado contra povos afro-pindorâmicos e os seus descendentes” (BISPO,2015, p. 38). Fazer memória do Zumbi é refletir e buscar novas formas de resistência contra a marginalização e o racismo. Para os jovens do Sarau da Onça, basta assumir a sua própria identidade e manifestar o orgulho de ser negro ou negra.

Celebrar o dia da consciência negra volta a desenvolver uma força estruturante que (re)constrói as identidades do povo negro de maneira efetiva. Essas identidades “deixam de ser apenas “faladas”, ou estudadas, para se tornarem acadêmica e juridicamente “falantes”; saem da apenas voz passiva e incorporam a voz ativa, em articulações, intercâmbios e ações afirmativas (OLIVEIRA, Esmael; OLIVEIRA, AUGUSTO,2017).A necessidade é buscar um espaço onde o sujeito marginalizado pode ter voz e sair da zona de instrumentalidade para o lugar de voz e protagonismo. Esse grupo de jovens tem demostrado essa força transformadora da realidade, quando começou a incentivar e criar atividades que visam à conscientização, o avivamento da identidade e a preservação de seus valores e de sua memória histórica.

O impacto social dessa busca de identidade no Sarau da Onça vai alargando seus limites quando o que é aprendido nos sábados através da poesia é colocado em prática emespaços públicos como nas faculdades, escolas e trabalhos. O sentimento de frustração passa a ser o de orgulho, aceitação e apreciação. Usar o turbante, ter cabelo crespo, usar vestimenta com uma imagem do continente africano torna-se um modelo para quem frequenta o Sarau; isso, sobretudo, observa-se entre as mulheres do grupo. Assim, pode-se dizer que “Identidades étnicas e culturais são armas que muitos grupos minoritários podem utilizar para se defenderem contra outros grupos mais fortes” (ALMEIDA, 2007). Vamos agora ler uma dessas poesias para contemplar a força transformadora escondida nelas:

Negaram-me,
Me manipularam o tempo todo
Me dizendo que as coisas que eu gostava não prestavam
Meu cabelo não prestava, minhas crenças não prestavam
Que os meus reis e rainhas não existiam
Me fizeram escravo
Definiram um padrão e eu estava à margem dele
Me negaram o direito de viver, ser livre
As minhas escolhas só eram aceitas se fossem as escolhidas deles
Hoje, sem o efeito do veneno que foi injetado em minha mente
Vejo o quanto é importante ser mais consciente
O quanto a minha presença significa uma ameaça
Nunca fui aceito e por isso eu não aceito
Esse papo de que somos todos iguais
Pra mim sempre teve uma outra balança
Na hora da abordagem dos policiais
Ser crespo sempre feriu os bons costumes
Por isso é mais que afirmação quando
Um preto seu crespo assume
É acima de tudo um ato político
Mostrar que não desistimos
E nunca estivemos satisfeitos com o padrão
Se o Black atrapalha, sempre foi essa nossa condição
E entenda que eu sou lindo e não preciso de opinião
Com a minha família aprendi sobre a autoafirmação
Vim para escurecer, porque tá muito claro
E falar em alto e bom som
Que sou descendente de reis e rainhas
E não de escravos.

(Sandro Sussuarana, 2018)

Essa poesia ressalta bem essa práxis de subversão.Pode-se se perceber uma mudança de mentalidade que encarreta o desejo de continuar a luta a favor da igualdade, da fraternidade, de respeito… Esse é o que chamamos a busca da visibilidade através da construção da identidade. Para chegar a essa construção, segundo Ferreira, foi necessário que a juventude negra passasse por quatro estágios: estágio de submissão, de impacto, de militância e estágio de articulação (Ferreira, 2004).  Assim, o jovem que frequenta o Sarau chega submisso e se desperta com a realidade vivida no cotidiano através das atividades. A partir desse momento, “inicia-se um processo de intensa metamorfose pessoal, em que ele vai, gradualmente, demolindo velhas perspectivas e, ao mesmo tempo, passa a desenvolver uma nova estrutura pessoal referenciada em valores etno-raciais de matrizes africanas” (Ferreira, 2004). Essa nova estrutura pessoal é a forma mais eficaz de resistir hoje, pois leva a reclamar seus direitos e a lutar pela total igualdade.

Em resumo, pode-se dizer que celebrar o dia de Zumbi é parar de tachar os negros como pessoas “inferiores, religiosamente tidas como sem almas, intelectualmente tidas como menos capazes, esteticamente tidas como feias, sexualmente tidas como objeto de prazer, socialmente tidas como sem costumes e culturalmente tidas como selvagens”. (Bispo dos Santos Antônio, 2015). Infelizmente, como no passado, a população negra no Brasil continua sendo considerada assim e só uma mudança de mentalidade promoverá a igualdade. Isto é celebrar o dia da consciência negra, entrar no processo de uma “metanoia” individual e coletiva, transformar nosso olhar sobre a população negra no Brasil.

Padre Bernardino Mossi K. Anoumou, missionário comboniano. Ele é encarregado da pastoral afro na província. Mora e trabalha em Salvador.

Um Olhar de Esperança

A condição da finitude humana causa em nós, no mínimo um desconforto. Essa situação abre alguns precedentes, inclusive para especulações e propostas. O Cristianismo sempre olhou para essa realidade com muita esperança, por isso celebramos o dia de nossos irmãos já falecidos como uma verdadeira comunhão de santos. Por herança no sangue de Cristo todos participam da salvação que Ele nos mereceu formando um só corpo, quer nesta vida (pelo testemunho), quer na esperança da vida Eterna (pela graça).

Em diversos momentos a Palavra de Deus nos atesta essa realidade. Apenas um exemplo: “Desde já somos filhos de Deus, mas nem sequer se manifestou o que seremos!” (1Jo 3,2). Não seria novidade se alguém nos dissesse que há uma grande tribulação em curso e que nos afeta direta ou indiretamente. Quantasvezes nos sentimos tomados por um sentimento de temor perante o futuro, ou atemorizados diante de acontecimentos do dia a dia. Porém, quando nos deparamos com o amor extremado de Deus para com a humanidade a qual pertencemos, nos fica evidente que “Deus amou de tal modo o mundo que entregou o seu Filho único, para que todo o que nele acredita não morra, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). O fato de pedirmos o auxilio de Deus nas provações não é novidade nem O desagrada. O Senhor ouviu o clamor do seu povo (cfEx 3, 7-8), e esteve presente libertando-os das amarras da escravidão e concedendo-lhes novos horizontes em vista da vida nova, nesta vida e na outra. O Antigo testamento nos apresenta um Deus ciumento (cfEx 20,5) pedindo fidelidade a esse amor sob pena de aquele que não fosse capaz testemunhá-Lo na inteira fidelidade, experimentasse imediatamente a Sua ira. Tal pensamento evoluiu. O profeta Oséias propõe uma sincera conversão ao Senhor “Pois eu quero amor e não sacrifícios, conhecimento de Deus mais do que holocaustos”. A mesma referência encontramos na citação de São Mateus “Eu quero a misericórdia e não o sacrifício” (Mt 9,13). Portanto, por uma sinceridade de coração diantedaquelas situações muito humanas pelas quais passamos, nossas indiferenças e até incoerências na presençada salvação que o Cristo nos mereceu, por uma entrega filial e reconhecedora de quem agradece e confia no gesto salvador do Cristo Senhor, nos fará participar dos méritos que Ele próprio nos mereceu.

Temos no céu grandes intercessores. Assim, celebremos a memória daqueles que passaram pelas nossas vidas e humanamente nos amaram tanto, já estão nos braços do Pai, diante de Sua divina e infinita misericórdia, não com uma atitude de desesperança ou de inconformismo, mas com um redobrado ardor pela vida, como alguém que confia, acredita, luta pela instauração da justiça nessa terra. O Senhor não nos trouxe ao mundo para o desalento, mas para que fôssemos capazes de nos amar como irmãos e amá-Lo acima de outras coisas (cfJo 15,12), pois “Ele enxugará toda lágrima dos seus olhos, nunca mais haverá morte, nem luto, nem grito nem dor. Sim! As coisas antigas desapareceram!” (Ap 21,4).

Que a Virgem Maria, Mãe de Misericórdia, a qual invocamos na oração da Ave Maria, nos faça caminheiros com destino certo: a Jerusalém celeste.

Pe. Ancelmo Alencar GomesCSsR

Missionário Redentorista

Santa Bárbara d’Oeste – SP

Amigos do Divino Mestre emitem votos na Festa de Jesus Mestre, 2019

Com a liturgia do 29º Domingo do Tempo Comum, reunimo-nos, no sábado,26 de outubro, para celebrar nosso Divino Mestre, na alegria de irmãos e irmãs da Família Paulina, Irmãs e jovens das Pias Discípulas do Divino Mestre, das várias comunidades de São Paulo e Cabreúva, amigos e vizinhos.

Na motivação inicial fomos convocadas, também a fazermos comunhão com a Assembleia Sinodal, na esperança que se abram efetivamente, novos caminhos para a Amazônia.Esta celebração se revestiu de gratidão, porque: Bernadete Aparecida Cardoso Cobra, Elizabete Lima Cará de Oliveira, Laura Chamba dos Santos e Maria Inês Sepliano Pincinato,assumiram a Promessa na Associação dos Cooperadores Paulinos Amigos e Amigas do Divino Mestre (Núcleo de São Paulo). Nossacomunhão se estendeu, também, com os Amigos do Divino Mestre: Josiane Galvan Sartor, Romeu João Sartor (Núcleo de Caxias do Sul) e Renilda Felizola da Gama, Shirley Paulo Cruz, Sueli Silva de Moraes e Rosenira Gomes Pinheiro e Maurícia Dias dos Santos (Núcleo de Manaus).

Soou fortemente aos nossos ouvidos e ao coração a súplica proclamada na oração inicial: “Ó Deus fonte de todo bem,na plenitude dos tempos falastes à humanidade na pessoa do vosso amado Filho, Jesus Cristo, que passou entre nós fazendo o bem. Concedei-nos reconhecê-lo como nosso Mestre e Senhor, Caminho, Verdade e Vida, e corresponder ao seu amor por uma vida segundo o Evangelho”.

Nossa solenidade celebrada liturgicamente, continuo na partilha fraterna saboroso jantar com todos os presentes.

Seja louvado Jesus Mestre por nos fazer suas discípulas e seguidoras.

Leia a Circular da Madre Provincial, Ir. Marilez Furlanetto para este momento importante na história dos Cooperadores Paulinos, Amigos do Divino Mestre:

Circular 3 – 2019

Queridas Irmãs e Jovens,
Queridos Amigos e Amigas do Divino Mestre

Celebrando a festa de Cristo Mestre e Pastor na Família Paulina, recordamos os ensinamentos do padre Tiago Alberione: “Tudo está aqui: viver Jesus Cristo Caminho, Verdade e Vida; e fazer a caridade de Cristo para aquelas populações que estão privadas dela e sentem por ela fome intensa, dando de fato o Cristo total, Caminho, Verdade e Vida. De tal forma que possamos dizer: Não temos ouro e nem prata; porém vos damos aquilo que temos: Jesus Cristo, a sua doutrina, a sua moral, os meios de graça e de vida sobrenatural” (CISP 862). “Apostolado é dar à humanidade a salvação: Jesus Cristo Caminho, Verdade e Vida” (CISP 165).
Rezamos e trabalhamos para que a humanidade acolha, escute e ame Jesus Mestre e Salvador. Que o Divino Mestre nos conduza sempre na missão que nos confiou e nos fortaleça na fidelidade à vocação que nos chamou.
Continuamos expressar nossa gratidão a Deus, que na sua bondade chama para a Associação Cooperadores Paulinos Amigos/as do Divino Mestre:

1- Josiane Galvan Sartor (Caxias do Sul-RS)
2- Romeu João Sartor (Caxias do Sul-RS)
3- Bernadete Aparecida Cardoso Cobra (Cabreúva-SP)
4- Elizabete Lima Cará de Oliveira (Cabreúva-SP)
5- Laura Chamba dos Santos (Cabreúva-SP)
6- Maria Inês Sepliano Pincinato (Cabreúva-SP)
7- Maurícia Dias dos Santos (Manaus-AM)
8- Renilda Felizola da Gama (Manaus-AM
9- Shirley Paulo Cruz (Manaus-AM)
10- Sueli Silva de Moraes (Manaus-AM)
11- Rosenira Gomes Pinheiro (Manaus-AM)

Acolhemos com carinho, os novos membros que hoje, na fé, professam o seguimento de Jesus Cristo, na Congregação das Pias Discípulas do Divino Mestre. Igualmente acolhemos e convidamos aos que estão fazendo aniversário (um ano), a renovar as promessas e reavivar o dom de Deus. Os Cooperadores Paulinos Amigos e Amigas do Divino Mestre, participando da nossa Espiritualidade e Missão, se unem à vasta Família Paulina, para ser na Igreja Discípulos- Missionários: batizados e enviados para a edificação do Reino de Deus no mundo.

Que o Senhor nos conceda a graça de crescer na comunhão e de perseverar na alegria da vocação.

Ir. Marilez Furlanetto e Conselheiras

São Paulo, 26 de outubro de 2019

Tríduo para a Festa de Jesus Mestre

Como titular, as Irmãs Pias Discípulas do Divino Mestre celebram, todo último domingo do mês de Outubro, a Festa de Jesus Mestre.

Para este ano, foi preparado um tríduo que disponibilizamos aqui para quem quiser baixar e rezar conosco.

Jesus de todos Salvador
Salmo 27 Ó filho de Davi
Responso – Cristo será
Responso da nuvem veio a voz que dizia
Ó Verbo de Deus Pai

Curso de Iconografia no Apostolado Litúrgico de São Paulo

De 11 a 20 de novembro teremos o Curso de Iconografia no Apostolado Litúrgico de São Paulo. O curso tem duração de 7 dias. Será feito nos dias 11 a 14 e de 18 a 20 de novembro.

O Curso de Iconografia será ministrado pela Ir. Goretti Medeiros. Ela é Pia Discípula do Divino Mestre e reside em Cabreúva, SP. A irmã é formada em Artes Plásticas e tem pós-graduação em Comunicação, Arte e Educação. Além disto, fez vários cursos extras em Iconografia e Policromia (barroco). Ela já colabora em diversos cursos de Iconografia e Arte Floral nas comunidades.

As inscrições vão até o dia 05 de novembro. Para este primeiro grupo, estão abertas 5 vagas. Cada participante receberá todo o material para escrita de um ícone: pigmentos, quadro, pincel, apostila. O investimento é de R$ 1500,00.

A inscrição no Curso de Iconografia será feita pelo site do Apostolado Litúrgico. Clique abaixo e inscreva-se. Vagas limitadas.

Local do Curso:

Curso de Iconografia em Recife

Neste final de setembro, aconteceu um retiro com o objetivo e temática de oração pela escrita do Ícone. Iconografia é uma palavra de origem grega. “Icono” vem de eikon, que significa imagem ou ícone, e graphia pode ser traduzida como escrita. Etimologicamente iconografia significa escrita da imagem. A iconografia estuda a origem das imagens, e como elas são expostas e formadas. E é isto mesmo que se representa na iconografia cristã.

Tudo tem sentido: cores, traços, luzes. O ícone não é um simples desenho, mas uma escrita da experiência de Deus representada em forma de linguagem visual.

Este curso foi ministrado pela Ir. Goretti Medeiros, formada em artes e religiosa das Irmãs Pias Discípulas do Divino Mestre. Ela recebeu o convite deste grupo. Este retiro está sendo realizado no bairro da Torre em Recife na casa geral das Irmãs Franciscanas do Bom Conselho. São 10 participantes: 5 leigos e 5 religiosos, dentre eles um presbítero religioso e outro diocesano e três religiosas, duas são franscicanas e uma irmã é do Carmelo de Propriá- Sergipe.

O próximo curso acontecerá no Apostolado Litúrgico de São Paulo nos dias 11 a 20 de novembro. Serão 7 dias de encontros: 11 a 14 e 18 a 20 de novembro. Para este primeiro curso as vagas serão limitadas a 5 participantes, devido ao espaço físico. O investimento para este evento será de R$ 1500,00, já com todo material incluso. Se tiver desejo de participar, fique atento ao site e redes sociais do Apostolado Litúrgico para a abertura das inscriçõs para o curso.

Ir. Danielle faz sua Profissão Perpétua

Domingo, dia 22 de setembro, a Comunidade de Nossa Senhora do Rosário, de Nogueira, situada à beira do lago de Tefé, no estado do Amazonas, Brasil, estava em festa, pois uma  filha desta comunidade, Irmã Danielle Frutuoso de Araújo, celebrou a sua profissão perpétua na Congregação Religiosas Pias Discípulas do Divino Mestre.

Ir. Danielle Frutuoso de Araújo nasceu em Tefé, Am no dia 07 de Janeiro de 1987. É filha de Raimundo Gomes de Araújo e Maria do Perpétuo Socorro Frutuoso e tem quatro irmãos: Érica, Daniel, Daniela e Raina.

Desde criança participou ativamente da vida da igreja, seguindo o exemplo de seus pais. Em 2006 conheceu a Congregação das Pias Discípulas do Divino Mestre e se encantou pela forma como as irmãs viviam a missão junto ao povo. Neste mesmo ano, as Irmãs Pias Discípulas haviam iniciado uma missão intinerante no campo da Liturgia, na prelazia. Na semana santa, a Ir. Letícia Pontini esteve na comunidade de Nogueira.

Em 2008 ingressou na Congregação, após um mês de experiência na comunidade em Tefé. Fez a formação do aspirantado na comunidade de Olinda, Recife – PE. O postulantado na comunidade formativa de Cabreúva, SP e o noviciado na Comunidade de Caxias do sul, RS. Fez os primeiros votos em fevereiro de 2013 e vivenciou todo o juniorado na comunidade Divino Mestre de Cabreúva e exerceu o apostolado no setor cerâmica. Morou por um ano na Itália se preparando para os votos perpétuos.  Atualmente faz parte da comunidade Divino Mestre de Manaus.

A celebração Eucarística, na qual fez os votos perpétuos, foi presidida pelo Pe. Pedro, pároco de Tefé, e contou com a presença do Frei Maicon, dos Franciscanos Conventuais. A comunidade estava toda presente: família, amigos, parentes e demais pessoas. A ir. Marilez Furlanetto, provincial das Pias Discípulas, recebeu os votos. Além dela, as irmãs Letícia Pontini, Aparecida Batista e Julia Almeida estiveram presentes.

Este dia importante iniciou com um belíssimo tríduo vocacional  em preparação com visita às famílias e benção das casas; visita à escola local; ao grupo local da Renovação Carismática Católica e ao grupo de Jovens. Foi um momento importante de forte união da comunidade na oração e na partilha.

Ir. Danielle é sinal de um trabalho frutuoso realizado na Igreja do Amazonas. A convite de Dom Sérgio Castriani, as irmãs Discípulas desenvolveram um apostolado bonito de animação litúrgica e vocacional junto às comunidades ribeirinhas da Prelazia de Tefé. O próprio Dom Sérgio disse: “há um divisor na formação litúrgica das comunidades com a chegada das Irmãs, como sinal do trabalho eficaz iniciado pelas irmãs missionárias, Pias Discípulas”.

Portanto o evento vivido neste domingo no pequeno povoado de Nogueira mostra-se grandioso e importante para a Igreja e para a vida consagrada. Como expressa Dom Sérgio Castriani, arcebispo Metropolitano de Manaus, falando sobre a Ir. Danielle e seu sim à vida religiosa: “O mundo ganha hoje através da Igreja um presente de Deus para que a vida continue a fazer o seu caminho no meio dos homens e das mulheres tão necessitados de amor”.

Dia da Pátria

O Dia da Independência (também chamado Dia da Independência do Brasil, Sete de setembro, e Dia da Pátria) é um feriado nacional do Brasil celebrado no dia 7 de setembro de cada ano. A data comemora a Declaração de Independência do Brasil do Império Português no dia 7 de setembro de 1822.

A independência do Brasil aconteceu em 1822, tendo como grande marco o grito da independência que foi realizado por Pedro de Alcântara (D. Pedro I durante o Primeiro Reinado), às margens do Rio Ipiranga, no dia 7 de setembro de 1822. Com a independência do Brasil declarada, o país transformou-se em uma monarquia com a coroação de D. Pedro I.

A chegada da família real no Brasil ocasionou uma série de mudanças que contribuiu para o desenvolvimento comercial, econômico e, em última instância, possibilitou a independência do Brasil.

Com a chegada da família real, o Brasil experimentou, em seus grandes centros, um grande desenvolvimento resultado de uma série de medidas implementadas por D. João VI, rei de Portugal. Instalado no Rio de Janeiro, o rei português autorizou a abertura dos portos brasileiros às nações amigas, permitiu o comércio entre os brasileiros e os ingleses como medidas de destaque no âmbito econômico.

Outras medidas de destaque são destacadas pelo jornalista Chico Castro:

Tomou providências, um ano após a sua chegada, para que houvesse interesse pela educação e literatura brasileiras no ensino público, abrindo vagas para professores. Instalou na Bahia uma loteria para arrecadar fundos em favor da conclusão das obras do teatro da cidade; mandou estabelecer em Pernambuco a cadeira de Cálculo Integral, Mecânica e Hidromecânica e um curso de Matemática para os estudantes de Artilharia e Engenharia da capitania; isentou do pagamento de direitos de entrada em alfândegas brasileiras de matérias-primas a serem manufaturadas em qualquer província e criou, pela primeira vez no país, um curso regular de língua inglesa na Academia Militar do Rio de Janeiro|1|.

Essas e outras medidas que foram tomadas pelo rei português demonstravam uma clara intenção de modernizar o país como parte de uma proposta que fizesse o Brasil deixar de ser apenas uma colônia portuguesa, tornando-se de fato parte integrante do Reino de Portugal. Isso foi confirmado quando, em 16 de dezembro de 1815, D. João VI decretou a elevação do Brasil para parte do Reino Unido.

Isso, na prática, significou que o Brasil deixava de ser uma colônia e transformava-se em parte integrante do Reino português, que agora passava a ser chamado de Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Essa medida era importante para o Brasil e, segundo as historiadoras Lilia Schwarcz e Heloísa Starling, a medida tinha como objetivo principal evitar que o Brasil seguisse pelo caminho da fragmentação revolucionária – como havia acontecido na relação entre EUA e Inglaterra|2|.

A presença da família real no Brasil havia proporcionado grandes avanços, mas, ainda assim, demonstrações de insatisfação aconteceram por meio da Revolução Pernambucana de 1817. A mudança da família real para o Brasil havia resultado em grande aumento de impostos e interferido diretamente na administração da capitania.

A Revolução Pernambucana de 1817 foi reprimida violentamente. Três anos depois de lidarem com ela, o rei D. João VI teve de lidar com insatisfações em Portugal que se manifestaram em Revolução Liberal do Porto de 1820. Esse foi o ponto de partida do processo de independência do Brasil.

Portugal vivia uma forte crise, tanto política quanto econômica, em consequência da invasão francesa. Além disso, havia uma forte insatisfação em Portugal por conta das transformações que estavam acontecendo no Brasil, sobretudo com a liberdade econômica que o Brasil havia conquistado com as medidas de D. João VI.

A Revolução Liberal do Porto eclodiu em 1820 e foi organizada pela burguesia portuguesa inspirada em ideais liberais. Um dos grandes objetivos dos portugueses era o retorno do rei para Portugal. Na visão da burguesia portuguesa, Portugal deveria ser a sede do Império português.

Outra reivindicação importante dos portugueses foi a exigência de restabelecimento do monopólio comercial sobre o Brasil. Essa exigência causou grande insatisfação no Brasil, uma vez que demonstrava a intenção dos portugueses em permanecer os laços coloniais em relação ao Brasil. O rei português, pressionado pelos acontecimentos em seu país, resolveu retornar para Portugal em 26 de abril de 1821.

Na viagem de D. João VI, cerca de quatro mil pessoas retornaram para Portugal. O rei português, além disso, levou para Portugal uma grande quantidade de ouro e diamantes que estavam nos cofres do Banco do Brasil. Com o retorno de D. João VI, Pedro de Alcântara foi transformado em regente do Brasil.

Processo de independência do Brasil

O processo de independência do Brasil aconteceu, de fato, durante a regência de Pedro de Alcântara no Brasil. As Cortes portuguesas (instituição surgida com a Revolução do Porto) tomaram algumas medidas que foram bastante impopulares aqui, como a exigência de transferência das principais instituições criadas durante o Período Joanino para Portugal, o envio de mais tropas para o Rio de Janeiro e a exigência de retorno do príncipe regente para Portugal.

Essas medidas junto com a intransigência dos portugueses, no decorrer das negociações com representantes brasileiros, e do tratamento desrespeitoso em relação ao Brasil fizeram com que a resistência dos brasileiros com os portugueses aumentasse, e reforçou a ideia de separação em alguns locais do Brasil, como no Rio de Janeiro. A exigência de retorno de D. Pedro para Portugal resultou em uma reação instantânea no Brasil.

Em dezembro de 1821, chegou a ordem exigindo o retorno de D. Pedro para Portugal e a reação decorreu da criação do Clube da Resistência. Em janeiro de 1822, durante uma audiência do Senado, um documento com mais de 8 mil assinaturas foi entregue a D. Pedro. Esse documento exigia a permanência do príncipe regente no Brasil.

Supostamente motivado por isso, D. Pedro disse palavras que entraram para a história do país: “Como é para bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto; diga ao povo que fico”|3|. Os historiadores não sabem ao certo se essas palavras foram mesmo ditas por D. Pedro. De toda forma, esse acontecimento marcou o Dia do Fico. Apesar disso, os historiadores afirmam que em janeiro de 1822 ainda não havia um desejo em muitos de permanecer o vínculo com Portugal.

A sucessão dos acontecimentos nos meses seguintes foram responsáveis por incitar o Brasil à ruptura com Portugal, uma vez que, como mencionado, isso não era certo em janeiro de 1822. Ao longo do processo de independência, duas pessoas tiveram grande influência na tomada de decisões de D. Pedro: sua esposa, Maria Leopoldina, e José Bonifácio de Andrada e Silva.

O rompimento ficou cada vez mais evidente com algumas medidas aprovadas no Brasil. Em maio de 1822, foi decretado o “Cumpra-se”, medida que determinava que as leis e as ordens decretadas em Portugal só teriam validade no Brasil com o aval do príncipe regente. No mês seguinte, em junho, foi determinada a convocação de eleição para a formação de uma Assembleia Constituinte no Brasil.

Essas medidas reforçavam a progressiva separação entre Brasil e Portugal, uma vez que as ordens de Portugal já não teriam validade aqui conforme determinava o “Cumpra-se” e, além disso, esboçava-se a elaboração de uma nova Constituição para o país com a convocação de uma Constituinte.

A relação das Cortes portuguesas com as autoridades brasileiras permaneceu irreconciliável e prejudicial aos interesses dos brasileiros. Em 28 de agosto de 1822, ordens de Lisboa chegaram ao Brasil com a mensagem que o retorno de D. Pedro para Portugal deveria ser imediato. Além disso, anunciava-se o fim de uma série de medidas em vigor no Brasil e tidas pelos portugueses como “privilégios” e os ministros de D. Pedro eram acusados de traição.

A ordem, lida por Maria Leopoldina, a convenceu da necessidade do rompimento com Portugal e, em 2 de setembro, organizou uma sessão extraordinária, assinou uma declaração de independência e a enviou para D. Pedro que estava em viagem a São Paulo. O mensageiro, chamado Paulo Bregaro, alcançou a comitiva de D. Pedro, na altura de São Paulo, quando estavam próximos ao Rio Ipiranga.

Na ocasião, D. Pedro I estava sofrendo de problemas intestinais (que não se sabe sua origem específica). O príncipe regente leu todas as notícias e ratificou a ordem de independência com um grito às margens do Rio Ipiranga, conforme registrado na história oficial. Atualmente, os historiadores não têm evidência que comprovem o grito do Ipiranga.

O 7 de setembro não encerrou o processo de independência do Brasil. Esse processo seguiu-se com uma guerra de independência e nos meses seguintes acontecimentos importantes aconteceram, como a Aclamação de D. Pedro como imperador do Brasil, no dia 12 de outubro, e sua coroação que aconteceu no dia 1º de dezembro.

Guerra de independência do Brasil

Diferente do que muitos acreditam, a independência do Brasil não foi pacífica. Com a declaração da independência, uma série de regiões no Brasil demonstrou sua insatisfação e rebelou-se contra o processo de independência. Eram movimentos “não adesistas”, isto é, movimentos que eclodiram nas províncias que não aderiram ao processo de independência e que se mantiveram leais a Portugal.

Os quatro grandes centros da resistência contra a independência do Brasil aconteceram nas seguintes províncias: Pará, Bahia, Maranhão e Cisplatina (atual Uruguai). Aconteceram campanhas militares nessas localidades e os combates contra as forças que não aderiram à independência estenderam-se até 1824. Para saber mais sobre, leia este texto: Guerra de Independência do Brasil.

Consequências da independência do Brasil

Entre as consequências do processo de independência do Brasil, podem ser mencionados:

  • Surgimento do Brasil enquanto nação independente;
  • Construção da nacionalidade “brasileira”;
  • Estabelecimento de uma monarquia nas Américas (a única no continente junto da haitiana e mexicana);
  • Endividamento do Brasil por meio de um pagamento de 2 milhões de libras como indenização aos portugueses.

|1| CASTRO, Chico. A Noite das Garrafadas. Brasília: Senado Federal, 2013, p. 33 e 34.
|2| SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, p. 189.
|3| Idem, p. 212.

Por Daniel Neves
Graduado em História
Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/independencia-brasil.htm