Corpus Christi: a festa da comunhão e da esperança

A festa de “Corpus Christi”, celebra solenemente o mistério da Eucaristia que é o Sacramento do Corpo e do Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Esta é celebrada sempre em uma quinta-feira (após a oitava de Pentecostes, mais precisamente depois da festa da Santíssima Trindade), fazendo alusão à quinta-feira santa, dia em que Jesus instituiu este sacramento salutar.

A celebração de Corpus Christi tem origem no Séc. XIII, em 1243, na Cidade de Liège na Bélgica. Uma freira chamada Juliana de Cornion que depois foi canonizada, teria tido visões de Jesus Cristo demonstrando-lhe o desejo que a Eucaristia fosse celebrada com destaque. Vale também ressaltar o milagre eucarístico com o padre da Boemia, na Alemanha, que tinha dúvidas a respeito da veracidade da transubstanciação. Durante uma viagem da cidade de Praga a Roma, ao celebrar a santa missa na tumba de Santa Cristina, em Bolsena na Itália, no momento da consagração, viu sangue escorrer da Hóstia Consagrada, banhando desta forma as alfaias litúrgicas e também a pedra do altar. Impressionado com o fato, o sacerdote dirigiu-se até a cidade de Orvieto, onde residia o Papa Urbano IV, que logo enviou a Bolsena o Bispo Giacomo, para atestar o ocorrido e levar até ele o linho ensanguentado. Desta forma, a relíquia venerada foi levada em procissão a Orvieto em 19 de junho de 1264. O Papa então mostrou a relíquia ao povo.

O Santo Padre motivado pelas visões de Santa Juliana, e por este fato, fez com que a festa de Corpus Christi se estendesse por toda a Igreja por meio da Bula “Transiturus de hoc mundo”, em 11 de Agosto de 1264. Assim sendo, Santo Tomás de Aquino ficou encarregado de preparar as leituras e os textos litúrgicos que, até hoje, são usados na celebração. Em 1274, acontece a procissão com a Hóstia Consagrada conduzida em um ostensório. Contudo, na época barroca, esta procissão se torna um grande cortejo de ação de graças.

Tradicionalmente, muitas famílias e comunidades, se unem para preparar os tapetes pelas ruas cuja procissão com o Santíssimo Sacramento irá percorrer, é um gesto profundamente bonito e especial. Assim, a festa de Corpus Christi se torna um movimento de comunhão e participação, revelando o grande sentido de estarmos unidos ao mistério eucarístico que se revela no amor e na colaboração mútua.

Corpus Christi, reacende em nós a esperança, de que juntos podemos lutar por um mundo melhor, mais humano, mais fraterno e justo. Através da oração e da ação, podemos efetivar a vontade plena de Jesus que é a vida abundante para todos.

Neste ano, somos chamados a celebrar esta festa de um modo diferente, em casa, no seio de nossas famílias. Isto, de forma alguma tira a beleza desta festa, pois podemos acolher o Corpo e o Sangue de Jesus através da vivência do diálogo, do amor, da compreensão, do respeito, do perdão e de tudo aquilo que faz com que nosso espaço comum seja lugar da presença amorosa Dele.

Neste tempo desafiador, nossas famílias são agraciadas com esta oportunidade de celebrar Corpus Christi, contemplando a face de Jesus através daqueles que se fazem mais próximos. Um novo tempo se descortina diante de nós, tempo este que nos faz enxergar com mais dedicação antes algumas coisas que passavam despercebidas diante dos nossos sentidos, e que agora exige a nossa atenção e cuidado.

A mesa de nossas casas se torna então um lugar sagrado, onde podemos tomar a refeição comum permeada pela graça de estarmos unidos, cuidando uns dos outros, seguindo o exemplo de Jesus. A comunhão com o Senhor desperta em nós o desejo de sermos homens e mulheres de fé, que colocam em prática a Boa Nova que gera esperança e força em tempos de medo e desespero.

O desejo de Jesus é habitar no coração e na vida daqueles que se dispõe a construir seu reino de amor. Com isso, efetivamente, cada um precisa tomar a decisão de acolher a presença eucarística do Cristo através da vivência em família. Certamente o Senhor está em primeiro lugar no interior de todos os que se esforçam para fazer a comunhão acontecer de verdade.

Que a festa de Corpus Christi nos aproxime mais ainda de Jesus e dos irmãos, para que de fato a vida seja celebrada com entusiasmo e esta esteja sempre em primeiro lugar.

Frei Danilo Gomes de Almeida, OSA

Ordem de Santo Agostinho

Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Assunção.

São Félix do Araguaia, MT

Logo do Ano Bíblico da Família Paulina é escolhido

Na véspera da solenidade de Pentecostes, que se celebra para a Família Paulina Maria Rainha dos Apóstolos, os provinciais das congregações lançam oficialmente a logo que acompanhará o Ano Bíblico que se inicia no dia 26 de novembro de 2020.

Segundo Pe. Valdir José de Castro, ssp, Ir. Anna Caiazza, fsp, Ir. Micaela Monetti, pddm, Ir. Aminta Sarmiento Puentes, sjbp e Ir. Marina Beretti, ap, neste dia que nos unimos em torno a Maria Santíssima, nossa Mãe, Mestra e Rainha dos Apóstolos, é iluminador para se dar a conhecer a oração e o logo que a Comissão Bíblica central preparou para o Ano Bíblico da Família Paulina, que iniciará no dia 26 de novembro próximo, 49º aniversário da eterna Páscoa do Bem-aventurado Tiago Alberione, nosso Fundador. “Confiamos a Maria, Rainha dos Apóstolos, o caminho da Família Paulina durante este Ano Bíblico que estamos prestes a viver, na vida e no apostolado. Ela que foi a primeira discípula, acolhendo em seu ventre o Verbo de Deus, e depois mãe, dando à luz Jesus de Nazaré, guie nossos passos para que a Palavra de Deus se espalhe rapidamente em nós e ao nosso redor, na cultura da comunicação”, escrevem os gerais da Família Paulina.
Nesse sentido, renovando a visão apostólica do Pe. Alberione, aprofundamos a atualidade do que ele nos disse: «Com o termo “edição”, não entendemos apenas um livro: nos referimos a outras coisas. A palavra edição tem muitas aplicações: edição do periódico, edição daqueles que preparam o roteiro para o filme, que preparam o programa para a televisão, que preparam coisas para se comunicar por meio do rádio. “Edidit nobis Salvatorem”, diz a liturgia. A Virgem Maria nos deu o Salvador. Usa o verbo “edidit”. A edição inclui o conceito artístico, o estudo para produzir um objeto que seja ao mesmo tempo litúrgico e artístico. Também inclui o trabalho das Irmãs que se preparam para fazer o catecismo às crianças e depois realmente, na caridade, o explicam.» (Per un rinnovamento spirituale).

Ainda segundo eles, a oração é livremente inspirada no texto escrito pelo Pe. Alberione e publicado em seu livro Leggete le Sacre Scritture (p. 320).

Sobre a marca

O logo se inspira em duas imagens bíblicas: o semeador (Lc 8,4-15) e o atleta (1Cor 9,24). Ambas referências bíblicas indicam uma ação que deve ser feita com profunda responsabilidade e urgência. O semeador deve semear de modo que se possa esperar uma colheita abundante no tempo apropriado. O atleta, depois de se preparar suficientemente, deve vencer a corrida. A combinação destas duas referências nos conduz ao tema do Ano Bíblico da Família Paulina: “Para que a Palavra do Senhor se espalhe rapidamente” (2Ts 3,1).

O logo, evitando distrair o observador, utiliza formas e cores simples. O semeador, desenhado em posição de movimento e inclinado para frente, lança com sua mão 10 sementes que simbolizam os 10 componentes da Família Paulina. As diferentes dimensões e direções das sementes indicam as diversas capacidades e esferas sociais nas quais eles são chamados a plantar a si mesmo. O vermelho, por outro lado, é a cor universal do zelo e da paixão. É a cor do sangue que nos impulsiona a fixar o nosso olhar sobre um objetivo, neste caso que a Palavra do Senhor possa ser amplamente difundida.

VIRGEM MARIA, MÃE DA IGREJA

MEMÓRIA E MENSAGEM

A invocação da Virgem Maria, Mãe da Igreja, já faz parte da tradição cristã e católica. Só no Brasil existem 13 paróquias e igreja dedicadas a Mãe da Igreja.

Mãe da Igreja é uma designação honorífica dada à Maria, a mãe de Jesus Cristo. É um título da doutrina e piedade do povo cristão.

Hoje, a denominação mariana está inscrita na liturgia oficial. Já há a memória litúrgica de Maria, Mãe da Igreja, entre as celebrações marianas no ano litúrgico. A comunidade eclesial a celebra uma vez por ano.

Os cristãos são chamados a reconhecer a importância e a riqueza do título de Mãe da Igreja no seio do povo de Deus. A Igreja tem sua Mãe: Maria. Ela não está órfã e abandonada. Mas está muito bem assistida e amparada pela Mãe do Salvador.

IGREJA E MARIA

A Igreja é a comunidade do povo de Deus constituída por todos os cristãos no mundo. O vocábulo “Igreja” provém da língua grega, “ekklesía” (hebraico: “gahal”, “edah”; latim: “ecclesia”), que significa convocação, reunião, assembléia, comunidade (At 19,32.39-41).

A Igreja é o povo de Deus convocado pelo Pai, reunido por Jesus Cristo e animado pelo Espírito Santo. “Prefigurada já no Antigo Testamento, a Igreja é o povo de Deus caminhando para seu Senhor. É um povo universal, não dependente de raça, idioma ou qualquer particularidade humana. Nasce de Deus pela fé. É um povo de redimidos pelo sangue de Cristo, um povo em marcha, chamado para levar a todos os homens a libertação definitiva que, acontecendo já na história, terá sua plenitude somente na eternidade. É um povo de servidores, no qual cada um desempenha sua função para o crescimento de todos” (CNBB. Catequese Renovada, nº. 206).

A Igreja é a comunidade dos discípulos de Jesus. Pelo fato de serem discípulos, os cristãos fazem opção explícita por Jesus, seguem seus passos, abraçam seus critérios e procuram realizar o projeto do Reino de Deus. O Cristo Redentor ocupa o centro da existência dos cristãos.

Na Igreja os cristãos estão unidos pelos laços da fé, da caridade e da esperança. Eles creem em Deus como Pai, Filho de Deus e Espírito Santo. Amam a Deus acima de tudo e, por causa de Deus, amam aos outros e a si mesmos. Otimistas, aguardam, com confiança e perseverança, o Reino de Deus e a vida eterna, apoiados na fidelidade do Senhor e na força do Espírito Santo.

O batismo é o sacramento de ingresso na da Igreja. Pelo batismo, os seres humanos são incorporados à comunidade dos discípulos de Jesus. Da fonte batismal nasce o único povo de Deus, firmando pela nova e eterna aliança de Cristo, agregados pelo compromisso com o Salvador, e não pelos vínculos naturais, culturais, biológicos e raciais (1Cor 12,13;1Pd 2,5;Ef 4,4-6;At 2,41-47). Os batizados tornam-se membros da Igreja, comprometidos com sua vida, sua caminhada, suas lutas, sua organização e suas atividades.

Continuando a presença salvadora de Jesus, a Igreja tem a missão de evangelizar, anunciando e propagando a boa nova do Reino de Jesus a todos os seres humanos. A missão da Igreja nasce do mandato de Cristo (Mt 28,16-20;Mc 16,12-20).

A fonte da missão da Igreja é o amor de Deus pela humanidade (2Cor 5,14;1Tm 2,4). Guiada pelo Espírito Santo, a Igreja realiza a evangelização por gestos, palavras e sinais.

A figura da Virgem Santíssima está inserida no mistério da Igreja. Faz parte integrante do povo de Deus. Ela é, efetivamente, “um membro eminente e absolutamente único da Igreja” (Concílio Vaticano II. Lumen Gentium, no. 53). Toda a vida e missão de Maria são esclarecidas e iluminadas a partir de seu relacionamento com a Igreja, comunidade de salvação.

CELEBRAÇÃO MARIANA

A Virgem Maria, Mãe da Igreja, constitui uma das celebrações marianas recentes, que pertencem ao calendário religioso do povo católico. Nesta celebração os cristãos honram e veneram a Mãe de Jesus dentro do mistério da comunidade eclesial.

Motivados pela fé e piedade, os cristãos celebram o mistério da Mãe de Jesus de modo singular. Na “celebração anual dos mistérios de Cristo, a Santa Igreja venera com especial amor a Bem-aventurada Mãe de Deus, que por vínculo indissolúvel está unida à obra salvífica de seu Filho. Nela admira e exalta o mais excelente furto da redenção e a contempla com alegria como uma puríssima imagem daquilo que ela mesma anseia e espera ser” (Concílio Vaticano II. Sacrosanctum Concilium, no. 103).

O mistério da Virgem Santíssima está presente na liturgia da Igreja por meio das celebrações marianas inseridas no decorrer do ano litúrgico, na lembrança de que dela se faz nas diversas orações eucarísticas, na evocação dos grandes temas mariais e na coletânea de missas de Nossa Senhora, contidas em seu lecionário. A pessoa de Maria é ainda evocada na liturgia das horas e outros ritos sacramentais e orações da Igreja.

As celebrações marianas expressam o culto oficial que a Igreja presta à Virgem Maria. Esse culto “encontra sua expressão nas festas litúrgicas dedicadas à Mãe de Deus” (Catecismo da Igreja Católica, nº. 971).

No decorrer do ano litúrgico, a Igreja realiza três tipos de celebrações marianas, de acordo com sua importância: solenidades, festas e memórias. Essas celebrações ressaltam a beleza da figura de Maria na obra salvífica de Jesus e na vida da Igreja.

As solenidades são as celebrações marianas mais importantes, com um sabor peculiar. São dias relevantes do calendário litúrgico. Suas celebrações se iniciam com as primeiras vésperas na tarde precedente.

As solenidades têm três leituras próprias na missa e também na liturgia das horas. As solenidades são quatro: Santa Maria, Mãe de Deus (1º. de janeiro), Anunciação do Senhor (25 de março), Assunção de Nossa Senhora (15 de agosto) e Imaculada Conceição de Maria (8 de dezembro). No Brasil há também a solenidade de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, sua padroeira principal (12 de outubro).

As festas são celebrações marianas que, em ordem de importância, vêm depois das solenidades. São realizadas nos limites do dia natural. Não têm as primeiras vésperas. Mas têm tudo próprio, tanto as leituras e orações da missa, com os textos da liturgia das horas.

As festas são os dias em que os cristãos rompem a monotonia do ordinário e celebra algum acontecimento de Maria com alegria, gratidão e tranquilidade. As principais festas são: apresentação do Senhor (2 de fevereiro), visitação de Nossa Senhora (31 de maio) e natividade de Maria (8 de setembro). No Brasil e outros países latino-americanos, há a festa de Nossa Senhora de Guadalupe (12 de dezembro), padroeira da América Latina.

As memórias são celebrações marianas de menor importância. São obrigatórias ou facultativas. São harmonizadas com a liturgia do dia da semana corrente.

As memórias são: Nossa Senhora de Lourdes (11 de fevereiro), Nossa Senhora de Fátima (13 de maio), Imaculado Coração de Maria (sábado depois da solenidade do Sagrado Coração de Jesus), Nossa Senhora do Carmo (16 de julho), Dedicação da Basílica de Santa Maria Maior (5 de agosto), Nossa Senhora Rainha (22 de agosto), Nossa Senhora das Dores (15 de setembro), Nossa Senhora do Rosário (7 de outubro) e apresentação de Nossa Senhora (21 de setembro)

Na semana os cristãos dedicam os sábados à memoria da Virgem Santíssima. Recordam a participação constante de Nossa Senhora na vida de Jesus e nas existências das pessoas.

Se no sábado não há nenhuma festa ou memória obrigatória, pode-se celebrar pela manhã a missa de Nossa Senhora. Essa tradição mariana remonta ao século IX.

A Virgem Maria, Mãe da Igreja constitui uma memória litúrgica. Está integrada no conjunto das celebrações marianas que os cristãos celebram durante o ano.

ORIGEM DA MEMÓRIA

A memória da Virgem Maria, Mãe da Igreja, é recente na liturgia cristã. Mas seu título é antigo, proveniente da literatura patrística do século IV.

A denominação de Maria como Mãe da Igreja foi utilizada pela primeira vez por Santo Ambrósio de Milão (338-397). Esse dado foi redescoberto por Hugo Rahner, um jesuíta, que era irmão do renomado teólogo Karl Rahner.

O próprio Santo Agostinho (354-430) afirmava que Maria é mãe dos membros de Cristo, porque cooperou, com sua caridade, para o renascimento dos fiéis na Igreja.

São Leão Magno (440-461), papa e doutor da Igreja, quando diz que o nascimento da Cabeça é, também, o nascimento do Corpo, indica que Maria é, ao mesmo tempo, Mãe de Cristo, o Filho de Deus, e Mãe do seu Corpo Místico, isto é, a Igreja.

Na Idade Média, a partir do século IX, os pregadores, os escritores e os devotos empregavam com maior frequência a maternidade eclesial e espiritual de Maria. Eles também usaram diversos títulos equivalentes, como Mãe dos seres humanos, Mãe dos discípulos, Mãe dos cristãos, Mãe dos redimidos e Mãe de todos aqueles que renascem em Cristo. A invocação torna-se comum nos pronunciamentos e documentos dos papas dos últimos séculos.

No dia 29 de junho de 1943, o Papa Pio XII (1939-1958) já preconizava Maria, a nova Eva, como Mãe de todos os cristãos na Igreja. Maria, que “era fisicamente Mãe da nossa divina Cabeça, foi, com novo título de dor e de glória, feita espiritualmente mãe de todos os seus membros” no Calvário (Carta Encíclica Mystici Corporis, no. 106). Ela é “Mãe santíssima de todos os membros de Cristo, a cujo Coração Imaculado confiadamente consagramos todos os homens, e agora em corpo e alma refulge na glória e reina juntamente com seu Filho, nos alcance dele que sem interrupção corram os caudais da graça da excelsa Cabeça para todos os membros do Corpo Místico” (Carta Encíclica Mystici Corporis, no. 107).

Na Igreja Católica, o título de Mãe da Igreja foi dado oficialmente à Maria pelo Papa Paulo IV (1963-1978), em meados dos anos 60. Bem acolhido pelos cristãos, foi rapidamente divulgado dentro da cristandade. Diversas igrejas e capelas passaram a ter como patrona a Mãe da Igreja.

Aos 21 de novembro de 1964, ao encerrar a terceira sessão do Concílio Vaticano II, Paulo VI declarou a Mãe de Jesus como Mãe da Igreja. Foi durante a promulgação da Constituição Dogmática sobre a Igreja: “Lumen Gentium”, documento considerado a pedra angular da doutrina conciliar, pois faz uma profunda meditação sobre a natureza e a missão da Igreja à luz de Jesus Cristo.

Para o Papa, a missão maternal de Maria na Igreja é expressão de sua bondade, solicitude e caridade atenta e afetuosa. A invocação de Mãe da Igreja sempre foi querida e reconhecida dentro do povo de Deus. Foi também sugerida por muitos ministros ordenados, teólogos, religiosos e leigos de diversos seguimentos, lugares e partes do mundo.

Paulo VI afirmou que Maria é Mãe de todo o povo de Deus, tanto os cristãos leigos como o clero. Em seu discurso oficial, ele pontuava: “Para a glória da Virgem e para nosso conforto, proclamamos Maria Santíssima ‘Mãe da Igreja’, isto é, de todo o povo de Deus, tanto dos fiéis como dos pastores que lhe clamam Mãe amorosíssima; e queremos que com este título suavíssimo seja a Virgem doravante ainda mais honrada e invocada por todo o povo cristão”. Em seu pronunciamento, o Papa precisa, por três vezes, que Maria é mãe de todos os membros da Igreja.

O título de Mãe da Igreja, oficializado por Paulo VI, alicerça-se na união de Maria com Jesus. “Com esse título, se expressa a realidade do vínculo mais profundo de Maria com o Senhor e, nele, conosco. Sua maternidade em relação à comunidade cristã é derivação do dom e da tarefa que recebeu do próprio Deus” (Pe. Angel L. Strada, teólogo e escritor).

Em 13 de maio de 1967, Paulo VI propôs a Exortação Apostólica Signum Magnum, dedicada ao culto da Virgem Maria, Mãe da Igreja e modelo de todas as virtudes. O Papa exorta os cristãos a honrarem, com veneração especial, Nossa Senhora como Mãe espiritual perfeita da Igreja e a imitarem suas virtudes como caminho seguro de fidelidade ao seguimento de Cristo.

Em 1975, por ocasião do Ano Santo da Reconciliação, a Sé Apostólica propôs uma missa votiva em honra de Santa Maria, Mãe da Igreja. A celebração foi inserida no Missa Romano.

Em 1980, durante o pontificado de João Paulo II, a Sé Apostólica concedeu a possibilidade de acrescentar a invocação de Mãe da Igreja na Ladainha Lauretana. Em 1986, publicou também outros formulários de missas votivas com o título de Mãe e Imagem da Igreja na Coletânea de Missas de Nossa Senhora. Para alguns países, dioceses e institutos religiosos, autorizou a inserir a celebração da Mãe da Igreja em seu calendário particular.

Considerando toda a tradição cristã e a importância da maternidade eclesial no mistério da Igreja, Papa Francisco instituiu a memória de Maria, Mãe da Igreja, no calendário romano geral. Determinou que a celebração mariana fosse feita todos os anos na segunda-feira depois da solenidade de Pentecostes.

A instituição da memória está no Decreto “Ecclesia Mater”, da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos. O documento foi assinado pelo Cardeal Robert Sarah, prefeito do Dicastério, em 11 de fevereiro de 2018, quando se comemorara o centésimo sexagésimo aniversário da primeira aparição de Nossa Senhora em Lurdes, França.

O Decreto foi publicado no dia 3 de março de 2018. O documento orienta que a memória de Maria, Mãe da Igreja, deva figurar em todos os calendários e livros litúrgicos para a celebração da missa e da liturgia das horas.

A memória litúrgica visa favorecer o crescimento do sentido materno da Igreja nos pastores, nos religiosos e nos leigos. Busca também incrementar o senso materno na genuína piedade mariana.

Para instituir a celebração mariana, o Papa Francisco considerou o valor fundamental da presença de Maria na comunidade cristã primitiva, quando se esperava o Espírito Santo em Pentecostes (At 1,14). Desde então, a Mãe de Jesus sempre se ocupou maternalmente com a Igreja peregrina no tempo.

A memória mariana auxilia a recordar e a reforçar que a vida cristã, para progredir, deve ser ancorada no mistério da redenção de Jesus na cruz e no mistério de Maria, a Mãe do Redentor e dos redimidos, como Virgem oferente no Calvário. Esses são mistérios que Deus deu ao mundo para orientar, fecundar e santificar os cristãos. Tais mistérios visam também conduzi-los a Jesus Cristo, o Senhor Ressuscitado.

Os bispos brasileiros reconhecem as implicações da invocação de Mãe da Igreja no bojo da comunidade cristã. “Assim, Maria, para além de toda a ternura que sua devoção inspira, deve ser vista, sobretudo, como Mãe da Igreja; pois assim como o filho traz em seu rosto os traços da sua mãe, nós cristãos nos empenhamos por marcar nossa vida com a escuta da Palavra, o amor incondicional a Cristo e a caridade solícita para com os irmãos, que caracterizaram a santidade de Maria” (Animação da vida litúrgica no Brasil. Doc. da CNBB, 43. no. 135).

MATERNIDADE ECLESIAL

A maternidade eclesial designa o fato de que Maria é considerada a Mãe da Igreja. Essa dimensão é relevante tanto para a eclesiologia como para a mariologia. O título deriva do latim, “Mater Ecclesiae”, que significa Mãe da Igreja.

Maria ocupa lugar especial no povo de Deus por ser a Mãe da Igreja. Essa invocação é muito preciosa e atual. Comentando-a poeticamente, Ives Gandra da Silva Martins, jurista brasileiro, diz a respeito de Maria: “Tornaste-te, Mãe da Igreja, / Sinaleira intemporal / Da mensagem benfazeja / Que semeia a terra em sal”. É um título que Nossa Senhora merece perfeitamente.

Nos documentos oficiais, o magistério eclesiástico considera que Maria é verdadeiramente a Mãe dos membros da Igreja.  De acordo com o Concílio Vaticano II, a Virgem Maria é “reconhecida e honrada como verdadeira Mãe de Deus e do Redentor. Ela é também verdadeiramente Mãe dos membros de Cristo, porque cooperou pela caridade para que na Igreja nascessem os fiéis que são os membros desta cabeça” (Lumen Gentium, 53). A denominação de Mãe da Igreja é real e autenticamente devido à Mãe do Redentor.

A maternidade eclesial de Maria está baseada em sua maternidade divina. Ela é Mãe da Igreja “por ser Mãe de Jesus Cristo e sua muito íntima colaboradora na nova economia, quando o Filho de Deus assume nela a natureza humana, para libertar o homem do pecado mediante os mistérios da sua carne” (Paulo VI. Exortação Apostólica Signum Magnum, no. 1).

Maria é Mãe de Jesus por tê-lo concebido e gerado em seu ventre puríssimo por obra do Espírito Santo (Mt 1,18-25;Lc 1,26-38;Gl 4,4). Com o nome de “mãe”, Maria é designada 25 vezes no Novo Testamento.

Cercado pela proteção de São José, seu esposo, Maria deu à luz Jesus na cidade de Belém, há sete km ao sul de Jerusalém, na região de Judá (Mt 2,1-12;Lc 2,1-7). Morando em sua casa em Nazaré, na Galiléia, Maria criou e educou seu filho Jesus com amor, atenção, responsabilidade e constância (Mt 2,21-23;Lc 2,39-40.51-52).

No Evangelho, São João destaca Maria como companheira de Jesus. Ela está presente nas bodas de Caná (Jo 2,1-12) e na cena do Calvário (Jo 19,25-27). Assim, Maria aparece no início e no final do ministério público de seu Filho.

Maria é Mãe da Igreja por sua vocação de ser Mãe de Jesus, o Salvador da humanidade. Assim explica o padre Ignace de la Potterie, mariólogo, em seu livro “Mãe de Deus”: “Se nos tornamos filhos de Deus por causa de nossa fé em Cristo, sua mãe, que teve um papel único na encarnação do Filho de Deus, terá certamente também a função no renascimento espiritual dos filhos de Deus porque a encarnação é precisamente o modelo de nossa vida filial. Como nossa filiação espiritual divina é paralela da filiação de Cristo, a maternidade de Maria em relação a nós será igualmente em relação à sua maternidade em relação Jesus”.

Por ter cooperado na encarnação do Verbo de Deus na condição humana, Maria é, por direito, Mãe da Igreja. “Com o consentimento e participação de Maria na encarnação do Redentor, a Virgem concebeu a Igreja” (Pe. Juan Rey, jesuíta e teólogo).

DOM DE JESUS

A maternidade eclesial de Maria é graça e dom de Jesus em sua obra redentora. Antes de morrer na cruz, Jesus constitui Maria, sua mãe, como Mãe da Igreja.

De acordo com os escritores eclesiásticos, Jesus, no alto da cruz, nos deu Maria como Mãe de todos os redimidos na pessoa de João, que ali representava todos os discípulos (Jo 19,26-27). A maternidade divina de Maria estendeu-se a dimensão universal, abrangendo a maternidade eclesial.

Como Mãe de Jesus, Maria é Mãe da Igreja na ordem da graça por ter cooperado decisivamente na realização da obra salvadora da humanidade. No povo de Deus ela torna possível o nascimento dos cristãos para a vida espiritual, que provém de seu Filho. É justo que Maria seja a Mãe da Igreja porque coopera, com amor incondicional, para o Cristo na geração, formação e desenvolvimento dos membros da comunidade de fé. “O conjunto dos cristãos, integrados tanto na hierarquia como no povo fiel, são a Igreja nascida do Salvador na cruz, qual nova Eva, Mãe de todos os viventes” (Pio XII).

Associada ao sacrifício redentor de Jesus, a Virgem Santíssima coopera na redenção dos seres humanos, realizada por seu Filho no Calvário. Com “ânimo materno se associou ao sacrifício de Jesus, consentindo com amor na imolação da vítima por ela mesma gerada. Finalmente, pelo próprio Cristo Jesus moribundo na cruz, foi dada como mãe ao discípulo com elas palavras: Mulher, eis aí teu filho (cf. Jo 19,26-27)” (Concílio Vaticano II. L.G., nº. 58). Na crucificação de Jesus, Maria assume ser a Mãe de todos os redimidos.

O grande teólogo contemporâneo Hans Urs von Balthasar (1905-1988) resgatou o fundamento bíblico da maternidade eclesial de Maria. Dizia o pensador cristão: “Junto à cruz, já que o Pai abandonara o Filho, o Filho abandona a sua mãe. Confia a mãe à Igreja. A partir do Calvário, Maria torna-se mãe da Igreja, é a primeira entre os seus membros. Trata-se de um novo empenhamento, a que Maria se consagra. Assim, tudo se desenvolverá até à Assunção ao céu, no qual ela começará a agir como medianeira da Igreja do Senhor. Por isso, o Senhor envia-a continuamente à Igreja e aos homens”.

Sendo Mãe de Jesus e contribuindo com Ele na obra salvadora, Maria é Mãe de todos os membros da Igreja na ordem da graça. “Concebendo seu Filho, dando-o à luz, alimentando-o, apresentando-o ao Pai no templo e participando de seus sofrimentos até a morte de cruz, ela cooperou de maneira toda especial com a obra do Salvador, pela obediência, pela fé e pela caridade ardente, para a restauração da vida sobrenatural das pessoas. Por isso, é nossa Mãe na ordem da graça” Concílio Vaticano II. Lumen Gentium, nº. 61)

Em Jerusalém, no Cenáculo, a comunidade cristã está reunida na fé. Os apóstolos e discípulos estão em oração, aguardando a vinda o Espírito Santo em Pentecostes (At 1,12-14). Quando chegou o dia de Pentecostes, eles se encontram no mesmo lugar e recebem a infusão do Espírito Santo como dom, luz e força para testemunharem e anunciarem a boa de Jesus como Igreja (At 2,1-13).

No próprio livro dos Atos dos apóstolos, São Lucas salienta que Maria está presente na comunidade cristã (At 1,14). Sua presença não é secundária e ocasional, mas é significativa, viva e consciente. Maria participa da comunidade cristã com consciência e constância.

Cheia de fé e de amor, Maria é a Mãe que anima, sustenta e fortalece a vida e a missão da comunidade cristã inicial. “Maria tornou-se a Mãe da Igreja nascente, pois, ao redor dela se reuniam os apóstolos, sob a autoridade de Pedro, para o lugar de Judas escolheu-se outro apóstolo. Esta escolha foi feita sob os olhares e assistência de Maria” (Pe. Adalíbio Barth, escritor mariano).

No Cenáculo, Maria, com sua oração confiante, implora a vinda do Espírito Santo sobre a Igreja aí congregada. Ela pede que desça sobre a comunidade cristã “o Espírito Santo, a santifique e lhe comunique todos os seus dons, principalmente o da fortaleza e da ciência, de que vai precisar em breve para enfrentar um mundo pagão e regenerá-lo em Cristo e para Cristo” (Pe. Juan Rey, jesuíta e teólogo).

A missão maternal de Maria foi muito importante para que a Igreja começasse e consolidasse sua missão evangelizadora no meio da humanidade. “Com santidade exemplar, com autoridade de seu conselho, com a palavra consoladora e com a eficácia das suas preces, Maria amparou maravilhosamente os primeiros passos do povo cristão” (Papa Leão XIII).

Já ingressa na pátria eterna, Maria passa a exercer sua missão de Mãe da Igreja por sua intercessão atual, eficaz e constante. Ela “continua agora no céu a cumprir a missão que teve na terra de cooperadora no nascimento e desenvolvimento da vida divina no ser de cada pessoa redimida” (Paulo VI. Exortação Apostólica Signum Magnum, no. 1). Essa verdade religiosa faz parte integrante do mistério da salvação humana.

A maternidade eclesial de Maria não termina no fim de seu trajeto histórico na terra, mas prossegue no céu, com sua assunção. Presente na comunhão dos santos, Maria coopera na obra salvadora de Jesus, gerando e formando os filhos de Deus na Igreja.

Na pátria eterna, Maria implora a Jesus pelo povo de Deus, que está na terra. Ressuscitada e viva, ela vela pelos membros da Igreja em sua peregrinação terrestre para que perseverem no seguimento de Jesus e possam alcançar seu destino final: participar da vida plena e definitiva da Santíssima Trindade. Maria coopera com Jesus na Igreja “mediante a sua incessante súplica, inspirada por uma caridade ardente” (Paulo VI. Exortação Apostólica Signum Magnum, no. 2)

Como Mãe da Igreja, Maria empenha-se junto a Jesus para que os cristãos possam ser fiéis aos seus compromissos como família do Salvador. A Igreja “é a família de todos os cristãos e seguidores de Jesus. Nela e através dela prolonga-se a sua ação libertadora. É sinal de salvação para todos: é o povo de Deus que, vivendo a unidade da fé, animado pelo Espírito de Jesus, caminha para seu destino definitivo, para a verdadeira pátria prometida: a casa do Pai” (Vital Ayala, escritor mariano). A Igreja conta com a cooperação preciosa e sempre solícita de Nossa Senhora.

Como Mãe da Igreja, Maria guia, ilumina e protege os cristãos, suplicando por suas necessidades junto a seu Filho. Ela acompanha e orienta o povo de Deus desde o início do cristianismo até hoje. E permanecerá em sua missão maternal até a parusia. “De fato, da Jerusalém celeste ela está a guiar a Igreja peregrina na terra, animando-a, confortando-a até que todos estejam na gloriosa comunidade dos eleitos” (Credo do Povo de Deus. Profissão da fé solene, nº. 15).

Em sua missão maternal, Maria está com a Igreja em todos os momentos e lugares. “Quem podemos pensar que leve mais no coração a Igreja que a Mãe de Cristo, que esteve com ela, não só apenas quando esta nasceu do coração aberto de Cristo e quando se apresentou ao mundo sob a efusão do Espírito Santo em Jerusalém, mas sempre e em todas as lutas, em todos os seus merecimentos, em todos os seus caminhos ao longo dos séculos?” (Papa Paulo VI).

CORPO DE CRISTO

Maria é Mãe da Igreja por ser a Mãe do Corpo de Cristo em sua totalidade. É a mãe de Jesus e, ao mesmo tempo, é a mãe da comunidade cristã. “Repleta do Espírito Santo, Maria concebeu seu Filho Jesus. Repleta do Espirito, ela concebeu e deu à luz o corpo místico de Cristo, pois ela foi constituída a ‘Mãe da igreja'” (Fr. Alberto Beckauser, liturgista e teólogo).

De acordo com a reflexão eclesiológica, a Igreja é concebida como Corpo de Cristo. Jesus e a Igreja formam o “Cristo total” (Santo Agostinho, bispo e doutor da Igreja). “Cabeça e membros são como uma só pessoa mística” (São Tomás de Aquino, teólogo e doutor da Igreja).

Já na Bíblia os hagiógrafos afirmam que a Igreja é o Corpo de Cristo porque seus membros estão unidos sob Jesus, como sua cabeça, e por um único Espírito, o Espírito Santo (1Cor 10,17;12,12-26). Tem muitos e diferentes membros, unificados pela graça de Jesus (Rm 12.4-5; Gl 3,27-28;Ef 4,4.12;5,30).

Jesus é o princípio vital da Igreja. Ele é a cabeça do Corpo, pois a Igreja vive dele, nele e por Ele (Gl 4,19;Ef 1,22-23;4,11-16;Cl 1,18;1Pd 2,25). “Nosso Redentor mostrou-se como uma só pessoa com a santa Igreja, que Ele assumiu” (São Gregório Magno, papa e doutor da Igreja).

Como cabeça da Igreja, Jesus aparece como esposo dela, formando com ela profunda unidade. “Na qualidade de cabeça Ele se diz ‘esposo’, na qualidade de Corpo se diz ‘esposa’” (Santo Agostinho).

Jesus é esposo da Igreja porque Ele a amou e se entregou por Ela. Jesus cuida da Igreja com carinho, solicitude e atenção. Ele a purifica, a santifica e a oriente durante seu trajeto terrestre Mt 22,1-14;25,1-13;Mc 2,19;1Cor 6,15-16;2Cor 11,2;Ef 1,4-5.27;5,26;Ap 217).

Jesus é o esposo que fecunda e faz crescer a Igreja cada vez mais. Ele atrai muitas pessoas para que ingressem na Igreja mediante a conversão, a fé, a formação catequética e iniciação cristã. Jesus faz dela “a mãe fecunda de todos os filhos de Deus” (Catecismo da Igreja Católica, no. 808).

A união da Igreja com o Cristo é efetuada pelo batismo e sustentada pela eucaristia (Mt 26;26-27;28,19;Mc 14,22-23;15,16;Lc 22,19-20;24,3035;Jo 6,56;At 3,39-41; Rm 6,1-5;1Cor 11,17-34). “A comparação da Igreja com o corpo projeta uma luz sobre os laços íntimos entre a Igreja e Cristo. Ela não é somente congregada em torno dele; é unificada nele, em seu Corpo” (Catecismo da Igreja Católica, nº 789).

Maria é a Mãe da Igreja por ser a Mãe do Redentor e da Cabeça do Corpo de Cristo. “Maria é Mãe de Deus, Mãe de Jesus Cristo no seu ‘sim’ da anunciação. É Mãe da Igreja, porque é Mãe de Cristo, Cabeça do Corpo Místico” (CNBB. Catequese Renovada. Doc. 26, no. 231).

Em 27 de janeiro de 1979, no Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe, no México, o Papa João Paulo II dizia aos participantes da III Conferência Geral do Episcopado Latino-americano: “A divina maternidade é o fundamento da relação especial de Maria com Cristo e de sua presença na economia da salvação operada por Cristo, e também o fundamento das relações de Maria com a Igreja, por ser Mãe daquele que, desde o primeiro instante da encarnação em seu seio virginal, constitui-se em cabeça do Corpo místico, que é a Igreja” (Documento de Puebla. Homília).

Maria é a Mãe de todo o Corpo de Cristo: todos os fiéis e pastores. “Maria é mãe de Cristo que, não só assumiu a natureza humana no seio virginal dela, mas também ligou a si, como cabeça, o seu corpo místico, que é a Igreja. Consequentemente, como mãe de Cristo, Maria é também mãe dos fiéis e de todos os pastores, isto é, a Igreja” (Papa Paulo VI).

Com bondade e solicitude, Maria, em sua missão maternal, coopera na obra de seu Filho para resgatar e salvar os seres humanos, fazendo-os filhos de Deus na Igreja, o Corpo de Cristo (Gl 4,4-5).  A Mãe do Redentor “está unida de modo especial com a Igreja, que o Senhor constitui como seu corpo” (Papa João Paulo II. Carta Encíclica Redemptoris Mater, nº. 66).

Como Mãe, Maria atua ativamente na Igreja como Corpo de Cristo, gerando e formando os seus membros para que possam conservar a graça de filhos de Deus e progredir na fé, na caridade e na esperança. “Sendo a Virgem verdadeira Mãe de Cristo, ela gerou seu Filho, que é a Cabeça de todo o gênero humano. É por isso, coisa inteiramente lógica, que a Santíssima Virgem proceda a geração de todos os membros de Cristo, até a perfeita formação do seu Corpo. Esta geração espiritual se dá com a comunicação da graça, dos dons e das virtudes, que são exigidas para a Salvação” (Santo Agostinho, bispo e doutor da Igreja).

Maria teve e tem solicitude maternal para com a Igreja como Corpo de Cristo. “Maria dispensou ao Corpo Místico, recém-nascido do coração aberto do Salvador, os mesmos cuidados maternais e o mesmo carinho que tinha tratado o Menino Jesus em seu berço” (Pio XII. Carta Encíclica Corpo Místico).

MATERNIDADE MÍSTICA

A maternidade mística de Maria refere-se ao fato de que ela é considerada como Mãe espiritual no seio do povo de Deus. Esse termo significa que Maria é mãe dos cristãos, membros da Igreja.

No dia 11 de outubro de 1963, na Basílica de Santa Maria Maior, Paulo VI, ladeado pelos participantes do Concílio Vaticano II, pronunciou a seguinte oração, dirigida a Nossa Senhora: “Ó Maria, olhai para a Igreja e para os membros responsáveis do Corpo Místico de Cristo, reunidos ao pé de vós para vos reconhecer e venerar como mística Mãe. Fazei, ó Maria, que esta sua e vossa Igreja, ao querer definir-se a si própria, vos reconheça como Mãe, Filha e Irmã escolhida, como modelo inigualável, sua glória e sua esperança”.

Depois de sua assunção gloriosa, Maria, como Mãe espiritual, está junto a Jesus, presente na comunhão dos santos, intervindo em favor de todos aqueles que a invocam no céu. “Maria continua a interceder pelos seus filhos” (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, no. 197).

A maternidade mística de Maria é decorrente de sua maternidade eclesial. Tendo em vista que é a Mãe da Igreja, Maria acompanha todos os membros do povo de Deus e se preocupa com a vida, a missão e o destino de cada um deles. “Santa Maria, como Mãe de Cristo, é Mãe da Igreja, quer dizer, de todo o povo de Deus” (Pablo Arce e Ricardo Sada, escritores catequéticos).

Durante sua existência histórica, Maria foi mãe espiritual dos discípulos de Jesus, que seguiam o Mestre de Nazaré, comprometiam-se com seu projeto do Reino de Deus e participavam de sua comunidade. Ela sempre esteve ao lado dos discípulos, ajudando-os em suas necessidades e conduzindo-os a seu Filho Jesus (Lc 1,39-56;Jo 2,1-12).

Desde a origem e fundação da Igreja, Maria teve presença atuante e constante na vida e missão dos discípulos. Ela soube orientá-los, animá-los, consolá-los e encorajá-los em todos os momentos históricos como sua bondade maternal.

Após a morte, a ressurreição e a ascensão de Jesus, Maria permaneceu com a Igreja, dando aos discípulos toda a assistência maternal e atenciosa. Estando com os discípulos em Pentecostes, “Maria implorou para a Igreja o Espírito Santo Vivificador” (CELAM. Documento de Puebla, no. 287).

Após sua assunção gloriosa, Maria continua sua ação de Mãe espiritual dos cristãos que estão fazendo sua peregrinação terrestre rumo ao Reino definitivo do Pai. Isso porque ela possui a prerrogativa de onipotência suplicante, dada pelo Senhor Ressuscitado (Concílio Vaticano II. Lumen Gentium, no. 62). Essa onipotência suplicante significa o papel atual de Maria que implora os benefícios e as graças para os seus filhos junto a Jesus, o Salvador da humanidade.

No céu, Maria exerce sua onipotência suplicante em virtude de sua maternidade divina e mística. A ligação íntima de Nossa Senhora com Jesus faz com que a súplica seja poderosa e eficaz, ou seja, possa ser atendida pelo Salvador.

Na comunhão dos santos, Maria está próxima de Jesus por encontrar-se ressuscitada e gloriosa na vida eterna. Todavia, ela também está próxima dos cristãos por ser sua Mãe imensamente poderosa e extremamente bondosa.

Como Mãe Espiritual, Maria acompanha cada cristão em sua caminhada humana e religiosa, estando perto dele, compreendendo seus desafios, interessando-se por ele e cuidando dele. “A Virgem Maria, Rainha dos Apóstolos, é modelo perfeito de vida espiritual e apostólica. Enquanto viva na terra uma vida comum, cheia de solicitudes familiares e de trabalho, estava sempre inteiramente unida a seu Filho, cooperando de modo singular para a obra do Salvador. Agora, que está no céu, com sua maternal caridade, cuida dos irmãos de seu Filho, que peregrinam ainda e estão entre os perigos e afazeres, até serem conduzidos à Pátria celeste” (Livro: “Senhor, que queres que faça?” – Pe. Mário Tranquilli, jesuíta e escritor).

Na pátria celeste, Maria é a Mãe carinhosa e compassiva, que está atenta à vida de seus filhos desde sua concepção no útero até seu final na terra. Em sua benevolência maternal, ela procura manter um relacionamento personalizado com cada um deles, auxiliando-o, protegendo-o e defendendo-o

Maria é a mãe generosa e compassiva que se coloca a serviço dos cristãos, zelando por eles em seu trajeto histórico. Participando do domínio de Cristo Ressuscitado, ela “cuida com amor materno dos irmãos de seu Filho, que ainda peregrinam” (Concílio Vaticano II. Lumen Gentium, no. 62).

Velando pelos cristãos na terra, Maria é a educadora da fé deles por ser sua Mãe Espiritual. “Ela cuida que o Evangelho nos penetre intimamente, plasme nossa vida de cada dia e produza em nós frutos de santidade” (CELAM. Documento de Puebla, no. 290).

Como Mãe Espiritual, Maria educa também educa os cristãos pelo exemplo de suas virtudes. A “suavidade e o encanto das excelsas virtudes da Imaculada Mãe de Deus atraem de maneira irresistível os ânimos para a imitação do divino modelo, Jesus Cristo, de que Ela foi a mais fiel imagem” (Paulo VI. Exortação Apostólica Signum Magnum, no. 3).

Os evangelistas, os padres da Igreja, os doutores, os teólogos, os escritores e os pregadores ressaltaram as virtudes admiráveis que transpareceram na vida da Virgem Maria. Associados a todos eles, nós “contemplamos Maria, firme na fé, pronta na obediência, simples na humildade, exultante no louvor do Senhor, ardente na caridade, forte e constante no cumprimento de sua missão até ao holocausto de si própria, em plena comunhão de sentimentos com seu Filho, que se imolava na cruz para dar aos homens uma vida nova” (Paulo VI. Exortação Apostólica Signum Magnum, no. 6).

Por ser Mãe espiritual, Maria é a Serva do Senhor, que inspira os cristãos a terem uma vida de união cada vez mais com seu Filho Jesus. “Maria é modelo de vida cristã, pois toda a sua existência é plena comunhão com o Filho, uma entrega total a Deus em todos os seus caminhos, numa união única que culmina na glória” (CNBB. Documento Catequese Renovada, no. 233).

Como Mãe pronta e misericordiosa, Maria ostenta um coração universal, capaz de abarcar os cristãos e todas as pessoas. “Tem um coração tão grande quanto ao mundo e intercede ante o Senhor da história por todos os povos. Isto bem registra a fé popular que põe nas mãos de Maria, como rainha e mãe, o destino de nossas nações” (CELAM. Documento de Puebla, no. 289).

MISSA DE MARIA, MÃE DA IGREJA

No Decreto em que aprovou e oficializou a memória da Virgem Maria como Mãe da Igreja, a Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos acrescentou os textos litúrgicos, em latim, para a missa, a liturgia das horas e o martiriológico romano.

Nos diversos países e lugares, as Conferências episcopais deverão providenciar a tradução dos textos necessários e, depois de confirmados, a publicação nos livros litúrgicos de sua jurisdição.

A missa, que celebra a memória de Maria como Mãe da Igreja, começa com a antífona de entrada: “Os discípulos unidos perseveravam em oração com Maria, a Mãe de Jesus”. Lembra a presença de Nossa Senhora na comunidade cristã em Jerusalém à espera de Pentecostes (At 1,14).

A oração do dia diz o seguinte: “Deus, Pai de misericórdia, vosso Filho, pregado na cruz, nos deu por mãe a sua Mãe. Pela intercessão amorosa da Virgem Maria, fazei que a vossa Igreja se torne cada vez mais fecunda e se alegre pela santidade de seus filhos e filhas, atraindo para o seu convívio as famílias de todos os povos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo”. Recorda a função de Maria como Mãe da Igreja, dada por Jesus na cruz e continuada hoje.

Na oração sobre as oferendas o sacerdote pronuncia: “Recebei, Senhor, as nossas oferendas e transformai-as em sacramento da salvação. Pela força deste mistério, sejamos inflamados no mesmo amor da Virgem Maria, Mãe da Igreja, e mereçamos com ela associar-nos mais estreitamente à obra da redenção. Por Cristo, nosso Senhor”. Suplica que os participantes da missa sejam inflamados pelo amor de Maria.

No início da oração eucarística, o presidente abre os braços e profere o seguinte prefácio:

Pres.: O Senhor esteja convosco.

Ass.: Ele está no meio de nós.

Erguendo as mãos, o presidente prossegue:

Pres.: Corações ao alto.

Ass.: O nosso coração está em Deus.

O sacerdote, com os braços abertos, acrescenta:

Pres.: Demos graças ao Senhor, nosso Deus.

Ass.: É nosso dever e nossa salvação.

O sacerdote, de braços abertos, continua o prefácio.

Pres.:  Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar-vos graças, sempre e em todo o lugar, Senhor, Pai santo, Deus eterno e todo-poderoso, e na celebração da santa Virgem Maria engrandecer-vos com os devidos louvores. Acolhendo a vossa Palavra no coração sem mancha, mereceu concebê-lo no seio virginal e, ao dar à luz o Fundador, acalentou a Igreja que nascia. Recebendo aos pés da cruz o testamento da caridade divina, assumiu todos os seres humanos como filhos e filhas, renascidos para a vida eterna, pela morte de Cristo. Ao esperar com os Apóstolos o Espírito Santo, unindo suas súplicas às preces dos discípulos, tornou-se modelo da Igreja orante. Arrebatada à glória dos céus, acompanha até hoje com amor de mãe a Igreja que caminha na terra, guiando-lhe os passos para a pátria, até que venha o dia glorioso do Senhor. Portanto, com todos os anjos e santos, vos louvamos eternamente cantando (dizendo) a uma só voz: 

Durante o prefácio, o sacerdote louva a Deus que nos concedeu Maria como modelo e Mãe da Igreja. Ela é exemplo de acolhida da Palavra de Deus e de oração. É a Mãe da Igreja desde a encarnação do Verbo de Deus, da crucificação de Jesus e de pentecostes até hoje. Assunta à gloria celeste, Maria acompanha com amor maternal a Igreja, guiando-lhe no caminho da salvação até a parusia.

O texto antífona da comunhão é o seguinte: “Celebrou-se um casamento em Caná da Galiléia, e a Mãe de Jesus estava lá. Jesus deu início aos seus milagres, manifestou a sua glória e os discípulos creram nele”. Rememora as bodas de casamento em Caná da Galiléia, onde Maria estava presente com Jesus e os discípulos (Jo 2,1-12). Além do papel de intercessora, Maria é a pedagoga de fé, que conduz as pessoas ao seguimento de Jesus na comunidade cristã.

Após da comunhão eucarística, o sacerdote faz a seguinte oração: “Tendo recebido o penhor da redenção e da vida, nós vos pedimos, Senhor, que vossa Igreja, pela intercessão da Virgem Maria,  instrua todas as nações pelo anúncio do Evangelho e encha toda a terra com a efusão do Evangelho”. Implora a intercessão Maria para que ajude a Igreja em sua missão de evangelizar todos os povos.

LEITURAS BÍBLICAS

Na missa de Maria, Mãe da Igreja, a Liturgia da Palavra abrange os textos bíblicos que iluminam e esclarecem a missão maternal da Virgem Santíssima no seio do povo de Deus. Reunida para celebrar a memória litúrgica, a assembléia de fé ouve os textos e compreendem o sentido da maternidade eclesial de Maria à luz da Palavra de Deus.

Durante a celebração da missa, a Liturgia da Palavra apresenta uma leitura, um salmo e o Evangelho. São leituras bíblicas muito oportunas, instrutivas e inspiradoras.

Na primeira leitura pode-se escolher um dos trechos bíblicos: Gn 3,9-15.20 ou At 1,12-14. O primeiro trecho de Gênesis descreve a promessa de salvação que Deus faz aos seres humanos, após o pecado. Destaca a vinda futura do Messias, que irá salvar a humanidade, e a figura da Mãe do Salvador. De acordo com a tradição cristã, o Messias é identificado com Jesus e a Mãe refere-se à Virgem Maria.

O trecho dos Atos dos Apóstolos aponta a presença viva e atuante de Maria na Igreja primitiva, em Jerusalém. No cenáculo, ela está junto dos apóstolos e discípulos perseverando na oração, aguardando a vinda do Espírito Santo em Pentecostes.

Na liturgia da Palavra, o salmo responsorial é o 86 (87). É um hino a Jerusalém, cidade do povo de Deus. Jerusalém tem a vocação de ser mãe do povo. Ela é chamada a se expandir, reunindo pessoas de todos os povos. Essa missão passará mais tarde para a Igreja, aberta a todos. Maria é a mãe do povo de Deus, que zela por ele com carinho e solicitude.

Durante a missa, o presidente proclama o Evangelho, que é extraído de São João (19,25-34). O texto narra a cena da crucificação de Jesus no Gólgota. A morte de Jesus foi ato extremo de caridade, pois Ele, com amor e liberdade, faz a entrega generosa e incondicional de sua vida ao Pai em favor da humanidade. Exprime e concretiza a ação redentora de Jesus no mundo, tendo em vista que, ao ser crucificado, Ele liberta os seres humanos da morte e do pecado e os reconcilia com o Pai.

No Calvário, perto da cruz de Jesus, Maria estava de pé, junto com Maria de Cléofas, Maria Madalena e João Evangelista, o discípulo amado pelo Salvador. Em sua bondade, Jesus, pregado na cruz, deu aos discípulos por Mãe sua mãe, Maria. Recebendo no alto do monte o testamento da caridade divina, Maria assumiu todos os seres humanos como filhos, renascidos para a vida plena mediante a morte redentora de Cristo. A maternidade divina de Maria se ampliou e se universalizou, tornando-se também maternidade eclesial.

CULTO MARIANO

O culto mariano é a honra que os cristãos prestam a Virgem Maria na Igreja. Tem servido como alimento de fé, de esperança e de caridade para o povo de Deus.

O culto mariano faz parte integrante da espiritualidade da Igreja e do patrimônio da religiosidade popular. “A piedade da Igreja para com a bem-aventurada Virgem Maria é elemento intrínseco do culto cristão” (Paulo VI. Culto da Virgem Maria, no. 56).

O culto marino constitui uma prática qualificadora e constante da Igreja desde as origens do cristianismo. Os evangelhos e outros escritos neotestamentários registram e recordam a pessoa e a missão de Maria na história da salvação (Lc 1,26-38;At 1,14;Gl 4,4).

O Novo Testamento destaca a figura de Maria de forma explícita, lúcida e personalizada. Ela aparece sempre unida a Jesus Cristo e à sua obra evangelizadora. É mencionada cerca de 183 versículos, os quais se encontram em 17 trechos. São sete livros que se referem à Mãe do Salvador.

Enraizado na tradição bíblica e cristã, o culto mariano é válido e atual na Igreja. O Concílio Vaticano II recomenta que a Igreja venere, “com amor peculiar, a bem-aventurada Mãe de Deus, que está associada à obra salutar de seu Filho. Em Maria brilha, na sua expressão máxima, o fruto da redenção, e nela se contempla, como em sua imagem puríssima, tudo o que se pode desejar e esperar”  (Sacrosanctum Concilium, no. 103).

A memória de Maria, Mãe da Igreja, constitui uma das formas litúrgicas da expressão do culto mariano da Igreja nos dias atuais. “Igreja, instruída pelo Espírito Santo, venera Maria como Mãe muito amada, com afeto e piedade filial” (CNBB. Documento de Catequese Renovada”, no. 230).

Ao celebrar a memória mariana, todos nós, cristãos, honramos Maria como Mãe da Igreja, que lá do céu, junto de Jesus, nos escuta, nos norteia, nos guarda, nos ensina, conhece nossas necessidades e nos atende “Arrebatada à glória dos céus, ela acompanha a Igreja que caminha na terra, guiando-lhe os passos para a pátria, até que venha o dia glorioso do Senhor” (Prefácio da memória de Maria, Mãe da Igreja). Em sua bondade maternal, Maria cuida da Igreja e de todos com generosidade e constância.

Na memória litúrgica, nós conhecemos, aprofundamos e assumimos o culto de Maria como Mãe da Igreja de maneira consciente, convicta e piedosa. Assunta e glorificada, Maria, como Mãe de Cristo, está próxima de seu Filho, recorrendo a Ele em nosso favor. Como Mãe da Igreja está próxima de povo de Deus e de cada um de nós, ensinando-nos a seguir a Jesus e socorrendo-os perpetuamente.

Confiantes, nós, cristãos, contamos com o auxílio carinhoso, certo, pronto, seguro e eficaz da Mãe da Igreja em nossa peregrinação de fé na terra. Como devotos, nós amamos a Virgem Maria como nossa mãe com afeto filial e terno. “A Igreja Católica, guiada pelo Espírito Santo, honra-a como Mãe amantíssima, dedicando-lhe afeto de piedade filial” (Concílio Vaticano II. Constituição Dogmática Lumen Gentium, no. 53).

Em suas orações, a Igreja recorre a Maria como Mãe bondosa, suplicando-lhe pelas suas precisões e urgências. “A Igreja teve desde sempre a consoladora experiência de encontrar em Maria a Mãe de misericórdia e de graça, que ela tão frequentemente invoca em suas preces” (Papa Bento XV. Encíclica Fausto Appetente Die, 1921).

Na celebração mariana, nós, peregrinos, somos chamados persistir na fé cristã, inspirados pela esperança de Maria, a Mãe da Igreja. “Glorificada no céu de corpo e alma, a mãe de Jesus é a imagem e início da Igreja perfeita, no fim da história. Por agora, na  terra, enquanto não chega o Dia do Senhor (cf. 2Pd 3,10), brilha como sinal e auxílio do povo de Deus em peregrinação” (Concílio Vaticano II. Constituição Dogmática Lumen Gentium, no. 68).

Pe. Eugênio Antônio Bisinoto C. Ss. R.

Sacerdote Redentorista e Escritor

Igreja Santa Cruz, Araraquara – SP

Atos dos Apóstolos e a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos

 “Eles nos demonstraram uma benevolência fora do comum” (At 28,2), lema escolhido para esta semana de oração: “24 a 31 de maio”. As pessoas que haviam sofrido um naufrágio, durante a viagem de Paulo a Roma, foram acolhidas com generosidade pelos habitantes da ilha de Malta. Essa ilha, situada no coração do mar Mediterrâneo, marca o encontro de civilizações, culturas e religiões. A leitura de “Atos dos Apóstolos 27,18–28,10”, utilizada na festa em Malta para celebrar a chegada da fé cristã através de Paulo, é o texto indicado para iluminar a oração e as celebrações pela unidade dos cristãos, no respeito às diferenças e comunhão na diversidade. O texto bíblico mostra o drama enfrentado pelos diversos grupos de passageiros do navio, para vencer as divisões e garantir a vida para todos em meio à tempestade. A travessia do mar Mediterrâneo reflete também a situação de tantos migrantes e refugiados em busca de vida mais digna.

& Atos dos Apóstolos 27,18–28,10, últimos capítulos do livro que foi escrito em torno do ano 90 da era cristã, quando a perseguição aumentava com o imperador Dominicano (81–96).  Segundo Fernando Altemeyer, o livro dos Atos dos Apóstolos se estrutura em cinco grandes sessões ou blocos:

1. Origens da Igreja em Jerusalém, onde a questão ecumênica está no conflito com o judaísmo legalista. O preço humano desse conflito serão as vidas ceifadas de Estevão e Tiago.

2. Perseguição e missão ecumênica: de Jerusalém a Antioquia, onde a crise ecumênica se situará no encontro das diversas identidades culturais dos samaritanos, antioquenos e etíopes. Aqui vivemos a conversão de Paulo e a perseguição de Pedro.

3. Primeira viagem e Concílio, sendo questão chave no ecumenismo o debate em Jerusalém sobre a circuncisão e os costumes judaicos.  A proclamação de Pedro e o decreto conciliar abrirão caminho para a liberdade ecumênica sem rupturas internas.

4. Grande viagem e fundação das Igrejas na Ásia e na Grécia, sendo o tema ecumênico central a inserção do Evangelho de Cristo no mundo cultural grego e o confronto com as autoridades e estruturas imperiais de Roma.

5. Paulo prisioneiro, desde Jerusalém (ano 58) e Cesareia, e o complexo processo diante de Félix com a narração da viagem à capital do Império, Roma (no outono-inverno do ano 60), e sua prisão domiciliar entre os anos 61-63.

Paulo de Tarso é o defensor de metodologia e pedagogia ecumênicas, marcadas pela abertura e pela superação de imposições. De perseguidor a evangelizador, vive na carne o drama das primeiras divisões entre os cristãos. O clímax da crise ele vive na Igreja de Éfeso. A experiência pessoal de Damasco irá impregnar-se em seus atos e palavras. Sua conversão constitui-se na reviravolta histórica fundamental no movimento cristão primitivo. Depois do que Paulo viveu ali em Damasco, tudo será feito como uma grande tarefa ecumênica.  O “néo-apóstolo ecumênico”, após permanecer três dias sem ver, comer e beber, está preparado para empreender o caminho novo. Escreve cartas para animar e superar conflitos e preconceitos. Fala do único corpo de Cristo em suas epístolas e realiza viagens para costurar e compor um corpo firme e unido. Paulo reconhece que todos têm a possibilidade de conhecer a vontade de Deus e viver o Evangelho (Vida Pastoral – Julho-Agosto de 2001).

& Atos dos Apóstolos 27,1-12: “Embarque para Roma”

A viagem a Roma é consequência do recurso de Paulo ao imperador (25,11; 26,32), mas também a realização de um projeto apostólico (19,21) e de um desígnio providencial (23,11). Paulo viaja em companhia de outros prisioneiros e do centurião com seus soldados. A navegação dependia de ventos favoráveis. A escala em Sidônia possibilitaPaulo “encontrar seus amigos e receber assistência deles” (27,3). Ao chegar a Mira, embarcam em um navio comercial vindo de Alexandria, no Egito, carregado de trigo (27,38) e com outros passageiros. Em Bons Portos tiveram que decidir os rumos da viagem. Já havia passado o “jejum”, o Dia da Expiação celebrado entre o fim de setembro e o início de outubro, e aproximava-se o inverno, quando a navegação era suspensa. Paulo aconselha a permanecer ao abrigo de Creta, a fim de preservar a carga, o navio e, sobretudo as vidas. O piloto queria chegar a Fênix, um porto de Creta mais seguro para passar o inverno. O centurião desejava continuar a viagem e prevalece sua opinião.

& Atos dos Apóstolos 27,13-26: “A tempestade”

O início do inverno no mar Mediterrâneo oriental se caracterizava pela formação de repentinas tempestades. Em tais circunstâncias abandonar a costa meridional de Creta era uma decisão imprudente, pois a embarcação ficava exposta a fortes ventos do norte como o “euraquilão”. Por isso, enfrentaram uma violenta tempestade e o apóstolo Paulo lembra sua predição profética para não deixar Creta. Neste momento difícil, a presença de Paulo anima a esperança dos tripulantes e passageiros:Convido a manter a coragem; pois nenhum de vós perderá a vida” (27,22). Deus manifesta seu plano salvífico mediante o apóstolo Paulo, que transmite confiança a todos os seus companheiros de travessia: “Confio em Deus, que tudo acontecerá como me foi dito” (27,23-25).  “Devemos encalhar em alguma ilha”.

& Atos dos Apóstolos 27,27-44: “Salvos do naufrágio”

 O navio continuava à deriva no mar “Adriático”, parte do Mediterrâneo entre Creta (Grécia) e a Cicília (Itália). Os marinheiros pressentem a aproximação de terra e têm a intenção de abandonar o navio. Paulo comunica paz, promove o diálogo e a colaboração entre todos os passageiros. Ele mesmo se fortalece ao “tomar o pão, dar graças a Deus, partir o pão e comer”, exemplo que reanima todos a se alimentarem também (27,33-38). Esta comida tem sentido eucarístico e o barco neste momento simboliza as comunidades dos seguidores de Cristo, navegando entre ondas tormentosas, porém oferecendo segurança aos que estão a bordo.  O navio finalmente encalha, mas os soldados decidem matar os prisioneiros, os mais vulneráveis (27,41-42). A vida dos descartáveis é conservada em vista de Paulo, instrumento de salvação ao qual Deus confiou a vida de todos os seus companheiros de viagem (27,24).  Assim, “todos chegaram sãos e salvos em terra”.

& Atos dos Apóstolos 28,1-10: “Paulo em Malta”

Malta, com seus portos, servia de base para o comércio no mar Mediterrâneo e era utilizada para passar o inverno. Os que haviam sofrido o naufrágio foram acolhidos com amabilidade: “Eles nos demonstraram uma benevolência fora do comum” (28,2). Unidos ao redor do fogo com os povos da ilha, os grupos que estavam no navio superam as divisões e fortalecem a comunhão na diversidade. “Acolhida e hospitalidade” (28,7) contribuem para o apóstolo Paulo evangelizar, mesmo sob a total vigilância da tropa. A víbora, o poder opressor (Mc 16,18; Lc 10,19) não impede o prisioneiro Paulo de realizar sinais libertadores em favor da vida e dignidade das pessoas.  O pai de Públio, governador da ilha, estava doente e “Paulo foi visitá-lo, rezou, impôs-lhe as mãos e o curou” (28,8). Os habitantes da ilha reconhecem que o apóstolo Paulo é sinal da presença de Deus: “Os doentes vinham ter com ele e eram curados” (28,9).  Eles nos deram numerosas provas de estima, e quando partimos “proveram-nos de todo o necessário” (28,10).  Acolhem com gratidão a Boa Nova que chega por meio de Paulo, o apóstolo de todas as gentes.

O cuidado, a solidariedade demonstra sintonia com Jesus e seu projeto (Mt 25,31-46). O papa Francisco fala dos migrantes e refugiados, forçados como Jesus Cristo a fugir. Convida a acolher, proteger, promover e integrar os deslocados. Quase todos os dias, a televisão e os jornais dão notícias de refugiados que fogem da fome, guerra e outros perigos graves, em busca de segurança e de uma vida digna para si e para as suas famílias. Em cada um deles, está presente Jesus, forçado – como no tempo de Herodes – a fugir para Se salvar. Os conflitos e as emergências humanitárias, agravadas pelas convulsões climáticas, aumentam o número dos deslocados e se repercutem sobre as pessoas que já vivem em grave estado de pobreza. Muitos dos países atingidos por estas situações carecem de estruturas adequadas, que permitam atender às necessidades daqueles que foram deslocados. 

            A pandemia recordou-nos como é essencial a corresponsabilidade, pois só é possível enfrentar a crise com a contribuição de todos, mesmo de categorias frequentemente subestimadas. Devemos encontrar a coragem de abrir espaços onde todos possam sentir-se chamados e permitir novas formas de hospitalidade, de fraternidade e de solidariedade.  É necessário colaborar para construir. O apóstolo Paulo recomenda a superar as divisões e a permanecer unidos no mesmo espírito(1Cor 1,10). A construção do Reino de Deus é um compromisso comum a todos os cristãos. Para salvaguardar a Casa Comum e torná-la cada vez mais parecida com o plano original de Deus, devemos empenhar-nos em garantir a cooperação internacional, a solidariedade global e o compromisso local, sem deixar ninguém de fora.

No próximo dia 24 de maio terá início o Ano Especial dedicado à “Laudato Si”. No Brasil, em particular, é urgente concretizar essa Encíclica no contexto da Amazônia. Estamos bem próximos do ponto de não retorno, à beira da desertificação desse bioma. O Grito da terra e dos pobres na Amazônia chega ao limite, denuncia Pe. Dario Bossi. E, com a pandemia, todos estamos na mesma tempestade mesmo se, em barcos muito diferentes: alguns mais frágeis, outros mais fortes. Porém, mais uma vez, os mais pobres estão sendo as maiores vítimas de um mundo desajustado que traiu o sonho de Deus.

Que o clamor em prol de vida digna para todos leve a superar as divisões e desigualdades como propõe o apóstolo Paulo ao dizer: “Não há mais judeu ou grego, escravo ou livre, homem ou mulher, pois todos vós sois um só em Cristo Jesus” (Gl 3,28). Ao longo desta semana de oração pela unidade dos cristãos, invoquemos confiantes: “Vinde, Espírito de Deus, e enchei os corações dos fiéis com vossos dons! Acendei neles o amor como um fogo abrasador! Vós que unistes tantas gentes, tantas línguas diferentes numa fé, na unidade e na mesma caridade”.     

Irmã Helena Ghiggi, da congregação Discípulas do Divino Mestre.

REZAR O TERÇO

O Papa Franciso motivou a oração do rosário para todo este mês de maio. No calendário popular, dedicamos este mês a Maria, Mãe de Jesus. A oração do Terço (ou Rosário) é uma oração milenar da igreja. Segundo a Carta Apostólica ROSARIUM VIRGINIS MARIAE, “o Rosário situa-se na melhor e mais garantida tradição da contemplação cristã. Desenvolvido no Ocidente, é oração tipicamente meditativa e corresponde, de certo modo, à « oração do coração » ou « oração de Jesus » germinada no húmus do Oriente cristão”.

Ainda na introdução desta Carta Apostólica, o Papa João Paulo II motiva para a oraçao: “Na sobriedade dos seus elementos, concentra a profundidade de toda a mensagem evangélica, da qual é quase um compêndio. Nele ecoa a oração de Maria, o seu perene Magnificat pela obra da Encarnação redentora iniciada no seu ventre virginal. Com ele, o povo cristão frequenta a escola de Maria, para deixar-se introduzir na contemplação da beleza do rosto de Cristo e na experiência da profundidade do seu amor. Mediante o Rosário, o crente alcança a graça em abundância, como se a recebesse das mesmas mãos da Mãe do Redentor”. 

Assim somos convidados a contemplar Cristo por Maria. A contemplação de Cristo tem em Maria o seu modelo insuperável. O rosto do Filho pertence-lhe sob um título especial. Foi no seu ventre que Se plasmou, recebendo d’Ela também uma semelhança humana que evoca uma intimidade espiritual certamente ainda maior. À contemplação do rosto de Cristo, ninguém se dedicou com a mesma assiduidade de Maria. Os olhos do seu coração concentram-se de algum modo sobre Ele já na Anunciação, quando O concebe por obra do Espírito Santo; nos meses seguintes, começa a sentir sua presença e a pressagiar os contornos. Quando finalmente O dá à luz em Belém, também os seus olhos de carne podem fixar-se com ternura no rosto do Filho, que envolveu em panos e recostou numa manjedoura (cf. Lc 2, 7).

Como rezar o terço?

A partir da cruz, siga as orações na sequência indicada

  • Inicia-se segurando pela cruz, com o Sinal a Cruz, Oferecimento do Terço e a oração do Creio (ver orações abaixo)
  • Reza-se um Pai-Nosso, seguido de três Ave-Maria.
  • Recita-se: Glória ao Pai, ao Filho…
  • O terço possui 5 dezenas. A cada dezena contempla-se o mistério, seguido de 1 Pai-Nosso e 10 Ave-Maria
  • Ao final de cada dezena reza-se Glória ao Pai seguido da jaculatória Oh! meu bom Jesus… (vide orações abaixo)
  • Ao concluir as 5 dezenas, reza-se os agradecimentos

Orações do Terço

Oferecimento do Terço (reza-se no início)

Divino Jesus, eu vos ofereço este terço (Rosário) que vou rezar, contemplando os mistérios de nossa Redenção. Concedei-me, pela intercessão de Maria, vossa Mãe Santíssima, a quem me dirijo, as graças necessárias para bem rezá-lo para ganhar as indulgências desta santa devoção.

Creio em Deus Pai

Creio em Deus Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra, e em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, que foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia; subiu aos céus, está sentado à direita de Deus Pai todo poderoso, donde há de vir julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo, na Santa Igreja Católica, na comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne e na vida eterna. Amém.

Pai Nosso

Pai Nosso que estais no Céu, santificado seja o Vosso nome, venha a nós o Vosso reino, seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossa ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Amém.

Ave Maria

Ave Maria cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre Jesus. Santa Maria Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém.

Glória ao Pai

  • Glória ao Pai, ao Filho e o Espírito Santo. Como era no princípio, agora é sempre. Amém.

Oh! Meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente as que mais precisarem. Amém.

 Na oração do Rosário contemplam-se todos os mistérios. No caso da oração do Terço, contempla-se um dos mistérios, conforme dias e mistérios a seguir:

Mistérios Gozosos (segundas e sábados)

1º Mistério – Encarnação do Filho de Deus
No primeiro mistério contemplemos a Anunciação do Arcanjo São Gabriel à Nossa Senhora. Disse o Anjo à Maria: “Eis que conceberás e darás à luz um filho e o chamarás com o nome de Jesus”. Disse então Maria: “Eu sou a serva do Senhor; faça-se em mim, segundo a tua palavra”. (Lc 1,31.37)
Intenção: aprendamos e peçamos a humildade de Maria ante o chamado de Deus.

2º Mistério – Maria visita sua prima Isabel.
“Maria pôs-se a caminho, para a região montanhosa, dirigindo-se apressadamente a uma cidade de Judá. Entrando em casa de Zacarias, saudou Isabel (…) que repleta do Espírito Santo, exclamou: ‘Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre” (…) Feliz a que acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido”. Lc 1,39-45
Intenção: admiremos e peçamos o amor de Maria para com o próximo.

3º Mistério – Jesus nasce na pobreza de Belém
Enquanto se encontravam em Belém, completaram-se os dias para o parto, e ela deu à luz o seu filho primogênito, envolveu-o com faixas e reclinou-o numa manjedoura, porque não havia um lugar para eles na sala. Lc 2, 6-7
Intenção: peçamos a Jesus e a Maria o espírito de pobreza evangélica.

4º Mistério – Cumprindo a lei de Moisés, Maria apresenta Jesus no templo
“Quando se completaram os dias para a purificação deles, segundo a lei de Moséis, levaram-no a Jerusalém, a fim de apresentá-lo ao Senhor… E Simeão disse a Maria: “Eis que este menino foi colocado para a queda e o soerguimento de muitos em Israel, e como um sinal de contradição. E a ti, uma espada transpassará a tua alma, para que se revelem os pensamentos íntimos de muitos corações”. Lc 2, 22.34-35
Intenção: consideremos e peçamos a obediência que teve a Virgem Maria.

5º Mistério – O menino Jesus, perdido e encontrado no Templo, entre os doutores.
“Ao vê-lo, ficaram surpresos, e a mãe lhe disse: ‘Meu filho, por que agiste assim conosco? Olha que teu pai e eu, aflitos, te procurávamos’. Ele respondeu: ‘Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai?’ Eles porém, não compreenderam a palavra que eles lhe dissera” Lc 2, 48-50
Intenção: peçamos a graça de conhecer e seguir nossa vocação.

Mistérios Dolorosos (terças e sextas-feiras)

 1º Mistério – A oração e o sofrimento de Jesus no Jardim das Oliveiras.
“Disse-lhe Jesus: ‘Minha alma está triste até a morte. Permanecei aqui e vigiai comigo”. E, indo um pouco diante, prostrou-se com o rosto em terra e orou: ‘Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres. Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca”. Mt 26,38-39.41
Intenção: peçamos o espírito de oração.

2º Mistério – Jesus é flagelado.
Disse-lhes: Vós me apresentastes este homem como agitador do povo. Ora, eu o interroguei diante de vós e não encontrei neste homem motivo algum de condenação, como o acusais (…) Como vedes, este homem nada fez que mereça a morte. Por isso, vou soltá-lo, depois de o castigar. Eles, porém, vociferaram todos juntos: ‘Morra este homem! Solta-nos Barrabás!’. Pilatos então tomou a Jesus e o mandou flagelar. Lc 23,14.15b-18; Jo 19,1
Intenção: peçamos a virtude do amor ao próximo.

3º Mistério – A coroação de espinhos de Jesus.
“Os soldados, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-na em sua cabeça e jogaram sobre ele um manto de púrpura. Aproximando-se dele, diziam: ‘Salve, rei dos Judeus!’ E o esbofeteavam”. Jo 19, 2-3
Intenção: peçamos a pureza de intenções e de desejos.

4º Mistério – Jesus carrega a pesada cruz, rumo ao Calvário
“Depois de caçoarem dele, despiram-lhe a capa escarlate e tornaram a vesti-lo com suas próprias vestes e levaram-no para o crucificar. Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”. Mt 27,31; Mc 8,34b
Intenção: admiremos a paciência do Salvador e peçamos a graça de ser pacientes em nossas provas e sofrimentos.

5º Mistério – Jesus morre na cruz por todos os homens
“Tomaram então a Jesus. E ele saiu, carregando a sua cruz e chegou ao chamado ‘lugar da Caveira’ (…) onde o crucificaram; e com ele, dois outros: um de cada lado, e Jesus no meio”. Jesus, então, vendo a sua mãe e, perto dela, o discípulo a quem amava, disse à sua mãe: ‘Mulher, eis o teu filho!’ Depois disse ao discípulo: ‘Eis a tua mãe!’.” Jo 19,16b-18.26-27a
Intenção: Peçamos a graça de compreender e viver a missa, que é renovação do sacrifício do Calvário.

 Mistérios Gloriosos (quartas-feiras e Domingos)

1º Mistério – Jesus ressuscita, vencendo a morte
“Disse o Anjo às mulheres: ‘Não temais! Sei que estais procurando Jesus, o crucificado. Ele não está aqui, pois ressurgiu, conforme havia dito (…). Ide dizer aos seus discípulos e a Pedro que ele vos precede na Galileia. Lá o vereis, como vos tinha dito’.” Mt 28,5b-6a; Mc 16,7
Intenção: peçamos a plena transformação de nossa vida em Cristo.

2º Mistério – A ascensão de Jesus Cristo ao céu.
“Jesus levou os discípulos até Betânia. E erguendo as mãos, abençoou-os. E enquanto os abençoava, distanciou-se deles e era elevado ao céu. Eles se prostraram diante dele, e depois voltaram a Jerusalém, com grande alegria(…)” Lc 24, 50b-52
Intenção: peçamos a graça de buscar unicamente o Reino de Deus e sua justiça, porque tudo mais nos será dado por acréscimo.

3º Mistério – A vinda do Espírito Santo sobre Maria e os Apóstolos.
“Quando chegou o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um ruído semelhante ao soprar de impetuoso vendaval; e encheu toda a casa onde se achavam. E apareceram umas línguass de fogo, que se distribuíram e foram pousar sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito os impelia a falar (…) Pedro disse: “Não, esses homens não estão ébrios, como pensais (…) mas é que se realiza a palavra do profeta: Sucederános últimos dias, diz o Senhor, derramarei o meu Espírito sobre toda carne”. ” At 2,1-4.15a-16.17a
Intenção: peçamos os dons do Espírito Santo, especialmente a sabedoria, a fortaleza e o zelo.

4º Mistério – A gloriosa assunção de Maria no Céu.
“A gloriosa assunção de Maria ao céu é a festa do seu destino de plenitude e de felicidade, da glorificação de sua alma imaculada e de seu corpo virginal, bem como de sua perfeita configuração com o Cristo ressuscitado”. (Paulo VI)
Intenção: peçamos a graça de viver noss vocação à santidade.

5º Mistério – Maria é coroada Rainha do céu e da terra, e intercessora de todos os homens junto a seu Filho Jesus.
“A festa da Assunção prolonga-se alegremente na celebração da festa da realeza de Maria. Neste mistério, nós a contemplamos junto ao Rei dos séculos, onde resplandece como Rainha e intercede com Mãe”. (Paulo VI)
Intenção: proponhamo-nos confiar na mediação de Maria e peçamos o dom da perseverança.

 Mistérios Luminosos (quinta-feira)

Introdução dos mistérios feitas pelo São João Paulo II.

1º Mistério – Contemplamos Jesus sendo batizado por João Batista no Rio Jordão. Enquanto Cristo desce à água do rio, como inocente que se faz pecado por nós, o céu se abre e voz do Pai proclama-o Filho dileto, ao mesmo tempo em que o Espírito vem sobre ele para investi-lo na missão que o espera.

2º Mistério – contemplamos o início dos sinais de Caná, quando Cristo, transformando a água em vinho, abre à fé o coração dos discípulos graças à intervenção de Maria, a primeira entre os que creem.

3º Mistério – Contemplamos a pregação com a qual Jesus anuncia o advento do Reino de Deus e convida à conversão, perdoando os pecados de quem se dirige a ele com humilde confiança, início do mistério de misericórdia que ele prosseguirá exercendo até o fim do mundo, especialmente por meio do sacramento da reconciliação confiado à sua Igreja.

4º Mistério – Contemplamos a transfiguração de Jesus que, segundo a tradição, se deu no monte Tabor. A glória da divindade reluz no rosto de Cristo, enquanto o Pai o credencia aos apóstolos extasiados para que o “escutem” e se disponham a viver com ele o momento doloroso da paixão, a fim de chegarem com ele à glória da ressurreição e a uma vida transfigurada pelo Espírito Satno.

5º Mistério – Contemplamos a instituição da Eucaristia, na qual Cristo se faz alimento com o seu corpo e o seu sangue sob os sinais do pão e do vinho, testemunhando “até o extremo” seu amor pela humanidade, por cuja salvação se oferecerá em sacrifício.

Agradecimentos – no final do terço

Infinitas graças vos damos, Soberana Rainha, pelos benefícios que todos os dias recebemos de vossa mão liberais. Dignai-vos, agora e para sempre, tomar-nos debaixo do vosso poderoso amparo e para mais vos obrigar vos saudamos com uma Salve Rainha:

Salve Rainha, Mãe de Misericórdia, vida, doçura, esperança nossa, salve! A vós bradamos, os degredados filhos de Eva; a vós suspiramos gemendo e chorando neste vale de lágrimas. Eia, pois, advogada nossa esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei, e depois deste desterro nos mostrai a Jesus, bendito fruto do vosso ventre, ó Clemente, ó Piedosa, ó Doce, sempre virgem Maria.

V. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus,
R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Amém.

Venerável Majorino Vigolungo: modelo de santidade

Hoje celebramos o nascimento do jovem estudante paulino Majorino Vigolungo. Ele nasceu a 6 de maio de 1904 em Benvello, norte da Itália. Filho de trabalhadores rurais, não admitia a mediocridade. Ingressou nos Padres e Irmãos Paulinos a 15 de outubro de 1916, com apenas 12 anos.

Seu ideal de vida era alcançar a santidade o mais rápido possível, ser padre e ser apóstolo da boa imprensa. Ficou conhecido na Família Paulina pela seguinte máxima: “progredir um pouquinho a cada dia”.

Amante da Eucaristia, dedicou-se à vocação e missão dos Paulinos com grande entusiasmo, até que em 1918, no dia 27 de julho, vítima de meningite, veio a falecer enquanto era assistido por Padre Alberione. Suas últimas palavras foram: “cumprimente a todos os meus companheiros, diga-lhes que rezem por mim e que nos encontraremos todos no céu”. Considerado patrono dos Aspirantes Paulinos, foi declarado venerável no dia 28 de março de 1988, pelo Papa João Paulo II.

Fonte: https://www.paulinos.org.br/home/modelos-de-santidade/

São José, Operário de Nazaré e o dia 1º de maio

O dia 1º de maio tornou-se dia do trabalhador, celebrado internacionalmente, depois que um grupo de operários morreu em violentos confrontos nos EUA, em 1886, justamente quando reivindicavam a valorização e o reconhecimento da dignidade do seu trabalho. Cumprindo jornadas extenuantes de até 13 ou 14 horas diárias de atividades laborais, os operários não tinham benefícios, seguridade social ou direitos trabalhistas garantidos em leis. A industrialização seguia acelerada priorizando o capital em prejuízo da mão-de-obra dos trabalhadores.

Assim, a celebração desse dia surgiu para fazer memória dos trabalhadores que morreram defendendo a causa do trabalho com dignidade. No entanto, aos poucos, a data foi se transformando em dia de festa e comemoração. E o eixo da celebração se deslocou da memória da vida dos trabalhadores para “dia do trabalho”. No entanto, o mais correto é que o dia 1º de maio seja “dia do trabalhador”, uma vez que todos os dias do ano são dias de trabalho, especialmente para os mais pobres que são, justamente, os que mais trabalham ao longo da vida, com jornadas mais intensas, realizando trabalhos mais exigentes e com menor remuneração.

Em 1955 o Papa Pio XII (1939-1958) estabeleceu que no dia 1º de maio seja celebrada, na Igreja, a memória de São José Operário, pai adotivo de Jesus, cuja vida foi toda marcada pelo trabalho e pelo cuidado e proteção dispensados ao Menino e a Maria, sua mãe. Refletindo sobre a importância da figura de São José e do testemunho de sua vida para os cristãos, o Papa João Paulo II (1978-2005) afirmou que “no crescimento humano de Jesus em sabedoria, em estatura e em graça teve uma parte notável a virtude da laboriosidade, dado que o trabalho é um bem do homem, que transforma a natureza e torna o homem, em certo sentido, mais homem [ou seja, mais humano]” (Exortação apostólica Redemptoris Custos, n. 23).

O trabalho, com efeito, é uma dimensão constitutiva do ser humano, sem a qual a pessoa não se realiza plenamente. Segundo os relatos evangélicos, o próprio Filho de Deus foi primeiramente identificado entre os seus conterrâneos pelo trabalho que exercia, herdado do pai, conforme o costume da época. O evangelista Mateus informa que, entrando Jesus em sua cidade natal, as pessoas admiradas com a sabedoria de seu ensinamento se perguntavam: “Não é este o filho do carpinteiro” (Mt 13,55). No evangelho de Marcos a mesma cena se repete e as pessoas se indagam: “Não é este o carpinteiro, filho de Maria?” (Mc 6,3). Em outra passagem Jesus afirma que Deus Pai também é trabalhador: “Meu Pai trabalha sempre e eu também trabalho” (Jo 5,17). O livro do Gênesis, com efeito, afirma que Deus trabalhou intensamente na obra da criação durante vários dias e que também descansou: “Tendo Deus terminado no sétimo dia a obra que tinha feito, descansou do seu trabalho” (Gn 2,2). 

Ora, criada à imagem e semelhança de Deus, a pessoa humana define-se pelo trabalho, que lhe dá sustento, satisfação, alegria, realização, e a ajuda a significar cotidianamente a vida. Os filósofos afirmam que o homem é homo faber, ou seja, aquele ser que transforma constantemente a natureza com seu trabalho, elaborando ferramentas e desenvolvendo tecnologias para essa finalidade, visando sempre satisfazer suas necessidades e criar condições mais favoráveis à vida. E, na mesma medida em que trabalhando o homem transforma a natureza, ele é também transformado por seu trabalho. Bem por isso o trabalho é algo de sagrado na vida humana, tanto quanto é sagrada a vida dos trabalhadores.

De acordo com o Papa João Paulo II, São José “é o modelo dos humildes…é a prova de que para ser bons e autênticos seguidores de Cristo não se necessitam grandes coisas, mas requerem-se somente virtudes comuns, humanas, simples e autênticas” (Exortação apostólica Redemptoris Custos, n.24). A São José Operário, portanto, confiamos todos os trabalhadores, de todas as categorias, bem como os aposentados e os que se encontram desempregados.

Sofrendo as consequências das reformas trabalhista (que privilegiou o capital em prejuízo do trabalho) e previdenciária (que violou a dignidade dos trabalhadores) e com um contingente de aproximadamente 12 milhões de trabalhadores desempregados, a celebração do 1º de maio de 2020 não comporta festa e comemoração, mas é momento de reflexão acerca do futuro do país e da vida dos trabalhadores. A pandemia do covid-19 (corona vírus), enfrentada com atraso pelas autoridades do país, de forma mais ou menos improvisada e sob o véu da negação da seriedade do problema, ameaça gravemente a vida de todos, sobretudo dos trabalhadores, expostos ao vírus e às graves consequências que se seguirão à pandemia.

A oposição entre a defesa da vida e a salvaguarda da economia é um falso dilema, criado para encobrir a falta de projetos sérios e competentes para resgatar a vida da sociedade quando o surto viral for vencido. Não se trata de escolher entre uma e outra coisa, pois a vida humana e a economia são realidades interdependentes. Mas, é urgente e prioritário defender a vida acima de qualquer outro bem ou valor, para que, vivos, os trabalhadores possam reconstruir a economia quando a pandemia arrefecer.

São José, o virtuoso operário de Nazaré, rogue a Deus por todos os trabalhadores do Brasil e do mundo inteiro para que não lhes falte trabalho, moradia e condições dignas para sustento de suas vidas e de suas famílias. E, sempre que faltar justiça nas condições de trabalho ou nas relações trabalhistas, que não faltem aos trabalhadores consciência e coragem para se organizar e defender seus direitos.

Pe. João Batista Cesário

Presbítero da Arquidiocese de Campinas

MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA O 57º DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES

O Papa Francisco na sua mensagem para este 57° Dia Mundial de Oração pelas Vocações, celebrado no IV Domingo da Páscoa, dá quatro palavras-chave para agradecer os sacerdotes e apoiar o seu ministério: gratidão, coragem, tribulação e louvor.

A experiência da travessia de Jesus e Pedro, durante a noite de tempestade no lago de Tiberíades, também ajudou a conduzir a mensagem do Papa . É uma imagem que sugere “a viagem da nossa existência”, que não se faz sozinho, mas com o Senhor e a abertura do coração.

Mais do que uma escolha pessoal, recorda Francisco, a vocação é uma resposta gratuita ao Senhor, possível de ser descoberta quando o coração se abrir à gratidão.

Para abraçar o matrimônio, o sacerdócio ordenado ou a vida consagrada, isto é, “a opção fundamental de vida”, é preciso coragem. A fé na escolha da vocação também vai nos ajudar a vencer as próprias tempestades e a tribulação em jogo, “as fadigas”, as responsabilidades e adversidades que surgirão para, em meio às ondas, nos abrirmos ao louvor.

Leia a Mensagem do Papa Francisco na íntegra:

[3 de maio de 2020 – IV Domingo da Páscoa]

«As palavras da vocação»

Queridos irmãos e irmãs!

A 4 de agosto do ano passado, no 160º aniversário da morte do Santo Cura d’Ars, quis dedicar uma Carta aos sacerdotes, que todos os dias, obedecendo à chamada que o Senhor lhes dirigiu, gastam a vida ao serviço do Povo de Deus.

Então escolhi quatro palavras-chave – tribulação, gratidão, coragem e louvor – para agradecer aos sacerdotes e apoiar o seu ministério. Acho que, neste 57º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, poder-se-iam retomar aquelas palavras e dirigi-las a todo o Povo de Deus, tendo como pano de fundo o texto evangélico que nos conta a experiência singular que sobreveio a Jesus e a Pedro durante uma noite de tempestade no lago de Tiberíades (cf. Mt 14, 22-33).

Depois da multiplicação dos pães, que entusiasmou a multidão, Jesus manda os discípulos subir para o barco e seguir à sua frente para a outra margem, enquanto Ele despedia o povo. A imagem desta travessia do lago sugere de algum modo a viagem da nossa existência. De facto, o barco da nossa vida avança lentamente, sempre preocupado à procura dum local afortunado de atracagem, pronto a desafiar os riscos e as conjunturas do mar, mas desejoso também de receber do timoneiro a orientação que o coloque finalmente na rota certa. Às vezes, porém, é possível perder-se, deixar-se cegar pelas ilusões em vez de seguir o farol luminoso que o conduz ao porto seguro, ou ser desafiado pelos ventos contrários das dificuldades, dúvidas e medos.

Assim acontece também no coração dos discípulos, que, chamados a seguir o Mestre de Nazaré, têm de se decidir a passar à outra margem, optando corajosamente por abandonar as próprias seguranças e seguir os passos do Senhor. Esta aventura não é tranquila: cai a noite, sopra o vento contrário, o barco é sacudido pelas ondas, e há o risco de sobrepor-se o medo de falhar e não estar à altura da vocação.

Mas, na aventura desta travessia não fácil, o Evangelho diz-nos que não estamos sozinhos. Quase forçando a aurora no coração da noite, o Senhor caminha sobre as águas tumultuosas e vai ter com os discípulos, convida Pedro a vir ao encontro d’Ele sobre as ondas e salva-o quando o vê afundar; finalmente, sobe para o barco e faz cessar o vento.

Assim, a primeira palavra da vocação é gratidão. Navegar pela rota certa não é uma tarefa confiada só aos nossos esforços, nem depende apenas dos percursos que escolhemos fazer. A realização de nós mesmos e dos nossos projetos de vida não é o resultado matemático do que decidimos dentro do nosso «eu» isolado; pelo contrário, trata-se, antes de mais nada, da resposta a uma chamada que nos chega do Alto. É o Senhor que nos indica a margem para onde ir e, ainda antes disso, dá-nos a coragem de subir para o barco; e Ele, ao mesmo tempo que nos chama, faz-Se também nosso timoneiro para nos acompanhar, mostrar a direção, impedir de encalhar nas rochas da indecisão e tornar-nos capazes até de caminhar sobre as águas tumultuosas.

Toda a vocação nasce daquele olhar amoroso com que o Senhor veio ao nosso encontro, talvez mesmo quando o nosso barco estava à mercê  da tempestade. «Mais do que uma escolha nossa, a vocação é resposta a uma chamada gratuita do Senhor» (Carta aos Presbíteros, 4/VIII/2019); por isso conseguiremos descobri-la e abraçá-la, quando o nosso coração se abrir à gratidão e souber reconhecer a passagem de Deus pela nossa vida.

Quando os discípulos veem aproximar-Se Jesus caminhando sobre as águas, começam por pensar que se trata dum fantasma e assustam-se. Mas, Jesus imediatamente os tranquiliza com uma palavra que deve acompanhar sempre a nossa vida e o nosso caminho vocacional: «Coragem! Sou Eu! Não temais!» (Mt 14, 27). Esta é precisamente a segunda palavra que gostaria de vos deixar: coragem.

Frequentemente aquilo que nos impede de caminhar, crescer, escolher a estrada que o Senhor traça para nós são os fantasmas que pululam nos nossos corações. Quando somos chamados a deixar a nossa margem segura para abraçar um estado de vida – como o matrimónio, o sacerdócio ordenado, a vida consagrada – muitas vezes a primeira reação é constituída pelo «fantasma da incredulidade»: não é possível que esta vocação seja para mim; trata-se verdadeiramente da estrada certa? Precisamente a mim é que o Senhor pede isto?

E pouco a pouco avolumam-se em nós todas aquelas considerações, justificações e cálculos que nos fazem perder o ímpeto, confundem-nos e deixam-nos paralisados na margem de embarque: julgamos ter sido um erro, não estar à altura, ter simplesmente visto um fantasma que se deve afugentar.

O Senhor sabe que uma opção fundamental de vida – como casar-se ou consagrar-se de forma especial ao seu serviço – exige coragem. Ele conhece os interrogativos, as dúvidas e as dificuldades que agitam o barco do nosso coração e, por isso, nos tranquiliza: «Não tenhas medo! Eu estou contigo». A fé na presença d’Ele que vem ao nosso encontro e nos acompanha mesmo quando o mar está revolto, liberta-nos daquela acédia que podemos definir uma «tristeza adocicada» (Carta aos Presbíteros, 4/VIII/2019), isto é, aquele desânimo interior que nos bloqueia impedindo-nos de saborear a beleza da vocação.

Na Carta aos Presbíteros, falei também da tribulação, que aqui gostaria de especificar concretamente como fadiga. Toda a vocação requer empenhamento. O Senhor chama-nos, porque nos quer tornar, como Pedro, capazes de «caminhar sobre as águas», isto é, pegar na nossa vida para a colocar ao serviço do Evangelho, nas formas concretas que Ele nos indica cada dia e, de modo especial, nas diferentes formas de vocação laical, presbiteral e de vida consagrada. À semelhança do Apóstolo, porém, sentimos desejo e ardor e, ao mesmo tempo, vemo-nos assinalados por fragilidades e temores.

Se nos deixarmos arrastar pelo pensamento das responsabilidades que nos esperam – na vida matrimonial ou no ministério sacerdotal – ou das adversidades que surgirão, bem depressa desviaremos o olhar de Jesus e, como Pedro, arriscamo-nos a afundar. Pelo contrário a fé permite-nos, apesar das nossas fragilidades e limitações, caminhar ao encontro do Senhor Ressuscitado e vencer as próprias tempestades. Pois Ele estende-nos a mão, quando, por cansaço ou medo, corremos o risco de afundar e dá-nos o ardor necessário para viver a nossa vocação com alegria e entusiasmo.

Por fim, quando Jesus sobe para o barco, cessa o vento e aplacam-se as ondas. É uma bela imagem daquilo que o Senhor realiza na nossa vida e nos tumultos da história, especialmente quando estamos a braços com a tempestade: Ele ordena aos ventos contrários que se calem, e então as forças do mal, do medo, da resignação deixam de ter poder sobre nós.

Na vocação específica que somos chamados a viver, estes ventos podem debilitar-nos. Penso em quantos assumem funções importantes na sociedade civil, nos esposos, que intencionalmente me apraz definir «os corajosos», e de modo especial penso nas pessoas que abraçam a vida consagrada e o sacerdócio. Conheço a vossa fadiga, as solidões que às vezes tornam pesado o coração, o risco da monotonia que pouco a pouco apaga o fogo ardente da vocação, o fardo da incerteza e da precariedade dos nossos tempos, o medo do futuro. Coragem, não tenhais medo! Jesus está ao nosso lado e, se O reconhecermos como único Senhor da nossa vida, Ele estende-nos a mão e agarra-nos para nos salvar.

E então a nossa vida, mesmo no meio das ondas, abre-se ao louvor. Esta é a última palavra da vocação, e pretende ser também o convite a cultivar a atitude interior de Maria Santíssima: agradecida pelo olhar que Deus pousou sobre Ela, superando na fé medos e perturbações, abraçando com coragem a vocação, Ela fez da sua vida um cântico eterno de louvor ao Senhor.

Caríssimos, especialmente neste Dia de Oração pelas Vocações, mas também na ação pastoral ordinária das nossas comunidades, desejo que a Igreja percorra este caminho ao serviço das vocações, abrindo brechas no coração de todos os fiéis, para que cada um possa descobrir com gratidão a chamada que Deus lhe dirige, encontrar a coragem de dizer «sim», vencer a fadiga com a fé em Cristo e finalmente, como um cântico de louvor, oferecer a própria vida por Deus, pelos irmãos e pelo mundo inteiro. Que a Virgem Maria nos acompanhe e interceda por nós.

Roma, São João de Latrão, no II Domingo da Quaresma, 8 de março de 2020.

Franciscus

Fonte: http://www.vatican.va/content/francesco/pt/messages/vocations/documents/papa-francesco_20200308_57-messaggio-giornata-mondiale-vocazioni.html

EM DEFESA DA VIDA

A CNBB emitiu uma nota em relação ao julgamento pelo STF, no próximo dia 24 de abril de 2020, em sessão virtual, da Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI 5581, ajuizada pela Associação Nacional dos Defensores Públicos – ANADEP. Nesta ação pleiteia-se, como efeito final, autorizar, de qualquer forma, o aborto de crianças cujas mães sejam diagnosticadas com o zikavirus durante a gestação.

Abaixo nota emitda neste 2º Domingo da Páscoa na íntegra:

EM DEFESA DA VIDA:
É TEMPO DE CUIDAR

A Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, porta-voz da Igreja Católica na sociedade brasileira, em sintonia com segmentos, instituições, homens e mulheres de boa vontade, convoca a todos pelo empenho em defesa da vida, contra o aborto, e se dirige, publicamente, como o faz em carta pessoal, aos Senhores e Senhoras Ministros do Supremo Tribunal Federal para dizer, compartilhar e ponderar argumentações, e considerar, seriamente, pelo dom inviolável da vida, o quanto segue:

  1. “É tempo de cuidar”, a vida é dom e compromisso! A fé cristã nos compromete, de modo inarredável, na defesa da vida, em todas as suas etapas, desde a fecundação até seu fim natural. Este compromisso de fé é também um compromisso cidadão, em respeito Carta Magna que rege o Estado e a Sociedade Brasileira, como no seu Art 5º, quando reza sobre a inviolabilidade do direito à vida.
  2. Preocupa-nos e nos causa perplexidades, no grave momento de luta sanitária pela vida, neste tempo de pandemia do COVID-19, desafiados a cuidar e amparar muitos pobres e empobrecidos pelo agravamento da crise econômico-financeira, saber que o Supremo Tribunal Federal pauta para este dia 24 de abril 2020, em sessão virtual, o tratamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI 5581, ajuizada pela Associação Nacional dos Defensores Públicos – ANADEP, requerendo a declaração de inconstitucionalidade de alguns dispositivos da Lei 13.301/2016 e a interpretação conforme a Constituição de outros dispositivos do mesmo diploma legal.
  3. Há de se examinar juridicamente a legitimidade ativa desta Associação de Defensores Públicos, como bem destacado nas manifestações realizadas nos autos pela Presidência da República, Presidência do Congresso Nacional, Advocacia Geral da União e Procuradoria Geral da República, pois nos parece, também, que a referida Associação não é legitimada para propor a presente ADI, tendo bem presente que a Lei 13.985/2020 trouxe suporte e apoio para as famílias que foram afetadas pelo Zika vírus, instituindo uma pensão vitalícia as crianças com Síndrome Congênita como consequência.
  1. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reitera sua imutável e comprometida posição em defesa da vida humana com toda a sua integralidade, inviolabilidade e dignidade, desde a sua fecundação até a morte natural comprometida com a verdade moral intocável de que o direito à vida é incondicional, deve ser respeitado defendido, em qualquer etapa ou condição em que se encontre a pessoa humana. Não compete a nenhuma autoridade pública reconhecer seletivamente o direito à vida, assegurandoo a alguns e negando-o a outros. Essa discriminação é iníqua e excludente; “causa horror só o pensar que haja crianças que não poderão jamais ver a luz, vítimas do aborto”. São imorais leis que imponham aos profissionais da saúde a obrigação de agir contra a sua consciência, cooperando, direta ou indiretamente, na prática do aborto.
  2. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil insta destacar que o combatido artigo 18 da referida Lei 13.301/2016, cuja ADI pretendia a declaração de inconstitucionalidade de alguns dispositivos, foi completamente revogado pela MP 894 de 2019, convertida em Lei em 2020 (L. 13.985/2020). Desta forma, parece-nos ainda que o objeto da ação foi superado, não servindo a ação para declarar a inconstitucionalidade de outra lei que não a inicialmente combatida.
  3. A CNBB requer, portanto, que, acaso seja superada a preliminar de ilegitimidade ativa suscitada por todas as autoridades públicas que se manifestaram, e não seja extinta a ADI pela perda do objeto, no mérito não sejam acolhidos quaisquer dos pedidos formulados para autorizar, de qualquer forma, o aborto de crianças cujas mães sejam diagnosticadas com o zikavirus durante a gestação.
  4. Reafirmamos, fiéis ao Evangelho de Jesus Cristo, nosso repúdio ao aborto e quaisquer iniciativas que atentam contra a vida, particularmente, as que se aproveitam das situações de fragilidade que atingem as famílias. São atitudes que utilizam os mais vulneráveis para colocar em prática interesses de grupos que mostram desprezo pela integridade da vida humana. (S. João Paulo II, Carta Encíclica Evangelium Vitae, 58)

Esperamos e contamos que a Suprema Corte, pautada no respeito à inviolabilidade da vida, no horizonte da fidelidade moral e profissional jurídica, finalize esta inquietante pauta, fazendo valer a vida como dom e compromisso, na negação e criminalização do aborto, contribuindo ainda mais decisivamente nesta reconstrução da sociedade brasileira sobre os alicerces da justiça, do respeito incondicional à dignidade humana e na reorganização da vivência na Casa Comum, segundos os princípios e parâmetros da solidariedade.


Cordialmente,
Brasília, 19de abril de 2020
Domingo da Misericórdia

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Presidente

Dom Jaime Spengler
1º Vice-presidente

Dom Mário Antônio da Silva
2º Vice-presidente

Dom Joel Portella Amado
Secretário-geral

Noviças no ano da Pandemia

Ser noviça em tempos de COVID-19

As Irmãs Pias Discípulas do Divino Mestre, como mencionado noutro artigo, comemoram neste 2º Domingo de Páscoa, o Dia da Noviça. Noviça é o nome dado para a jovem que está na etapa do Noviciado, terceiro degrau, vamos dizer, na formação de uma religiosa Pia Discípula.

Neste ano em especial, temos quatro noviças no primeiro ano e uma do segundo ano. Sim, o noviciado é uma etapa de dois anos. O primeiro, a noviça o faz dentro da casa destinada para a formação e é introduzida de forma mais profunda na vida e missão do carisma das Pias Discípulas. No segundo ano, a jovem é enviada por 3 ou 4 meses para fazer uma experiência como irmã numa comunidade. Este ano temos a noviça Indianara que está na Comunidade Divino Mestre, em Olinda, PE.

Mas como as nossas jovens estão vivenciado este período tão intenso nas suas vidas, longe de suas famílias, neste período que o mundo vive o medo do Covid19? Nós perguntamos isto para elas e gentilmente as nossas queridas noviças responderam:

Agradecemos a Deus por estes dois messes de caminhada no noviciado. Vivemos diversas experiências que nos ajudaram muito a crescer no Caminho do seguimento ao Divino Mestre, uma delas está sendo muito forte e significativa e é o que está atingindo ao mundo inteiro: a pandemia do COVID-19, com a peculiaridade da quarentena.

Neste contexto queremos partilhar a experiência que cada uma está vivendo:

Este tempo vivenciado de noviciado durante a quarentena pelo Covid-19 tem sido para mim momento de grande graça, onde tive a oportunidade de ficar perto da presença de Jesus Mestre na Eucaristia, na sua Palavra, em cada irmã da comunidade e nas tarefas cotidianas de cada dia na casa de formação. E também foi uma grande oportunidade de permanecer em comunhão com o mundo inteiro por meio da oração e interceção pedinho a Deus especialmente pelos que mais sofrem as consequências do vírus.
Noviça Odette Jagou
, 1º ano de noviciado

Para mim esta epidemia covid-19 que estamos vivenciando na sociedade tem sido oportunidade para refletir bastante que nós temos tudo na congregação, que a providência não nos abandona: temos eucaristia, aula, trabalho, comida, mestra em casa. As pessoas de fora se vêm na necessidade de sair de casa, para levar às suas famílias o pão cotidiano. Sempre penso que sou peregrina aqui. Na vida terrena tudo passa. Quem permanece para sempre é Deus que é o meu ideal, projeto e meta na minha vida. Neste curto tempo de noviciado estou muito mais conectada com o Mestre na minha oração pessoal e comunitária. Sinto estes dois meses como um tempo propício de graça, reconciliação, de maneira mais profunda com o Mestre, tendo um grande desejo interior de viver a vontade de Deus em meu ser e fazer, o qual me faz sentir muito feliz, agradecida, e motivada para continuar com a minha etapa de noviciado.
Noviça Virginia Landín Rodríguez
, 1º ano de noviciado

Este momento histórico que vivemos me fez lembrar dos inícios da nossa congregação, cheios de incerteza, de medo, de dificuldade, mas Alberione tinha a certeza de que tudo era obra de Deus e que tudo estava em suas mãos. Essa deve ser a nossa esperança neste tempo que vivemos: “tudo está nas mãos de Deus”.
O mundo inteiro está diante de grandes mudanças, repensando muitas coisas na parte social, política, econômica, formativa; nós não escapamos dessa realidade. Sinto-me convidada a me confirmar no chamado que Jesus me fez de ser sua discípula nesta congregação.
Não deixa de me preocupar a situação que vivem as famílias especialmente minha família na Venezuela um país que já se encontrava em crise humanitária. Mas tenho a certeza de que Deus vai cuidar deles e lhes vai providenciar o necessário para viver este tempo.
Agradeço a Deus por sempre ensinar-me com simplicidade, no cotidiano da vida. Além de aprender a ser discípula de Jesus Mestre e a conhecer nossa congregação, neste tempo estou aprendendo que o pessoal da saúde vale mais que qualquer futebolista, que somos frágeis; que a morte não distingue de raça nem status social; que o planeta se regenera rapidamente sem nossa presença; que a prevenção pode salvar vidas; que a nossa família é a Igreja doméstica e podemos celebrar juntos como família a nossa fé.
Desejo que Jesus, o rosto de Deus Pai, seja o ideal de toda a humanidade e que depois de tudo isto que vivemos sejamos melhores seres humanos.
Noviça Belimar Victoria Hernandez Escobar
, 1º ano de noviciado

Ainda nos primeiros meses do primeiro ano do noviciado quase não sei como é um noviciado sem quarentena. Para mim está sendo uma experiência muito significativa. É um tempo de viver bem intensamente a nossa missão de oração e intercessão pelo mundo inteiro; de poder viver uma forte comunhão com todo o povo que está sofrendo; e não só pela pandemia do COVID-19, e também trazer à Eucaristia, tanto na missa como na Adoração, a todas as pessoas que não podem receber a Jesus eucarístico.
Esta situação de isolamento social é quase como estar vivendo num deserto, como estar fazendo um grande retiro espiritual totalmente conectada com a realidade histórica.
Para mim está sendo uma oportunidade grande de tomada de consciência de muitas coisas. E estou vivendo positivamente, com a fé e certeza de que o Senhor Ressuscitado vai dar vida e vida em abundancia a tudo o que está morto e precisa de Ressurreição “Esta doença não é para a morte, mas para a glória de Deus, para que seja glorificado, por ela, o Filho de Deus” (Jo. 11,4)
O noviciado é um tempo de Graça e assim o creio. Hoje faço a experiência que a Graça de Deus vai além da situação histórica. Ele continua derramando sobre nós a sua Graça e acho que ainda com mais força nos tempos difíceis. O Senhor não nos abandona e, nessa certeza, fé e alegria são os motores nesta caminhada do noviciado nas pegadas de Jesus Mestre, querendo viver como a sua fiel discípula em todas as circunstâncias da vida.
Noviça Amira Giselle Isleño, 1º ano de noviciado

Penso que quando Pe. Timóteo iniciou a tradição de celebrar o dia das Noviças no Domingo In Albis, domingo que marcava a continuidade de caminho de aprofundamento e adesão a Cristo, ele desejou que cada uma de nós noviças buscássemos o Mestre como fonte e alimento que sustenta o caminho e isso a nós bastaria.
Pe. Alberione costumava dizer que o noviciado é uma preparação a união a maior com o Senhor, como os catecúmenos que após um longo caminho com Cristo junto à comunidade recebiam os sacramentos assumindo o ser cristão, nós noviças após um caminho de resposta ao amor generoso do Mestre, junto as nossas irmãs de congregação, assumimos a vida religiosa segundo o espírito da nossa Regra de Vida.
O Período Apostólico na vida de uma noviça é uma grande graça, em tempos de pandemia é também um desafio, pois se faz necessário deixar fluir um novo jeito de viver esse período, afinal a pandemia mudou nossas agendas, rotina e jeito de ver a vida.
Neste tempo tenho pisado o chão da vida fraterna, numa maior vivencia comunitária, partilhando da vida, medos, sonhos, realidades congregacionais e esperança que nascem a partir dessa realidade.
Estamos em casa e a nossa união com o Senhor como intercessoras, que pelo carisma e estilo de vida já era realidade vivida, tornou-se mais forte, Ele o Cristo Ressuscitado se coloca entre nós em meio as incertezas e desafios e por sua cruz reacende em nós a esperança e a confiança no amor do Pai. Estamos unidas como família como discípulas no Cristo chagado e ressuscitado.
Neste dia bendigo a Deus pelo dom da vocação e de ser Discípula em comunhão com todas as noviças da nossa congregação espalhadas no mundo, que a todas se acendam as luzes necessárias do amor de Deus.
Noviça Indyanara Bonardi
, 2º ano de noviciado

As noviças concluem seu testemunho de vida saudando todas as noviças Pias Discípulas no mundo: “Estamos em comunhão de orações e saudamos a todas, mas especialmente as noviças neste Domingo “In Albis” no qual, por iniciativa do Bem-Aventurado Timóteo Giaccardo, celebramos na nossa Congregação o dia das noviças”.

Noviça Indyanara e Comunidade Divino Mestre em Olinda, PE. Ela iniciou o período apostólico nesta comunidade em fevereiro.