JESUS, O ÚNICO MESTRE

Dando continuidade à leitura de alguns textos do Fundador sobre a devoção a Jesus Mestre, Caminho, Verdade e Vida, prosseguimos agora com a homilia do Pe. Alberione, de 1966 (APD66).

A meditação Gesù l’unico Maestro, proferida por Tiago Alberione às Pias Discípulas do Divino Mestre em Roma, em 23 de janeiro de 1966, durante a novena dedicada ao Divino Mestre, é uma profunda reflexão sobre o papel de Cristo como único e verdadeiro Mestre da humanidade. A partir das leituras litúrgicas do III Domingo depois da Epifania, especialmente o Evangelho de Mateus (8,1-13), com as curas do leproso e do centurião, Alberione desenvolve uma catequese centrada em duas disposições interiores fundamentais para a vida espiritual: a humildade e a fé.

Segundo ele, é por meio dessas atitudes que o discípulo acolhe a graça de Deus e cresce na santidade. O leproso e o centurião tornam-se, assim, figuras paradigmáticas da confiança total em Jesus, cuja palavra e presença curam e transformam.

Na segunda parte, Alberione apresenta Cristo como o único Mestre, aquele que ensina pela palavra, pelo exemplo e pela própria vida: privada, pública, dolorosa e eucarística. Recorda os principais textos evangélicos em que Jesus se define como Via, Veritas et Vita, a videira verdadeira e o pão da vida, revelando que toda sabedoria e santidade derivam da comunhão com Ele.

Por fim, dirige-se às Pias Discípulas, convidando-as a aprofundar sua devoção ao Divino Mestre, especialmente na adoração eucarística, e a difundir essa espiritualidade no seio da congregação. Para Alberione, seguir o Mestre é deixar-se formar interiormente por Ele, para pensar, amar e agir segundo Cristo Caminho, Verdade e Vida.

5. JESUS, O ÚNICO MESTRE (Domingo III depois da Epifania)

Meditação à Comunidade das Pias Discípulas do Divino Mestre
Roma, Via A. Severo 56, 23 de janeiro de 1966¹

Na Epístola, Paulo instrui os Romanos com sua grande Carta:

Irmãos, não vos considereis sábios aos vossos próprios olhos.
A ninguém retribuais o mal com o mal, cuidando de fazer o bem não somente diante de Deus, mas também diante de todos os homens.
Se for possível, no que depender de vós, vivei em paz com todos os homens.
Não vos vingueis a vós mesmos, caríssimos, mas deixai lugar à ira de Deus².

E todos os outros ensinamentos que seguem na mesma Carta. Depois, recordemos o Evangelho, que já foi lido na Missa. No entanto, repitamos. As nações temerão o teu Nome, ó Senhor, e todos os reis da terra a tua glória³.

O Evangelho segundo São Mateus:

Naquele tempo, tendo Jesus descido do monte, uma grande multidão o seguiu — Jesus havia feito aquele célebre sermão, aquele grande sermão que começa com: “Bem-aventurados os pobres, etc.”⁴ —.
Assim, descendo depois do monte, um leproso veio prostrar-se diante dele, dizendo: “Senhor, se queres, podes purificar-me.”
E Jesus estendeu a mão, tocou-o e disse: “Eu quero, sê purificado.”
E imediatamente ele foi purificado da lepra.
Disse-lhe então Jesus: “Vê, não o digas a ninguém, mas vai mostrar-te ao sacerdote e oferece a oferta prescrita por Moisés, em testemunho para eles.”
Ao entrar em Cafarnaum, aproximou-se dele um centurião que o implorava, dizendo: “Senhor, o meu servo jaz em casa paralítico e sofre terrivelmente.”
E Jesus lhe disse: “Irei e o curarei.”
O centurião respondeu: “Senhor, eu não sou digno de que entres sob o meu teto, mas dize apenas uma palavra, e o meu servo será curado.
Pois também eu, ainda que sujeito a outros, tenho sob meu comando soldados; e digo a um: vai — e ele vai; e a outro: vem — e ele vem; e ao meu servo: faze isto — e ele o faz.”
Ouvindo-o, Jesus ficou admirado e disse aos que o seguiam: “Em verdade vos digo: não encontrei tamanha fé em Israel.
E vos digo que muitos virão do Oriente e do Ocidente e se sentarão à mesa no Reino dos Céus com Abraão, Isaac e Jacó, enquanto os filhos do Reino serão lançados nas trevas exteriores, onde haverá choro e ranger de dentes.”
E Jesus disse ao centurião: “Vai, e seja feito conforme a tua fé.”
E naquele instante o servo foi curado
⁴.

Nós obtemos as graças depois que fazemos atos de humildade e de fé.
O leproso que recorre a Jesus sente-se tão pobre e tão enfermo — leproso; portanto, humilde.
E depois diz: “Se queres, podes purificar-me” — eis aí.
Então: “Se queres, tu podes purificar-me.” — essas são as duas disposições necessárias para obter.

A humildade: reconhecer a própria pobreza.
E o Senhor é rico, é onipotente, e Ele pode tudo.
Eis as duas disposições.

E Jesus estendeu a mão e o tocou, dizendo: “Eu quero, sê purificado.”
E imediatamente foi purificado da lepra.

Depois, outro milagre, outra graça — mas também aí houve humildade e fé.

Ao entrar em Cafarnaum, aproximou-se dele um centurião que o implorava, dizendo:
“Senhor, o meu servo jaz em casa paralítico e sofre terrivelmente.”

Eis a humildade.

E Jesus lhe respondeu:

“Irei e o curarei.”

O centurião replicou:

“Não sou digno de que entres em minha casa.”

Humildade.

Mas acrescenta, como quem diz:

“Tu podes curá-lo de longe, sem vir à minha casa.”

Eis a fé.

A humildade: reconhecer que não é digno de que Jesus entre em sua casa.
E são essas as palavras que nós dizemos antes da comunhão:

Domine, non sum dignus…¹

E depois, a fé:

“Não é necessário que entres em minha casa, mas dize apenas uma palavra — mesmo daqui, de longe — e ele será curado.”

Ele queria dizer:

“Tu és o Senhor de tudo, e portanto, podes tudo.
Também eu tenho autoridade: posso dar ordens àqueles que me são sujeitos.
Assim, tu és o Senhor de todas as coisas, e tudo te é sujeito.
Tu podes ordenar a tudo — inclusive ao mal.”

Portanto, o comando sobre o mal, sobre a doença.

E então o Senhor Jesus realiza uma maravilha.

Este homem era um pagão, e muitos outros, ao contrário, não haviam acreditado.

“E vos digo que muitos virão do Oriente e do Ocidente e se sentarão à mesa, no Reino dos Céus, com Abraão, Isaac e Jacó.”

Isto quer dizer: um dia o Evangelho será pregado “de um mar a outro mar”, ou seja, por todo o mundo; e muitos que hoje são pagãos tornar-se-ão cristãos e entrarão no paraíso.
E muitos dos judeus obstinados serão expulsos do paraíso.

E Jesus disse ao centurião: “Vai, e seja feito conforme a tua fé.”
E naquele instante o servo foi curado.


Vejamos: nós medimos as graças de Deus — e de que modo?

Segundo a nossa fé, se é pequena ou grande.
Assim, obtemos pouco ou muito conforme a nossa fé.

E fé verdadeira — não há muita. Não há muita fé.

Vede: no mundo, há bem pouca.
Mas também nós, depois de tantas graças, depois de tantas instruções, depois de tantas práticas de piedade, ainda não temos aquela fé que faz os santos.

E cada um se faz santo na medida em que tem fé.

Se se diz: “Fazei-nos santos”¹ — mas quando isso é dito só com os lábios, sem compreender bem o que se diz e qual é a disposição interior…

Portanto, há dois grandes ensinamentos:
o leproso, humilde e cheio de fé;
o centurião, humilde e cheio de fé.
E ambos obtiveram [a graça].

Assim, dois milagres.

Oh! Então devemos extrair deste Evangelho o ensinamento da humildade e da .

Mas é preciso dizer que essas disposições precisam estar no íntimo; e, dolorosamente, muitas vezes — ou melhor, sempre — ainda não fizemos o ato de verdadeira humildade, profunda, aquela que agrada a Deus;
nem a fé profunda, aquela que agrada a Deus.

Então: “Fazei-nos santos.”
E assim será: cada um se fará santo.


Estamos na novena do Mestre Jesus.
E então, lede bem a tradução¹.
E assim, como devemos pensar?

O Mestre Divino é um só, Jesus Cristo — vinde, adoremo-lo².

Ou seja: Ele somente é o verdadeiro Mestre.

E o que ensina o Mestre?

Primeiro, ensina com o exemplo:
sua santíssima vida privada,
sua santíssima vida pública,
sua santíssima vida dolorosa,
e sua santíssima vida eucarística sob as espécies do pão:
está presente na hóstia e se dá a comer a nós.

Pode-se chegar a um ato de humildade assim?
Ele é o Mestre — portanto, o seu exemplo.

Mas há também tudo o que Jesus ensinou com palavras.
E aí devemos considerar os três capítulos do discurso da montanha:

“Bem-aventurados os pobres, etc.”³

Mas são poucos os que sabem observar bem a pobreza;
aqueles que amaram o sofrimento, as dores, etc.

Como estamos distantes de compreender tudo o que está no discurso da montanha, especialmente nas Oito Bem-Aventuranças!

  1. Ego sum Via, Veritas et Vita.
    Então: Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.

Quem me segue não andará nas trevas¹.

Isto é: quem segue — quem procura seguir, imitar — Jesus, não andará nas trevas, mas terá a luz da vida.
Ou seja, seguindo Jesus, terá a vida eterna.

  1. Vós me chamais Mestre e Senhor — e o chamavam, de fato, Mestre —

e dizeis bem, porque o sou: Mestre e Senhor².

Isto é: o Mestre que ensina, e o Senhor, que é o Deus da terra e do céu, o Criador.

Eu, de fato, vos dei o exemplo³ —
eis o primeiro ensinamento: o exemplo —
para que, assim como eu fiz, também vós o façais³.

Humilhar-se como Jesus.

  1. Não vos façais chamar de Doutores — como queriam ser chamados os chefes do povo judeu —

porque um só é o vosso Doutor: o Cristo;
o verdadeiro mestre do caminho do céu.
Vós todos sois irmãos⁴; não mestres.

  1. O discípulo não é mais que o Mestre;

todo aluno, ao completar sua formação, será como o seu mestre⁵.

Ou seja: se seguirmos o Mestre pelos exemplos que ele deixou, também nós seremos como ele — iguais ao Mestre —, isto é, viveremos como Jesus vivia.

  1. Eu sou a videira, vós os ramos.

Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto⁶.

Ou seja: a graça de Deus está na alma boa.
A videira e os ramos: há a mesma seiva em Jesus Cristo — ou seja, a graça — que passa a nós, os membros, assim como a seiva nutre a planta e os ramos.

“Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto.”

Isto é: tendo em nós a graça, o que fazemos dá muito fruto, ou seja, mérito.

  1. Eu sou o pão da vida.

Quem comer deste pão viverá eternamente,
e o pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo⁷.

A sua imolação.

E então: Multifaria multisque modis — isto é, o Senhor ensinou de muitos modos e de diversas maneiras nos tempos antigos:
pelos Profetas, pelos Patriarcas.
Mas agora, nestes últimos tempos, é Jesus quem fala:

Locutus est nobis in Filio⁸ — “falou-nos por meio do Filho”.


Depois, as Pias Discípulas deveriam cantar de preferência essas coisas:
a antífona:

“Deus, que antigamente falou muitas vezes e de muitas maneiras aos Pais por meio dos Profetas, nestes últimos tempos falou também a nós por meio do Filho”¹;

e esses hinos que estão traduzidos:

  • Ego sum Via² — primeiro;
  • Ego sum Veritas³ — segundo;
  • Ego sum Vita⁴ — terceiro.

Se não cantardes vós, que sois as Discípulas do Mestre, quem cantará?

Parece-me que se exige muito mais devoção ao Mestre Divino, que é o Caminho, a Verdade e a Vida.

Empenhei bastante tempo em preparar estas coisas — e com o conselho que recebi, e com o estudo, e com o que submeti à Santa Sé, como a Missa do Mestre Divino; e isso levou três, quatro anos (…).

E agora seria bom que justamente as Discípulas cantassem ao Mestre.
Por quê?
Porque não se considera suficientemente o Evangelho, onde o Mestre ensina, onde Ele instrui.

E nós devemos — e vós deveis — ter uma devoção particular ao Divino Mestre.

E estamos na novena.
Mas não deve ser apenas agora.
Isso, sim, para o mês de janeiro, para a novena.

Mas qual é a vossa devoção?
A vossa devoção é o Mestre.

E os louvores?
E como são as orações ao Divino Mestre no livro das Orações?

O diabo tenta sempre desviar um pouco a espiritualidade, a piedade deste ou daquele.
Muitas vezes nem se compreende, nem sequer se percebe Jesus —
às vezes, nem mesmo na Comunhão,
que é o Mestre (…),
aquele que orienta a mente, o coração e a vontade,
para que sejamos nEle, para que Ele seja em nós.

Há comunhões que são assim… mais ou menos.
Mas serão realmente aquelas que agradam plenamente a Jesus Mestre?

Assumi este compromisso: considerar e ensinar isto,
começando pela casa do noviciado, passando depois às irmãs professas e depois às outras casas.

É preciso mais devoção ao Divino Mestre.

E quando se está ajoelhada fazendo a Adoração,
eis o Mestre, que então fala a nós.

Orar com distração (…), ler isto e aquilo…
Mas é preciso rezar de verdade,
e rezar ao próprio Mestre, que é a nossa devoção,
e que é a vossa devoção em particular.

Peço ao Senhor esta graça:
que a devoção ao Divino Mestre domine sobre todas as outras.

Seja louvado Jesus Cristo.


Notas

  1. Fita 134/b (= cassete 206/a).
    Para a datação, cf. PM: “Estamos na novena do Mestre Jesus (festa em 30 de janeiro de 1966)” (cf. PM em c41).
    Com base neste dado seguro, a datação das outras meditações n.º 3 e 8, gravadas na mesma fita e em sequência, foi considerada muito provável.
    dAS, 23 de janeiro de 1966 (domingo): “Por volta das 5h, Missa e meditação às PD (na capela). Às 15h, em Ariccia, para uma meditação às PD em Exercícios.” — VV (cf. c20).
  2. Epístola: Rm 12,16–21.
  3. Gradual: Sl 101,16–17.
  4. Evangelho: Mt 8,1–13.
    (Cf. Mt 5,3–10 para as Bem-Aventuranças).
  5. Domine, non sum dignus… — Cf. Missale Romanum, Cânon da Missa.
  6. Fazei-nos santos: referência ao uso tradicional da coroinha:
    “Virgem Maria, Mãe de Jesus, fazei-nos santos”, recitada na hora de levantar-se e de deitar-se.
  7. Novena a Jesus Mestre, em As Orações da Família Paulina, ed. 1965, pp. 350–352.
  8. Invitatório da novena, cf. Mt 23,8.

Referências bíblicas:

  1. Jo 14,6; 8,12.
  2. Jo 13,13.
  3. Jo 13,15.
  4. Mt 23,8.
  5. Lc 6,40.
  6. Jo 15,5.
  7. Jo 6,48.51.
  8. Hb 1,1–2.
  9. Cf. Liber Usualis Missae et Officii, In Circumcisione Domini et Octavam Nativitatis, ad Missam, Alleluia. Cf. também Hb 1,1–2.
  10. Cf. As Orações da Família Paulina, op. cit. (1965), p. 234.
  11. Ib., p. 232.
  12. Ib., p. 236.

BEATO TIMÓTEO GIACCARDO: DISCÍPULO FIEL, DOM OFERECIDO À IGREJA

19 de outubro — Memória litúrgica do Beato Timóteo Giaccardo

Hoje, a Família Paulina e, de modo muito especial, as Pias Discípulas do Divino Mestre celebram com gratidão e alegria a memória litúrgica do Beato Timóteo Giaccardo, primeiro sacerdote da Sociedade de São Paulo e colaborador fidelíssimo do Bem-aventurado Tiago Alberione.

Sua vida é uma página viva do Evangelho encarnado na obediência, na humildade e no amor total à missão paulina, uma vida oferecida por amor a Cristo Mestre, Caminho, Verdade e Vida, e pelo reconhecimento e consolidação das Pias Discípulas do Divino Mestre na Igreja.

Giuseppe Giaccardo nasceu em 13 de junho de 1896, em Narzole, na região do Piemonte (Itália), em uma família simples de agricultores. Desde criança, mostrava um coração dócil e profundamente religioso. Aos onze anos, ingressou no seminário de Alba, onde conheceu o jovem sacerdote Tiago Alberione.

Esse encontro mudaria para sempre o rumo de sua vida: entre os dois nasceu uma amizade espiritual sólida e fecunda, que se tornaria um dos pilares da futura Família Paulina.

Giaccardo via em Alberione um verdadeiro mestre e pastor; e Alberione via no jovem seminarista um coração generoso, inteligente e disponível, capaz de compreender os “novos tempos” e as novas formas de evangelizar que o Espírito Santo suscitava na Igreja.

Foi o próprio Alberione quem o convidou, anos depois, a fazer parte da nascente Sociedade de São Paulo, que usaria os meios de comunicação para anunciar o Evangelho.

Primeiro sacerdote paulino

Em 19 de outubro de 1919, o jovem Giuseppe foi ordenado sacerdote e, ao fazer sua profissão religiosa na Sociedade de São Paulo, tomou o nome de Timóteo, em referência ao discípulo fiel de São Paulo Apóstolo.

O nome não poderia ser mais profético: assim como Timóteo foi o colaborador mais próximo de Paulo, o padre Giaccardo foi o mais fiel colaborador de Alberione.

A partir daquele momento, ele se tornaria a presença constante, discreta e essencial que ajudou a transformar o sonho paulino em realidade. Em tudo, o padre Giaccardo buscava viver a união íntima com Jesus Mestre.

Ele costumava dizer:

“Tudo em mim deve ser de Jesus Mestre: o pensar, o amar, o agir. A Ele, toda a minha mente, todo o meu coração, todas as minhas forças.”

Seu sacerdócio foi vivido como dom contínuo, como uma oferenda que se consumia silenciosamente na fidelidade cotidiana, na escuta e na comunhão.

Nos primeiros anos da Sociedade de São Paulo, padre Timóteo exerceu diversas funções: formador, diretor, editor e responsável por comunidades.

Foi enviado por Alberione a Roma, em 1926, para fundar a primeira casa paulina fora de Alba. Lá, lançou o periódico La Voce di Roma e trabalhou para consolidar a missão editorial e apostólica.

Mas sua principal característica era o espírito de comunhão. Padre Timóteo não buscava protagonismo: buscava a vontade de Deus. Era o homem do “sim”, o colaborador silencioso que sustentava as obras com oração, equilíbrio e discernimento. Alberione o chamava de “mestre da docilidade ao Espírito Santo”.

A ele, Alberione confiou também uma das missões mais delicadas e belas de toda a Família Paulina: o acompanhamento espiritual e institucional das Pias Discípulas do Divino Mestre.

Um dom oferecido pelas Pias Discípulas

Desde o nascimento das Pias Discípulas, padre Giaccardo foi presença paterna e fraterna, ajudando a formar as primeiras irmãs e a consolidar a espiritualidade própria do Instituto.

Ele compreendeu profundamente o papel das Discípulas como “oração viva” dentro da Família Paulina: mulheres consagradas chamadas a adorar Jesus Mestre na Eucaristia, a servir nos ministérios litúrgicos e a sustentar, com a vida e com a oração, o apostolado dos outros ramos.

Nos anos 1940, quando surgiram incompreensões e dificuldades quanto ao reconhecimento canônico das Pias Discípulas, padre Timóteo assumiu sobre si o peso da prova.

Alberione testemunhou que ele ofereceu a própria vida pela aprovação definitiva da Congregação.
De fato, em 12 de janeiro de 1948, o Papa Pio XII assinou o decreto de aprovação das Pias Discípulas, exatamente no mesmo dia em que padre Giaccardo celebrou sua última Missa e entrou no repouso eterno, poucos dias depois, em 24 de janeiro.

Sua morte foi uma verdadeira oblação sacerdotal: o cumprimento de uma vida oferecida. O próprio Alberione afirmou:

“Padre Giaccardo deu a vida pelas Pias Discípulas do Divino Mestre. Ele foi o instrumento escolhido por Deus para selar esta obra com o sacrifício.”

Beatificação e exemplo para os nossos dias

O Papa João Paulo II beatificou o padre Timóteo Giaccardo em 22 de outubro de 1989, reconhecendo oficialmente as virtudes heróicas de sua vida e a autenticidade de sua entrega.

Sua memória litúrgica é celebrada no dia 19 de outubro, data de sua ordenação sacerdotal, símbolo eloquente de uma vida toda oferecida a Deus e ao serviço do Evangelho.

Seu corpo repousa em Alba, na Itália, na cripta do Santuário do Divino Mestre, onde muitos peregrinos vão rezar e pedir sua intercessão. Sobre o seu túmulo, lê-se uma inscrição simples que resume sua existência:

“Viveu e morreu como sacerdote paulino.”

Modelo de discípulo e comunicador do Evangelho

O Beato Timóteo Giaccardo continua a inspirar a Família Paulina e toda a Igreja. Sua vida ensina que a santidade não se mede pela visibilidade do trabalho, mas pela profundidade do amor com que se faz tudo.

Em sua fidelidade silenciosa, ele encarnou o ideal paulino: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20).

Para as Pias Discípulas do Divino Mestre, ele é irmão e pai espiritual, aquele que sustentou o Instituto com oração, discernimento e sacrifício. Para todos os discípulos e discípulas de Jesus Mestre, ele é modelo de docilidade, humildade e total pertença ao Senhor.

E para os que trabalham nos meios de comunicação e evangelização, é padroeiro da palavra vivida, que comunica mais com o testemunho do que com o discurso.

Oração ao Beato Timóteo Giaccardo

Senhor Jesus, Mestre e Pastor,
nós vos damos graças pelo dom do Beato Timóteo Giaccardo,
sacerdote fiel, discípulo humilde, servidor da vossa Igreja.
Fazei-nos dóceis ao Espírito,
fiéis à missão que nos confiais,
ardorosos no amor à Eucaristia e à vossa Palavra.
Que sua intercessão nos conduza
a viver como ele: com simplicidade, coragem e alegria,
em plena comunhão convosco e com a Igreja.
Amém.

Neste 19 de outubro, ao celebrar sua memória, renovemos nosso desejo de ser discípulos e discípulas que comunicam a Vida.

Que o Beato Timóteo Giaccardo continue a interceder por cada PIA DISCÍPULA, por toda a Família Paulina e por cada pessoa que deseja, como ele, fazer de sua vida um anúncio silencioso e fecundo do Amor de Cristo Mestre, Caminho, Verdade e Vida.

MÊS DEDICADO A JESUS DIVINO MESTRE

Nesta semana, toda a Família Paulina vive um tempo especial de preparação para celebrar a Solenidade de Jesus Mestre, centro e expressão da devoção que une todos os seus ramos.

Com o objetivo de favorecer uma reflexão mais profunda sobre este mistério, o site das Pias Discípulas do Divino Mestre apresentará, ao longo dos próximos dias, uma série de textos do Bem-Aventurado Tiago Alberione, o Primeiro Mestre, acerca da devoção a Jesus Mestre, coração da espiritualidade paulina.

A seguir, publicamos o primeiro texto da série, traduzido do original em italiano.
O texto integral, em sua versão original, está disponível neste link: APD66

AS TRÊS DEVOÇÕES FUNDAMENTAIS DA FAMÍLIA PAULINA

Meditação às novas professas perpétuas das Pias Discípulas do Divino Mestre
Roma, Via Portuense 739 – 7 de maio de 1966

Queridas irmãs,

Hoje vocês fazem a profissão perpétua. Esse é um compromisso de perseverança, mas não apenas de permanecer firmes: é também um chamado ao progresso espiritual, porque a profissão não é o ponto de chegada, e sim um novo começo.

Com ela, vocês se comprometem a crescer cada dia mais no caminho da santidade. Já se provaram capazes de viver essa missão e agora assumem o compromisso de avançar continuamente, buscando um grau cada vez mais alto de perfeição cristã.

Depois, vêm os artigos das Constituições que tratam do apostolado. Mas o primeiro e principal dever é sempre o aperfeiçoamento pessoal. E esse aperfeiçoamento se realiza por meio dos três votos religiosos: pobreza, castidade e obediência.

Esse caminho de progresso deve continuar até o momento em que passarmos desta vida para a eternidade. Vocês deixaram suas famílias para seguir Jesus Cristo, e um dia, deixando esta vida, entrarão com Ele no céu.

Para viver esse caminho de perfeição, há três devoções fundamentais que devem sempre acompanhar vocês:

  1. A devoção a Jesus Mestre, para viver unidas a Ele;
  2. A devoção a Maria, Rainha dos Apóstolos, sob cuja proteção estamos aqui reunidas;
  3. A devoção a São Paulo Apóstolo.

1. A devoção a Jesus Mestre

A devoção a Jesus Mestre pode ser vivida em vários graus — e ela é tanto mais profunda quanto mais a alma vive de Cristo, podendo repetir com São Paulo:

“Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20).

Jesus disse:

“Eu sou o Caminho” (Jo 14,6).

Seguir o Caminho significa trilhar o mesmo percurso de santidade que Ele percorreu.

Disse também:

“Eu sou a Verdade” (Jo 14,6).

Viver a Verdade é ter uma fé profunda, pensar como Jesus, acolher seus pensamentos e ensinamentos contidos no Evangelho.

E finalmente:

Eu sou a Vida” (Jo 14,6).

Viver a Vida é amar a Deus e amar as almas.

Assim, Jesus Cristo vive em nós como Caminho, Verdade e Vida, comunicando sua graça em abundância, fazendo crescer em nós o amor puro a Deus e às pessoas, eliminando tudo o que possa impedir esse amor.

2. A devoção a Maria, Rainha dos Apóstolos

Desde o momento em que o Filho de Deus se encarnou em seu seio puríssimo até o instante em que Jesus subiu ao céu, Maria sempre esteve ao lado Dele.

Assim também vocês devem acompanhá-lo, como ela o acompanhou até a cruz e além. Vivam unidas a Jesus, seguindo o exemplo da Rainha dos Apóstolos, que nunca se afastou do Mestre Divino.

Quando o caminho parecer difícil, quando surgirem obstáculos, invocai Maria!

Por onde passava, Maria levava a graça. Desde o “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14) até o Calvário, ela permaneceu junto ao Filho.

E ali, Jesus disse:

“Mulher, eis o teu filho” (Jo 19,26).
E a João: “Eis a tua mãe” (Jo 19,27).

Ela é, portanto, Mãe e companheira de todos os que seguem o Cristo.

3. A devoção a São Paulo Apóstolo

São Paulo nos ensina, com sua vida e suas virtudes, o que significa ser forte na fé.
É essa a virtude que quero destacar hoje: a fortaleza, tanto como virtude humana quanto como dom do Espírito Santo.

Na vida, enfrentamos lutas e sofrimentos; o caminho do discípulo não é isento de cruz.
Para perseverar e crescer é preciso fortaleza: para vencer as tentações, resistir ao mal, combater o espírito do mundo, a carne e o demônio.

São João exorta:

“Sede fortes” (1Jo 2,14).

Peçam essa graça por intercessão de São Paulo. Ele trabalhou incansavelmente, sofreu perseguições, foi preso diversas vezes, mas permaneceu fiel até o fim, podendo dizer:

“Agora está reservada para mim a coroa da justiça” (2Tm 4,8).

A fortaleza nos faz superar as dificuldades que vêm de nós mesmas, do ambiente e do inimigo. Quando o amor é forte, tudo vence (cf. Ct 8,6).

Mantenham o coração sempre ardente, especialmente durante e depois da comunhão.
Mesmo diante dos desgostos, das enfermidades, dos sacrifícios do apostolado, sejam fortes.
E, quando chegar o momento de passar desta vida para a eterna, aceitem com fortaleza a vontade de Deus.

Que essas três devoções vos acompanhem sempre e sejam para vocês luz, força, alegria e esperança.
Assim, vossa vida religiosa será também uma vida feliz e cheia de sentido.

Avante!

Guardem bem estes três lembretes da Profissão:

  • Devoção sempre viva a Jesus Mestre;
  • Devoção sempre viva à Rainha dos Apóstolos;
  • Devoção sempre viva — e cada vez mais profunda — a São Paulo Apóstolo.

Agora ofereço a Santa Missa por todas vocês.
Unidas, invoquemos: Jesus Mestre, a Rainha dos Apóstolos e São Paulo Apóstolo.

Louvado seja Jesus Cristo!

IGREJA CATÓLICA CELEBRARÁ A 9ª JORNARDA MUNDIAL DOS POBRES COM O TEMA “TU ÉS A MINHA ESPERANÇA”

De 9 a 16 de novembro de 2025, a Igreja Católica em todo o mundo celebrará a 9ª Jornada Mundial dos Pobres (JMP), que neste ano traz como tema “Tu és a minha esperança” (cf. Sl 71,5). Inspirada no convite bíblico à esperança, a iniciativa quer fortalecer o compromisso da Igreja com as pessoas em situação de vulnerabilidade, promovendo solidariedade, escuta e fraternidade.

No Brasil, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por meio da Comissão Episcopal para a Ação Sociotransformadora (Cepast), incentiva dioceses, paróquias e comunidades a viverem não apenas o Dia Mundial dos Pobres, mas oito dias inteiros de mobilização. O objetivo é transformar o período em um tempo de oração, convivência e gestos concretos de amor junto aos mais necessitados.

Caridade e justiça

Mais do que uma ação assistencial, a Jornada é também um convite à escuta e ao aprendizado com aqueles que enfrentam a pobreza — uma realidade que afeta, de modo particular, pessoas negras e moradores das periferias urbanas, historicamente empurrados à exclusão social e econômica.

O Papa Leão XIV faz um chamado direto às comunidades católicas: agir com coerência e enfrentar as causas estruturais da pobreza, lembrando que “ajudar os pobres é uma questão de justiça, muito antes de ser uma questão de caridade”.

Caminho de esperança: orientações pastorais

Para auxiliar na vivência da Jornada, a Comissão elaborou um subsídio pastoral com orientações, propostas de ação, a mensagem do Papa Leão XIV e sugestões de atividades comunitárias. O material convida toda a Igreja a transformar este momento em uma oportunidade não só de ajudar, mas também de reconhecer nos pobres o rosto de Cristo.

“Queremos que as ações não se limitem apenas ao Dia Mundial do Pobre. Por isso, o subsídio também traz propostas para o pós-jornada. Contamos com a participação e o engajamento de todos neste momento forte da Igreja, instituído pelo Papa Francisco no encerramento do Ano da Misericórdia, em 2016, e que agora segue com o Papa Leão XIV”, destaca Alessandra Miranda, assessora da Comissão Episcopal para a Ação Sociotransformadora.

“Aproveitem o material, mobilizem suas comunidades e grupos, e venham somar nesse grande mutirão de solidariedade que, com certeza, será mais uma vez abraçado por todo o Brasil”, conclui a assessora da CNBB.


EXORTAÇÃO APOSTÓLICA DILEXI TE

Apresentamos a seguir os principais conteúdos e desdobramentos da exortação apostólica Dilexi te (“Eu te amei”), assinada por Papa Leão XIV em 4 de outubro de 2025 — data que coincide com a festa de São Francisco de Assis — e divulgada publicamente em 9 de outubro. (Vaticano)

Contexto e motivação

Dilexi te retoma parte de um projeto iniciado nos últimos meses do pontificado de Francisco, quando ele mesmo preparara uma exortação sobre o serviço aos pobres, cujo título complementa sua encíclica Dilexit Nos. Papa Leão XIV acolhe esse legado, declara que o “faz seu” e acrescenta reflexões próprias no começo de seu pontificado. (Vaticano)

O título “Eu te amei” provém de Apocalipse 3,9 e sugere que Cristo, em particular aos mais fracos, mais pobres ou menos poderosos, dirige uma palavra de amor e reconhecimento: mesmo sem força ou posição, eles são amados por Deus. (Vaticano)

O documento, que possui 121 pontos, busca sublinhar que a proximidade com os pobres é mais do que um programa social: é central à identidade cristã, à missão da Igreja e à vivência autêntica do Evangelho. (Vatican News)

Os capítulos e principais temas

A exortação está estruturada em uma breve introdução seguida por cinco capítulos (cap. I a V), cada um desenvolvendo um aspecto específico do tema do amor e da opção pelos pobres. A seguir, um panorama dos temas centrais:

Capítulo I – “Algumas palavras indispensáveis”
Nesta primeira parte, o Papa recorda episódios bíblicos (por exemplo, a mulher que unge Jesus com perfume caro) para mostrar que gestos simples de carinho e proximidade com o que sofre não são insignificantes, sobretudo se dirigidos aos mais vulneráveis. (EWTN Vatican)

Leão XIV enfatiza que o amor a Cristo não pode ser divorciado do amor aos pobres: quem ama o Senhor deve reconhecer Cristo no rosto dos mais pobres e sofredores. (Vaticano)

Capítulo II – “Deus opta pelos pobres”
Este capítulo aprofunda a ideia de que a atenção de Deus para os pobres não é acaso nem mero recurso simbólico, mas parte integrante da obra da salvação. Ele remonta à expressão bíblica de Deus “ter ouvido o clamor dos pobres” (por exemplo, no episódio da sarça ardente) para afirmar que a opção divina pelos que sofrem é permanente. (EWTN Vatican)

Aqui também se destaca a encarnação de Jesus como ato de amor e pobreza: o Filho de Deus torna-se pobre, identificado com os pobres, vivenciando rejeição e caminho de cruz. Essa pobreza de Cristo configura a dimensão teológica da proximidade com os mais fracos. (EWTN Vatican)

Capítulo III – “Uma Igreja para os pobres”
No capítulo III (e nos subsequentes), Leão XIV discute como a Igreja deve estruturar-se pastoralmente e missionariamente a partir dessa opção preferencial pelos pobres. Ele não propõe que os pobres sejam tratados como “casos sociais” separados, mas que a ação eclesial inteira — liturgia, doutrina, caridade, caminho missionário — seja influenciada por esse olhar preferencial. (Vatican News)

O Papa adverte contra preconceitos ideológicos que segregam os pobres ou os consideram menos dignos e critica a tentação de uma fé acomodada, desvinculada da justiça social. (Vatican News)

Capítulo IV – “Uma história que continua”
Este capítulo traça um percurso histórico da relação entre a Igreja e os pobres nos últimos 150 anos, situando a exortação dentro da tradição da doutrina social da Igreja. Leão XIV revisita documentos eclesiais anteriores, bem como os concílios latino-americanos (Puebla, Medellín, Aparecida etc.), e destaca que muitas crises contemporâneas — desigualdade, migração, fome, injustiças estruturais — exigem uma resposta renovada da Igreja. (Vatican News)

Nesse contexto, ele denuncia “a economia que mata”, falta de equidade, violência contra mulheres, escassez educacional, estruturas injustas que favorecem alguns em detrimento de muitos. (Vatican News)

Leão XIV também valoriza os movimentos populares e comunitários como expressões de moralidade social, afirmando que a política e as instituições devem escutar os pobres para que a democracia não se torne vazia ou excludente. (EWTN Vatican)

Capítulo V – “Um desafio permanente”
No capítulo final, a exortação reitera que o amor aos pobres não é um tema ocasional nem um apêndice da missão, mas “marca” permanente da vida cristã e identidade da Igreja. (EWTN Vatican)

Leão XIV afirma que nenhuma comunidade cristã pode ignorar os pobres, trata-los como “problemas sociais” ou relegá-los a uma esfera secundária. Ao contrário, é preciso uma conversão constante, destruição das “estruturas de injustiça” e generosidade concreta. (EWTN Vatican)

Ele fala de caridade como “justiça restabelecida”, e não como mero paternalismo; da necessidade de oferecer oportunidades reais de desenvolvimento e dignidade; de promover reformas sociais que assegurem educação, trabalho, proteção às mulheres, acolhimento aos migrantes. (Vatican News)

A exortação conclui lembrando que em gestos simples — ouvir, doar, caminhar com os pobres — estamos reenviados ao coração de Cristo, que continua dizendo: “Eu te amei” (Ap 3,9). (EWTN Vatican)

Mensagens centrais e implicações para a Igreja de hoje

A Dilexi te oferece várias teses centrais que devem inspirar a prática eclesial contemporânea:

  1. Unidade entre fé e caridade
    A exortação insiste que a fé cristã não pode ser separada do compromisso concreto com os pobres. Amar a Deus e amar o próximo são partes inseparáveis da vida cristã.
  2. Opção preferencial pelos pobres como missão estruturante
    Leão XIV reafirma que esse conceito — já presente em documentos latino-americanos e no magistério recente — não é opcional, mas constitutivo da identidade da Igreja. Ele recorda que a opção não implica exclusão, mas sim radical compaixão. (Desenvolvimento Humano)
  3. Crítica às estruturas injustas
    A exortação denuncia sistemas econômicos e sociais que produzem desigualdade, privilegiando poucos e marginalizando muitos — “economia que mata” é uma expressão significativa usada pelo Papa. (Vatican News)
  4. Papel evangelizador dos pobres
    Os pobres não são apenas destinatários da caridade, mas “profetas” que exigem uma escuta eclesial. Eles possuem uma sabedoria da fragilidade que desafia os que estão em conforto a reexaminar prioridades. (Desenvolvimento Humano)
  5. Conversão permanente da comunidade cristã
    A exortação chama à conversão contínua — mudança de estilo de vida, desprendimento, atenção aos mais frágeis. Não é apenas tarefa social, mas caminho espiritual.
  6. Inovação pastoral e institucional
    Leão XIV convoca comunidades, paróquias e dioceses a repensarem seus modos de ação: por exemplo, iniciativas de proximidade, escuta, presença concreta, alianças com movimentos sociais e reformulação de políticas paroquiais com foco nos excluídos.
  7. Solidariedade global e dimensão política
    Não se trata apenas de obras pontuais, mas de influenciar estruturas políticas e econômicas para que priorizem a dignidade humana. A voz cristã deve denunciar desigualdades e injustiças.

Conclusão e convite

A exortação Dilexi te é um documento desafiador e inspirador: coloca no centro da missão da Igreja o serviço aos pobres como expressão vital do amor de Cristo. Não como programa secundário, mas como critério de fidelidade ao Evangelho. O Papa Leão XIV nos convida a reconhecer nos pobres não apenas obra de misericórdia, mas presença de Deus que continua a falar, no “clamar” da pobreza humana.

Que esta carta, associando o Colégio Episcopal e toda a Igreja, desperte em nossas comunidades a coragem de caminhar com aqueles que mais sofrem, de transformar estruturas injustas, de tornar visível o rosto de Cristo naqueles que passam invisíveis. Que, renovados em compaixão, saibamos dizer aos pobres — e viver para eles —: “Eu te amei”.

REZAR O TERÇO

Segundo a Carta Apostólica ROSARIUM VIRGINIS MARIAE, “o Rosário situa-se na melhor e mais garantida tradição da contemplação cristã. Desenvolvido no Ocidente, é oração tipicamente meditativa e corresponde, de certo modo, à « oração do coração » ou « oração de Jesus » germinada no húmus do Oriente cristão”.

Ainda na introdução desta Carta Apostólica, o Papa João Paulo II motiva para a oraçao: “Na sobriedade dos seus elementos, concentra a profundidade de toda a mensagem evangélica, da qual é quase um compêndio. Nele ecoa a oração de Maria, o seu perene Magnificat pela obra da Encarnação redentora iniciada no seu ventre virginal. Com ele, o povo cristão frequenta a escola de Maria, para deixar-se introduzir na contemplação da beleza do rosto de Cristo e na experiência da profundidade do seu amor. Mediante o Rosário, o crente alcança a graça em abundância, como se a recebesse das mesmas mãos da Mãe do Redentor”. 

Assim somos convidados a contemplar Cristo por Maria. A contemplação de Cristo tem em Maria o seu modelo insuperável. O rosto do Filho pertence-lhe sob um título especial. Foi no seu ventre que Se plasmou, recebendo d’Ela também uma semelhança humana que evoca uma intimidade espiritual certamente ainda maior. À contemplação do rosto de Cristo, ninguém se dedicou com a mesma assiduidade de Maria.

Os olhos do seu coração concentram-se de algum modo sobre Ele já na Anunciação, quando O concebe por obra do Espírito Santo; nos meses seguintes, começa a sentir sua presença e a pressagiar os contornos. Quando finalmente O dá à luz em Belém, também os seus olhos de carne podem fixar-se com ternura no rosto do Filho, que envolveu em panos e recostou numa manjedoura (cf. Lc 2, 7).

Como rezar o terço?

A partir da cruz, siga as orações na sequência indicada

  • Inicia-se segurando pela cruz, com o Sinal a Cruz, Oferecimento do Terço e a oração do Creio (ver orações abaixo)
  • Reza-se um Pai-Nosso, seguido de três Ave-Maria.
  • Recita-se: Glória ao Pai, ao Filho…
  • O terço possui 5 dezenas. A cada dezena contempla-se o mistério, seguido de 1 Pai-Nosso e 10 Ave-Maria
  • Ao final de cada dezena reza-se Glória ao Pai seguido da jaculatória Oh! meu bom Jesus… (vide orações abaixo)
  • Ao concluir as 5 dezenas, reza-se os agradecimentos

Orações do Terço

Oferecimento do Terço (reza-se no início)

Divino Jesus, eu vos ofereço este terço (Rosário) que vou rezar, contemplando os mistérios de nossa Redenção. Concedei-me, pela intercessão de Maria, vossa Mãe Santíssima, a quem me dirijo, as graças necessárias para bem rezá-lo para ganhar as indulgências desta santa devoção.

Creio em Deus Pai

Creio em Deus Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra, e em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, que foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia; subiu aos céus, está sentado à direita de Deus Pai todo poderoso, donde há de vir julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo, na Santa Igreja Católica, na comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne e na vida eterna. Amém.

Pai Nosso

Pai Nosso que estais no Céu, santificado seja o Vosso nome, venha a nós o Vosso reino, seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossa ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Amém.

Ave Maria

Ave Maria cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre Jesus. Santa Maria Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém.

Glória ao Pai

  • Glória ao Pai, ao Filho e o Espírito Santo. Como era no princípio, agora é sempre. Amém.

Oh! Meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente as que mais precisarem. Amém.

 Na oração do Rosário contemplam-se todos os mistérios. No caso da oração do Terço, contempla-se um dos mistérios, conforme dias e mistérios a seguir:

Mistérios Gozosos (segundas e sábados)

1º Mistério – Encarnação do Filho de Deus
No primeiro mistério contemplemos a Anunciação do Arcanjo São Gabriel à Nossa Senhora. Disse o Anjo à Maria: “Eis que conceberás e darás à luz um filho e o chamarás com o nome de Jesus”. Disse então Maria: “Eu sou a serva do Senhor; faça-se em mim, segundo a tua palavra”. (Lc 1,31.37)
Intenção: aprendamos e peçamos a humildade de Maria ante o chamado de Deus.

2º Mistério – Maria visita sua prima Isabel.
“Maria pôs-se a caminho, para a região montanhosa, dirigindo-se apressadamente a uma cidade de Judá. Entrando em casa de Zacarias, saudou Isabel (…) que repleta do Espírito Santo, exclamou: ‘Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre” (…) Feliz a que acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido”. Lc 1,39-45
Intenção: admiremos e peçamos o amor de Maria para com o próximo.

3º Mistério – Jesus nasce na pobreza de Belém
Enquanto se encontravam em Belém, completaram-se os dias para o parto, e ela deu à luz o seu filho primogênito, envolveu-o com faixas e reclinou-o numa manjedoura, porque não havia um lugar para eles na sala. Lc 2, 6-7
Intenção: peçamos a Jesus e a Maria o espírito de pobreza evangélica.

4º Mistério – Cumprindo a lei de Moisés, Maria apresenta Jesus no templo
“Quando se completaram os dias para a purificação deles, segundo a lei de Moséis, levaram-no a Jerusalém, a fim de apresentá-lo ao Senhor… E Simeão disse a Maria: “Eis que este menino foi colocado para a queda e o soerguimento de muitos em Israel, e como um sinal de contradição. E a ti, uma espada transpassará a tua alma, para que se revelem os pensamentos íntimos de muitos corações”. Lc 2, 22.34-35
Intenção: consideremos e peçamos a obediência que teve a Virgem Maria.

5º Mistério – O menino Jesus, perdido e encontrado no Templo, entre os doutores.
“Ao vê-lo, ficaram surpresos, e a mãe lhe disse: ‘Meu filho, por que agiste assim conosco? Olha que teu pai e eu, aflitos, te procurávamos’. Ele respondeu: ‘Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai?’ Eles porém, não compreenderam a palavra que eles lhe dissera” Lc 2, 48-50
Intenção: peçamos a graça de conhecer e seguir nossa vocação.

Mistérios Dolorosos (terças e sextas-feiras)

 1º Mistério – A oração e o sofrimento de Jesus no Jardim das Oliveiras.
“Disse-lhe Jesus: ‘Minha alma está triste até a morte. Permanecei aqui e vigiai comigo”. E, indo um pouco diante, prostrou-se com o rosto em terra e orou: ‘Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres. Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca”. Mt 26,38-39.41
Intenção: peçamos o espírito de oração.

2º Mistério – Jesus é flagelado.
Disse-lhes: Vós me apresentastes este homem como agitador do povo. Ora, eu o interroguei diante de vós e não encontrei neste homem motivo algum de condenação, como o acusais (…) Como vedes, este homem nada fez que mereça a morte. Por isso, vou soltá-lo, depois de o castigar. Eles, porém, vociferaram todos juntos: ‘Morra este homem! Solta-nos Barrabás!’. Pilatos então tomou a Jesus e o mandou flagelar. Lc 23,14.15b-18; Jo 19,1
Intenção: peçamos a virtude do amor ao próximo.

3º Mistério – A coroação de espinhos de Jesus.
“Os soldados, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-na em sua cabeça e jogaram sobre ele um manto de púrpura. Aproximando-se dele, diziam: ‘Salve, rei dos Judeus!’ E o esbofeteavam”. Jo 19, 2-3
Intenção: peçamos a pureza de intenções e de desejos.

4º Mistério – Jesus carrega a pesada cruz, rumo ao Calvário
“Depois de caçoarem dele, despiram-lhe a capa escarlate e tornaram a vesti-lo com suas próprias vestes e levaram-no para o crucificar. Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”. Mt 27,31; Mc 8,34b
Intenção: admiremos a paciência do Salvador e peçamos a graça de ser pacientes em nossas provas e sofrimentos.

5º Mistério – Jesus morre na cruz por todos os homens
“Tomaram então a Jesus. E ele saiu, carregando a sua cruz e chegou ao chamado ‘lugar da Caveira’ (…) onde o crucificaram; e com ele, dois outros: um de cada lado, e Jesus no meio”. Jesus, então, vendo a sua mãe e, perto dela, o discípulo a quem amava, disse à sua mãe: ‘Mulher, eis o teu filho!’ Depois disse ao discípulo: ‘Eis a tua mãe!’.” Jo 19,16b-18.26-27a
Intenção: Peçamos a graça de compreender e viver a missa, que é renovação do sacrifício do Calvário.

 Mistérios Gloriosos (quartas-feiras e Domingos)

1º Mistério – Jesus ressuscita, vencendo a morte
“Disse o Anjo às mulheres: ‘Não temais! Sei que estais procurando Jesus, o crucificado. Ele não está aqui, pois ressurgiu, conforme havia dito (…). Ide dizer aos seus discípulos e a Pedro que ele vos precede na Galileia. Lá o vereis, como vos tinha dito’.” Mt 28,5b-6a; Mc 16,7
Intenção: peçamos a plena transformação de nossa vida em Cristo.

2º Mistério – A ascensão de Jesus Cristo ao céu.
“Jesus levou os discípulos até Betânia. E erguendo as mãos, abençoou-os. E enquanto os abençoava, distanciou-se deles e era elevado ao céu. Eles se prostraram diante dele, e depois voltaram a Jerusalém, com grande alegria(…)” Lc 24, 50b-52
Intenção: peçamos a graça de buscar unicamente o Reino de Deus e sua justiça, porque tudo mais nos será dado por acréscimo.

3º Mistério – A vinda do Espírito Santo sobre Maria e os Apóstolos.
“Quando chegou o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um ruído semelhante ao soprar de impetuoso vendaval; e encheu toda a casa onde se achavam. E apareceram umas línguass de fogo, que se distribuíram e foram pousar sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito os impelia a falar (…) Pedro disse: “Não, esses homens não estão ébrios, como pensais (…) mas é que se realiza a palavra do profeta: Sucederános últimos dias, diz o Senhor, derramarei o meu Espírito sobre toda carne”. ” At 2,1-4.15a-16.17a
Intenção: peçamos os dons do Espírito Santo, especialmente a sabedoria, a fortaleza e o zelo.

4º Mistério – A gloriosa assunção de Maria no Céu.
“A gloriosa assunção de Maria ao céu é a festa do seu destino de plenitude e de felicidade, da glorificação de sua alma imaculada e de seu corpo virginal, bem como de sua perfeita configuração com o Cristo ressuscitado”. (Paulo VI)
Intenção: peçamos a graça de viver noss vocação à santidade.

5º Mistério – Maria é coroada Rainha do céu e da terra, e intercessora de todos os homens junto a seu Filho Jesus.
“A festa da Assunção prolonga-se alegremente na celebração da festa da realeza de Maria. Neste mistério, nós a contemplamos junto ao Rei dos séculos, onde resplandece como Rainha e intercede com Mãe”. (Paulo VI)
Intenção: proponhamo-nos confiar na mediação de Maria e peçamos o dom da perseverança.

 Mistérios Luminosos (quinta-feira)

Introdução dos mistérios feitas pelo São João Paulo II.

1º Mistério – Contemplamos Jesus sendo batizado por João Batista no Rio Jordão. Enquanto Cristo desce à água do rio, como inocente que se faz pecado por nós, o céu se abre e voz do Pai proclama-o Filho dileto, ao mesmo tempo em que o Espírito vem sobre ele para investi-lo na missão que o espera.

2º Mistério – contemplamos o início dos sinais de Caná, quando Cristo, transformando a água em vinho, abre à fé o coração dos discípulos graças à intervenção de Maria, a primeira entre os que creem.

3º Mistério – Contemplamos a pregação com a qual Jesus anuncia o advento do Reino de Deus e convida à conversão, perdoando os pecados de quem se dirige a ele com humilde confiança, início do mistério de misericórdia que ele prosseguirá exercendo até o fim do mundo, especialmente por meio do sacramento da reconciliação confiado à sua Igreja.

4º Mistério – Contemplamos a transfiguração de Jesus que, segundo a tradição, se deu no monte Tabor. A glória da divindade reluz no rosto de Cristo, enquanto o Pai o credencia aos apóstolos extasiados para que o “escutem” e se disponham a viver com ele o momento doloroso da paixão, a fim de chegarem com ele à glória da ressurreição e a uma vida transfigurada pelo Espírito Satno.

5º Mistério – Contemplamos a instituição da Eucaristia, na qual Cristo se faz alimento com o seu corpo e o seu sangue sob os sinais do pão e do vinho, testemunhando “até o extremo” seu amor pela humanidade, por cuja salvação se oferecerá em sacrifício.

Agradecimentos – no final do terço

Infinitas graças vos damos, Soberana Rainha, pelos benefícios que todos os dias recebemos de vossa mão liberais. Dignai-vos, agora e para sempre, tomar-nos debaixo do vosso poderoso amparo e para mais vos obrigar vos saudamos com uma Salve Rainha:

Salve Rainha, Mãe de Misericórdia, vida, doçura, esperança nossa, salve! A vós bradamos, os degredados filhos de Eva; a vós suspiramos gemendo e chorando neste vale de lágrimas. Eia, pois, advogada nossa esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei, e depois deste desterro nos mostrai a Jesus, bendito fruto do vosso ventre, ó Clemente, ó Piedosa, ó Doce, sempre virgem Maria.

V. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus,
R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Amém.

27º DOMINGO DO TEMPO COMUM: REAVIVAR O DOM DA FÉ

Domingo, 5 de Outubro de 2025
27º Domingo do Tempo Comum, Ano C

A liturgia deste Domingo nos apresenta uma oração que poderia facilmente sair do nosso próprio coração: “Senhor, aumenta a nossa fé”. Os apóstolos fizeram essa súplica porque perceberam como sua fé era pequena diante das provações. Eles tinham visto Jesus falar com autoridade, curar os doentes, saciar os famintos e perdoar os pecadores. Mesmo assim, ao olharem para si mesmos, sentiram-se frágeis e limitados. Por isso, pediram com humildade: “Senhor, aumenta a nossa fé”.

Quantas vezes nós também repetimos essa oração em momentos de dúvida, sofrimento ou incerteza. Quantas vezes sentimos que nossa fé é pequena, fraca ou facilmente abalada. E Jesus responde com uma imagem surpreendente: mesmo uma fé do tamanho de um grão de mostarda pode realizar o impossível. Em outras palavras, não é a quantidade da fé que importa, mas a sua autenticidade. A fé não é magia, é confiança em Deus.

Três pontos para nossa reflexão hoje:

Primeiro, a fé cresce quando levamos nossas perguntas a Deus. Na primeira leitura, o profeta Habacuc clama: Até quando devo gritar a ti: “Violência!”, sem me socorreres?” Essas não são palavras educadas, mas o grito de um crente escandalizado com o mal ao seu redor.

Hoje vemos guerras que destroem nações, famílias divididas por conflitos, crianças com fome enquanto outros desperdiçam, e pessoas abandonadas em sua dor. Quando a vida nos fere, nossa primeira reação é perguntar: “Senhor, onde estás? Por que não intervéns?” Mas Habacuc não foge de Deus. Ele não fecha o coração na amargura. Ele leva suas dúvidas e queixas diretamente ao Senhor. Isso já é um ato de fé.

Há uma história de um menino que plantou uma pequena semente num vaso. Todas as manhãs ele a regava, mas os dias passavam e nada aparecia. Desanimado, disse ao pai: “Acho que a semente morreu”. O pai respondeu, “Tenha paciência. Mesmo quando você não vê nada, algo está acontecendo debaixo da terra”. Poucos dias depois, surgiu o primeiro broto verde.

Assim é a fé. Deus pode parecer silencioso, mas nunca está ausente. Mesmo quando não vemos nada, Deus continua agindo. Debaixo da superfície, Sua graça continua agindo. A fé não elimina as perguntas, mas confia no tempo de Deus e espera com paciência.

Segundo, a fé é um dom que precisa ser reavivado. Na segunda leitura, São Paulo escreve a Timóteo: “Reavivar a chama do dom de Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos”. A fé é um dom, sim, mas também uma responsabilidade. Não é algo para ser guardado, mas um fogo que precisa ser alimentado e cuidado.

Um homem guardava em casa um velho violão herdado do pai. Com o tempo, ele foi deixando o instrumento de lado. A poeira cobriu as cordas e o som se perdeu. Um dia, ao arrumar o quarto, ele decidiu limpar o violão e afiná-lo novamente. Quando dedilhou as primeiras notas, um som doce encheu o ambiente. Ele disse, “Eu pensei que ele tivesse perdido a voz”. Na verdade, o violão nunca perdeu o som; apenas precisava ser tocado outra vez.

A fé é assim. Às vezes parece adormecida, esquecida no meio das preocupações. Mas quando voltamos a rezar, a ouvir a Palavra, a servir com amor, ela volta a vibrar dentro de nós. Deus não retira o dom da fé, apenas espera que o afinemos de novo, para que sua música volte a encher a nossa vida de sentido.

Por fim, a fé se manifesta no serviço humilde. No Evangelho, Jesus ensina: “Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer”. Essas palavras não diminuem o valor do nosso esforço, mas libertam o coração de toda busca por recompensa. O verdadeiro discípulo serve por amor, não por interesse.

A fé autêntica não se mede por milagres ou grandes feitos, mas pelo amor silencioso que se vive nas pequenas coisas do dia a dia. Ela se revela na mãe que cuida com ternura dos filhos, na enfermeira que consola o doente, no trabalhador que age com honestidade, no sacerdote ou na religiosa que serve com alegria mesmo sem ser notado. Esses gestos simples e escondidos são as flores mais belas da fé.

Como diz o ditado: “A fé move montanhas”. Mas, muitas vezes, Deus a usa para mover o nosso coração em direção ao próximo. A fé viva não fica nas palavras. Ela transforma atitudes, abre os olhos e nos faz servir com amor, certos de que Deus vê e abençoa tudo o que é feito com sinceridade.

Hoje o Senhor nos assegura que mesmo uma fé do tamanho de um grão de mostarda pode transformar vidas. A força da fé não vem de nós, mas daquele em quem confiamos. Como Habacuc, levemos a Deus nossas lutas e perguntas, como Timóteo, reavivemos o dom da fé todos os dias, com oração e perseverança e como servos fiéis, vivamos nossa fé em gestos simples de amor. Amém.

Texto de:

Pe. Reymel Juanillo Ramos, ssp
Capelão da Casa Provincial e Casa Marta e Maria das Irmãs Pias Discípulas do Divino Mestre.
Mestre dos Aspirantes Paulinos.

PRESERVAR VOZES E ROSTOS HUMANOS: UM APELO ÉTICO DIANTE DA ERA DIGITAL

O Vaticano anunciou, no dia 29 de setembro, o tema do 60º Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2026: “Preservar vozes e rostos humanos”. A proposta, escolhida pelo Papa Leão XIV, toca uma das questões mais urgentes do nosso tempo: como manter a centralidade da pessoa humana em meio ao avanço acelerado da inteligência artificial e das tecnologias digitais.

O comunicado do Dicastério para a Comunicação destaca que os ecossistemas midiáticos contemporâneos estão profundamente moldados por algoritmos e sistemas automatizados, capazes de selecionar conteúdos, simular vozes e até redigir textos e diálogos. Essa constatação traduz uma preocupação não apenas técnica, mas antropológica e ética: à medida que as máquinas assumem funções comunicativas, corre-se o risco de diluir a presença humana, aquilo que dá sentido, emoção e responsabilidade à palavra.

O tema escolhido pelo Papa ressoa fortemente com a visão cristã de comunicação como encontro pessoal e expressão da dignidade humana. Desde o Concílio Vaticano II, a Igreja vem afirmando que comunicar é mais do que transmitir dados: é partilhar vida e construir comunhão. Nesse contexto, “preservar vozes e rostos humanos” significa resguardar a autenticidade, a empatia e a liberdade diante de um mundo cada vez mais mediado por telas e sistemas automáticos.

Os desafios éticos da inteligência artificial

O comunicado reconhece os avanços da IA, mas também alerta para os seus riscos: manipulação de informações, desinformação massiva, reprodução de preconceitos e invasão da privacidade. Mais do que um discurso alarmista, trata-se de um convite à responsabilidade moral. A tecnologia, segundo a perspectiva cristã, deve estar a serviço da pessoa e do bem comum, e não substituir o discernimento humano nem criar novas formas de dominação ou desigualdade.

Educar para um uso consciente

Um dos pontos mais relevantes do texto é a defesa da alfabetização mediática e digital, especialmente entre os jovens. O Vaticano propõe que se desenvolva também a alfabetização em inteligência artificial (MAIL – Media and Artificial Intelligence Literacy), para que as pessoas saibam pensar criticamente, interpretar as mensagens e usar as ferramentas tecnológicas com liberdade de espírito. Essa orientação reforça a missão educativa da Igreja e seu compromisso com uma cultura digital ética e humanizadora.

Uma mensagem para a sociedade, não só para os católicos

Embora dirigida à comunidade católica, a reflexão proposta pelo Papa Leão XIV tem alcance universal. Em uma era em que as fronteiras entre o real e o virtual se tornam cada vez mais tênues, a preservação das “vozes e rostos humanos” é um apelo à sociedade inteira: governos, empresas, educadores e cidadãos. Trata-se de reafirmar que a tecnologia deve amplificar a humanidade, não substituí-la.

O tema do 60º Dia Mundial das Comunicações Sociais convida a um discernimento profundo: como usar a inteligência artificial sem perder a inteligência do coração. O Papa Leão XIV aponta para um horizonte onde fé, ética e inovação se unem na construção de uma comunicação verdadeiramente humana: aquela que reconhece, escuta e valoriza cada rosto e cada voz.

Fonte da imagem e notícia: Vatican News


LITURGIA DO DIA: MEMÓRIA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS

Liturgia do Dia – Sábado, 4 de Outubro de 2025
São Francisco de Assis, religioso – Memória
26ª Semana do Tempo Comum

Leituras:

  • Br 4,5-12.27-29
  • Sl 68(69),33-35.36-37 (R. 34a)
  • Lc 10,17-24

A liturgia do dia nos apresenta o retorno jubiloso dos setenta e dois discípulos enviados em missão. Eles voltam cheios de alegria, testemunhando que até os espíritos maus se submetiam em nome de Jesus. O Senhor, porém, os convida a olhar além dos frutos visíveis e a alegrar-se sobretudo porque os seus nomes estão escritos no céu.

Esse trecho revela duas dimensões fundamentais da vida cristã: a missão, que se realiza na autoridade de Cristo e não em nossas forças, e a verdadeira alegria, que nasce da certeza de sermos amados e escolhidos por Deus. Jesus exulta no Espírito Santo e louva o Pai que revela os mistérios do Reino aos pequeninos, não aos sábios e entendidos.

Primeira Leitura (Br 4,5-12.27-29): o profeta Baruc traz uma palavra de esperança a um povo que sofre no exílio: “Coragem, meu povo!”. Ainda que o povo de Israel tenha experimentado a dor e a dispersão por causa de suas infidelidades, Deus não os abandona. Ele promete novamente a misericórdia e a possibilidade de retorno. A mensagem de Baruc conecta-se ao Evangelho, pois a verdadeira alegria não vem da ausência de dificuldades, mas da confiança no amor e na fidelidade de Deus, que nunca abandona os seus filhos.

Salmo Responsorial (Sl 68): o salmista proclama: “Ó humildes, vede isto e alegrai-vos; o vosso coração reviverá se procurardes o Senhor”. O salmo reforça o convite da liturgia de hoje: confiar no Senhor em meio às provações e experimentar n’Ele a verdadeira alegria que sustenta a vida.

A liturgia do dia deste sábado nos convida a redescobrir a fonte da verdadeira alegria cristã: a certeza de que pertencemos a Deus e que nossos nomes estão escritos no céu. Baruc nos recorda a fidelidade divina mesmo nas tribulações; o salmo aponta para a confiança e a esperança dos humildes; e São Francisco de Assis nos mostra, com sua vida, que a simplicidade evangélica é caminho de santidade.

Santo do Dia: São Francisco de Assis

Celebramos hoje a memória de São Francisco de Assis, um dos santos mais amados da Igreja. Conhecido como “o Pobrezinho de Assis”, Francisco viveu de forma radical o Evangelho, abraçando a pobreza, a simplicidade e o amor por toda a criação. Ele se tornou sinal de paz, fraternidade e confiança absoluta em Deus.

São Francisco nos ajuda a compreender melhor o Evangelho do dia: a verdadeira alegria não está no poder, no prestígio ou no sucesso visível, mas em viver como filhos amados de Deus, colocando-se nas mãos do Pai com humildade e confiança.

Que possamos, como os discípulos e como São Francisco, alegrar-nos não pelo que fazemos, mas por aquilo que somos em Cristo: filhos amados do Pai.


RETIRO MENSAL DE OUTUBRO DE 2025

A Família Paulina é chamada a se reunir, em cada primeiro domingo do mês, para recordar e celebrar Jesus Mestre, Caminho, Verdade e Vida.

Neste mês de outubro, o convite ganha uma conotação ainda mais especial: todo o mês é dedicado a Jesus Divino Mestre, cuja Solenidade celebraremos no último domingo do mês.

O roteiro deste Retiro Mensal do Mês de Outubro contempla os textos deste 27º Domingo do Tempo Comum (Ano C) que nos ajudam a mergulhar na caminhada da comunidade cristã. A Palavra nos convida a reavivar a fé, perseverar na esperança e testemunhar com coragem o Evangelho em nossa vida diária.

“Senhor, aumenta a nossa fé!” (Lc 17,5)

Convidamos todos os que desejarem rezar conosco a participar deste momento de espiritualidade e silêncio, deixando-se guiar pela luz do Mestre Divino.

📖 O roteiro do Retiro, preparado pelo Secretariado da Espiritualidade PDDM, está disponível em PDF para ser rezado individualmente ou em comunidade:

👉 Clique aqui para acessar o Retiro do mês de outubro de 2025 (PDF)

Que este mês dedicado a Jesus Mestre renove em nós a fé, a esperança e o ardor missionário!