LITURGIA DO DIA: MEMÓRIA DA BEM-AVENTURADA VIRGEM MARIA DAS DORES

Segunda-feira, 15 de Setembro de 2025
24ª Semana do Tempo Comum

Leituras (próprias):
Hb 5,7-9
Sl 30(31),2-3a.3bc-4.5-6.15-16.20 (R. 17b)
Jo 19,25-27 ou Lc 2,33-35

Na liturgia do dia, fazemos a grata memória da Bem-Aventurada Virgem Maria das Dores. Lembrando a presença da mãe do salvador junto à cruz e de sua participação dolorosa na obra da nossa salvação, peçamos que também nós, como pede o apóstolo Paulo, cumpramos em nossa carne o que falta à paixão de Cristo.

Neste texto abaixo dos Sermões de São Bernardo, abade (Sermo in dom. infra oct. Assumptionis, 14-15: Opera omnia, Edit. Cisterc. 5[1968],273-274), uma bela meditação sobre o dia de hoje. Geralmente outros pontos da vida de Maria são muito comentados, mas a memória de hoje vai lançar luz sobre o seu martírio de dor. Leia e medite este texto:

O martírio da Virgem é mencionado tanto na profecia de Simeão quanto no relato da paixão do Senhor. Este foi posto, diz o santo ancião sobre o menino, como um sinal de contradição, e a Maria: e uma espada traspassará tua alma (cf. Lc 2,34-35).

Verdadeiramente, ó santa Mãe, uma espada traspassou tua alma. Aliás, somente traspassando-a, penetraria na carne do Filho. De fato, visto que o teu Jesus – de todos certamente, mas especialmente teu – a lança cruel, abrindo-lhe o lado sem poupar um morto, não atingiu a alma dele, mas ela traspassou a tua alma. A alma dele já ali não estava, a tua, porém, não podia ser arrancada dali. Por isto a violência da dor penetrou em tua alma e nós te proclamamos, com justiça, mais do que mártir, porque a compaixão ultrapassou a dor da paixão corporal.

E pior que a espada, traspassando a alma, não foi aquela palavra que atingiu até a divisão entre a alma e o espírito: Mulher, eis aí teu filho? (Jo 19,26). Oh! que troca incrível! João, Mãe, te é entregue em vez de Jesus, o servo em lugar do Senhor, o discípulo pelo Mestre, o filho de Zebedeu pelo Filho de Deus, o puro homem, em vez do Deus verdadeiro. Como ouvir isto deixaria de traspassar tua alma tão afetuosa, se até a sua lembrança nos corta os corações, tão de pedra, tão de ferro?

Não vos admireis, irmãos, que se diga ter Maria sido mártir na alma. Poderia espantar-se quem não se recordasse do que Paulo afirmou que entre os maiores crimes dos gentios estava o de serem sem afeição. Muito longe do coração de Maria tudo isto; esteja também longe de seus servos.

Talvez haja quem pergunte: “Mas não sabia ela de antemão que iria ele morrer?” Sem dúvida alguma. “E não esperava que logo ressuscitaria?” Com toda a confiança. “E mesmo assim sofreu com o Crucificado?” Com toda a veemência. Aliás, tu quem és ou donde tua sabedoria, para te admirares mais de Maria que compadecia, do que do Filho de Maria a padecer? Ele pôde morrer no corpo; não podia ela morrer juntamente no coração? É obra da caridade: ninguém a teve maior! Obra de caridade também isto: depois dela nunca houve igual.

Nossa Senhora das Dores, rogai por nós!

Fonte: https://espacoorante.piasdiscipulas.org.br/,Liturgia do dia de 15/09/2025.

CARTA AOS ROMANOS: CARTA MAGNA DA TEOLOGIA PAULINA

A carta aos Romanos é uma das mais profundas e sistemáticas exposições da fé cristã no Novo Testamento. Escrita pelo apóstolo Paulo provavelmente por volta do ano 57 d.C., durante sua estada em Corinto, ela se dirige a uma comunidade mista de judeus e gentios em Roma. Seu tema central é o evangelho como poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Rm 1,16-17), revelando a justiça de Deus que se manifesta pela fé.

Abaixo apresento um estudo teológico estruturado sobre a carta:

1. Contexto Histórico e Propósito

  • Paulo ainda não havia visitado Roma, mas desejava estabelecer ali uma base missionária para alcançar a Espanha (Rm 15,22-24).
  • A igreja de Roma provavelmente surgiu de judeus convertidos no Pentecostes (At 2,10) e posteriormente se expandiu para incluir gentios.
  • O propósito principal é unir judeus e gentios em torno do evangelho e apresentar a mensagem paulina de forma ordenada, servindo como sua “carta magna” teológica.

A maioria dos estudiosos situa a redação em torno de 57/58 d.C., durante a terceira viagem missionária de Paulo. O apóstolo estava em Corinto (ou em Cencréia, porto próximo), antes de viajar para Jerusalém (cf. Rm 15,25-26). Isso é confirmado pela referência a Febe, diaconisa da Igreja de Cencréia (Rm 16,1).

A comunidade cristã de Roma não foi fundada por Paulo, nem há registro apostólico direto (Atos não menciona a fundação). Provavelmente, os primeiros cristãos romanos foram peregrinos judeus convertidos em Jerusalém no Pentecostes (cf. At 2,10: “visitantes de Roma”). Esses judeus levaram a fé em Cristo ao Império. A comunidade cresceu e passou a incluir gentios convertidos, o que gerou tensões.

No ano 49 d.C., o imperador Cláudio expulsou os judeus de Roma por causa de conflitos ligados a “Chrestus” (Suetônio, Cláudio 25,4) – provavelmente disputas entre judeus sobre Jesus Cristo. Entre os expulsos estavam Áquila e Priscila, que Paulo encontra em Corinto (At 18,2). Após a morte de Cláudio (54 d.C.), os judeus retornaram a Roma, mas a comunidade já havia se tornado majoritariamente gentílica. Isso gerou tensões culturais e religiosas: judeus queriam observar a Lei e tradições; e os gentios viviam a liberdade em Cristo sem a Torá. A carta, portanto, busca unidade entre judeus e gentios.

O propósito desta carta visa apresentar o evangelho de Paulo de forma sistemática, pois ele ainda não conhecia a comunidade pessoalmente (Rm 1,10-13). Também unir judeus e gentios em torno da fé em Cristo, superando divisões e preparar sua missão à Espanha: Paulo queria Roma como base missionária no Ocidente (Rm 15,22-24). Por fim, esta carta recolhe apoio espiritual para sua viagem iminente a Jerusalém, onde levaria a coleta em favor dos pobres (Rm 15,25-27).

O contexto religioso e cultural de Roma

Roma era a capital do Império, multicultural e religiosa, marcada por idolatria e culto ao imperador. A comunidade cristã vivia no coração do paganismo e sob risco de perseguição, ainda que localizada (as grandes perseguições viriam mais tarde, sob Nero e Domiciano). O cristianismo era visto como seita judaica, mas começava a ter identidade própria.

Assim, Romanos funciona como uma “carta magna” da teologia paulina:

  • O pecado universal (Rm 1–3).
  • A justificação pela fé (Rm 3–5).
  • A vida no Espírito (Rm 6–8).
  • O lugar de Israel no plano de Deus (Rm 9–11).
  • A vida cristã prática (Rm 12–15).

Enfim a Carta aos Romanos é uma síntese madura de uma reflexão teológica, escrita no fim de mais de 20 anos de missão apostólica.

2. Estrutura da Carta

Introdução à Carta aos Romanos: O Poder Transformador do Evangelho (Rm 1,1-17)

A carta aos Romanos é uma das obras-primas de Paulo, combinando profundidade teológica, clareza e aplicação prática para a vida do cristão. Nos primeiros dezessete versículos do capítulo 1, o apóstolo apresenta-se e resume a essência do evangelho: Cristo como cumprimento das promessas divinas, o poder de Deus para salvar e a justiça que se revela pela fé.

Paulo: servo e apóstolo de Cristo

Paulo começa sua carta dizendo: “Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para ser apóstolo, separado para o evangelho de Deus” (Rm 1,1). Mais do que uma formalidade, essa introdução estabelece sua credibilidade e compromisso. Ao se declarar “servo”, Paulo mostra que sua vida está totalmente subordinada a Cristo. Ao se identificar como “apóstolo”, destaca que foi enviado diretamente por Deus para compartilhar a boa notícia. E ao dizer que foi “separado para o evangelho”, ele enfatiza que sua missão é clara e única: anunciar Jesus.

Esse cuidado é especialmente importante, já que a igreja de Roma reunia pessoas de diferentes culturas e origens. Paulo ainda não conhecia a comunidade pessoalmente, mas queria que eles compreendessem sua autoridade e seu coração pastoral. Ele nos lembra que, quando falamos de fé, é essencial unir convicção, transparência e respeito pelo outro.

Cristo: cumprimento das promessas de Deus

Nos versículos 2 a 4, Paulo conecta Jesus à história de Israel: o evangelho foi “prometido anteriormente por Deus, por meio dos profetas nas Escrituras Sagradas, a respeito de seu Filho”. Cristo não aparece de forma isolada; Ele é o cumprimento das promessas feitas por Deus ao longo dos séculos.

Paulo menciona que Jesus nasceu da descendência de Davi, reafirmando sua ligação histórica com o povo de Israel, mas também destaca que, pela ressurreição, Ele se tornou Filho de Deus em poder. Essa combinação de humanidade e divindade mostra que Jesus é o ponto central da história da salvação — a ponte entre Deus e a humanidade.

O evangelho: poder de Deus para a salvação

Paulo não apresenta o evangelho como mera teoria ou conjunto de normas, mas como o poder de Deus para salvar todo aquele que crê (Rm 1,16). A palavra “poder” indica eficácia real e transformadora. A salvação não depende de esforço humano, de títulos ou riqueza, mas da ação de Deus na vida de quem confia em Cristo.

Para os romanos, acostumados a valorizar prestígio, força e conquistas, essa mensagem era revolucionária. Paulo nos lembra que o verdadeiro poder não está em nós, mas em Deus — e que Ele age na vida de cada um que se entrega a Ele.

Justiça de Deus revelada pela fé

Outro tema central da introdução é a justiça de Deus, revelada pela fé (Rm 1,17). Paulo cita: “O justo viverá por fé”, mostrando que a fé é o meio pelo qual participamos da justiça de Deus, não um conjunto de obras para ganhar aprovação divina. A justiça de Deus é, portanto, uma realidade viva, que transforma corações e atitudes.

Essa justiça não discrimina. Ela é acessível a todos, independentemente de etnia, cultura ou condição social. O evangelho é inclusivo, oferecendo a mesma esperança e transformação a todos que creem.

O desejo de Paulo de visitar Roma

Nos versículos 8 a 15, Paulo expressa seu desejo de visitar a igreja de Roma. Ele quer compartilhar o evangelho e ser encorajado pela fé dos irmãos. Isso mostra duas dimensões essenciais da vida cristã: comunhão e missão. A fé se fortalece quando é vivida em comunidade, e o evangelho se espalha quando é compartilhado de forma sincera e amorosa.

Paulo lembra que a igreja não é apenas receptora de instruções, mas parceira na obra de Deus, formando uma rede de fé que atravessa fronteiras geográficas e culturais.

Enfim, uma introdução que transforma

A introdução de Romanos (Rm 1,1-17) é muito mais do que um texto formal. Ela combina autoridade, clareza teológica e sensibilidade pastoral. Paulo apresenta Cristo como cumprimento das promessas, revela o poder do evangelho e destaca a justiça que se recebe pela fé. Ele mostra que a fé cristã não é um ideal distante, mas uma relação viva com Deus, capaz de transformar vidas e comunidades.

Ler esses versículos nos convida a refletir: o cristianismo é um caminho de confiança, mudança e ação. É a experiência de viver pela fé, deixar que Deus nos transforme e compartilhar essa vida com outros. A mensagem que Paulo escreveu há quase dois mil anos continua sendo atual, poderosa e libertadora — um verdadeiro convite para experimentar o evangelho em sua plenitude.

Condição humana e necessidade da salvação (Rm 1,18 – 3,20)

    • Todos pecaram: os gentios pela idolatria e imoralidade, os judeus por hipocrisia e confiança na lei.
    • Conclusão: “Não há justo, nem um sequer” (3,10).

    Uma das partes centrais da carta aos Romanos é o diagnóstico que Paulo faz da humanidade diante de Deus. Nos capítulos 1,18 até 3,20, ele apresenta com clareza a condição humana, mostrando que todos, sem exceção, estão debaixo do pecado e necessitam da salvação oferecida por Deus através de Jesus Cristo. Essa análise não é apenas teológica; ela tem implicações profundas para a compreensão da fé e da vida cristã.

    A revelação da ira de Deus contra o pecado (Rm 1,18-32)

    Paulo inicia essa seção afirmando que a ira de Deus se revela contra toda impiedade e injustiça dos homens, aqueles que suprimem a verdade pela injustiça (Rm 1,18). Aqui ele mostra que a humanidade não está neutra diante de Deus; o pecado não passa despercebido.

    • A revelação de Deus na criação: Mesmo sem ter acesso à Escritura, os seres humanos conhecem Deus por meio da natureza e da criação (Rm 1,19-20). O que vemos no mundo, na complexidade da vida e na ordem do universo, aponta para um Criador.
    • A recusa em glorificar a Deus: Apesar dessa evidência, muitos rejeitam Deus, tornando-se idólatras e entregues à corrupção moral (Rm 1,21-23). Paulo descreve a consequência de afastar-se da verdade: comportamentos imorais, degradação ética e relacionamentos marcados pelo egoísmo.
    • O resultado do pecado: Uma sociedade centrada em si mesma e em prazeres passageiros inevitavelmente enfrenta o caos moral e espiritual. Paulo apresenta uma lista de pecados que resultam da rejeição a Deus, incluindo imoralidade sexual, inveja, maldade e desrespeito ao próximo (Rm 1,24-32).

    A mensagem é clara: o pecado é universal e suas consequências afetam todos os níveis da vida humana — pessoal, social e espiritual.

    Todos os seres humanos estão debaixo do pecado (Rm 2,1 – 3,8)

    No capítulo 2, Paulo volta-se para aqueles que poderiam pensar que estão “melhores” ou mais justos do que outros. Ele lembra que não há favoritismo diante de Deus: tanto judeus quanto gentios estão sob a mesma necessidade de salvação.

    • A tentação do julgamento: Alguns se consideram superiores por conhecer a Lei de Deus ou por seguir tradições religiosas. Paulo alerta que julgar os outros não elimina o pecado pessoal (Rm 2,1).
    • A responsabilidade universal: Deus “retribuirá a cada um segundo suas obras” (Rm 2,6-10), mas ninguém consegue justificar-se apenas por mérito ou pela observância da lei externa.
    • O papel da lei: Para os judeus, a Lei de Deus revelava o padrão de justiça. No entanto, mesmo os que têm acesso à lei não estão automaticamente justificados, pois o pecado é mais profundo que simples desobediência externa (Rm 2,12-16).

    Paulo mostra que a condição humana não depende de religião, cultura ou conhecimento religioso: todos precisam da intervenção divina.

    Conclusão inevitável: ninguém é justo por si mesmo (Rm 3,9-20)

    Paulo conclui essa análise com uma afirmação contundente: “Não há ninguém justo, nem um sequer” (Rm 3,10). Aqui ele sintetiza todo o diagnóstico humano: todos, judeus e gentios, estão sob o pecado.

    • A universalidade do pecado: Todos pecaram e carecem da glória de Deus (Rm 3,23). Não há distinção entre culturas, etnias ou contextos sociais — o problema é universal.
    • O papel da lei: A lei não é inútil; ela revela o pecado, mostra o padrão de Deus e evidencia a necessidade de justiça. No entanto, ninguém pode alcançá-la perfeitamente apenas por esforço próprio (Rm 3,19-20).
    • A necessidade da salvação: Diante desse diagnóstico, fica evidente que nenhum ser humano pode salvar-se sozinho. A condição de pecado torna impossível conquistar a justiça por mérito próprio, enfatizando a necessidade do evangelho como única solução.

    Paulo prepara o terreno para a revelação da graça: se todos estão sob pecado, a salvação só pode vir de Deus, mediante fé em Jesus Cristo.

    Implicações para o leitor moderno

    O ensino de Paulo sobre a condição humana não é apenas histórico; tem aplicação direta para a vida de qualquer pessoa hoje:

    • Reconhecimento do pecado: É necessário reconhecer nossas limitações e falhas, sem cair em autoengano ou comparações.
    • Dependência da graça de Deus: Nenhuma obra humana é suficiente para obter salvação; a fé em Cristo é essencial.
    • Humildade e comunhão: Compreender que todos pecam promove humildade, respeito e empatia, fortalecendo a vida comunitária e a solidariedade.
    • Urgência do evangelho: A consciência da universalidade do pecado evidencia a importância de compartilhar a mensagem de salvação com todos.

    Nos capítulos 1,18 a 3,20, Paulo apresenta um diagnóstico preciso da condição humana: todos estão debaixo do pecado e, portanto, necessitam da salvação que somente Deus oferece. Ele mostra que o pecado é universal, afeta todas as pessoas, independentemente de origem, cultura ou religião, e que a Lei de Deus revela, mas não remove, essa condição.

    Essa análise prepara o leitor para a grande notícia de Romanos: a salvação pela fé em Jesus Cristo (Rm 3,21 em diante), que é o único caminho para restaurar a relação entre Deus e a humanidade. O evangelho, portanto, não é apenas uma proposta moral ou ética, mas uma resposta à nossa profunda necessidade espiritual.

    Justificação pela fé (Rm 3,21 – 5,21)

      • A justiça de Deus se manifesta independente da lei, mediante a fé em Cristo.
      • Abraão é exemplo de fé (Rm 4).
      • A justificação traz paz com Deus e reconciliação (Rm 5).

      A carta de Paulo aos Romanos é uma das exposições mais profundas do evangelho no Novo Testamento, e um dos temas centrais dessa epístola é a justificação pela fé. Nos capítulos 3 a 5, o apóstolo apresenta uma explicação detalhada de como a humanidade pode ser reconciliada com Deus, demonstrando que a justiça divina não depende da Lei, mas da fé em Cristo. Essa revelação é fundamental para compreender a essência da mensagem cristã e a maneira como Deus se relaciona com a humanidade.

      Em Romanos 3,21, Paulo afirma que a justiça de Deus se manifesta independentemente da Lei, ou seja, não depende das obras humanas ou do cumprimento estrito das regras. A Lei, embora importante como guia moral e revelação da vontade de Deus, não tem o poder de tornar o ser humano justo diante do Criador. Isso ocorre porque o pecado afetou toda a humanidade, tornando impossível que alguém alcance a perfeição necessária para ser aceito por Deus apenas por méritos próprios. A boa notícia é que Deus provê uma justiça alternativa, acessível mediante a fé em Jesus Cristo, oferecida gratuitamente a todos os que creem.

      A fé, nesse contexto, não é apenas um assentimento intelectual, mas uma confiança ativa e pessoal na obra de Cristo. Por meio de sua morte e ressurreição, Jesus torna possível que os seres humanos sejam declarados justos, apesar de suas falhas e limitações. A justificação, portanto, não é um prêmio pelas boas ações, mas um dom divino, fruto do amor e da graça de Deus. Essa verdade liberta o crente do medo da condenação, trazendo paz interior e segurança na relação com Deus.

      Para ilustrar a natureza da fé, Paulo recorre ao exemplo de Abraão, considerado o pai da fé. No capítulo 4, ele mostra que Abraão foi justificado não por obras, mas por sua confiança nas promessas de Deus, mesmo antes de estas se cumprirem concretamente. Abraão creu que Deus cumpriria aquilo que prometera, e essa fé lhe foi considerada justiça. Esse exemplo tem duas funções importantes: primeiro, conecta a tradição judaica com a nova realidade em Cristo, mostrando continuidade entre Antigo e Novo Testamento; segundo, demonstra que a fé verdadeira sempre foi o caminho para a comunhão com Deus. Assim, Paulo estabelece um modelo para todos os crentes: a fé, não o mérito humano, é o que permite a justificação.

      O capítulo 5 de Romanos aprofunda os efeitos da justificação. Paulo explica que a fé não apenas declara o ser humano justo, mas transforma a experiência de vida do crente. A justificação gera paz com Deus, libertando a pessoa da culpa e da condenação, e promove reconciliação, restaurando a relação rompida pelo pecado. Essa reconciliação não é apenas teórica; ela tem implicações práticas, pois transforma o modo como o indivíduo vive, age e se relaciona com os outros. A fé verdadeira, então, é acompanhada de uma vida ética coerente, fundamentada na gratidão e na confiança em Deus.

      Paulo também apresenta um contraste entre Adão e Cristo, que ajuda a compreender a profundidade da justificação. Por meio de Adão, o pecado entrou no mundo e trouxe a morte para toda a humanidade. Por meio de Cristo, no entanto, a graça e a vida eterna são oferecidas a todos que creem. Esse contraste evidencia que a fé em Jesus é universal e inclusiva, rompendo barreiras de raça, cultura ou histórico pessoal. A justificação, portanto, não é limitada a um grupo específico, mas está disponível a todos que respondem com confiança ao chamado de Deus.

      Além disso, a justificação pela fé tem implicações sociais e comunitárias. Ao ser justificado, o crente é chamado a viver de forma coerente com a graça recebida, manifestando amor, compaixão e justiça em suas relações. A fé não é passiva; ela gera frutos que refletem a transformação interior e a presença do Espírito Santo. A paz e a reconciliação com Deus se estendem, assim, à vida cotidiana, tornando-se fundamento para a ética cristã e para a construção de comunidades justas e fraternas.

      Em síntese, Romanos 3 a 5 apresenta um panorama completo da justificação pela fé:

      1. A humanidade não pode ser justificada pela Lei, pois todos são afetados pelo pecado.
      2. A fé em Cristo torna possível a justificação, independentemente das obras humanas.
      3. Abraão exemplifica a fé verdadeira, mostrando que a confiança em Deus é contada como justiça.
      4. A justificação traz paz e reconciliação, transformando a vida do crente.
      5. Cristo supera Adão, oferecendo graça, vida e salvação universal.

      Essa doutrina não é apenas teológica, mas profundamente prática. Ela oferece esperança, segurança e liberdade ao crente, ensinando que a salvação é dom de Deus e não conquista humana. Ao mesmo tempo, ela desafia os cristãos a viver de forma coerente com a fé, refletindo a justiça divina em atos concretos de amor e serviço. A justificação pela fé revela o coração do evangelho: Deus, em sua misericórdia, torna possível que a humanidade, apesar do pecado, participe de sua vida e graça, transformando cada pessoa de dentro para fora.

      Portanto, entender a justificação pela fé é compreender o cerne do cristianismo: a graça de Deus, manifestada em Cristo, que liberta, reconcilia e transforma. É a certeza de que, independentemente de nosso passado ou imperfeições, a fé em Jesus nos garante justiça, paz e vida eterna, inaugurando uma nova realidade de comunhão com Deus e com os irmãos.

      Santificação e vida nova em Cristo (Rm 6 – 8)

        • O crente está morto para o pecado e vivo para Deus.
        • A lei revela o pecado, mas não salva.
        • O Espírito Santo capacita para a vida cristã (Rm 8), culminando com a esperança da glória futura.

        Após apresentar a justificação pela fé, Paulo continua em Romanos 6 a 8 explicando a vida nova que o crente recebe em Cristo. Enquanto a justificação trata de ser declarado justo diante de Deus, a santificação refere-se ao processo pelo qual essa justiça começa a se manifestar na vida cotidiana, transformando atitudes, desejos e ações.

        No capítulo 6, Paulo introduz a ideia de que aqueles que foram batizados em Cristo compartilham de sua morte e ressurreição. Ele enfatiza que, assim como Cristo morreu para o pecado e ressuscitou para a vida, os cristãos também são chamados a morrer para o pecado e viver para Deus. Essa morte simbólica ao pecado significa que o crente não está mais escravizado às práticas e desejos antigos que o afastavam de Deus. A ressurreição em Cristo representa, portanto, uma nova vida, caracterizada pela liberdade espiritual e pela possibilidade de viver segundo a vontade divina. Paulo ressalta que essa transformação não é superficial: ela atinge o coração e a mente, permitindo uma mudança duradoura de comportamento.

        A santificação não é obra humana isolada; ela ocorre pela graça de Deus e pela ação do Espírito Santo. Em Romanos 7, Paulo descreve o conflito interno que permanece no crente: apesar de desejar obedecer a Deus, o ser humano ainda sente a presença do pecado em sua carne. Esse conflito mostra que a santificação é um processo contínuo, que exige dependência constante de Deus. É nesse contexto que Paulo apresenta a figura do Espírito Santo, no capítulo 8, como aquele que capacita o crente a viver de maneira plena e livre. O Espírito não apenas fortalece a obediência, mas também produz frutos espirituais, como amor, paciência, bondade e autocontrole, evidenciando a transformação interior.

        Romanos 8 apresenta uma das promessas mais consoladoras do evangelho: não há condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus. Esse capítulo reforça que a vida nova em Cristo não é marcada por medo ou insegurança, mas por liberdade, esperança e intimidade com Deus. O Espírito Santo intercede pelos crentes, garantindo que suas fraquezas e limitações não os separem do amor divino. Assim, a santificação é inseparável da vida no Espírito: é por meio dele que a fé se traduz em ações concretas, em uma vida alinhada à vontade de Deus.

        Paulo também destaca a dimensão escatológica da santificação. A vida nova em Cristo é uma antecipação da glória futura, quando o pecado e a morte serão finalmente derrotados. Mesmo diante das dificuldades, sofrimentos e lutas diárias, o crente pode viver com confiança, sabendo que Deus trabalha para o bem daqueles que O amam. A santificação, portanto, não é apenas moralização ou esforço pessoal, mas participação na obra contínua de Deus de restaurar e transformar toda a criação.

        Em síntese, Romanos 6 a 8 apresenta uma progressão clara na vida do crente:

        1. Morte para o pecado e nova vida em Cristo – a ressurreição de Cristo se torna modelo e força para a transformação pessoal.
        2. Conflito interno e dependência do Espírito – o pecado ainda é realidade, mas o Espírito Santo capacita o crente a vencê-lo.
        3. Liberdade e segurança no amor de Deus – a vida no Espírito garante que não há condenação, mesmo diante das falhas humanas.
        4. Esperança futura e glorificação – a santificação aponta para a participação plena na glória de Deus, quando a vida nova se consumará eternamente.

        A santificação, portanto, é uma vida de constante crescimento em Cristo, marcada pela transformação de pensamentos, atitudes e relacionamentos. É viver a fé de forma prática, traduzindo a justificação recebida em liberdade, amor e integridade diária. Essa vida nova não é fruto de esforço humano isolado, mas da cooperação com Deus, que atua no coração do crente por meio do Espírito Santo.

        Romanos 6 a 8 revela que a santificação é um chamado à consciência de identidade em Cristo. O crente não é mais definido pelo pecado, pelo passado ou por falhas humanas, mas por sua união com Cristo e pela obra do Espírito em sua vida. É um convite a viver de maneira coerente com a graça recebida, experimentando a liberdade, a paz e a plenitude que só podem ser encontradas em Deus. Essa transformação não é apenas individual, mas comunitária, refletindo-se na ética, no amor ao próximo e na contribuição para a construção de um mundo mais justo e compassivo.

        Em resumo, a santificação e a vida nova em Cristo mostram que a fé cristã não se limita a um estado legal diante de Deus, mas se manifesta em uma experiência diária de crescimento, liberdade e comunhão com Deus. A vida nova em Cristo é a evidência prática da graça recebida, o testemunho de que Deus transforma, renova e conduz aqueles que confiam plenamente em Seu poder. Ela nos lembra que a fé verdadeira se traduz em ação, esperança e perseverança, mesmo diante dos desafios da vida.

        O plano de Deus para Israel e os gentios (Rm 9 – 11)

          • A eleição divina e a soberania de Deus.
          • Israel rejeitou o Messias, mas não foi rejeitado definitivamente.
          • O mistério: a inclusão dos gentios e a futura restauração de Israel.

          Nos capítulos 9 a 11 da carta aos Romanos, Paulo aborda uma questão delicada e central para a compreensão do evangelho: a relação entre Deus, Israel e os gentios. Ele trata da fidelidade divina às promessas feitas ao povo de Israel, da responsabilidade humana diante da fé e do papel dos gentios no plano redentor de Deus. Esse trecho revela a sabedoria e a soberania de Deus na condução da história da salvação.

          Paulo começa no capítulo 9 expressando sua profunda dor e preocupação pelo seu povo, Israel. Ele reconhece que, embora Israel tenha sido o escolhido de Deus e tenha recebido as promessas, nem todos se voltaram para a fé em Cristo. Essa realidade levanta a questão de por que alguns são alcançados pela salvação e outros não. Paulo enfatiza que a escolha de Deus não depende de mérito humano, mas de sua misericórdia e propósito soberano. Ele cita exemplos do Antigo Testamento, como Isaque e Jacó, para ilustrar que Deus atua segundo seu plano e chama aqueles que Ele deseja, conforme Sua sabedoria e justiça.

          No capítulo 10, Paulo apresenta uma resposta pastoral e prática: a salvação está disponível a todos, mas depende da confissão de fé e da pregação do evangelho. Ele afirma que “todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”, destacando que a justiça que vem da fé é acessível tanto a judeus quanto a gentios. A obediência à Lei, por si só, não garante a salvação; é a fé em Cristo que une a humanidade ao plano de Deus. Assim, Paulo demonstra que o evangelho não anula a promessa feita a Israel, mas a cumpre e a expande, incluindo os gentios.

          O capítulo 11 aprofunda a compreensão do papel de Israel e dos gentios no plano divino. Paulo apresenta a metáfora da oliveira: os judeus, como ramos naturais, foram parcialmente endurecidos, enquanto os gentios, como ramos enxertados, participam agora da mesma árvore de vida espiritual. Essa imagem mostra que a salvação é um dom de Deus, oferecido pela graça, sem distinção de origem étnica. Ao mesmo tempo, Paulo enfatiza que Deus não rejeitou definitivamente Israel; há sempre a possibilidade de arrependimento e restauração, demonstrando que o plano divino é inclusivo e fiel às promessas feitas aos antepassados.

          Paulo também ensina que a história da salvação é marcada por mistério e sabedoria divina. Deus permite que algumas situações, como o endurecimento temporário de Israel, sirvam para que os gentios conheçam a graça, enquanto mantém a promessa de restauração futura para Israel. Esse equilíbrio revela a justiça e misericórdia divinas, mostrando que o plano de Deus é maior do que a compreensão humana e que Ele age sempre para cumprir seus propósitos eternos.

          Em síntese, Romanos 9 a 11 apresenta os seguintes pontos centrais:

          1. Soberania e fidelidade de Deus – Ele escolhe segundo seu propósito, não pelo mérito humano.
          2. Inclusão dos gentios – A salvação é oferecida a todos os que creem, integrando-os no povo de Deus.
          3. Esperança para Israel – O povo escolhido permanece parte do plano divino, com possibilidade de arrependimento e restauração.
          4. Mistério da história da salvação – Deus conduz a história de forma sábia, equilibrando justiça e misericórdia.

          O ensino de Paulo sobre Israel e os gentios é relevante não apenas para a compreensão histórica, mas também para a vida cristã contemporânea. Ele nos lembra que a salvação é obra de Deus, não fruto do esforço humano, e que o evangelho é universal, rompendo barreiras culturais, étnicas e sociais. Além disso, destaca a importância de respeitar a diversidade dentro do plano de Deus, reconhecendo que cada pessoa, povo e história estão sob a providência divina.

          Portanto, Romanos 9 a 11 revela a complexidade e profundidade do plano de Deus para a humanidade. Ele é justo, misericordioso, soberano e fiel às promessas. Israel e os gentios participam da mesma obra de salvação, mostrando que a graça divina é universal e transformadora. Esse trecho da carta convida os crentes a confiar na sabedoria de Deus, a viver a fé de forma inclusiva e a reconhecer que o plano divino é maior do que qualquer compreensão humana limitada. A história da salvação, portanto, não é apenas um relato do passado, mas um convite contínuo à esperança, à fidelidade e à participação ativa na obra de Deus no mundo.

          Exortações práticas (Rm 12 – 15,13)

          • Vida cristã transformada: amor, serviço, submissão às autoridades, cuidado com os fracos na fé.
          • O evangelho se manifesta em ética comunitária.

          Após apresentar a doutrina da justificação, da santificação e da vida no Espírito, Paulo dedica os capítulos 12 a 15,13 de Romanos a instruções práticas sobre como a fé deve se manifestar na vida diária do cristão. Essas exortações têm um caráter ético, relacional e comunitário, mostrando que o evangelho não é apenas conhecimento teológico, mas força transformadora para a ação, convivência e serviço.

          No início do capítulo 12, Paulo enfatiza a consagração total a Deus, chamando os crentes a oferecerem seus corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. Essa linguagem remete à ideia de entrega integral, sugerindo que a fé não se limita a crenças ou rituais, mas se traduz em atitudes concretas de obediência, serviço e amor. A consagração envolve tanto a esfera espiritual quanto as escolhas práticas da vida cotidiana, desde decisões éticas até comportamentos sociais.

          Paulo segue com instruções sobre humildade, serviço e diversidade de dons. Ele compara a comunidade cristã a um corpo, no qual cada membro desempenha um papel específico, mas todos são essenciais para o funcionamento saudável do todo. Essa metáfora reforça a importância de reconhecer talentos, vocações e funções diferentes, promovendo unidade, colaboração e respeito mútuo. Os dons espirituais — como ensino, serviço, administração e hospitalidade — devem ser usados não para glória própria, mas para edificação da comunidade e expansão do Reino de Deus.

          O capítulo 13 enfatiza a responsabilidade social e ética. Paulo instrui os crentes a se submeterem às autoridades civis, pagando impostos e vivendo de forma honesta e pacífica. Ele destaca que o amor ao próximo é o cumprimento da Lei, lembrando que a ética cristã não se restringe ao culto, mas se manifesta no respeito às regras, à justiça e à convivência harmoniosa na sociedade. Nesse contexto, o amor é entendido como força transformadora que orienta comportamentos e decisões.

          No capítulo 14 e início do 15, Paulo aborda questões de consciência e convivência entre diferentes membros da comunidade. Ele reconhece que existem diferenças legítimas entre os crentes, como práticas alimentares ou observância de dias específicos, e exorta a não julgar uns aos outros. A prioridade deve ser preservar a unidade, edificar o próximo e agir com sensibilidade, evitando causar escândalo ou tropeço. Essa orientação evidencia que a vida cristã envolve responsabilidade comunitária, empatia e discernimento, equilibrando liberdade e cuidado pelo outro.

          Paulo também enfatiza a importância da esperança, da paciência e da perseverança. Ele encoraja os crentes a se alegrarem na esperança, suportarem as tribulações e manterem a prática da oração constante. Essas exortações revelam que a fé cristã é dinâmica, exigindo resistência diante das dificuldades e confiança na fidelidade de Deus. O foco não está apenas na sobrevivência, mas em uma vida ativa de serviço, amor e crescimento espiritual.

          Em resumo, as exortações práticas de Romanos 12 a 15,13 apresentam princípios claros para a vida cristã:

          1. Entrega e consagração a Deus – a fé deve guiar pensamentos, ações e decisões.
          2. Humildade e uso dos dons – cada membro da comunidade tem um papel único, a serviço do bem comum.
          3. Amor e responsabilidade ética – a moral cristã se manifesta em respeito, honestidade e serviço social.
          4. Unidade na diversidade – diferenças legítimas devem ser respeitadas, priorizando a edificação do outro.
          5. Esperança e perseverança – viver a fé exige paciência, oração e confiança na obra de Deus.

          Essas instruções permanecem extremamente relevantes para os cristãos hoje. Elas lembram que a fé verdadeira não é isolada, mas se manifesta na convivência, no serviço, no amor e no cuidado pelos outros. Paulo mostra que a vida cristã é integral, conectando crença, ética, relacionamentos e missão.

          Em síntese, Romanos 12 a 15,13 ensina que a fé deve ser prática e transformadora, conduzindo o credente a viver com integridade, amor e responsabilidade. Ao seguir essas exortações, a comunidade cristã se fortalece, a sociedade é impactada positivamente e o evangelho é vivido de forma concreta, fiel à mensagem de Cristo.

          Conclusão (Rm 15,14 – 16,27)

            • Saudações, recomendações e bênção final.

            Nos capítulos finais da carta aos Romanos, Paulo encerra sua exposição teológica com instruções práticas, saudações pessoais e palavras de encorajamento, mostrando que a fé não é apenas conhecimento, mas se traduz em relações, serviço e comunhão. A conclusão (Rm 15,14 – 16,27) revela a dimensão pastoral da carta e oferece importantes lições sobre a vida cristã em comunidade.

            Paulo começa reafirmando sua confiança na maturidade espiritual dos cristãos em Roma. Ele os descreve como pessoas cheias de capacidade para ensinar e exortar uns aos outros, evidenciando que a fé verdadeira gera sabedoria, discernimento e ação prática. Essa afirmação reforça que a teologia apresentada ao longo da carta não é apenas teoria, mas deve produzir frutos na vida cotidiana: encorajamento mútuo, edificação da comunidade e unidade entre judeus e gentios.

            Em seguida, Paulo apresenta sua intenção missionária. Ele compartilha seu desejo de visitar Roma e, a partir daí, seguir para a Espanha, mostrando que a missão cristã é global e que a propagação do evangelho depende da mobilidade, coragem e fidelidade dos crentes. Esse aspecto revela a dimensão universal do evangelho, que não se restringe a uma cultura ou território específico, mas se estende a todos os povos.

            A carta também enfatiza a importância da união e da humildade dentro da comunidade. Paulo exorta os cristãos a aceitarem uns aos outros, assim como Cristo os aceitou, promovendo harmonia entre diferentes grupos étnicos e sociais. Essa instrução é particularmente relevante, considerando que a igreja de Roma incluía tanto judeus quanto gentios, cada um com suas tradições e experiências espirituais. O apóstolo destaca que a verdadeira unidade cristã não é conformidade superficial, mas um respeito profundo e mútuo, enraizado no amor e na fé em Cristo.

            Nos versículos finais, Paulo dedica uma atenção especial às saudações pessoais, mencionando diversos colaboradores, líderes e irmãos na fé. Essa lista de nomes revela a rede de relacionamentos que sustentava a missão cristã e mostra como a vida da igreja dependia de comunhão, apoio mútuo e serviço conjunto. Cada saudação transmite reconhecimento, gratidão e incentivo, refletindo a importância do cuidado pastoral e da valorização das pessoas dentro da obra de Deus.

            Paulo conclui com orações e bênçãos, destacando a grandeza e a fidelidade de Deus. Ele enfatiza que todo louvor e glória pertencem a Deus, que é capaz de fortalecer, orientar e guardar a comunidade em união com Cristo. Essa doxologia final (Rm 16,25-27) serve como um lembrete de que, apesar das dificuldades e desafios enfrentados na vida cristã, o plano de Deus é soberano e eficaz, garantindo que a mensagem do evangelho seja propagada e que a obra de salvação seja consumada.

            A conclusão da carta aos Romanos, portanto, cumpre várias funções essenciais:

            1. Reforço da maturidade espiritual – Paulo reconhece a capacidade dos cristãos de viver e ensinar a fé.
            2. Dimensão missionária – O apóstolo expressa seu compromisso de levar o evangelho a outros lugares, inspirando a comunidade a apoiar a missão.
            3. Unidade e aceitação – Paulo enfatiza a necessidade de harmonizar diferenças culturais e sociais na comunidade cristã.
            4. Reconhecimento das pessoas – As saudações pessoais mostram a importância da rede de apoio e do cuidado pastoral.
            5. Doxologia final – A carta termina com louvor a Deus, lembrando que a salvação e a propagação do evangelho dependem da ação soberana do Criador.

            Além disso, a conclusão de Romanos tem um valor pedagógico e inspirador. Ela ensina que a fé deve se manifestar em atitudes concretas: amor ao próximo, serviço, unidade e reconhecimento das contribuições de cada membro da comunidade. Paulo mostra que a vida cristã é simultaneamente profunda em doutrina e prática, combinando teologia com vivência comunitária e compromisso missionário. É um convite a viver a fé de forma integral, unindo conhecimento, ação e relacionamento.

            Em suma, Romanos 15,14 – 16,27 encerra a carta com uma síntese do que Paulo defendeu desde os primeiros capítulos: a graça de Deus transforma vidas, promove reconciliação e estabelece a comunidade como instrumento de propagação do evangelho. A conclusão reforça a centralidade de Cristo na vida do crente, a importância da unidade na diversidade e a necessidade de viver a fé de maneira prática, amorosa e missionária. Ela serve como um modelo para todas as comunidades cristãs, lembrando que a teologia deve sempre conduzir à ação, à edificação e à glorificação de Deus.

            3. Temas Teológicos Principais

            • Justificação pela fé: A salvação não depende de obras da lei, mas da graça de Deus recebida pela fé em Jesus Cristo.
            • Universalidade do pecado e da salvação: Tanto judeus como gentios estão debaixo do pecado, mas também são chamados à mesma salvação.
            • O papel da lei: A lei é santa, mas impotente para salvar; ela aponta para Cristo.
            • O Espírito Santo: Central na vida cristã, como poder para vencer o pecado e viver em santidade (Rm 8).
            • Eleição e soberania de Deus: Deus dirige a história da salvação segundo sua misericórdia.
            • Unidade da igreja: A diversidade entre judeus e gentios deve ser superada em Cristo.

            4. Relevância Atual

            Estes temas teológicos são os principais tópicos que fazem com que a Carta aos Romanos tenha ainda a sua relevância para o cristianismo ainda nos dias de hoje. A Carta aos Romanos, escrita pelo apóstolo Paulo no século I, continua sendo uma das epístolas mais influentes do Novo Testamento, com profunda relevância para a fé cristã contemporânea. Apesar de seu contexto histórico distante, os temas centrais da carta — justificação pela fé, santificação, graça de Deus, vida no Espírito e relação entre judeus e gentios — oferecem orientações práticas e espirituais que permanecem essenciais para os cristãos de hoje.

            Uma das principais contribuições de Romanos é a ênfase na justificação pela fé. Em um mundo marcado por competição, busca por mérito e autoafirmação, a carta lembra que a salvação não depende de esforço humano ou status social, mas da fé em Cristo e da graça divina. Essa mensagem oferece segurança, paz interior e liberdade diante de pressões externas, reforçando que o valor do ser humano não é medido por conquistas, mas pela aceitação e amor de Deus.

            A Carta aos Romanos também destaca a vida nova em Cristo e a santificação. Em um contexto contemporâneo de crises éticas e conflitos sociais, Paulo oferece um modelo de transformação pessoal que vai além de normas externas: a fé verdadeira produz mudanças internas, moldando pensamentos, atitudes e relacionamentos. A santificação é apresentada como um processo de crescimento contínuo, auxiliado pelo Espírito Santo, que capacita o crente a viver de maneira coerente com seus valores e princípios, mesmo diante de desafios e tentações.

            Outro ponto de grande relevância é a universalidade do evangelho. Romanos mostra que a graça de Deus não se limita a um povo ou cultura específica; judeus e gentios, diferentes grupos sociais e históricos, são igualmente convidados a participar da salvação. Para o cristão moderno, essa mensagem reafirma a importância da inclusão, tolerância e respeito à diversidade, fortalecendo a visão de uma comunidade de fé que transcende barreiras étnicas, culturais e sociais.

            A carta também trata do propósito e soberania de Deus na história, especialmente na relação entre Israel e os gentios. Para os leitores contemporâneos, isso oferece esperança em meio às incertezas da vida, lembrando que Deus está trabalhando para o bem de todos que confiam Nele. Essa perspectiva ajuda a enfrentar dificuldades pessoais e coletivas com paciência, confiança e perseverança, sabendo que os eventos da vida não ocorrem ao acaso, mas fazem parte de um plano maior.

            Além disso, Romanos apresenta um modelo de ética comunitária e responsabilidade social. Paulo enfatiza a necessidade de viver em harmonia, de apoiar uns aos outros e de servir com humildade. Em sociedades frequentemente marcadas por individualismo, conflitos e desigualdades, esses ensinamentos inspiram práticas de solidariedade, justiça e cuidado com o próximo. A carta mostra que a fé não é apenas experiência pessoal, mas deve se manifestar em ações concretas de amor, reconciliação e serviço.

            Finalmente, a carta oferece fundamento teológico sólido para a reflexão e ensino cristão. Temas como a natureza do pecado, a graça, a fé, a ressurreição e a esperança eterna ajudam o cristão a compreender a profundidade do evangelho, fortalecendo a fé e fornecendo respostas para questões existenciais e espirituais. Em um mundo que frequentemente questiona sentido, propósito e moralidade, Romanos continua sendo uma fonte de clareza, orientação e segurança espiritual.

            Em síntese, a relevância atual da Carta aos Romanos se manifesta em múltiplos níveis:

            • Espiritual: reforça a fé e a confiança na graça de Deus.
            • Ético: orienta a transformação de vida e prática do amor ao próximo.
            • Comunitário: promove unidade, inclusão e cooperação entre diferentes pessoas.
            • Esperança: lembra que Deus é soberano e fiel aos seus propósitos.
            • Missionário: incentiva a propagação do evangelho de forma global e inclusiva.

            Romanos não é apenas um documento histórico ou teológico; é um guia para viver a fé de forma plena e prática no mundo atual. Ele desafia o cristão a equilibrar conhecimento, espiritualidade e ação ética, mostrando que a fé verdadeira transforma o indivíduo e a sociedade. Por isso, a carta continua sendo indispensável, oferecendo inspiração, direção e esperança a todos que buscam compreender e viver o evangelho de maneira autêntica.

            Fontes:

            1. BROWN, Raymond E. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo: Paulinas, 2004.
            2. FITZMYER, Joseph A. Romanos: Introdução, Tradução e Comentário. São Paulo: Paulus, 1993. (Comentário Bíblico)
            3. SUETÔNIO. A Vida dos Doze Césares. Trad. Sady Garibaldi. São Paulo: Penguin / Companhia das Letras, 2017.
            4. WRIGHT, N. T. Paul and the Faithfulness of God. Minneapolis: Fortress Press, 2013.
            5. KONINGS, Johan. Cartas Paulinas. 2. ed. São Paulo: Loyola, 2009.

            SANTIDADE JOVEM RESPLANDECE COM CARLO ACUTIS E PIER GIORGIO FRASSATI

            Neste domingo, 7 de setembro de 2025, o Papa Leão XIV canonizará Carlo Acutis e Pier Giorgio Frassati, dois jovens que se tornaram ícones de santidade no coração da Igreja. Em meio a milhares de fiéis reunidos e milhões de pessoas conectadas pelos meios de comunicação, esta celebração presidida pelo Papa Leão XIV mostra ao mundo que a santidade não pertence ao passado, mas é possível, atual e inspiradora.

            A canonização de Carlo e Pier Giorgio é apresentada como sinal concreto de que o Evangelho pode ser vivido de forma criativa, alegre e encarnada no cotidiano. A santidade não exige feitos extraordinários, mas um coração disponível a amar. Essas palavras encontraram eco na vida de dois jovens separados por quase um século, mas unidos por uma mesma paixão: Jesus Cristo e o serviço generoso ao próximo.

            Carlo Acutis: a santidade na era digital

            Carlo Acutis nasceu em 1991, em Londres, e viveu grande parte de sua vida em Milão. Desde cedo, demonstrou profundo amor pela Eucaristia, a quem chamava de sua “autoestrada para o céu”. Talentoso no uso da informática, criou um site para catalogar milagres eucarísticos pelo mundo, mostrando como a tecnologia pode ser usada a serviço da evangelização.

            Sua santidade se expressou também na simplicidade do dia a dia: a generosidade com os colegas de escola, a atenção aos pobres e a oração constante diante do sacrário. Diagnosticado com leucemia fulminante, Carlo ofereceu seu sofrimento pelo Papa e pela Igreja. Morreu em 2006, aos 15 anos, e rapidamente sua fama de santidade se espalhou pelo mundo.

            Beatificado em 2020, em Assis, foi canonizado após a Igreja reconhecer milagres atribuídos à sua intercessão, incluindo a cura de um menino brasileiro. Carlo é agora reconhecido como o primeiro santo millennial, um sinal forte de que a santidade também se faz presente no coração da cultura digital.

            Pier Giorgio Frassati: a santidade no serviço e na amizade

            Pier Giorgio Frassati nasceu em Turim, em 1901, em uma família de posição social elevada. Diferentemente do ambiente burguês em que cresceu, escolheu dedicar sua juventude ao serviço dos pobres, dos doentes e dos mais marginalizados da cidade.

            Chamado por São João Paulo II de “homem das Bem-aventuranças”, Pier Giorgio viveu a santidade de maneira profundamente encarnada: era estudante de engenharia, alpinista, esportista e jovem alegre, mas nunca deixou que seus interesses pessoais o afastassem da caridade e da oração. Envolveu-se em movimentos católicos e sociais, sempre movido pelo desejo de construir uma sociedade mais justa.

            Morreu em 1925, aos 24 anos, vítima de poliomielite. Na ocasião de seu funeral, milhares de pobres e doentes, que haviam sido silenciosamente assistidos por ele, compareceram em massa, revelando ao mundo sua santidade escondida. Beatificado em 1990, foi finalmente elevado aos altares como santo neste 7 de setembro de 2025.

            Dois rostos de uma mesma santidade

            Embora tenham vivido em épocas muito diferentes, Carlo e Pier Giorgio partilham um mesmo horizonte: a busca de santidade no cotidiano. Um, apaixonado pela Eucaristia e pela evangelização no mundo digital; outro, marcado pela solidariedade com os mais necessitados e pela vida comunitária. Ambos mostram que a santidade se constrói em gestos concretos, com os pés firmes no chão e os olhos fixos em Cristo.

            Essas duas figuras representam, cada uma a seu modo, a atualidade da santidade. Carlo fala diretamente ao coração dos jovens de hoje, imersos em redes sociais e tecnologia, lembrando que a fé pode e deve habitar esses espaços. Pier Giorgio recorda que a santidade também se traduz em compromisso social e caridade ativa, necessária em um mundo marcado por desigualdades.

            Santidade como vocação universal

            A canonização desses dois jovens santos reforça a mensagem central do Concílio Vaticano II: todos são chamados à santidade. Essa não é uma meta inatingível, mas caminho real para cada batizado.

            A santidade não se mede pela idade, pela posição social ou pelos talentos humanos, mas pela capacidade de viver o amor de Cristo em cada situação. Carlo e Pier Giorgio mostram que é possível ser santo estudando, trabalhando, praticando esportes, navegando na internet ou servindo aos pobres.

            Comunhão com as Pias Discípulas

            Nós, Pias Discípulas do Divino Mestre, unimo-nos à Igreja universal neste dia de alegria e gratidão. A santidade de Carlo Acutis e Pier Giorgio Frassati ilumina também o nosso carisma, lembrando-nos da centralidade da Eucaristia, da vida de oração e da dedicação apostólica.

            A santidade desses dois jovens é fonte de inspiração para a juventude de hoje, mas também para todas as pessoas que desejam viver com autenticidade sua vocação cristã. Como discípulas, somos chamadas a testemunhar, junto com eles, que a santidade é possível em cada tempo e em cada cultura.

            A canonização de Carlo Acutis e Pier Giorgio Frassati abre uma nova página na história da Igreja. Em tempos de rápidas transformações culturais, suas vidas são sinais luminosos de que a santidade é atual, acessível e necessária.

            Na simplicidade de Carlo e na generosidade de Pier Giorgio, a Igreja encontra duas respostas concretas ao chamado de Cristo: “Sede santos, porque eu sou santo” (1Pd 1,16). Hoje, mais do que nunca, ressoa entre nós a certeza de que a santidade é o caminho de todos.

            Acompanhe a canonização:

            PRIMEIRO DOMINGO DO MÊS: RETIRO MENSAL DE SETEMBRO DE 2025

            A Família Paulina reserva o Primeiro Domingo do Mês para um momento especial de louvor e bênção a Jesus Mestre e Pastor, Caminho, Verdade e Vida. Nesta proposta, vivencia-se o retiro mensal, guiado por textos e roteiros preparados para favorecer a oração e a reflexão.

            Neste mês de setembro de 2025, a Equipe de Espiritualidade das Pias Discípulas do Divino Mestre oferece um subsídio preparado pela Ir. Maristela Bravin, pddm, que nos ajuda a entrar no clima de encontro profundo com a Palavra e com a pessoa de Jesus Mestre.

            Roteiro do Retiro – Setembro 2025

            Secretariado da Espiritualidade – PDDM
            23º Domingo do Tempo Comum – Ano C

            Ambiente

            • Cadeiras em círculo para todos os participantes.
            • No centro, uma mesa com toalha, Bíblia ou Lecionário e uma vela que será acesa no início.

            Refrão:
            “És o Caminho, Jesus, Verdade e Vida tu és.
            Vem, nossos passos conduz, sê a luz dos nossos pés.”

            Invocação ao Espírito Santo

            Leitura dos Textos Bíblicos

            • Evangelho: Lc 14,25-33
            • 1ª Leitura: Sb 9,13-18
            • Salmo: 89 (90)
            • 2ª Leitura: Fm 9b-10.12-17

            Aprofundamento dos Textos
            As leituras deste 23º Domingo do Tempo Comum trazem a temática do caminho: a vida é um caminho, muitas vezes difícil, que nos conduz à vida verdadeira e eterna. Esse itinerário só pode ser trilhado com a sabedoria de Deus e sob a luz do Espírito Santo.

            • Primeira Leitura (Sb 9,13-18): recorda que o ser humano não é autossuficiente e precisa deixar-se conduzir pela sabedoria de Deus.
            • Segunda Leitura (Fm 9b-10.12-17): São Paulo lembra que o amor é a norma fundamental do discípulo de Cristo. Ele transforma as relações humanas, fazendo-nos ver em cada pessoa um irmão.
            • Evangelho (Lc 14,25-33): Jesus aponta as exigências do caminho do discípulo: colocar o Reino de Deus acima dos laços familiares, carregar a própria cruz e renunciar aos bens materiais. Seguir Jesus significa fazer da vida um dom de amor a Deus e aos irmãos.

            O chamado do Mestre é radical: o Reino deve ser a prioridade máxima, a pérola preciosa pela qual vale a pena deixar tudo.

            Partilha comunitária

            • Frutos da oração pessoal e comunitária.
            • Canto ou recitação do Salmo 89 (90).
            • Pai-Nosso e oração final.

            Vivência do Primeiro Domingo do Mês

            Este roteiro preparado pela Ir. Maristela Bravin, pddm, é um convite a cada um de nós: acolher a radicalidade do chamado de Jesus Mestre, que pede entrega e confiança, mas que conduz à verdadeira Vida.

            Que, neste Primeiro Domingo do Mês, possamos renovar nossa caminhada como discípulos, colocando nossa vida nas mãos de Deus e deixando-nos guiar pelo Espírito Santo.

            Veja texto do roteiro na íntegra. Boa oração!

            Paulinas celebram o 12º Capítulo Geral em Ariccia, na Itália

            De 7 de setembro a 7 de outubro de 2025, as Filhas de São Paulo (Paulinas) realizam o seu 12º Capítulo Geral em Ariccia, na região de Roma, no coração das Colinas Albanas. O evento acontece no ano em que a Congregação celebra 110 anos de fundação, renovando sua fidelidade ao carisma recebido do Bem-aventurado Tiago Alberione.

            Reúnem-se para este momento 57 capitulares, representantes das comunidades espalhadas pelos cinco continentes. Durante um mês, elas estarão em discernimento e oração para definir as diretrizes da missão da Congregação para os próximos seis anos e eleger o novo Governo Geral.

            O tema escolhido, “Impulsionadas pelo Espírito, à escuta da humanidade de hoje, comunicamos o Evangelho da esperança”, expressa o desejo das Paulinas de responder com criatividade e coragem aos desafios contemporâneos, permanecendo fiéis ao chamado de anunciar o Evangelho através de todos os meios e linguagens da comunicação, com especial atenção ao mundo digital.

            Atualmente, as Paulinas estão presentes em 50 países, com cerca de 1.800 religiosas e 250 jovens em formação. Seu apostolado inclui a produção editorial e digital, a formação para o uso crítico e criativo dos meios de comunicação, a gestão de livrarias e sites, além de projetos de rádio, televisão e animação bíblica.

            O Capítulo Geral é descrito pelas próprias religiosas como um tempo de discernimento e profecia, de abertura ao Espírito e de escuta do grito do mundo. É também uma ocasião para traçar novos caminhos e reafirmar a missão de serem semeadoras de esperança, capazes de anunciar palavras de vida em meio às transformações do tempo presente.

            A inspiração bíblica que acompanha o Capítulo é retirada do profeta Isaías:

            “Eis que estou fazendo uma coisa nova: ela já está surgindo, não a percebeis?” (Is 43,19)

            Como Pias Discípulas do Divino Mestre, unimo-nos em oração e comunhão às nossas irmãs Paulinas pela realização deste Capítulo, pedindo ao Espírito Santo que as ilumine e fortaleça nesta missão de anunciar o Evangelho da esperança ao mundo de hoje.

            LITURGIA DO DIA: 4ª FEIRA DA 22ª SEMANA DO TEMPO COMUM

            São Gregório Magno, Papa e Doutor da Igreja – Memória
            22ª Semana do Tempo Comum

            As leituras propostas para a liturgia do dia desta quarta-feira, 3 de setembro de 2025, nos convidam a refletir sobre o testemunho da fé, a missão da Igreja e a compaixão de Cristo diante do sofrimento humano. Neste dia especial, a Igreja celebra também a memória de São Gregório Magno, papa e doutor, que deixou marcas profundas na história da liturgia, da teologia e da espiritualidade cristã.

            As leituras são: Colossenses 1,1-8; Salmo 51(52),10-11; Lucas 4,38-44.

            Primeira leitura: Colossenses 1,1-8

            Na carta aos Colossenses, São Paulo e Timóteo se dirigem aos cristãos da cidade de Colossos, exaltando a fé e a caridade que brotam da esperança. O apóstolo sublinha que o Evangelho chegou a eles e continua a frutificar no mundo inteiro, transformando vidas e gerando comunidades novas.

            Este trecho é um verdadeiro hino à ação missionária da Palavra de Deus. A fé não se limita a uma adesão intelectual, mas se manifesta concretamente em amor e serviço. A liturgia do dia nos recorda que a vida cristã floresce quando está enraizada na esperança que vem do céu.

            A menção a Epáfras, colaborador de Paulo, também nos ensina sobre a importância da comunhão eclesial: ninguém caminha sozinho na missão, mas todos colaboram para que o Evangelho alcance novos corações.

            Salmo Responsorial: Salmo 51(52),10-11

            O salmista proclama: “Confio na misericórdia de Deus para sempre e eternamente!” Este salmo reforça a confiança no Senhor, que é fiel e misericordioso.

            Na liturgia do dia, o salmo funciona como resposta à mensagem da primeira leitura: a fé que cresce e dá frutos não nasce do esforço humano isolado, mas da confiança em Deus que sustenta, purifica e fortalece.

            Evangelho: Lucas 4,38-44

            O evangelho de Lucas 4,38-44 apresenta uma cena decisiva para compreender a identidade de Jesus e o modo como Ele realiza sua missão. O episódio da cura da sogra de Simão, seguido das numerosas curas e do anúncio do Reino em outras cidades, não deve ser lido apenas como uma série de milagres isolados, mas como manifestação concreta de que a salvação chegou e já está atuando na história.

            A narrativa começa com Jesus saindo da sinagoga e dirigindo-se à casa de Simão. Ali encontra a sogra do discípulo enferma, tomada por febre. O detalhe aparentemente simples tem um profundo significado teológico: o Messias não permanece apenas no espaço sagrado da sinagoga, mas entra no espaço doméstico, onde a vida cotidiana acontece.

            O encontro com o Reino não se restringe ao culto, mas se estende às realidades mais simples e familiares. Ao se inclinar sobre a mulher e ordenar à febre que a deixe, Jesus revela que sua autoridade não se limita ao mundo espiritual, mas alcança também a fragilidade física. Sua palavra é eficaz, capaz de recriar e restaurar. O gesto que se segue é revelador: imediatamente a mulher se levanta e começa a servir.

            O sinal da cura não é apenas o desaparecimento da febre, mas a restituição da pessoa à sua vocação primeira, que é o serviço. Em linguagem lucana, ser salvo por Cristo significa ser reinserido na comunhão e na capacidade de doar-se.

            Ao entardecer, quando o dia do sábado já tinha terminado, as multidões se aproximam trazendo enfermos de toda espécie. A descrição mostra a universalidade da compaixão de Cristo. Ele não cura apenas alguns, mas toca a todos, impondo as mãos e devolvendo dignidade a cada um. A proximidade do gesto de tocar indica que não se trata de uma força mágica que age à distância, mas de uma presença amorosa e atenta, que respeita a singularidade de cada pessoa.

            Além das doenças físicas, Jesus também expulsa demônios. Aqui se revela uma dimensão ainda mais profunda de sua missão: Ele veio para destruir as forças do mal que escravizam o ser humano. Curar os corpos é parte da salvação, mas libertar das potências espirituais hostis é a obra plena do Messias. Os demônios o reconhecem como o Filho de Deus, mas Ele os silencia, porque sua identidade messiânica não deve ser proclamada por forças obscuras, nem interpretada de modo sensacionalista. Sua verdadeira revelação acontecerá na obediência à vontade do Pai e no mistério da cruz e da ressurreição.

            Depois de um dia inteiro de curas e milagres, Jesus se retira para um lugar deserto. O movimento é significativo: mesmo diante da multidão que o procura e quer retê-lo, Ele se coloca em oração e em silêncio diante de Deus. Essa atitude mostra que sua missão não se deixa guiar pelo entusiasmo popular ou pelo sucesso imediato, mas pela fidelidade ao desígnio divino.

            Quando as pessoas tentam convencê-lo a permanecer em Cafarnaum, sua resposta é clara: “É necessário que eu anuncie também às outras cidades a Boa-Nova do Reino de Deus, pois para isso é que fui enviado”. O termo “é necessário” traduz uma convicção teológica fundamental: tudo o que Jesus faz obedece ao plano salvífico do Pai. Ele não é simplesmente um curandeiro local, mas o enviado de Deus para anunciar o Reino a todos. A missão, portanto, é universal e não pode ser aprisionada por interesses particulares.

            Do ponto de vista teológico, este trecho revela o núcleo da cristologia lucana. Jesus é o Messias que realiza a salvação de forma integral: cura as doenças, liberta dos demônios e proclama o Reino. Ele é o Senhor da vida, aquele cuja palavra cria e restaura, aquele que não se deixa dominar por expectativas humanas, mas permanece fiel ao envio recebido.

            Também a eclesiologia se ilumina à luz desse texto: a sogra de Simão simboliza a comunidade que, ao ser curada por Cristo, não permanece passiva, mas se levanta e se põe a servir. A Igreja existe não para si mesma, mas para servir, anunciando e testemunhando a graça recebida.

            Finalmente, a dimensão missionária é explicitada: o evangelho não pode ficar restrito a um grupo ou território, mas deve ser levado a todos os povos, pois é Boa-Nova para toda a humanidade.

            A atualização desse texto para a vida cristã é evidente. Hoje, como ontem, Cristo continua a entrar em nossas casas, a inclinar-se sobre nossas fragilidades e a restaurar nossa capacidade de servir. Muitos ainda sofrem não só de doenças físicas, mas de feridas emocionais e espirituais. Jesus continua a tocar e curar, especialmente nos sacramentos e na vida comunitária. Sua palavra continua eficaz, libertando-nos das forças que nos aprisionam.

            Ao mesmo tempo, este evangelho nos recorda que a experiência da graça não pode ser vivida de maneira egoísta. A cura leva necessariamente ao serviço, e a salvação recebida nos envia em missão. Como Jesus, a Igreja é chamada a não se fixar apenas no lugar do sucesso, mas a ir sempre além, a ser missionária, a levar o anúncio do Reino a todos os ambientes da sociedade e a todos os povos.

            Assim, Lucas 4,38-44 nos mostra um Cristo profundamente humano e divino: próximo dos que sofrem, compassivo diante das misérias humanas, mas ao mesmo tempo firme em sua missão de anunciar o Reino em toda parte. Ele nos ensina que a verdadeira fé não se esgota no milagre, mas se manifesta na vida transformada e colocada a serviço. Ele nos convida a seguir seus passos, deixando-nos curar e libertar, para que também possamos ser testemunhas do Reino em nosso tempo.

            São Gregório Magno: pastor e doutor da Igreja

            A memória litúrgica de hoje nos apresenta São Gregório Magno (540-604), papa entre os anos 590 e 604. Ele é considerado um dos maiores pastores da Igreja antiga. Sua humildade marcou seu pontificado: mesmo sendo Papa, assumiu o título de “Servo dos servos de Deus”, expressão que até hoje acompanha os papas.

            Gregório foi também um grande reformador da liturgia, incentivando a simplicidade, a dignidade e a centralidade da oração. É a ele atribuído o desenvolvimento do canto gregoriano, expressão musical que elevou a oração cristã e atravessou os séculos como herança espiritual da Igreja.

            Seu cuidado pelos pobres e sua atenção missionária também são notáveis: enviou monges para evangelizar a Inglaterra, mostrando que a Igreja não pode se fechar em si mesma, mas deve estar sempre em saída, como recorda o Papa Francisco.

            Celebrar São Gregório Magno na liturgia do dia é recordar a importância de unir fé, serviço e sabedoria pastoral, a exemplo de Cristo que veio para servir e dar a vida.

            Mensagem para a vida cristã

            A liturgia do dia desta quarta-feira nos deixa preciosos ensinamentos:

            1. A fé gera frutos concretos – como recorda a carta aos Colossenses, a fé não é teoria, mas prática que se traduz em amor. O cristão é chamado a deixar que o Evangelho transforme sua vida e seu modo de se relacionar com os outros.
            2. A confiança na misericórdia de Deus é fonte de esperança – o salmo nos convida a colocar nossa vida nas mãos do Senhor, mesmo diante das dificuldades.
            3. A cura leva ao serviço – a atitude da sogra de Simão é um exemplo de que ser tocado por Cristo não é fim em si mesmo, mas começo de uma vida dedicada ao próximo.
            4. A missão é universal – Jesus não se restringe a um lugar ou a um grupo, mas anuncia o Reino em todos os lugares. Também nós somos chamados a viver uma fé que se abre, que dialoga e que testemunha.
            5. O exemplo de São Gregório Magno – sua vida mostra que a santidade se constrói na humildade, na oração e na entrega generosa ao serviço da Igreja e dos mais necessitados.

            A liturgia do dia nos convida a refletir sobre como vivemos nossa fé no cotidiano. Temos permitido que o Evangelho dê frutos em nossas atitudes? Nossa confiança está firmada na misericórdia de Deus, mesmo diante de crises pessoais ou sociais?

            O evangelho nos provoca a olhar para os sofrimentos ao nosso redor. Muitas pessoas aguardam um gesto de compaixão, um cuidado, uma palavra de esperança. Assim como Jesus curou os enfermos de Cafarnaum, também nós somos chamados a ser instrumentos de cura espiritual, emocional e até material para aqueles que sofrem.

            Celebrar São Gregório Magno nos recorda ainda a importância da liturgia como caminho de encontro com Deus. Nossa participação na missa e nos sacramentos deve ser consciente, viva e transformadora, pois é ali que Cristo continua a nos curar e enviar em missão.

            A liturgia do dia de 3 de setembro de 2025 nos oferece um rico itinerário espiritual. A carta aos Colossenses nos mostra a fé que dá frutos; o salmo nos recorda a confiança na misericórdia divina; o evangelho revela a compaixão de Cristo e o chamado ao serviço; e a memória de São Gregório Magno nos inspira a viver a humildade e o zelo missionário.

            Que esta celebração nos ajude a renovar nossa fé, fortalecer nossa esperança e impulsionar nossa caridade. Como São Gregório, sejamos também servos dos servos de Deus, anunciando com a vida a Boa-Nova que transforma o mundo.

            LITURGIA DO DIA: 3ª FEIRA DA 22ª SEMANA DO TEMPO COMUM

            A liturgia do dia desta terça-feira, 2 de setembro de 2025, nos convida a mergulhar no mistério da presença libertadora de Cristo, que vence as trevas e oferece uma vida nova em comunhão com Deus. Estamos na 22ª Semana do Tempo Comum, Ano Ímpar (I), e as leituras propostas pela Igreja nos recordam a vigilância, a confiança e a vitória da luz sobre toda forma de mal.

            As leituras são:

            • Primeira leitura: 1Ts 5,1-6.9-11
            • Salmo responsorial: Sl 26(27),1.4.13-14 (R. 13)
            • Evangelho: Lc 4,31-37

            Primeira leitura: 1Ts 5,1-6.9-11 – Viver na luz de Cristo

            Na carta aos Tessalonicenses, São Paulo nos exorta a viver como filhos da luz. Ele recorda que o “Dia do Senhor” virá de maneira inesperada, como “ladrão de noite”. Por isso, não podemos viver adormecidos, acomodados ou distraídos com as ilusões deste mundo.

            A mensagem é clara: quem pertence a Cristo não anda nas trevas. Somos chamados à sobriedade, à vigilância e à fé constante. Paulo reforça que não fomos destinados para a ira, mas para alcançar a salvação por meio de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele morreu por nós para que, estejamos acordados ou adormecidos, vivamos unidos a Ele.

            A liturgia do dia nos lembra, assim, que a vida cristã é marcada pela esperança. Não se trata de medo do fim, mas de uma confiança que fortalece a comunidade. É por isso que Paulo conclui incentivando os irmãos: “Consolai-vos uns aos outros e edificai-vos mutuamente”. O chamado é para viver em comunhão, ajudando-nos a permanecer firmes na luz.

            Salmo responsorial: Sl 26(27) – “Sei que a bondade do Senhor eu hei de ver”

            O salmo 26 é uma resposta confiante à mensagem da primeira leitura. O salmista proclama: “O Senhor é minha luz e salvação; a quem eu temerei?” É um convite à confiança plena em Deus, mesmo diante das dificuldades e ameaças.

            O salmo nos conduz a uma atitude de esperança, de quem espera a ação de Deus com paciência e certeza de que a vitória final pertence ao Senhor. A liturgia do dia nos ajuda, portanto, a recordar que a verdadeira segurança não está nas forças humanas, mas na bondade divina que nunca falha.

            Evangelho: Lc 4,31-37 – Jesus vence o mal e anuncia com autoridade

            No Evangelho segundo São Lucas, contemplamos Jesus em Cafarnaum, ensinando com autoridade. Sua palavra não era como a dos mestres da lei, mas carregava uma força que tocava profundamente os corações. A cena ganha intensidade quando Ele expulsa um espírito impuro que atormentava um homem.

            O demônio reconhece quem é Jesus: “Eu sei quem Tu és: o Santo de Deus!” Essa confissão involuntária revela a identidade de Cristo, que veio para libertar o ser humano do poder do mal. Com uma ordem firme, Jesus manda que o espírito saia, e todos ficam admirados com o poder de Sua palavra.

            A liturgia do dia nos coloca diante da força libertadora de Cristo. Sua presença não apenas ensina, mas transforma. Ele não é um mestre qualquer, mas o Filho de Deus que tem autoridade sobre o mal, sobre as doenças e sobre a morte.

            Esse Evangelho nos convida a refletir: quais são os “espíritos impuros” que ainda nos escravizam? Medos, vícios, rancores, mentiras, desânimos? Cristo tem poder de libertar cada um de nós, assim como libertou aquele homem em Cafarnaum. Basta nos abrirmos à Sua graça.

            Mensagem central da liturgia do dia

            Unindo as três leituras, vemos uma linha condutora: a vitória da luz sobre as trevas.

            • São Paulo nos exorta à vigilância, lembrando que somos filhos da luz.
            • O salmo proclama a confiança no Senhor que é nossa salvação.
            • O Evangelho mostra Jesus vencendo o mal com Sua palavra poderosa.

            A liturgia do dia nos recorda que a vida cristã não é passiva. Precisamos estar atentos, vigilantes, enraizados na fé e abertos à ação libertadora de Cristo. A vigilância espiritual não é medo, mas confiança ativa, esperança que se traduz em escolhas concretas de vida nova.

            Essa mensagem é profundamente atual. Em um mundo marcado por tantas incertezas, inseguranças e crises, o convite à vigilância e à confiança em Cristo é essencial. Muitas vezes, nos deixamos adormecer pelo comodismo, pelas distrações digitais ou pelas promessas fáceis de felicidade passageira.

            A liturgia do dia nos chama a despertar. Lembra-nos de que o tempo da salvação é agora. Precisamos nos revestir da sobriedade e da fé, para não sermos vencidos pelo medo ou pela indiferença.

            O Evangelho nos mostra que os “espíritos impuros” continuam presentes na sociedade: egoísmo, injustiça, ódio, violência. Mas também nos garante que Cristo é mais forte do que todas essas forças. Sua palavra continua a ter autoridade para transformar vidas.

            Celebrar a liturgia do dia é, portanto, atualizar em nossa vida essa certeza: Jesus está vivo, caminha conosco e tem poder de nos libertar.

            A liturgia do dia nos inspira a três atitudes concretas:

            1. Vigilância espiritual: estar atentos à presença de Deus e não deixar que a rotina ou o pecado nos adormeçam.
            2. Confiança em Deus: diante das dificuldades, proclamar como o salmista: “O Senhor é minha luz e salvação.”
            3. Abertura à libertação de Cristo: deixar que Sua palavra nos transforme, nos cure e nos liberte das cadeias que nos prendem.

            A liturgia do dia desta terça-feira, 2 de setembro de 2025, nos revela a força da Palavra de Deus que ilumina, consola e liberta. Ela nos recorda que somos filhos da luz, chamados à vigilância e à confiança. O salmo reforça que nossa esperança está em Deus, e o Evangelho confirma que Cristo tem poder sobre todo mal.

            Ao participar da liturgia do dia, renovamos nossa fé no Senhor que é nossa luz e salvação. Que possamos deixar que Sua Palavra nos transforme, para que vivamos em sobriedade, esperança e comunhão fraterna, sendo sinais da vitória da luz sobre as trevas no mundo de hoje.

            LEIA SOBRE O MÊS DA BÍBLIA

            Mês da Bíblia 2025

            MÊS DA BÍBLIA 2025: “A ESPERANÇA NÃO DECEPCIONA” (Rm 5,5)

            Todos os anos, no mês de setembro, a Igreja no Brasil dedica um tempo especial à escuta, ao estudo e à celebração da Palavra de Deus. É o chamado Mês da Bíblia, um momento que nasceu em 1971 e se tornou tradição viva em nossas comunidades, ajudando gerações de cristãos a se aproximarem mais das Escrituras.

            Em 2025, a reflexão será conduzida pela Carta de São Paulo aos Romanos, com o lema escolhido: “A esperança não decepciona” (Rm 5,5). A proposta não está isolada: ela dialoga diretamente com o Ano Santo da Encarnação – Jubileu 2025, convocado pelo Papa Francisco. Assim, o Mês da Bíblia torna-se parte da grande caminhada jubilar, iluminando o povo de Deus com a luz da esperança que nasce da fé em Jesus Cristo.

            A riqueza da Carta aos Romanos

            scrita pelo apóstolo Paulo por volta do ano 57 d.C., durante sua estadia em Corinto, a Carta aos Romanos é considerada uma das páginas mais importantes do Novo Testamento. Ali, Paulo apresenta de maneira profunda e clara o núcleo de sua pregação: a salvação é dom gratuito oferecido por Deus em Cristo, e todos são convidados a recebê-la pela fé.

            O versículo escolhido para guiar a meditação de 2025, “A esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5), é uma das expressões mais belas do Novo Testamento. Ele nos recorda que a esperança cristã não é fruto de otimismo passageiro, mas da certeza de que Deus age em nossa história e não abandona os seus filhos.

            Num mundo marcado por crises sociais, ambientais, políticas e espirituais, a mensagem paulina ressoa como um bálsamo. A esperança que Paulo anuncia é enraizada no amor de Deus e alimentada pela presença do Espírito Santo.

            Celebrar o Mês da Bíblia com esse lema é deixar-se renovar por uma esperança que não é ilusória, mas firme e transformadora. É um convite para olhar para frente sem medo, confiando que a vida no Espírito é sempre fecunda, mesmo em tempos difíceis.

            O Jubileu 2025 e a centralidade da Palavra

            O Papa Francisco convocou a Igreja para viver o Ano Santo da Encarnação, um Jubileu que recorda o mistério de Deus que se fez homem em Jesus Cristo. A escolha da Carta aos Romanos para guiar o Mês da Bíblia de 2025 está em plena sintonia com esse momento.

            Enquanto o Jubileu convida os cristãos a atravessar a Porta Santa e renovar sua vida de fé, o Mês da Bíblia ajuda a abrir outra porta: a da escuta da Palavra. Ambas as experiências se complementam, levando-nos a reconhecer que a encarnação do Verbo é a maior garantia de que a esperança cristã jamais decepciona.

            Encontros bíblicos e vivência comunitária

            O Mês da Bíblia não se limita à leitura individual. Ele ganha vida nas comunidades, nas famílias, nos grupos de oração e nas pastorais que se reúnem para refletir e rezar em torno da Palavra. Em 2025, esses encontros terão como foco a Carta aos Romanos, permitindo que cada pessoa descubra, de forma prática, como viver a esperança no cotidiano.

            Para apoiar essa caminhada, está disponível um livreto digital com sugestões de encontros, roteiros e reflexões. Esse material pode ser usado por grupos de jovens, pastorais, catequese ou em família.

            👉 Clique aqui para baixar o livreto do Mês da Bíblia 2025

            Convite especial: live sobre a Carta aos Romanos

            Além dos encontros presenciais, a tecnologia nos permite estar unidos em oração e formação mesmo à distância. Por isso, neste mês de setembro acontecerá uma live especial dedicada ao tema do Mês da Bíblia:

            📅 Data: 06 de setembro de 2025
            Horário: 20h (horário de Brasília)
            📍 Transmissão: YouTube – Pias Discípulas do Divino Mestre
            🎙 Tema: Carta aos Romanos – para o Mês da Bíblia
            👤 Com: Ir. Helena Ghiggi, PDDM

            Será um momento de oração, estudo e partilha fraterna. Não deixe de participar! E lembre-se de ativar o sininho no canal do YouTube para receber o lembrete.

            A Palavra que transforma a vida

            Ler a Bíblia é muito mais do que adquirir conhecimento: é abrir o coração para deixar-se conduzir pelo Espírito. A Carta aos Romanos nos mostra que não vivemos segundo a carne, mas segundo o Espírito, e que essa vida nova nos torna testemunhas da esperança.

            O Mês da Bíblia, portanto, não é um evento isolado, mas um caminho que quer transformar nossa vida pessoal e comunitária. Ele nos recorda que a Palavra de Deus é lâmpada para os pés e luz para o caminho (Sl 119,105).

            Ao longo de setembro de 2025, cada cristão é chamado a mergulhar no mistério da esperança cristã, guiado pelas palavras de Paulo aos Romanos. Essa esperança nasce do amor de Deus, é sustentada pela fé em Cristo e se manifesta na vida conduzida pelo Espírito Santo.

            Que este Mês da Bíblia fortaleça nossa caminhada jubilar, ajudando-nos a experimentar a alegria de sermos filhos e filhas de Deus que vivem da esperança.

            📖 Mês da Bíblia 2025
            Tema: Carta aos Romanos
            Lema: “A esperança não decepciona” (Rm 5,5)

            LITURGIA DO DIA: MEMÓRIA DO MARTÍRIO DE SÃO JOÃO BATISTA

            Sexta-feira, 29 de Agosto de 2025 – 21ª Semana do Tempo Comum

            Leituras:

            • Jr 1,17-19
            • Sl 70(71),1-2.3-4a.5-6ab.15ab e 17 (R. 15a)
            • Mc 6,17-29

            A liturgia do dia celebra a memória do Martírio de São João Batista, o profeta que preparou os caminhos do Senhor e testemunhou a verdade até o derramamento de sangue. João não se calou diante da injustiça: denunciou o pecado de Herodes, mesmo sabendo que isso poderia custar-lhe a vida. Sua fidelidade à Palavra de Deus foi maior que o medo, tornando-se sinal de coragem e autenticidade para todos os cristãos.

            Na primeira leitura (Jr 1,17-19), Deus fortalece o profeta Jeremias diante das perseguições: “Eles lutarão contra ti, mas não vencerão, porque estou contigo para te salvar”. Essa palavra ecoa na vida de João Batista, que mesmo diante do poder terreno, manteve-se firme na missão recebida.

            O Salmo 70(71) é um canto de confiança em Deus, refúgio seguro em meio às provações: “Minha boca anunciará todos os dias vossa justiça”. Assim como João, somos chamados a proclamar com a vida a fidelidade do Senhor.

            No Evangelho (Mc 6,17-29), contemplamos o martírio do Batista. Preso injustamente por denunciar a união ilícita de Herodes com Herodíades, ele é decapitado a mando de uma decisão cruel e impiedosa. Sua morte não é fracasso, mas testemunho de que a verdade do Reino de Deus não pode ser silenciada.

            O Evangelho de Marcos apresenta, de maneira dramática, o martírio de João Batista. O texto não é apenas um relato histórico, mas uma leitura teológica que ilumina a missão do profeta e, ao mesmo tempo, aponta para o mistério pascal de Cristo.

            João denuncia a relação ilícita de Herodes com Herodíades, revelando que a fidelidade ao plano de Deus não se negocia. A Palavra profética é sempre crítica diante das estruturas de poder que se fecham à justiça. Por isso, João é preso. A profecia, quando é autêntica, incomoda e provoca resistência, exatamente porque não se curva ao pragmatismo político nem ao interesse pessoal.

            Herodes aparece como figura trágica: reconhece João como justo e santo, sente-se atraído por suas palavras, mas ao mesmo tempo se deixa dominar pelo medo e pela vaidade. O juramento feito diante dos convidados, mais forte do que a própria consciência, o leva a ordenar a morte do profeta. O texto mostra como o coração dividido entre a verdade e a busca de aprovação social pode gerar injustiça e violência.

            O martírio de João Batista é uma prefiguração da paixão de Cristo. Assim como João foi entregue por causa da verdade, Jesus será condenado por anunciar o Reino de Deus. O silêncio diante da morte não é derrota, mas sinal de que a fidelidade a Deus ultrapassa a lógica do mundo. João morre como o último dos profetas e como aquele que prepara o caminho para o sacrifício redentor do Cordeiro.

            A memória litúrgica do martírio de João Batista insere a Igreja no mistério da cruz. Ao celebrar sua morte, a liturgia recorda que o seguimento de Cristo implica testemunho até as últimas consequências. A Eucaristia, em que participamos da entrega total de Jesus, encontra no testemunho do Batista um reflexo: a vida do discípulo deve ser oferecida em coerência e amor à verdade.

            Hoje, a figura de João Batista interpela a Igreja e cada cristão:

            • Estamos dispostos a anunciar a verdade do Evangelho, mesmo quando isso contraria interesses dominantes?
            • Nossas escolhas se orientam pela fidelidade a Deus ou pela busca de prestígio e aprovação?
            • Sabemos reconhecer que a missão profética continua viva no testemunho de tantos que, em diferentes partes do mundo, ainda derramam seu sangue pela fé?

            Celebrar João Batista é, portanto, celebrar a força da verdade que não se deixa calar, mesmo diante da morte. É um convite a renovar nossa coragem profética no seguimento de Cristo. Esta memória nos ajuda a recordar que a vida cristã exige coerência, coragem e disposição de testemunhar a verdade do Evangelho, mesmo em meio às adversidades.

            Oração:
            Que o exemplo de São João Batista nos inspire a viver com coragem a fé em Cristo, defendendo a verdade e a justiça, para que também nós sejamos testemunhas do Reino de Deus no mundo de hoje.

            REZANDO COM O ÍCONE DE SÃO JOÃO BATISTA

            Ícone de São João Batista

            Este ícone é uma representação tradicional de São João Batista na espiritualidade oriental, especialmente no contexto bizantino. Abaixo, um pequeno texto dividido em três dimensões: o que vemos no ícone, seu significado histórico-teológico e sua ligação com a liturgia de hoje (29 de agosto, Martírio de São João Batista).

            1. O que o ícone mostra

            • São João Batista aparece com feições austeras, cabelos longos e barba, em atitude de profeta e mártir.
            • Ele é representado com asas, não porque fosse anjo, mas porque os ícones orientais o chamam de “Anjo do Deserto”, lembrando a profecia de Malaquias: “Eis que envio o meu anjo diante de ti, para preparar o teu caminho” (Ml 3,1; Mc 1,2).
            • Em uma das mãos, João segura uma cruz, sinal de sua missão profética que aponta para Cristo e para a cruz de Jesus.
            • No outro braço, ele carrega um prato com sua própria cabeça decapitada, lembrando seu martírio por ordem de Herodes, como narrado no Evangelho de hoje (Mc 6,17-29).
            • Na outra mão (ou às vezes em um pergaminho), aparece uma inscrição com a palavra de sua pregação: “Arrependei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo” (Mt 3,2).

            2. Sentido histórico e espiritual do ícone

            Historicamente, esse tipo de ícone é chamado de “João Batista, o Precursor e Mártir”. Ele nasceu no Oriente cristão, onde a iconografia busca revelar o mistério espiritual e não apenas narrar fatos.

            O prato com a cabeça é uma imagem dura, mas não macabra: é o testemunho máximo da fidelidade profética, um “sacrifício” oferecido a Deus. O ícone, portanto, ajuda na oração porque:

            • Nos recorda que a vida do cristão é testemunho até as últimas consequências.
            • Nos convida a escutar a voz de João: conversão, arrependimento e fidelidade ao Reino.
            • Nos põe diante da verdade que liberta, ainda que custe perseguição.

            Na oração pessoal, contemplar este ícone pode conduzir à meditação sobre a própria fidelidade a Cristo: até onde eu sou capaz de testemunhar a verdade do Evangelho?

            3. Ligação litúrgica com o dia de hoje (29 de agosto)

            A liturgia celebra hoje a Memória do Martírio de São João Batista, único santo, além de Maria, que tem duas festas no calendário:

            • 24 de junho: Natividade de João Batista.
            • 29 de agosto: Martírio de João Batista.

            A leitura de Mc 6,17-29 nos apresenta justamente o episódio retratado no ícone: a prisão, a denúncia profética contra Herodes e a decapitação de João.

            Portanto, este ícone está profundamente ligado à liturgia de hoje, porque traz em forma visual e orante o mesmo mistério que a Palavra proclama. Enquanto o Evangelho narra a morte de João, o ícone revela seu sentido:

            • João como profeta fiel até o fim.
            • João como testemunha da verdade.
            • João como preparador do caminho de Cristo, o verdadeiro Cordeiro imolado.

            Portanto, este ícone não é apenas uma lembrança artística, mas uma janela para o mistério litúrgico que celebramos. Ele ajuda na oração porque nos coloca diante do exemplo de João Batista — o profeta que anuncia a verdade, chama à conversão e entrega a própria vida em testemunho do Reino de Deus.

            LITURGIA DO DIA: 2ª FEIRA DA 21ª SEMANA DO TEMPO COMUM

            Liturgia do Dia – Segunda-feira, 25 de agosto de 2025
            21ª Semana do Tempo Comum – Ano Ímpar (I)

            Leituras:
            1Ts 1,1-5.8b-10
            Sl 149,1-2.3-4.5-6a e 9b (R. 4a)
            Mt 23,13-22

            Um chamado à autenticidade e à alegria do Evangelho

            Neste início de semana, a Palavra de Deus nos convida a olhar para a essência da vida cristã: fé viva, esperança perseverante e testemunho coerente. A carta de São Paulo aos Tessalonicenses abre a liturgia com um tom afetuoso. Ele recorda que a comunidade não apenas recebeu a Palavra, mas a vive com força e alegria, mesmo em meio às dificuldades. Essa fé contagiante tornou-se exemplo para outros. É um convite para que cada cristão seja sinal do amor de Deus onde vive e trabalha.

            O salmo 149 é um hino de louvor e celebração. Ele nos lembra que a vida de fé não é um peso, mas um canto novo. O Senhor ama seu povo e se alegra com aqueles que confiam nele. Cantar este salmo é experimentar a certeza de que Deus caminha conosco e nos fortalece.

            No Evangelho, Jesus é firme com os líderes religiosos. Ele denuncia a hipocrisia daqueles que fecham as portas do Reino e colocam obstáculos para os outros. Não é um texto para apontar o dedo para os outros, mas para examinar o próprio coração: quantas vezes podemos transformar a fé em regras sem vida? Jesus nos chama a uma religião de verdade, que não se esconde atrás de aparências, mas busca o essencial: o amor a Deus e ao próximo.

            Aqui estão alguns caminhos práticos e espirituais para viver essa “religião de verdade” que Jesus nos propõe:

            1. Cultivar uma relação pessoal com Deus: a fé não é apenas cumprir normas; é encontro. Reserve momentos diários para oração silenciosa, leitura orante da Bíblia e participação consciente da liturgia. Isso aprofunda a amizade com Deus e orienta as escolhas.

            2. Viver o essencial: amor concreto: o amor a Deus se prova no amor ao próximo (cf. Mt 22,37-40). Isso significa escutar, perdoar, partilhar, acolher. Pequenos gestos – um sorriso, uma ajuda, um pedido de desculpas – podem ser sinais do Reino.

            3. Simplicidade e coerência: Jesus criticou a hipocrisia. O chamado é para ser o mesmo em público e no íntimo, sem máscaras. Isso exige humildade para reconhecer fraquezas, buscar o sacramento da reconciliação e sempre recomeçar.

            4. Discernir o que é essencial e o que é secundário: nem tudo tem o mesmo peso. A fé autêntica não se perde em detalhes, mas busca a vontade de Deus no concreto da vida. Documentos da Igreja, como o Catecismo e a Evangelii Gaudium do Papa Francisco, ajudam a manter esse foco.

            5. Participar da comunidade: viver a fé isoladamente é difícil. A comunidade ajuda a corrigir rotas, apoiar e ser apoiado. É lugar de serviço e partilha dos dons, não de julgamento.

            6. Dar testemunho no cotidiano: mais que palavras, a vida fala. No trabalho, na família, no trânsito, ser honesto, justo e compassivo evangeliza.

            Hoje, a liturgia nos propõe uma revisão de vida: como tenho vivido minha fé? Sou sinal de esperança e alegria para os outros ou coloco barreiras com palavras e atitudes? A autenticidade cristã não é perfeição, mas abertura sincera à graça de Deus. Que a Palavra desta segunda-feira nos ajude a começar bem a semana, com coerência e alegria no seguimento de Cristo.

            Oração final:
            Senhor, dá-me um coração simples e verdadeiro. Que eu viva minha fé com alegria e testemunho, sem hipocrisias. Ensina-me a abrir portas e não a fechá-las, para que tua luz brilhe através de mim. Amém.