CURSO DE PÓS-GRADUÇÃO EM LITURGIA

Curso de Especialização em Liturgia
Faculdade Católica do Amazonas

Aprofunde seus conhecimentos litúrgicos com uma formação sólida, contextualizada e em sintonia com os desafios pastorais da Igreja na Amazônia.


Coordenação: Dra. Elisângela Maciel
Carga horária total: 360 horas
Modalidade: Presencial e Híbrido
Duração: Junho de 2025 a Julho de 2026
Horário: Intensivo
Início das aulas: 30 de junho de 2025
Local: Faculdade Católica do Amazonas
Curso com reconhecimento pelo MEC

Parceria: Irmãs Pias Discípulas e Faculdade Católica do Amazonas
Aberto para o Regional Norte 1 da CNBB
Corpo Docente: Mestres e Doutores


Investimento

  • Mensalidade: R$ 430,00
  • Desconto de pontualidade: 10%
  • Valor com desconto: R$ 387,00
  • Parcelamento: 12 vezes

Estrutura Curricular

📚 1ª Etapa (30/06/2025 a 16/07/2025)

  • Inculturação da Liturgia: Exortação Apostólica Querida Amazônia – 24h
  • Introdução à Liturgia – 24h
  • Igreja na Amazônia – 24h
  • Seminário I: Piedade Popular na Região Norte – 24h
  • Seminário de Pesquisa – 24h

📚 2ª Etapa (19/01/2026 a 03/03/2026)

  • Liturgia e Pedagogia: Laboratório e Assembleia Litúrgica – 24h
  • Palavra de Deus: Liturgia, Sacramentalidade e Ritualidade – 24h
  • Música e Ritual Litúrgico – 20h
  • Ministérios, Eucologia e Espiritualidade Litúrgica – 28h
  • Catequese, Liturgia e Sacramentais: Exéquias e Bênçãos – 24h

📚 3ª Etapa (30/06/2026 a 17/07/2026)

  • Artigo Final – 24h
  • Ano Litúrgico e Pastoral Litúrgica – 24h
  • Sacramentos da Iniciação Cristã – 28h
  • Sacramentos do Serviço e da Cura – 24h
  • Espaço Litúrgico e Arte Sacra – 20h

Observação:
O curso será realizado em três etapas:

  • A 1ª e a 2ª em formato híbrido (presencial para Manaus e online ao vivo para outras dioceses e prelazias);
  • A 3ª etapa será presencial para todos os participantes.

Inscrições

  1. Preencha o formulário de inscrição:
    👉 Clique aqui para se inscrever
  2. Efetue o pagamento da taxa de inscrição no valor de R$ 430,00:
    • PIX (CNPJ): 07.864.772/0001-10
    • Depósito/Transferência:
      AAPEC – Associação Amazônica para Pesquisa e Educação Cristã
      Banco Bradesco (237)
      Agência: 3053-8
      Conta Corrente: 6350-9
    • Ou presencialmente no setor financeiro da Faculdade Católica do Amazonas
  3. Envie o comprovante de pagamento para whats: (92) 9 8562-8206 | (92) 9 9668-2250

⚠️ A inscrição só será confirmada após o envio do comprovante de pagamento.


Informações

📞 (92) 9 8562-8206 | (92) 9 9668-2250
🌐 www.catolicadoamazonas.edu.br


P A R T I C I P E !
Uma oportunidade única de formação litúrgica na Amazônia!


TEMPO DE ESPERANÇA E DISCERNIMENTO: A IGREJA VIVE O LUTO PELA MORTE DO PAPA FRANCISCO E SE PREPARA PARA O CONCLAVE

Com a morte do Papa Francisco em 21 de abril de 2025, a Igreja Católica entra em um tempo de vacância da Sé Apostólica. É um momento marcado por luto e oração, mas também por esperança e responsabilidade, no qual os cardeais se preparam para a solene tarefa de eleger o novo Sucessor de Pedro. Fiéis em todo o mundo unem-se em súplica ao Espírito Santo, pedindo luz para esse tempo decisivo da vida eclesial.

O que é o Conclave?

O termo conclave vem do latim cum clave – “com chave” – e designa tanto o local quanto o processo pelo qual os cardeais da Igreja Católica elegem um novo Papa. A tradição remonta ao século XIII e expressa o espírito de recolhimento, silêncio e discernimento exigido dos eleitores.

O episódio que consolidou o uso do termo ocorreu em 1270, em Viterbo, então sede papal. Cansados da demora dos cardeais para eleger um novo Papa, os cidadãos da cidade trancaram-nos no palácio episcopal e até removeram parte do telhado para forçá-los a tomar uma decisão. O resultado foi a eleição do Papa Gregório X. A cidade italiana recorda o evento com uma exposição permanente, inaugurada em 2016.

Apesar disso, o primeiro pontífice eleito “cum clave”, de forma restrita e reservada, foi o Papa Gelásio II, em 1118, no Mosteiro de São Sebastião, em Roma.

O perfil do Conclave de 2025

De acordo com o site Vatican News, no dia 7 de maio de 2025, 133 cardeais com menos de 80 anos entrarão na Capela Sistina para eleger o 267º Papa da Igreja Católica. Dos 135 cardeais eleitores existentes, dois estarão ausentes. Os eleitores representam 71 países dos cinco continentes: 53 europeus, 37 americanos (sendo 16 da América do Norte, 4 da América Central e 17 da América do Sul), 23 asiáticos, 18 africanos e 4 da Oceania.

Este Conclave será marcado por uma diversidade inédita. Quinze países terão pela primeira vez cardeais eleitores nativos: Haiti, Cabo Verde, Mianmar, Papua Nova Guiné, Suécia, Luxemburgo, República Centro-Africana, Malásia, Ruanda, Timor-Leste, Tonga, Singapura, Paraguai, Sudão do Sul e Sérvia.

O eleitor mais jovem é Dom Mikola Bychok, ucraniano radicado na Austrália, com 45 anos. O mais idoso é Dom Carlos Osoro Sierra, da Espanha, com 79 anos. A faixa etária predominante é a dos nascidos em 1947 – são 13 cardeais.

Cinco dos eleitores foram criados cardeais por São João Paulo II, 22 por Bento XVI e 108 por Francisco. Os cardeais também representam uma pluralidade de espiritualidades: 33 pertencem a 18 ordens religiosas. Os salesianos são os mais numerosos, com cinco cardeais; seguem-se os franciscanos (OFM), os jesuítas (SJ) e os franciscanos conventuais (OFMConv).

Também participam dominicanos, lazaristas, redentoristas, verbitas, agostinianos, capuchinhos, carmelitas descalços, cistercienses, espiritanos, scalabrinianos, missionários da Consolata e do Sagrado Coração de Jesus.

Um processo guiado pelo Espírito Santo

De acordo com o Código de Direito Canônico (cân. 349), cabe ao Colégio dos Cardeais eleger o novo Papa e auxiliar o pontífice no governo da Igreja. A Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis estabelece que apenas os cardeais com menos de 80 anos na data da vacância da Sé Apostólica têm direito a voto.

Assim, enquanto o mundo acompanha com expectativa os dias que se aproximam, a Igreja confia este tempo de discernimento à ação do Espírito Santo, pedindo que conduza os eleitores a escolherem o novo pastor que guiará o rebanho de Deus.

Lista completa dos 135 cardeais eleitores (ordem pelo país de origem):

  1. Dom Stephen Brislin – África do Sul
  2. Dom Reinhard Marx – Alemanha
  3. Dom Gerhard Ludwig Müller – Alemanha
  4. Dom Rainer Maria Woelki – Alemanha
  5. Dom Jean-Paul Vesco – Argélia
  6. Dom Vicente Bokalic Iglic – Argentina
  7. Dom Víctor Manuel Fernández – Argentina
  8. Dom Mario Aurelio Poli – Argentina
  9. Dom Ángel Sixto Rossi – Argentina
  10. Dom Jozef De Kesel – Bélgica
  11. Dom Vinko Puljić – Bósnia e Herzegovina
  12. Dom João Braz de Aviz – Brasil
  13. Dom Paulo Cezar Costa – Brasil
  14. Dom Sérgio da Rocha – Brasil
  15. Dom Odilo Pedro Scherer – Brasil
  16. Dom Jaime Spengler – Brasil
  17. Dom Leonardo Ulrich Steiner – Brasil
  18. Dom Orani João Tempesta – Brasil
  19. Dom Philippe Ouédraogo – Burquina Fasso
  20. Dom Arlindo Gomes Furtado – Cabo Verde
  21. Dom Thomas Christopher Collins – Canadá
  22. Dom Michael Czerny – Canadá
  23. Dom Gérald Cyprien Lacroix – Canadá
  24. Dom Frank Leo – Canadá
  25. Dom Fernando Chomalí Garib – Chile
  26. Dom Lazarus You Heung-sik – Coreia do Sul
  27. Dom Ignace Bessi Dogbo – Costa do Marfim
  28. Dom Jean-Pierre Kutwa – Costa do Marfim
  29. Dom Josip Bozanić – Croácia
  30. Dom Juan García Rodríguez – Cuba
  31. Dom Luis Gerardo Cabrera Herrera – Equador
  32. Dom Luis José Rueda Aparicio – Equador
  33. Dom Antonio Cañizares Llovera – Espanha
  34. Dom José Cobo Cano – Espanha
  35. Dom Ángel Fernández Artime – Espanha
  36. Dom Cristóbal López Romero – Espanha
  37. Dom Juan José Omella Omella – Espanha
  38. Dom Carlos Osoro Sierra – Espanha
  39. Dom Raymond Leo Burke – Estados Unidos
  40. Dom Blase Joseph Cupich – Estados Unidos
  41. Dom Daniel DiNardo – Estados Unidos
  42. Dom Timothy Michael Dolan – Estados Unidos
  43. Dom Kevin Joseph Farrell – Estados Unidos
  44. Dom Wilton Daniel Gregory – Estados Unidos
  45. Dom James Michael Harvey – Estados Unidos
  46. Dom Robert Walter McElroy – Estados Unidos
  47. Dom Robert Francis Prevost – Estados Unidos
  48. Dom Joseph William Tobin – Estados Unidos
  49. Dom Berhaneyesus Souraphiel – Etiópia
  50. Dom Jose Fuerte Advincula – Filipinas
  51. Dom Pablo Virgilio David – Filipinas
  52. Dom Luis Antonio Tagle – Filipinas
  53. Dom Jean-Marc Aveline – França
  54. Dom Philippe Barbarin – França
  55. Dom François-Xavier Bustillo – França
  56. Dom Dominique Mamberti – França
  57. Dom Christophe Pierre – França
  58. Dom Peter Turkson – Gana
  59. Dom Álvaro Leonel Ramazzini Imeri – Guatemala
  60. Dom Robert Sarah – Guiné
  61. Dom Chibly Langlois – Haiti
  62. Dom Stephen Chow Sau-yan – Hong Kong
  63. Dom Péter Erdő – Hungria
  64. Dom Filipe Neri Ferrão – Índia
  65. Dom George Jacob Koovakad – Índia
  66. Dom Anthony Poola – Índia
  67. Dom Baselios Cleemis Thottunkal – Índia
  68. Dom Ignatius Suharyo – Indonésia
  69. Dom Vincent Nichols – Inglaterra
  70. Dom Timothy Radcliffe – Inglaterra
  71. Dom Arthur Roche – Inglaterra
  72. Dom Dominique Mathieu – Irão
  73. Dom Louis Raphaël Sako – Iraque
  74. Dom Pierbattista Pizzaballa – Israel
  75. Dom Fabio Baggio – Itália
  76. Dom Domenico Battaglia – Itália
  77. Dom Giuseppe Betori – Itália
  78. Dom Oscar Cantoni – Itália
  79. Dom Angelo De Donatis – Itália
  80. Dom Fernando Filoni – Itália
  81. Dom Mauro Gambetti – Itália
  82. Dom Claudio Gugerotti – Itália
  83. Dom Augusto Paolo Lojudice – Itália
  84. Dom Francesco Montenegro – Itália
  85. Dom Pietro Parolin – Itália
  86. Dom Giuseppe Petrocchi – Itália
  87. Dom Baldassare Reina – Itália
  88. Dom Roberto Repole – Itália
  89. Dom Marcello Semeraro – Itália
  90. Dom Mario Zenari – Itália
  91. Dom Matteo Maria Zuppi – Itália
  92. Dom Tarcisius Isao Kikuchi – Japão
  93. Dom Thomas Aquino Manyo Maeda – Japão
  94. Dom Rolandas Makrickas – Lituânia
  95. Dom Jean-Claude Höllerich – Luxemburgo
  96. Dom Désiré Tsarahazana – Madagáscar
  97. Dom Sebastian Francis – Malásia
  98. Dom Mario Grech – Malta
  99. Dom Carlos Aguiar Retes – México
  100. Dom Francisco Robles Ortega – México
  101. Dom Giorgio Marengo – Mongólia
  102. Dom Charles Maung Bo – Mianmar
  103. Dom Leopoldo José Brenes – Nicarágua
  104. Dom Peter Ebere Okpaleke – Nigéria
  105. Dom John Atcherley Dew – Nova Zelândia
  106. Dom Willem Jacobus Eijk – Países Baixos
  107. Dom John Ribat – Papua-Nova Guiné
  108. Dom Joseph Coutts – Paquistão
  109. Dom Adalberto Martínez Flores – Paraguai
  110. Dom Carlos Castillo Mattasoglio – Peru
  111. Dom Konrad Krajewski – Polónia
  112. Dom Kazimierz Nycz – Polónia
  113. Dom Stanisław Ryłko – Polónia
  114. Dom Grzegorz Ryś – Polónia
  115. Dom Américo Alves Aguiar – Portugal
  116. Dom José Tolentino Calaça de Mendonça – Portugal
  117. Dom António dos Santos Marto – Portugal
  118. Dom Manuel Clemente – Portugal
  119. Dom John Njue – Quênia
  120. Dom Dieudonné Nzapalainga – República Centro-Africana
  121. Dom Fridolin Ambongo Besungu – República Democrática do Congo
  122. Dom Antoine Kambanda – Ruanda
  123. Dom László Német – Sérvia
  124. Dom William Seng Chye Goh – Singapura
  125. Dom Albert Malcolm Ranjith – Sri Lanka
  126. Dom Stephen Ameyu Martin Mulla – Sudão
  127. Dom Anders Arborelius – Suécia
  128. Dom Kurt Koch – Suíça
  129. Dom Emil Paul Tscherrig – Suíça
  130. Dom Francis Xavier Kriengsak Kovithavanij – Tailândia
  131. Dom Protase Rugambwa – Tanzânia
  132. Dom Virgílio do Carmo da Silva – Timor-Leste
  133. Dom Soane Patita Paini Mafi – Tonga
  134. Dom Mykola Bychok – Ucrânia
  135. Dom Daniel Sturla Berhouet – Uruguai

3º DOMINGO DA PÁSCOA: “É O SENHOR” (Jo 21,7)

A liturgia do 3º Domingo da Páscoa nos convida a mergulhar mais profundamente na experiência do Cristo ressuscitado, que se revela na vida cotidiana dos discípulos, reorienta suas missões e transforma o medo em alegria, a negação em amor, a fraqueza em testemunho corajoso.

1. A Palavra de Deus nos ilumina

No Evangelho de João (21,1-19), Jesus aparece aos discípulos às margens do mar de Tiberíades. Eles haviam voltado à antiga atividade de pesca, mas a noite toda de trabalho não rendeu frutos. É ao romper da manhã que o Ressuscitado se faz presente. Sua palavra reencaminha os discípulos: “Lançai a rede” — e a pesca se torna abundante. A rede cheia simboliza a missão universal da Igreja, e o número 153 reforça esse alcance total: a salvação é para todos.

Pedro, ao reconhecer a presença de Jesus, exclama: “É o Senhor!”. Esse encontro é profundamente restaurador. Jesus prepara uma refeição e convida os discípulos a partilhá-la, revelando-se como aquele que continua a alimentar, a guiar e a reunir seu povo. O diálogo com Pedro, com a tríplice pergunta “Tu me amas?”, não apenas reconcilia a negação passada, mas também confere a ele uma nova responsabilidade: apascentar o rebanho do Senhor. O seguimento de Jesus exige amor, entrega e disposição para servir até as últimas consequências.

2. A missão nasce da experiência pascal

A primeira leitura (At 5,27b-32.40b-41) retrata o testemunho ousado dos apóstolos. Apesar das ameaças e perseguições, eles afirmam com convicção: “É preciso obedecer a Deus antes que aos homens”. Fortalecidos pelo Espírito Santo, anunciam a ressurreição com alegria, conscientes de que participam da missão do próprio Cristo. Ser discípulo é ser testemunha — com coragem, fé e fidelidade.

O Salmo 30 (29) eleva uma ação de graças jubilosa: o Senhor transforma o pranto em dança, a dor em festa. É a experiência de quem foi salvo e agora canta a vida nova que Deus oferece. A Páscoa é essa passagem contínua da morte para a vida.

A segunda leitura (Ap 5,11-14) nos conduz à contemplação litúrgica do Cristo glorificado. Toda a criação, celeste e terrestre, rende louvor ao Cordeiro que foi imolado. Sete palavras descrevem sua dignidade — poder, riqueza, sabedoria, força, honra, glória e louvor — indicando a plenitude da realeza do Ressuscitado. Ele é o centro da história e da liturgia da Igreja.

3. A missão da Igreja hoje

A barca, as redes, os peixes, o cuidado das ovelhas… todos esses elementos falam da missão e da identidade da Igreja: comunidade enviada para evangelizar, acolher, alimentar e cuidar. Como os discípulos, também somos chamados a lançar as redes, confiando na presença do Senhor, que nos assegura: “Sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15,5).

Em cada Eucaristia, participamos da Ceia pascal, sentando-nos à mesa com o Ressuscitado. É Ele quem nos fortalece e envia. Seu chamado permanece: “Segue-me!”. Com liberdade e alegria, somos convidados a renovar nossa adesão ao discipulado e ao serviço, certos de que Ele caminha conosco.

4. Vivência litúrgica

Celebrar este domingo pascal é renovar nosso compromisso com o Cristo vivo. Ao proclamarmos a Palavra, ao cantarmos o salmo, ao partilharmos o pão, damos testemunho de que o Senhor está conosco. Louvamos o Cordeiro Pascal que venceu a morte e permanece no meio de nós.

Que, ao ouvir a voz do Senhor que nos chama à margem de nossa vida, possamos responder com o coração ardente: “Senhor, tu sabes que te amo”, e assim, seguir firmes no caminho da missão e da comunhão.

Sugestão para a Celebração Dominical deste 3º Domingo da Páscoa – ano C:

A aspersão com a água batismal, quando utilizada no início da missa, substitui o ato penitencial e convida a assembleia a renovar sua identidade batismal. É um gesto litúrgico que ajuda a comunidade a recordar que, pelo batismo, participamos do mistério pascal de Cristo — sua morte e ressurreição.

HOMENAGEM AO PAPA FRANCISCO – UM GESTO DE GRATIDÃO E ESPERANÇA

No dia 26 de abril de 2025, atendendo ao chamado para participar do sepultamento do Papa Francisco de forma simbólica e significativa, nós, Pias Discípulas do Divino Mestre, unimo-nos a tantas outras comunidades ao redor do mundo em oração e ação concreta.

Em comunhão com esse momento histórico e espiritual, algumas de nossas comunidades realizaram o plantio de árvores como sinal de vida, esperança e continuidade da missão. Em Cabreúva, as Irmãs e o núcleo dos Cooperadores Paulinos, Amigos do Divino Mestre, de Osasco e Cabreúva, reuniram-se em um momento orante, embalado pela oração de São Francisco, e plantaram um resedá branco no jardim, como gesto de fé e memória.

Já em Olinda, onde o espaço é mais restrito, as irmãs escolheram um Cróton (Codiaeum variegatum) – um arbusto de folhas vibrantes em tons de vermelho, laranja, amarelo e verde. Resistente e cheio de cor, ele foi plantado com carinho como símbolo da diversidade, beleza e força da criação, tão amada e valorizada pelo Papa Francisco.

Agradecemos a Deus pela vida e pelo testemunho do Papa Francisco. Que ele interceda por nós e continue a inspirar nossa caminhada com seu legado de simplicidade, cuidado com os pobres e amor à criação.

Obrigada, Papa Francisco!

Irmãs na Comunidade Divino Mestre, em Olinda/PE.

22º ANIVERSÁRIO DA BEATIFICAÇÃO DO BEATO TIAGO ALBERIONE

Por Secretariado para a Espiritualidade do Governo Geral, 27/04/2025

27 de abril de 2025 – Segundo Domingo da Páscoa | Domingo da Divina Misericórdia

Tiago Alberione: Apóstolo dos Tempos Novos, “Farol” de Esperança

Neste Segundo Domingo da Páscoa (27/04/2025), em que a Igreja celebra a Divina Misericórdia, a Família Paulina se une em ação de graças pelo 22º aniversário da beatificação do seu Fundador: o Beato Tiago Alberione. Um momento de renovação espiritual, memória viva e oração pela sua canonização.

Comemoramos a vida de um verdadeiro “apóstolo dos tempos novos”, que buscou incessantemente dar a conhecer Jesus Cristo – Caminho, Verdade e Vida – com os meios de comunicação do seu tempo. Inspirado por São Paulo Apóstolo, Alberione fundou a Família Paulina com a missão de evangelizar o mundo moderno através da imprensa, rádio, cinema e, hoje, também pela internet.

MENSAGEM ESPIRITUAL

“Louvai ao Senhor porque Ele é bom, porque a sua misericórdia dura para sempre” (Sl 117,1). Neste clima pascal, nos unimos em oração pelo dom da canonização do Beato Alberione, cuja missão continua a inspirar gerações de religiosos e leigos comprometidos com a comunicação do Evangelho. Abaixo, um trecho da homilia de São João Paulo II feita no dia 27 de abril de 2003, dia da sua canonização (o texto integral da homilia, em várias línguas, se encontra neste link):

O Bem-aventurado Tiago Alberione sentiu a necessidade de dar a conhecer Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida, ‘aos homens do nosso tempo com os meios do nosso tempo’ – como gostava de dizer – e inspirou-se no apóstolo Paulo, a quem chamou ‘teólogo e artífice da Igreja’, permanecendo sempre dócil e fiel ao Magistério do Sucessor de Pedro, ‘farol’ de verdade em um mundo muitas vezes desprovido de sólidas referências ideais. ‘Que haja um grupo de santos para usar esses meios’, repetia este apóstolo dos novos tempos.Que legado formidável ele deixa para sua família religiosa! Que seus filhos e filhas espirituais mantenham inalterado o espírito de suas origens, a fim de responder adequadamente às exigências da evangelização no mundo de hoje“. Papa João Paulo II

ORAÇÃO PELA CANONIZAÇÃO DO BEATO TIAGO ALBERIONE

Trindade Santíssima,
que quisestes reavivar na Igreja o
carisma apostólico de São Paulo,
revelando-se à luz da Eucaristia
ao Beato Tiago Alberione,
fazei com que a presença de Cristo Mestre,
Caminho, Verdade e Vida,
se irradie em todo o mundo
por Maria, Rainha dos Apóstolos.
[…]
Glória ao Pai…


UM ENCONTRO DE GERAÇÕES: BEATO TIAGO ALBERIONE E CARLO ACUTIS

No mesmo dia em que se celebraria a canonização de Carlo Acutis — adiada devido ao falecimento do Papa Francisco — recordamos as convergências e as singularidades de duas figuras que marcam profundamente a espiritualidade contemporânea da Igreja.

Convergências

  • Ambos apaixonados pela Eucaristia e por Nossa Senhora.
  • Evangelizadores incansáveis em seus contextos históricos.
  • Pioneiros no uso dos meios modernos para a missão cristã.
  • Inspiração contínua para jovens, religiosos e comunicadores.

Divergências Complementares

LEGADO VIVO

Padre Tiago Alberione e Carlo Acutis representam dois polos de uma mesma corrente: a santidade vivida na contemporaneidade. Um sacerdote inovador e um jovem genial. Um fundou uma família religiosa; o outro transformou sua curta vida em um testemunho profundo da presença viva de Jesus na Eucaristia.

Ambos nos ensinam que a missão evangelizadora continua — nos templos, nas ruas, na mídia e na internet — onde Cristo precisa ser anunciado.


Contato:
Secretariado para a Espiritualidade – Pias Discípulas do Divino Mestre
📧 segretariatogen_spirit@pddm.org

A Fraternidade como Resistência: Um Ensaio sobre a Proposta Ético-Social da Fratelli Tutti

Por Ir. Julia de Almeida, pddm

Em um mundo marcado por polarizações, desigualdades e indiferença crescente, a encíclica Fratelli Tutti, publicada por Papa Francisco em 2020, propõe uma resposta radicalmente ética: a fraternidade universal e a amizade social como fundamentos de um novo pacto civilizatório. Longe de ser um apelo utópico ou ingênuo, a proposta do pontífice configura-se como uma crítica contundente aos sistemas econômicos, políticos e culturais que alimentam o descarte humano, o individualismo e o medo. Este ensaio argumenta que a Fratelli Tutti é um texto contracultural, que reivindica o amor ao próximo como critério político e existencial, convocando indivíduos e nações a refundarem suas relações sobre a base da dignidade compartilhada.

O primeiro aspecto que marca a encíclica é sua análise aguda da realidade contemporânea. O Papa denuncia uma globalização que separa as pessoas, embora conecte as economias: “A sociedade cada vez mais globalizada torna-nos vizinhos, mas não nos faz irmãos” (n. 12). Essa frase sintetiza a crítica de Francisco ao modelo de desenvolvimento centrado no lucro, que esvazia o sentido de comunidade. O crescimento das desigualdades e dos nacionalismos, segundo ele, reflete uma regressão ética e política: “Ressurgem nacionalismos fechados, exacerbados, ressentidos e agressivos” (n. 11). O Papa identifica ainda o enfraquecimento da política, dominada pelo marketing e pela destruição do adversário, e lamenta que “a política deixou de ser um debate saudável […] para o desenvolvimento de todos” (n. 15).

Diante desse cenário, Francisco propõe a fraternidade como alternativa à lógica do medo, do consumo e da exclusão. A inspiração vem de São Francisco de Assis, cujo amor “ultrapassa as barreiras da geografia e do espaço” (n. 1). A fraternidade, tal como proposta, não é um sentimento abstrato, mas um imperativo ético-político que deve orientar estruturas sociais e decisões de Estado. Um exemplo claro está no apelo ao acolhimento dos migrantes: “Os migrantes não são considerados suficientemente dignos de participar na vida social como os outros” (n. 39). A crítica atinge tanto o fechamento dos países ricos quanto a indiferença que transforma seres humanos em “objetos descartáveis” (n. 18).

A parábola do Bom Samaritano, centro simbólico da encíclica, serve como chave interpretativa para toda a reflexão. Diante do homem ferido à beira do caminho, apenas o samaritano – estrangeiro e marginalizado – oferece ajuda concreta. O Papa pergunta: “Com quem te identificas?” (n. 64), conduzindo o leitor a uma escolha inescapável. O amor ao próximo, argumenta, não é um mandamento restrito à fé, mas um fundamento antropológico: “Viver indiferente à dor não é uma opção possível” (n. 68). A crítica não poupa sequer os religiosos que “passam ao largo” (n. 73), alertando que a fé sem compaixão é estéril.

Outro ponto forte da Fratelli Tutti é sua crítica à cultura digital e à falsa comunicação. Francisco observa que “as relações digitais […] não constroem verdadeiramente um ‘nós’” (n. 43), alertando para os perigos da polarização, da desinformação e da perda da escuta. Para ele, a comunicação digital criou “formas insólitas de agressividade” (n. 44) e facilitou “mecanismos de manipulação das consciências e do processo democrático” (n. 45). Isso compromete a possibilidade de diálogo autêntico, essencial para a construção da paz e da justiça.

A encíclica também se destaca por recusar a neutralidade. Ao afirmar que “todos temos uma responsabilidade pelo ferido que é o nosso povo e todos os povos da terra” (n. 79), Francisco assume uma posição profética: a de que não há ética sem engajamento. Ele insiste que “ninguém se salva sozinho” (n. 32) e que só é possível reconstruir o tecido social a partir de um “nós” solidário, que reconheça a dignidade de todos.

Em conclusão, Fratelli Tutti é mais que um documento da Igreja: é um chamado à resistência ética. Contra a lógica do lucro, do descarte e da indiferença, o Papa propõe a fraternidade como critério para reorganizar nossas sociedades. O amor ao próximo, longe de ser um princípio religioso exclusivo, torna-se o alicerce de um novo humanismo, capaz de reorientar a política, a economia e a cultura. A fraternidade que Francisco propõe não é um adorno moral, mas uma urgência histórica.

REFERÊNCIA:

FRANCISCO. Fratelli tutti: sobre a fraternidade e a amizade social. Vaticano, 3 out. 2020. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/encyclicals/documents/papa-francesco_20201003_enciclica-fratelli-tutti.html. Acesso em: 25 abr. 2025.

PAPA FRANCISCO E SEUS ESCRITOS: UM PONTIFICADO DE ESPERANÇA E RENOVAÇÃO

Jorge Mario Bergoglio, mais conhecido como Papa Francisco, nasceu em 17 de dezembro de 1936, em Buenos Aires, Argentina. Filho de imigrantes italianos, cresceu em um ambiente modesto e desde cedo demonstrou interesse pela religião e pelo serviço à comunidade. Em 1958, ingressou na Companhia de Jesus, tornando-se jesuíta. Foi ordenado sacerdote em 1969 e, ao longo dos anos, desempenhou diversas funções na Igreja Católica, incluindo a de arcebispo de Buenos Aires e cardeal. Em 13 de março de 2013, foi eleito o 266º Papa da Igreja Católica, tornando-se o primeiro pontífice latino-americano e o primeiro jesuíta a ocupar o cargo.

Desde o início de seu pontificado, Francisco tem se destacado por seu carisma, simplicidade e forte compromisso com a justiça social. Ele tem abordado questões fundamentais como a pobreza, a ecologia, os direitos humanos e a reforma da própria Igreja. Seu estilo pastoral próximo do povo e seu desejo de diálogo com diferentes culturas e religiões o tornaram uma figura influente e respeitada no cenário global.

AS CARTAS E ENCÍCLICAS DO PAPA FRANCISCO

Ao longo de seu pontificado, o Papa Francisco escreveu diversas cartas e encíclicas que refletem sua visão de mundo e os desafios que a humanidade enfrenta. Seus textos são amplamente lidos e discutidos tanto dentro quanto fora da Igreja, pois oferecem reflexões profundas sobre temas sociais, espirituais e ambientais.

EVANGELII GAUDIUM (A ALEGRIA DO EVANGELHO) – 2013

Publicada poucos meses após sua eleição, esta exortação apostólica trata da missão da Igreja no mundo moderno. Francisco incentiva os fiéis a saírem de suas zonas de conforto e a evangelizarem com alegria e misericórdia. Ele critica o consumismo desenfreado, a exclusão social e a desigualdade econômica, destacando a necessidade de uma Igreja mais próxima dos pobres e marginalizados.

LAUDATO SI’ (LOUVADO SEJA) – 2015

Uma das encíclicas mais impactantes do Papa Francisco, “Laudato Si’” trata da ecologia e do cuidado com a Casa Comum, o planeta Terra. O pontífice alerta para os danos ambientais causados pela atividade humana e pela exploração irresponsável dos recursos naturais. Ele destaca a interconexão entre os problemas ambientais e sociais, chamando líderes e cidadãos do mundo inteiro à responsabilidade ecológica e à busca por um modelo de desenvolvimento sustentável.

AMORIS LAETITIA (A ALEGRIA DO AMOR) – 2016

Essa exortação apostólica trata do amor na família e do matrimônio. Baseada nos debates realizados durante os sínodos sobre a família, o documento enfatiza a importância da compreensão, da misericórdia e do acolhimento dentro das comunidades cristãs. Francisco também aborda questões como o divórcio, a educação dos filhos e os desafios enfrentados pelas famílias contemporâneas.

GAUDETE ET EXSULTATE (ALEGRAI-VOS E EXULTAI) – 2018

Este documento trata do chamado universal à santidade no mundo atual. O Papa explica que a santidade não é um privilégio de poucos, mas um chamado acessível a todos, independentemente da vocação ou estado de vida. Ele alerta contra o perigo do individualismo e do consumismo, ressaltando a necessidade de uma vida de serviço e de amor ao próximo.

FRATELLI TUTTI (TODOS IRMÃOS) – 2020

Publicada em meio à pandemia de COVID-19, “Fratelli Tutti” aborda a fraternidade e a amizade social. Francisco critica a cultura do descarte, o aumento das desigualdades e o fechamento de fronteiras entre os povos. Ele propõe um modelo de sociedade baseado na solidariedade, na inclusão e no diálogo inter-religioso.

CARTA APOSTÓLICA PATRIS CORDE (COM CORAÇÃO DE PAI) – 2020

Dedicada a São José, essa carta apostólica destaca a importância desse santo como modelo de pai, trabalhador e homem justo. Francisco ressalta a humildade e o serviço de São José, convidando os cristãos a aprenderem com sua discrição e confiança em Deus.

DILEXIT NOS – 2024

A mais recente encíclica do Papa Francisco, “Dilexit Nos”, publicada em 2024, aborda o amor redentor de Cristo e sua importância na vida cristã. O Papa destaca a centralidade do amor na missão da Igreja e a necessidade de testemunhar esse amor no mundo contemporâneo. Ele enfatiza o perdão, a reconciliação e a caridade como elementos fundamentais para a construção de uma sociedade mais fraterna e pacífica. “Dilexit Nos” convida os fiéis a refletirem sobre o significado do amor de Deus e sua manifestação nas relações humanas.

O IMPACTO DAS CARTAS DO PAPA FRANCISCO

As cartas e encíclicas do Papa Francisco têm um impacto profundo tanto dentro da Igreja quanto na sociedade em geral. Seus escritos são direcionados não apenas aos católicos, mas a todas as pessoas de boa vontade. Seu estilo acessível e suas reflexões baseadas na realidade contemporânea tornam seus textos fontes de inspiração para líderes políticos, ambientalistas, teólogos e fiéis em todo o mundo.

Francisco busca sempre aproximar a Igreja das pessoas, promovendo um diálogo aberto e acolhedor. Ele desafia as estruturas de poder e propõe uma visão de mundo mais humana e solidária. Sua preocupação com os marginalizados, os pobres e o meio ambiente reflete um compromisso genuíno com a justiça e a paz.

Além de suas encíclicas e exortações apostólicas, o Papa também escreve cartas e mensagens para diferentes ocasiões, como eventos internacionais, congressos religiosos e crises humanitárias. Seus escritos são frequentemente citados em debates sobre políticas públicas, economia e direitos humanos.

O Papa Francisco, desde o início de seu pontificado, tem demonstrado um compromisso inabalável com os valores do Evangelho e com a transformação do mundo em um lugar mais justo e fraterno. Suas cartas e encíclicas são documentos fundamentais para compreender sua visão pastoral e seus esforços em enfrentar os desafios do século XXI.

Seja ao abordar a necessidade de uma Igreja mais missionária, a importância do cuidado com o meio ambiente ou a urgência da fraternidade entre os povos, suas palavras ecoam como um chamado à reflexão e à ação. Em um mundo marcado por divisões e crises, as mensagens do Papa Francisco continuam a inspirar milhões de pessoas na busca por um futuro mais humano e solidário.


Fonte:

Documentos do Papa Francisco:

PAPA FRANCISCO. Evangelii Gaudium: A Alegria do Evangelho. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 2013. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/apost_exhortations/documents/papa-francesco_esortazione-ap_20131124_evangelii-gaudium.html. Acesso em: [19 fev. 2025].

PAPA FRANCISCO. Laudato Si’: Sobre o Cuidado da Casa Comum. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 2015. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/encyclicals/documents/papa-francesco_20150524_enciclica-laudato-si.html. Acesso em: [19 fev. 2025].

PAPA FRANCISCO. Amoris Laetitia: Sobre o Amor na Família. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 2016. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/apost_exhortations/documents/papa-francesco_esortazione-ap_20160319_amoris-laetitia.html. Acesso em: [19 fev. 2025].

PAPA FRANCISCO. Gaudete et Exsultate: Sobre o Chamado à Santidade no Mundo Atual. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 2018. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/apost_exhortations/documents/papa-francesco_esortazione-ap_20160319_amoris-laetitia.html. Acesso em: [19 fev. 2025].

PAPA FRANCISCO. Fratelli Tutti: Sobre a Fraternidade e a Amizade Social. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 2020. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/encyclicals/documents/papa-francesco_20201003_enciclica-fratelli-tutti.htmlAcesso em: [19 fev. 2025].

PAPA FRANCISCO. Patris Corde: Com Coração de Pai. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 2020. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/apost_letters/documents/papa-francesco-lettera-ap_20201208_patris-corde.html Acesso em: [19 fev. 2025].

PAPA FRANCISCO. Dilexit Nos. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 2024. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/encyclicals/documents/20241024-enciclica-dilexit-nos.html. Acesso em: [19 fev. 2025].

Livros sobre o Papa Francisco:

IVEREIGH, Austen. O Grande Reformador: Francisco e a Construção de um Novo Papado. São Paulo: Planeta, 2015.

VALLELY, Paul. Papa Francisco: O Homem e Sua Missão. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

Texto de Ir. Julia Cristina de Almeida.
Publicado dia 20 de fevereiro de 2025.

A PÁSCOA ETERNA DO PAPA FRANCISCO

O Papa Francisco, líder da Igreja Católica desde 2013, faleceu nesta segunda-feira, 21 de abril de 2025, aos 88 anos, no Vaticano. A notícia foi confirmada oficialmente pela Santa Sé.

Sua Eminência o Cardeal Kevin Farrell, prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, anunciou publicamente o falecimento com as seguintes palavras:

“Queridos amigos, é com profunda tristeza que devo anunciar a morte de nosso Santo Padre Francisco.
Esta manhã do dia 21 de abril de 2025, às 7h35, horário de Brasília, Francisco retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada a servir ao Senhor e à sua Igreja. Ele me ensinou a viver os valores do Evangelho com zelo, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e desfavorecidos. Com imensa gratidão por esse exemplo de um verdadeiro discípulo do Senhor Jesus. Entregamos a alma do Papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Trino.”

Francisco, nascido Jorge Mario Bergoglio em Buenos Aires, Argentina, foi o primeiro Papa latino-americano e o primeiro jesuíta a assumir o papado. Seu pontificado ficou marcado por uma forte ênfase na misericórdia, no cuidado com os pobres, na justiça social, no diálogo inter-religioso e na responsabilidade ecológica.

Desde sua eleição em 13 de março de 2013, o Papa Francisco conquistou a atenção mundial com um estilo pastoral próximo das pessoas, palavras simples e diretas, e gestos simbólicos que expressavam humildade e compromisso com os mais vulneráveis.

Cronologia de um pontificado marcante

  • 13 de março de 2013 – Eleito Papa, após a renúncia de Bento XVI. Escolhe o nome “Francisco”, inspirado em São Francisco de Assis.
  • 24 de novembro de 2013 – Publica Evangelii Gaudium, exortação apostólica sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual.
  • 2015 – Publica Laudato Si’, encíclica sobre o cuidado da casa comum, com forte impacto global.
  • 2016 – Proclama o Ano Santo da Misericórdia e publica Amoris Laetitia, documento sobre a família.
  • 2019 – Visita os Emirados Árabes Unidos, sendo o primeiro Papa a visitar a Península Arábica. Assina o “Documento sobre a Fraternidade Humana”.
  • 2020 – Durante a pandemia da COVID-19, realiza uma oração histórica e solitária na Praça São Pedro vazia, pedindo pelo mundo.
  • 2020 – Publica Fratelli Tutti, encíclica sobre a fraternidade e a amizade social.
  • 2021 – Realiza viagem ao Iraque, promovendo diálogo e reconciliação em meio a tensões religiosas.
  • 2023 – Conduz a fase universal do Sínodo sobre a Sinodalidade, convocando a Igreja a escutar mais profundamente o Povo de Deus.
  • 21 de abril de 2025 – Morre no Vaticano, após anos de intenso serviço pastoral.

O corpo do Papa Francisco será velado na Basílica de São Pedro, onde fiéis do mundo todo poderão prestar suas últimas homenagens. O funeral será celebrado conforme as normas estabelecidas para um Papa reinante. Conforme informações do Vatican News, a trasladação do corpo do Santo Padre para a Basílica Vaticana, para a homenagem de todos os fiéis, poderá ocorrer na manhã de quarta-feira, 23 de abril de 2025, segundo as modalidades que serão definidas e comunicadas amanhã.

Líderes religiosos e autoridades civis de diversas partes do mundo manifestaram pesar pela morte do pontífice e reconheceram seu legado como uma voz profética em tempos de desafios globais.

Aqui no Brasil, na Catedral da Sé, ao meio-dia do dia de hoje, 21 de abril de 2025, será presidida uma Celebração Eucarística em sufrágio pela morte do Papa Francisco.

Nota de Pesar pelo Falecimento do Papa Francisco

“Nós o vimos!” (cf. Mt 28,10)

As Pias Discípulas do Divino Mestre, unidas em oração com toda a Igreja, expressam profundo pesar pelo falecimento do Santo Padre, o Papa Francisco, e rendem graças a Deus por sua vida doada com generosidade e ternura ao serviço do Evangelho.

Agradecemos ao Senhor pelo dom precioso da vida e do ministério deste humilde servo do Evangelho, que, com coragem profética, ternura pastoral e amor incondicional pelos pobres e sofredores, conduziu o rebanho de Deus nos caminhos da misericórdia, da justiça e da paz. Sua palavra firme e ao mesmo tempo paterna iluminou os corações e apontou, com o exemplo, para a centralidade de Cristo, o Divino Mestre, Caminho, Verdade e Vida.

Como Discípulas do Divino Mestre, reconhecemos no Papa Francisco um sinal luminoso da presença do Ressuscitado em meio às dores e esperanças do nosso tempo. Inspiradas por sua entrega, seu testemunho evangélico e seu constante apelo à oração, à fraternidade e à adoração, elevamos ao Senhor nossas preces em sufrágio.

À luz do Evangelho proclamado nesta Segunda-feira da Oitava da Páscoa (Mt 28,8-15), contemplamos as mulheres que, com temor e alegria, correm a anunciar a Ressurreição. Nelas, vemos o reflexo da missão que marcou o pontificado de Francisco: anunciar com coragem, sem ceder ao medo nem ao silêncio, que Cristo vive e caminha conosco.

Como as mulheres no caminho, também ele se encontrou com o Ressuscitado e O anunciou ao mundo com palavras de misericórdia, com gestos de compaixão e com uma vida marcada pela simplicidade e pelo serviço. Num tempo marcado por vozes de confusão e fechamento, sua palavra foi sinal profético da presença viva de Deus entre os pequenos e os esquecidos.

Na esperança pascal que sustenta nossa fé, elevamos nossas orações em sufrágio e confiamos que o Senhor Ressuscitado, a quem ele amou e seguiu com fidelidade, o acolha no Reino preparado desde toda a eternidade.

Como Discípulas do Divino Mestre, continuaremos a viver e a anunciar, como ele nos ensinou, a beleza do encontro com Jesus vivo na Eucaristia, na Palavra, na Liturgia e no rosto dos irmãos.

“Não tenhais medo. Ide anunciar a meus irmãos que se dirijam para a Galileia. Lá eles me verão.” (Mt 28,10)

Pias Discípulas do Divino Mestre

TERCEIRO DIA DO TRÍDUO PASCAL: O DOMINGO DA RESSURREIÇÃO

Domingo da Páscoa na Ressurreição, “máxima solenidade do ano litúrgico” (PSL, 148). A primeira celebração deste domingo maior é a Vigília Pascal na noite santa, noite em que Jesus rompeu o inferno, noite testemunha da ressurreição (cf. Proclamação da Páscoa), Mãe de todas as Vigíliasda Igreja. Nesta noite, os catecúmenos são batizados e crismados, tomam parte nas preces e levam os dons do pão e do vinho até o altar; participam, pela primeira vez, da Oração Eucarística, da recitação da Oração do Senhor e da Mesa do Pão da Vida e do Cálice da Salvação, ápice da iniciação cristã. Nesta noite, os fiéis renovam as promessas batismais, reafirmando a inserção no mistério do crucificado-ressuscitado por meio do Batismo e da Confirmação (cf. PCFP 80). O dia da Ressurreição, celebrado com grande solenidade (PS 97), testemunhamos que o Senhor ressurgiu, como Maria Madalena, Pedro, João e os demais discípulos e discípulas. Eis o dia que o Senhor fez para nós. A celebração começa na Vigília Pascal, na noite do Sábado Santo. O fogo novo é aceso, a luz do Círio Pascal rompe a escuridão. A liturgia a chama de “Mãe de todas as Vigílias”: é a noite santa da libertação, da nova criação.

“Na escuridão do sepulcro nasceu uma luz nova, a luz da Ressurreição.” — Papa Francisco

A Vigília gira em torno de dois momentos centrais:

  • A Liturgia da Palavra, com o anúncio da história da salvação.
  • A Liturgia dos Sacramentos, com o Batismo, a Crisma e a Eucaristia, que nos unem ao mistério pascal.

“Jesus não é alguém do passado. Ele vive hoje e caminha conosco todos os dias.” — Papa Francisco

Na manhã do domingo, tudo se renova. A luz do Ressuscitado transforma o medo em coragem, a tristeza em alegria. A comunidade cristã proclama com força: “O Senhor ressuscitou verdadeiramente. Aleluia! Este é o dia que o Senhor fez para nós: alegremo-nos e exultemos!” (Sl 117,24)

Como as mulheres no túmulo vazio, como Pedro e João correndo para ver, somos convidados a nos mover, a buscar, a anunciar. “A Páscoa é o anúncio de que tudo pode ser sempre recomeçado.” — Papa Francisco

A imagem da noite que se ilumina exprime, de forma simbólica, o coração do mistério da Páscoa: a vida vence a morte, a luz vence as trevas.

A celebração do Domingo da Ressurreição não termina ali. Ela se desdobra em cinquenta dias de festa, até Pentecostes, lembrando que viver como ressuscitados é um caminho contínuo. “Cristo vive! E com Ele, também nós podemos viver. Esta é a certeza que transforma tudo.” — Papa Francisco

Somos chamados a deixar para trás as sombras, a renovar o coração e escolher a luz. Como o Papa Francisco nos anima: “Não deixemos que a esperança nos seja roubada. O Senhor ressuscitado caminha conosco!”.

TEXTOS BÍBLICOS PARA A VIGÍLIA PASCAL NA NOITE SANTA:

1ª Leitura:
Gênesis 1,1-2,2
Salmo responsorial – Sl 103(104),1-2a.5-6.10.12.13-14.24.35c (R. cf. 30)

2ª Leitura:
Gênesis 22,1-18
Salmo responsorial Sl 15(16),5.8.9-10.11 (R. 1a)

3ª Leitura:
Êxodo 14,15-15,1
Salmo responsorial Ex 15,1-2.3-4.5-6.17-18 (R. 15,1a)

4ª Leitura:
Isaías 54,5-14
Salmo responsorial Sl 29(30),2.4.5-6.11.12a.13b (R. 2a)

5ª Leitura:
Isaías 55,1-11
Salmo responsorial Is 12,2-3.4bcd.5-6 (R. 3)

6ª Leitura:
Baruc 3,9-15.32-4,4
Salmo responsorial Sl 18B(19),8.9.10.11 (R. Jo 6,68c)

7ª Leitura:
Ezequiel 36,16-17a.18-28
Salmo responsorial Sl 41(42),3.5bcd; 42,3.4 (R. 3a)

Leituras do Novo testamento

8ª Leitura:
Romanos 6,3-11
Salmo responsorial Sl 117(118),1-2.16ab-17.22-23

9ª Leitura: EVANGELHO
Lucas 24,1-12

Reflexão para a Vigília Pascal na Noite Santa

A Vigília Pascal é a noite mais sagrada da liturgia cristã. É a celebração da nova criação inaugurada em Cristo, o Cordeiro Pascal. Nesta noite, a Igreja vela em oração e escuta com reverência a grande narrativa da salvação, contada pelas Escrituras. Cada leitura é uma janela aberta sobre o mistério da Páscoa.

1. Do caos à luz – Gênesis 1,1-2,2: A primeira leitura nos leva ao princípio de tudo. Deus cria a luz para vencer as trevas, a ordem para dominar o caos, e o ser humano para viver em comunhão com Ele. A criação é dom e expressão do amor divino. Ao celebrarmos a Ressurreição, reconhecemos que Cristo é a nova luz que refaz a criação ferida pelo pecado. “Enviai o vosso Espírito e tudo será criado, e renovareis a face da terra.” (Sl 103)

2. A fé provada – Gênesis 22,1-18: Abraão, ao entregar seu filho Isaac, figura a oferta suprema do Pai que não poupou o próprio Filho. A obediência de Abraão prefigura o sim de Jesus na cruz. Na ressurreição, compreendemos que a morte não tem a última palavra. “Guardai-me, ó Deus, porque em vós me refugio!” (Sl 15)

3. A travessia da liberdade – Êxodo 14,15–15,1: este é o coração do Antigo Testamento pascal: Deus liberta o seu povo da escravidão. O mar que se abre simboliza o Batismo: mergulhar na morte para emergir na vida. Cristo é o novo Moisés, que nos conduz à liberdade. “Cantemos ao Senhor: ele fez brilhar a sua glória!” (Ex 15)

4. A ternura de Deus – Isaías 54,5-14: mesmo quando o povo se afasta, Deus permanece fiel. Seu amor é como o de um esposo fiel. A Páscoa nos mostra que o Senhor não nos abandona — mesmo no exílio ou na noite do sofrimento. “Eu vos exalto, Senhor, porque vós me livrastes.” (Sl 29)

5. Um convite à vida – Isaías 55,1-11: a palavra de Deus é eficaz, como a chuva que fecunda a terra. Nesta noite, somos convidados a acolher a Palavra viva que é Cristo, o Verbo encarnado. A salvação é gratuita, mas exige sede e abertura do coração. “Com alegria bebereis do manancial da salvação!” (Is 12)

6. Sabedoria para viver – Baruc 3,9-15.32-4,4: o Senhor nos chama a buscar a sabedoria, que não está nas riquezas nem nos ídolos, mas na Lei do Senhor, na sua Palavra que conduz à vida. Cristo é a Sabedoria encarnada, luz para os que andam nas trevas. “Senhor, só tu tens palavras de vida eterna.” (Sl 18B / Jo 6,68c)

7. Um coração novo – Ezequiel 36,16-28: Deus promete lavar o povo com água pura, dar um coração novo e um espírito novo. Essa promessa se cumpre no Batismo, onde morremos para o pecado e renascemos para Deus. A ressurreição de Cristo é fonte de vida nova para todos. “Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo!” (Sl 41)

8. Unidos à morte e ressurreição – Romanos 6,3-11: o Batismo nos une à morte de Cristo, para que vivamos uma vida ressuscitada. Morremos ao pecado para caminhar em novidade de vida. Somos, em Cristo, uma nova criação. “Não morrerei, mas ao contrário, viverei!” (Sl 117)

9. O túmulo vazio – Lucas 24,1-12: As mulheres encontram o túmulo vazio e recebem o anúncio: “Ele não está aqui! Ressuscitou!”. A pedra foi removida, a morte vencida, e a vida irrompeu gloriosa. A Vigília Pascal é a noite da surpresa divina: Deus ressuscita Jesus e com Ele, nos chama a ressuscitar também — desde já, com uma vida nova, e para sempre, na glória.

No Evangelho de Lucas (24,1-12), como nos outros evangelhos, as mulheres são as primeiras a ir ao túmulo. Isso não é um detalhe casual: em uma cultura onde o testemunho feminino não tinha valor jurídico, o fato de os evangelhos colocarem as mulheres como as primeiras a receber o anúncio da ressurreição mostra a autenticidade e a força contracultural do Evangelho. “Ele não está aqui! Ressuscitou!” – este anúncio, confiado primeiro às mulheres, é o coração da fé cristã.

O túmulo vazio não é apenas um sinal de ausência, mas de presença transformada. Jesus ressuscitado não está preso à morte, ao lugar da sepultura, ao passado. Ele vive, mas de um modo novo, além do espaço e do tempo. As mulheres são as primeiras a perceber que algo radicalmente novo começou. O túmulo vazio é o primeiro “sinal sacramental” da nova criação.

O anúncio pascal não é para ser guardado: é para ser compartilhado com os outros discípulos. Assim, as mulheres são as primeiras “apóstolas dos apóstolos”, como dizia Santo Tomás de Aquino. Elas não apenas veem e ouvem, mas são enviadas. A fé cristã nasce como testemunho de uma experiência, não como teoria. Começa com um encontro e se espalha pelo anúncio.

As mulheres são fiéis até o fim: não abandonam Jesus na cruz, estão presentes no sepultamento, e são as primeiras a buscá-lo mesmo no silêncio da morte. Sua perseverança e amor as colocam no centro da revelação pascal. Elas vão ao túmulo movidas pela dor e pelo amor. E é nesse lugar de perda que Deus age com poder. Isso mostra que a fé pascal não nega a dor, mas a atravessa. A ressurreição é uma resposta divina ao sofrimento humano.

A experiência das mulheres revela que o Ressuscitado se manifesta onde há amor fiel e esperança humilde. A ressurreição não se revela a quem desiste, mas a quem continua amando e esperando mesmo sem entender.

Nesta noite santa, a história da salvação se revela como uma história de amor fiel. Deus cria, liberta, conduz, perdoa, renova… e por fim, ressuscita. A escuridão da cruz dá lugar à luz da vida. Somos convidados a deixar o túmulo e caminhar na luz do Ressuscitado. “Este é o dia que o Senhor fez para nós: alegremo-nos e nele exultemos!” (Sl 117)

TEXTOS BÍBLICOS PARA O DOMINGO DA PÁSCOA NA RESSURREIÇÃO DO SENHOR

At 10,34a.37-43
Sl 117(118),1-2.16ab-17.22-23 (R. 24)
Cl 3,1-4 ou 1Cor 5,6b-8
Jo 20,1-9
Em lugar deste Evangelho, pode-se proclamar o Evangelho da Vigília Pascal: Mt 28,1-10 (Ano A); Mc 16,1-7 (Ano B); Lc 24 1-12 (Ano C). Nas missas vespertinas do domingo de Páscoa, pode-se também proclamar o Evangelho de Lc 24,13-35.

“Ele viu e acreditou” – Reflexão para o Domingo da Ressurreição

João 20,1-9 | Atos 10,34a.37-43 | Colossenses 3,1-4 ou 1Coríntios 5,6b-8 | Salmo 117

O dia da Páscoa ressoa em toda a liturgia como um grito de vitória: Cristo ressuscitou! Este é o dia que o Senhor fez para nós — um dia em que a vida venceu a morte, a esperança renasceu, e o amor mostrou-se mais forte que tudo. O Salmo 117 canta com alegria: “Este é o dia que o Senhor fez: alegremo-nos e nele exultemos!”

Mas esse dia tão glorioso começou com silêncio e surpresa, com um túmulo vazio e corações confusos. O Evangelho de João nos apresenta a corrida de Maria Madalena, Pedro e o discípulo amado ao sepulcro. Eles não encontram Jesus ali, mas apenas os sinais de sua passagem: as faixas de linho no chão, o sudário dobrado.

A fé pascal não nasce da lógica, mas da experiência do mistério. O discípulo amado “viu e acreditou”. Ele viu o vazio e acreditou na plenitude. Isso é Páscoa: ver o invisível, confiar no que parece impossível, crer no Amor que não morre.

No livro dos Atos, Pedro anuncia com clareza o coração da fé cristã: “Jesus, que passou fazendo o bem e curando os oprimidos, foi crucificado, mas Deus o ressuscitou ao terceiro dia.” E ele testemunha que esse Ressuscitado apareceu aos que comeram e beberam com Ele — não a todos, mas àqueles que caminhavam com Ele. A ressurreição não é um espetáculo público, mas uma experiência que transforma a vida dos que O amam.

Hoje, somos chamados a ser essas testemunhas: homens e mulheres que experimentaram o Cristo vivo em sua história e o anunciam com a vida.

A carta aos Colossenses nos recorda: “Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto.” A Páscoa não é apenas um evento do passado, mas uma realidade que nos transforma no presente. Ressuscitar com Cristo significa deixar para trás o “fermento velho”, como diz São Paulo aos Coríntios: tudo aquilo que pesa, que corrompe, que nos distancia do amor e da comunhão.

Celebrar a Páscoa é viver como novas criaturas, revestidos da luz e da alegria de Cristo. É fazer da vida uma Eucaristia permanente, um testemunho vivo da presença do Ressuscitado no mundo.

Hoje, diante do túmulo vazio…

Também nós nos aproximamos do túmulo, como Maria Madalena. Também nós corremos, como Pedro e o discípulo amado. E o que encontramos? Não provas, mas sinais. Não certezas humanas, mas a presença silenciosa de um Deus que nos precede e nos convida a crer.

Cristo não está mais entre os mortos. Ele caminha conosco, ressuscitado.
Ele está nas feridas curadas, nos corações reconcilia­dos, na paz reencontrada.
Ele está em cada gesto de amor que vence o medo, em cada perdão que renasce, em cada vida restaurada pela esperança.

Oração final

Senhor Ressuscitado,
como o discípulo amado, queremos ver e acreditar.
Ensina-nos a reconhecer-te nos sinais discretos da vida,
a correr ao encontro da tua presença viva,
e a viver como testemunhas da ressurreição.
Que este dia, que tu fizeste para nós,
seja o início de uma vida nova,
marcada pela luz, pela alegria e pela paz.
Amém.

SÁBADO SANTO

O Sábado Santo é o dia do grande silêncio, onde a Igreja permanece em recolhimento junto ao sepulcro do Senhor. Após a intensidade da Paixão, somos convidados a fazer uma pausa profunda. O altar está desnudado, não se celebra a Eucaristia, e reina um silêncio litúrgico que carrega uma expectativa: a esperança da Ressurreição.

No Sábado Santo, a Igreja vela em silêncio diante do sepulcro do Senhor. Contempla com reverência sua Paixão, sua Morte e sua misteriosa descida à mansão dos mortos (cf. 1Pd 3,19), aguardando em oração e jejum o esplendor da Ressurreição. É um dia marcado pelo recolhimento e pela espera silenciosa. Por isso, a Igreja se abstém da celebração da Eucaristia — o altar permanece despojado, sem ornamentos — até que, ao cair da noite, na solene Vigília Pascal, irrompam os cantos jubilosos da Páscoa, cuja plenitude se estende ao longo dos cinquenta dias do Tempo Pascal. Neste dia, a Sagrada Comunhão é reservada unicamente como viático, sinal de esperança para aqueles que se preparam para o encontro definitivo com Cristo.

Contemplamos o mistério da sepultura do Senhor, reconhecendo, com a fé mais antiga da Igreja, que: “Cristo morreu pelos nossos pecados, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1Cor 15,3-4).

É um dia de esperança silenciosa. Não é um vazio, mas uma gestação. A tristeza não é simplesmente substituída pela alegria, mas é transformada nela. O Sábado Santo é o dia em que a vitória começa a germinar dentro da derrota, a vida brota no coração da morte. “Cristo por nós padeceu, morreu e foi sepultado: vinde todos, adoremos!”.

Viver o Sábado Santo: oração, silêncio e espera

Mesmo com os preparativos para a solene Vigília Pascal, este dia deve conservar um espaço para a oração pessoal e comunitária. A Liturgia das Horas e o Ofício Divino das Comunidades oferecem orações próprias para esse momento. Celebrar com o povo o Ofício de Leituras ao amanhecer e a Oração da Manhã — na igreja despojada, não na capela da reposição — favorece um ambiente de contemplação, como as mulheres portadoras de perfumes, que vigiam à espera do Ressuscitado.

Após esses momentos litúrgicos, pode-se prolongar a meditação, silenciando o coração e repassando a Palavra. Também é precioso reservar um tempo para a oração pessoal, leitura espiritual e contemplação dos Evangelhos que narram o sepultamento de Jesus:
📖 João 19,38-42 | Lucas 23,50-56 | Mateus 27,56-61 | Marcos 15,42-47.

Esses quatro textos, embora sejam relatos discretos, todos profundamente marcados pela reverência e pelo silêncio, eles carregam uma mensagem poderosa e extremamente atual para a humanidade de hoje. Eis algumas luzes que podemos recolher desses evangelhos:

A dignidade da morte e o valor do cuidado: José de Arimateia, Nicodemos e as mulheres que seguem Jesus não se afastam dele na hora da morte. Eles não têm pressa. Eles cuidam, lavam, perfumam, envolvem o corpo em linho. Em um tempo em que a morte é muitas vezes apressada, institucionalizada ou ignorada, esses gestos simples e compassivos recordam à humanidade que todo corpo merece ser cuidado e amado até o fim. Eles nos ensinam a honrar o sofrimento com ternura, a não virar o rosto diante da dor.

A coragem silenciosa dos pequenos: José de Arimateia era discípulo “às escondidas”, Nicodemos antes só vinha de noite, e as mulheres estavam sempre em segundo plano. Mas no momento mais difícil, são eles que permanecem. Esses textos nos lembram que a verdadeira fidelidade não grita nem se impõe. É discreta, mas firme. Num mundo barulhento, onde o poder e a visibilidade parecem dominar, esses pequenos gestos silenciosos gritam: a fé perseverante transforma o mundo.

A espera fecunda no meio do luto: as mulheres observam onde Jesus foi sepultado. Tudo parece ter acabado. Mas elas esperam. Elas não desistem. Mesmo sem entender, não abandonam o lugar onde repousa o amor. Para a humanidade de hoje, marcada pela ansiedade, pelo imediatismo e pelo desespero diante da dor, essas mulheres ensinam a esperar com fé mesmo quando tudo parece perdido. A ressurreição não começa no Domingo: ela começa no coração de quem vigia no sábado do silêncio.

A compaixão como resposta à morte: nestes textos, ninguém faz discursos grandiosos. O que fala é o gesto: envolver Jesus num lençol novo, sepultá-lo num túmulo digno, trazer perfumes… É a linguagem da compaixão concreta. Eles mostram que, diante da dor do outro, o que importa não é ter respostas, mas presença amorosa e gestos sinceros. Numa sociedade muitas vezes indiferente ao sofrimento, esses relatos convidam cada um de nós a sermos companheiros de sepultura — solidários, sensíveis e humanos.

Deus age no silêncio: Nenhuma palavra de Jesus é pronunciada nesses trechos. Ele já está morto. Mas Deus não está ausente. A semente foi lançada na terra. Algo está germinando no invisível. Para a humanidade que sofre, espera, e tantas vezes não vê sinais, esses evangelhos afirmam com doçura: o silêncio de Deus não é ausência, é obra misteriosa de salvação. No tempo do túmulo, a graça trabalha por dentro.

Esses relatos do sepultamento de Jesus não apenas falam do silêncio de Deus, mas nos colocam dentro dele. Jesus está morto. Deus parece ter calado. A dor venceu? A injustiça triunfou? Onde está Deus diante do mal?

É nesse contexto que os textos oferecem uma resposta profunda, ainda que sutil: o silêncio de Deus não é indiferença nem abandono, mas um silêncio grávido de presença, um silêncio que carrega esperança e promessa. Aqui estão algumas pistas que esses textos oferecem à humanidade de hoje:

Deus não está ausente no silêncio: Ele está profundamente mergulhado na dor. O corpo de Jesus, entregue ao sepulcro, mostra que Deus não se retirou do sofrimento humano, mas passou por ele até o fim. No silêncio do túmulo, Deus compartilha nossa noite mais escura. Isso responde à angústia de tantos que perguntam: “Onde está Deus diante das guerras, das violências, dos lutos?” — Ele não está distante. Ele está na cruz, e agora está no túmulo. Com a humanidade.

O silêncio de Deus é espaço para a fé amadurecer. Como as mulheres diante do túmulo, somos convidados a esperar, mesmo sem compreender. O silêncio não é uma rejeição, mas uma pedagogia: faz a fé crescer, ensina a escutar com o coração, a confiar no invisível. Diante do mal, o silêncio de Deus pode parecer ausência, mas é também um chamado à confiança madura, ao tipo de fé que permanece mesmo quando não há sinais.

O bem continua atuando, mesmo na escuridão. José de Arimateia, Nicodemos, as mulheres… são personagens silenciosos que continuam fazendo o bem mesmo quando tudo parece perdido. Eles não esperam Deus agir de forma espetacular: agem com delicadeza e amor, mesmo sem entender tudo. Isso nos inspira a crer que o bem nunca cessa, mesmo diante do mal. No silêncio, Deus age através das mãos compassivas, das atitudes discretas, da fidelidade dos pequenos.

O silêncio de Deus revela que a resposta ao mal é mais profunda do que uma intervenção imediata. Muitas vezes, esperamos que Deus “faça algo” de forma visível, rápida, espetacular. Mas Deus responde ao mal com algo mais radical: Ele entra na morte para vencê-la por dentro. O silêncio do Sábado Santo não é passividade, mas um espaço onde a semente do Reino germina em segredo. A resposta de Deus ao mal não é apenas corrigir o mundo, mas transformá-lo desde o interior, com amor crucificado e ressuscitado.

O silêncio é a preparação da ressurreição. O túmulo é real. A dor também. Mas a última palavra não foi dita ainda. O silêncio não é o fim — é o intervalo sagrado entre a dor e a vitória, entre a cruz e a vida nova. Para a humanidade de hoje, cansada de ruídos, de violências e de desesperança, esses textos dizem: permaneça. Espere. Creia. O amor ainda está agindo.

Esses evangelhos, com sua delicadeza e profundidade, não dão respostas fáceis ao sofrimento. Mas revelam que Deus está presente, mesmo no escuro. E isso muda tudo. Porque o silêncio d’Ele não é abandono, mas amor que trabalha no invisível, preparando o terceiro dia.

MEDITAÇÕES SOBRE O MISTÉRIO DO SÁBADO SANTO

“O Amor penetrou nos infernos”Bento XVI

O Sábado Santo é o intervalo sagrado em que Cristo compartilhou conosco não apenas o morrer, mas o permanecer na morte. É o dia da solidariedade radical de Deus. No coração da morte humana, ressoou a voz do Amor. O que parecia ser o fim, tornou-se princípio. Se até ali o Amor chegou, então também ali germinou a Vida. Na solidão mais escura, nunca mais estaremos sozinhos.

“O grande e santo Sábado”Alexandre Schmemann e Olivier Clément

O Sábado Santo não é um simples intervalo entre a dor e a alegria. Não se trata de tristeza seguida por alívio. É o dia em que a tristeza é transfigurada pela fé. É o dia em que celebramos a morte da própria morte. É o tempo da espera fértil, onde tudo é preparado para a Ressurreição.

“O Silêncio de Deus”Pe. Adroaldo Palaoro

O Sábado Santo é um tempo de silêncio… não de ausência, mas de presença oculta. Um silêncio carregado de sentido, como o do Pai que está de luto por seu Filho e por todas as suas criaturas. O silêncio de Deus é a semente do Verbo lançada na terra, esperando a hora de florescer em Vida nova.

Homilia Antiga do Sábado Santo (séc. IV)

“O que está acontecendo hoje? Um grande silêncio reina sobre a terra… porque o Rei está dormindo.”
Cristo desce aos infernos, procura Adão e Eva, e proclama:
“Levanta-te, tu que dormes! Eu sou a tua vida. Por ti, tomei tua condição e fui até mesmo sepultado debaixo da terra. Mas agora, saiamos daqui! O trono está preparado, os céus abertos, o Reino te espera.”


Um convite ao coração

Neste Sábado Santo, pare. Silencie. Recolha-se. Deixe que o mistério da cruz mergulhe no teu interior e, como uma semente na terra, transforme a tua dor em esperança. Na escuridão da morte, a luz já começa a nascer. É o dia em que Deus parece calar, e justamente nesse silêncio, a fé é chamada a permanecer viva. É um tempo de espera reverente, em que a Igreja, como Maria e os discípulos, permanece ao lado do sepulcro, sustentada pela esperança.

Neste dia, não se celebra a Eucaristia, não há grandes gestos litúrgicos: tudo convida ao recolhimento. É uma pausa sagrada, onde a ausência se torna presença silenciosa, e a oração se torna a linguagem da alma que vigia na escuridão, crendo na luz que virá.

Orar no Sábado Santo é unir-se a Cristo em seu descanso no seio da terra, é permanecer com Ele no silêncio do túmulo, confiando que a vida brotará da morte. É também um modo de nos reconhecermos frágeis, mas guardados no Amor. Por isso, a oração neste dia não é agitada, mas contemplativa, feita de escuta, espera e esperança.

É um convite a mergulhar naquilo que Bento XVI chamou de “a solidariedade mais radical de Deus com a nossa humanidade”: Deus entra até mesmo na experiência da morte e da solidão para que ninguém, jamais, se sinta abandonado. No silêncio do Sábado Santo, a oração é como o incenso que sobe suave e confiante, mesmo antes do sol nascer.