CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM LITURGIA 2025

O Instituto de Filosofia e Teologia de Goiás (IFITEG), em parceria com a Rede Celebra, oferece o curso de Especialização em Liturgia, que tem início em janeiro de 2025. O curso é uma oportunidade para quem deseja aprofundar os estudos sobre a tradição litúrgica da fé. O curso é ideal para: Seminaristas, Religiosos, Agentes pastorais e todos que estão interessados em aprofundar seus conhecimentos na liturgia.

Este curso, estruturado em quatro módulos ao longo de um ano, oferece uma combinação equilibrada de aprendizado presencial e remoto, permitindo flexibilidade sem comprometer a qualidade da formação.

Os dois primeiros módulos serão realizados de forma presencial, totalizando 200 horas/aula cada. Durante essas etapas, os participantes terão a oportunidade de interagir diretamente com professores especializados e colegas, explorando aspectos teóricos e práticos da liturgia em um ambiente enriquecedor.

Os dois módulos seguintes serão conduzidos de forma remota, porém síncrona, somando 160 horas/aula cada. Isso significa que os alunos poderão participar das aulas interativas em tempo real, aproveitando a conveniência de estudar de onde estiverem, sem perder a interação direta com os professores e colegas de curso.

O curso conta com um processo seletivo para garantir a qualidade e adequação dos participantes, assegurando um ambiente de aprendizado colaborativo e enriquecedor. Os interessados deverão submeter sua inscrição dentro do prazo estabelecido, atentando-se aos critérios e documentos exigidos.

O investimento para o curso é acessível, dividido em 18 mensalidades de R$ 275,56, facilitando o planejamento financeiro dos interessados. Além disso, para aqueles que optarem por participar dos módulos presenciais, há a opção de hospedagem e alimentação no local, proporcionando conforto e praticidade durante a estadia, com um custo de R$ 2.035,00 por etapa.

Esta especialização é ideal para seminaristas, religiosos, agentes pastorais e todos os interessados em aprofundar seus conhecimentos na liturgia, contribuindo assim para uma vivência mais rica e significativa da fé em suas comunidades.

Não perca a oportunidade de se inscrever neste curso que promete expandir horizontes e enriquecer sua prática litúrgica. Prepare-se para uma jornada de aprendizado profundo e transformador ao longo do ano de 2025 até janeiro de 2026.

Para mais informações sobre o processo seletivo, inscrições e detalhes adicionais, visite nosso site ou entre em contato conosco. Junte-se a nós nesta jornada de conhecimento e fé!

Resumidamente, será assim:

      02 Módulos presenciais: (200 horas/aula)

            I – 02 a 12 de janeiro 2025;

            II – 05 a 16 de julho 2025;

  • Módulos remotos síncronos: (160 horas/aula)

I – março a junho 2025;

            II – agosto de 2025 a janeiro de 2026 (com recesso em dezembro);

                         Dia da semana: quarta-feira.

                         Período: noturno.

Carga horária: 400h.

Total do curso: R$ 4.960,08.

Modos de pagamento:

– 12 parcelas de R$ 413,34

(janeiro a novembro de 2025 + a matrícula em novembro de 2024);

Ou

– 18 parcelas de R$ 275,56

(janeiro de 2025 a maio de 2026 + a matrícula em novembro de 2024).

            Total: 4.070,00

            Por etapa presencial: R$ 2.035,00 (Janeiro e julho de 2025).

1ª ETAPA: MÓDULO PRESENCIAL – 02 a 12 de janeiro de 2025    – 100h
DisciplinaDocentesh/aula
Aula inaugural: Vaticano II, pontificado de Francisco e a LiturgiaDom Jerônimo04
Liturgia, experiência eclesial de oração, Linguagem simbólico-ritual da oração da Igreja / Introdução à liturgia e método mistagógicoMe. Danilo César dos Santos Lima10
Liturgia das Horas e Ofício Divino das ComunidadesMe. Maria da Penha Carpanedo10
Teologia litúrgica sobre a Eucaristia e Culto eucarísticoMe. Danilo César dos Santos Lima20
Metodologia da formação litúrgica IMe. Marlon Lopes10
Sacramentalidade e ritualidade / Canto e Música ritual IMe. Márcio Pimentel 18
Vivências Rituais I Me. Daniela Oliveira18
Metodologia Científica – Observação participanteDr. Raimundo Nonato Moura Oliveira 10
2ª ETAPA: AULAS REMOTAS SÍNCRONAS – março de 2025 a junho de 2025  –  80h
DisciplinaDocentesh/aula
Observação participante em LiturgiaDr. Raimundo Nonato Moura Oliveira12
História da LiturgiaDr. Damásio Raimundo S. Medeiros15
EucologiaDr. Jerônimo Pereira Silva12
Ano Litúrgico IMe. Maria da Penha Carpanedo12
Celebração dominical da PalavraMe. Danilo César dos Santos Lima12
Liturgia da Palavra: homiliaMe. Márcio Pimentel12
3ª ETAPA: MÓDULO PRESENCIAL – 05 a 16 de julho de 2025     – 100h
DisciplinaDocentes 
Assembleia e Ministérios Me. Patrick Brandão      15
Liturgia, ecumenismo, piedade popular e inculturaçãoDr. José Reinaldo Felipe Martins Filho10
Metodologia da formação litúrgica IIMe. Marlon Ramos Lopes10
Pastoral Litúrgica Me. Marlon Ramos Lopes10
Canto e Música RitualMe. Márcio Pimentel10
Vivências RituaisMe. Daniela Oliveira17
Mistério PascalDr. Jeronimo Pereira10
Ano litúrgico IIPenha Carpanedo10
Leitura OranteMe. Penha Carpanedo08
Atividades orientadas – TCC (por professor)Orientadores15
4ª ETAPA: AULAS REMOTAS SÍNCRONAS – agosto de 2025 a janeiro de 2026  –  80h
DisciplinaDocentesh/aula
Espiritualidade LitúrgicaMe. Maria da Penha Carpanedo10
Sacramentos: iniciação cristãMe. Domingos Ormondes15
Sacram. da Penitência e do MatrimônioMe. Frei Luis Felipe Marques15
Exéquias e BençãosDr. Joaquim Fonseca15
Atividades orientadas – TCC (por professor)*Orientadores*15*
Seminário de liturgia 30
ATIVIDADES COMPLEMENTARES
Produção do TCC 40
 Total de horas    400

Páscoa eterna de Frei Joel Postma

Faleceu hoje, 30 de outubro, em Belo Horizonte, MG, o músico e compositor holandês Frei Joel Postma, responsável pela organização dos Hinários Litúrgicos da CNBB e colaborador surgimento do Ofício Divino das Comunidades.

Frei Joel Postma nasceu na Holanda, em 8 de março de 1929. Entrou para a Ordem Francis cana aos 13 anos e antes mesmo de ir ao noviciado, teve sua facilidade musical reconhecida, aprendida em sua família, e começou a ter aulas para poder tocar nas orações dos noviços de sua turma.

Foi indicado para o Brasil no final do curso de teologia e começou a se preparar melhor para a empreitada que o esperava: ser o mestre de canto no seminário em Divinópolis: “Após a sua ordenação presbiteral em 1956 e durante três anos (1957 a 1959), Frei Joel estudou no conceituado Instituto Holandês para Música Sacra, em Utrecht. Nesse instituto, fundado por um franciscano, teve como professores Albert de Klerk (1917-1998) (Órgão), Herman Strategier (1912-1988) (Harmonia) e Job Wilderbeek (Piano)”.

Em outubro de 1959, Frei Joel embarcou numa viagem de 17 dias até o Brasil. Na bagagem, trouxe um clavicórdio, que foi utilizado por ele anos depois na composição da Cantata “O Peregrino de Assis”.

Frei Joel permaneceu em Divinópolis de 1959 a 1964. “Destacava-se, nesse período, a figura do jesuíta Pe. Joseph Gelineau (1920-2008) e sua obra litúrgica-musical, principalmente relacionada com os Salmos. Frei Joel tivera contato com o trabalho do Pe. Gelineau ainda durante seus estudos no Instituto Holandês para Música Sacra. Era conhecida uma gravação das melodias para Salmos em francês compostas por Pe.
Gelineau.

No Brasil, cônego Amaro Cavalcanti de Albuquerque, da Arquidiocese do Rio de Janeiro e Presidente da Comissão Nacional de Música Sacra, havia publicado uma pequena brochura com uma seleção das composições do Pe. Gelineau, com a letra dos salmos e cânticos traduzidos e metrificados para o português. Na sua vinda para o Brasil, Frei Joel recebeu de presente de seu pai um bom gravador de rolo Philips. Com a ajuda desse gravador, as melodias compostas pelo Pe. Gelineau, com as versões vertidas para o português por cônego Amaro, foram sendo gravadas por Frei Joel em Divinópolis. (…) Com justiça, Pe. Joseph Gelineau pode ser chamado o patriarca da música sacra conciliar”.

Em 1964, Frei Joel Postma foi para Santos Dumont, MG. “É desse período em Santos Dumont a primeira e, talvez, mais significativa composição de Frei Joel: a cantata ‘O Peregrino de Assis’. O motivo da sua composição foi a comemoração dos 25 anos do Seminário Seráfico, celebrados em 1966. A iniciativa de vertera cantata para o português ocorreu em 1965”.

O período de Frei Joel em Santos Dumont (1964 a 1984) corresponde à sua fase mais produtiva como compositor. Todo esse trabalho, além da sua participação nas diversas edições dos cursos de canto pastoral Brasil afora o tornaram a pessoa apropriada para assumir um serviço importante na Igreja do Brasil: assessor do Setor de Música Litúrgica da Comissão para a Liturgia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Muitos músicos brasileiros, ao irem estudar na Europa, acabavam menosprezando a cultura brasileira. Com Frei Joel ocorreu o contrário: fez questão de valorizar as tradições brasileiras e incentivar os compositores litúrgicos que prezavam por destacar as culturas locais, como Pe. Jocy Rodrigues e Pe. Geraldo Leite Bastos, Cônego Amaro Cavalcanti, o líder dessa turma, Pe. Nicolau Vale, Pe. José Alves, Reginaldo Veloso, entre outros.

Três frutos concretos dos treze anos em que Frei Joel esteve à frente do Setor de Música Litúrgica da CNBB merecem ser destacados: O primeiro deles é o Celmu – Curso Ecumênico de Formação e Atualização Litúrgico-musical.

O segundo fruto não nasceu como uma iniciativa direta do Setor de Música Litúrgica, mas teve, em Fr. Joel, um grande colaborador e incentivador: o Ofício Divino das Comunidades (ODC).

Finalmente, um terceiro fruto do trabalho de Frei Joel na CNBB é o conjunto de Hinários Litúrgicos, iniciado durante o seu trabalho no Setor de Música Litúrgica.

Ao término de seu período em Brasília, Frei Joel regressou a Santos Dumont, onde continuou seus trabalhos musicais, na regência do Coral Trovadores da Mantiqueira, fundado por ele durante sua primeira estadia na cidade.

A Província Santa Cruz, de um modo especial, é devedora e grata a esse irmão franciscano. Podemos afirmar, com clareza, que temos em nosso meio uma tradição litúrgica e musical fruto do trabalho incansável e persistente desse frade menor. Por tradição litúrgica, entenda-se a beleza e a simplicidade do canto, que mais eficazmente abre o espírito humano para o Criador e Redentor presentes nas criaturas, principalmente nos empobrecidos.

No último ano, Frei Joel tinha sido transferido para Belo Horizonte, a fim de receber maiores cuidados, dado o avanço de sua idade. Ao todo, foram 46 anos residindo em Santos Dumont. Seu último acorde de vida foi soado às 5h19min, aos 95 anos de idade.

*Informações colhidas na biografia do Frei Joel Postma em suas obras completas, Vol. 1, escrita por Frei
Fabiano Aguilar Satler.

Fonte: Site: https://ofm.org.b

36ª SEMANA DE LITURGIA 2024

Desde o dia 14 de outubro na casa recanto São José em Belo Horizonte- MG, está acontecendo a 36ª semana de liturgia, com o tema: LITURGIA, ORAÇÃO DA IGREJA. O encontro finaliza dia 18/10, ao meio-dia, com o almoço.

O grupo é composto por 132 pessoas, vindo de várias partes do Brasil. Conta com a participação de três assessores da CNBB: Música liturgica (Pe. Jair Oliveira) espaço ( Raquel Tonini Rosenberg Schneider) e pastoral (Luis Felipe Marques). É a primeira vez que o encontro não é realizado no estado de São Paulo. Neste ano, a 36ª Semana de Liturgia se realizou no Recanto São José, das Irmãs Franciscanas Alcantarinas, situado na rua Júlio de Castilho, 561, Betânia, Belo Horizonte/MG.

É um evento que nós, Irmãs Pias Discípulas do Divino Mestre, participamos como equipe organizativa e também fazendo parte do grupo participante.

36ª Semana de Liturgia: “Liturgia, Oração da Igreja”.

Como preparação para o ano jubilar em 2025, o Papa Francisco sugere um período de preparação centrado nas quatro Constituições Conciliares do Vaticano II. O ano de 2023 foi marcado pela redescoberta dos ensinamentos do Concílio, enquanto 2024 será dedicado à oração.

O Papa expressou seu desejo de que as comunidades cristãs ao redor do mundo reflitam sobre os documentos conciliares: Dei Verbum, Sacrosanctum Concilium, Lumen Gentium e Gaudium et Spes. Segundo Francisco, essas Constituições e o magistério dos últimos anos continuarão a guiar o povo de Deus em sua missão de disseminar o Evangelho.

Para apoiar essa preparação, o Dicastério para a Evangelização lançou, globalmente e no Brasil por meio das Edições CNBB, 34 volumes intitulados “Cadernos do Concílio”, dos quais 9 são dedicados à Liturgia. Essa iniciativa coincide com a celebração dos 60 anos da Sacrosanctum Concilium e o lançamento da 3ª edição do Missal Romano, considerado o livro oracional fundamental da Igreja.

O Centro de Liturgia D. Clemente Isnard e a Rede Celebra, em sintonia com o convite do Papa, propõem para a Semana de Liturgia de 2024 o tema “Liturgia, a Oração da Igreja”. Francisco enfatiza que a liturgia pós-conciliar é a única Lex Orandi da Igreja, uma expressão da oração de Cristo e um impulso para a missão evangelizadora e o cuidado com os necessitados.

A 36ª Semana de Liturgia visa proporcionar aos participantes um reencontro com a dimensão orante do Povo de Deus, que expressa o único sacerdócio de Cristo. A comunhão na oração, o louvor e a adoração buscam revitalizar a tradição cristã, situando a comunidade diante de Deus e reacendendo o amor e a esperança em um mundo carente de fé. Cada gesto e oração levará os participantes ao centro da fé, o Mistério Pascal de Cristo, promovendo um reencontro com a vocação de cada batizado.

SÍNODO DA SINODALIDADE

De 2 a 27 de outubro deste ano de 2024, acontece, em Roma, a segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos bispos. Em seu discurso na abertura dos trabalhos da Primeira Congregação da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Sinodalidade, o Papa enfatizou “o processo sinodal é também um processo de aprendizagem, durante o qual a Igreja aprende a conhecer-se melhor e a identificar as formas de ação pastoral mais adequadas à missão que o seu Senhor lhe confia”.

Em seu discurso, o Santo Padre frisou que esta “assembleia, guiada pelo Espírito Santo, deverá oferecer a sua contribuição para que se forme uma Igreja verdadeiramente sinodal em missão, que saiba sair de si mesma e habitar as periferias geográficas e existenciais, garantindo que se estabeleçam laços com todos em Cristo nosso Irmão e Senhor”.

Francisco disse que quando decidiu convocar “como membros titulares desta XVI Assembleia também um número significativo de leigos e consagrados (homens e mulheres), diáconos e sacerdotes, desenvolvendo o que já estava parcialmente previsto para as assembleias anteriores, o fez em coerência com a compreensão do exercício do ministério episcopal expressa pelo Concílio Ecumênico Vaticano II”.

Segundo o Papa, “essa compreensão inclusiva do ministério episcopal exige ser revelada e reconhecida, evitando dois perigos: o primeiro, é a abstração que esquece a concretude fecunda dos lugares e relações, e o valor de cada pessoa; o segundo perigo é o de romper a comunhão colocando a hierarquia contra os fiéis leigos”.

Somos convidados a exercitar-nos juntos numa arte sinfônica, numa composição que nos une a todos no serviço à misericórdia de Deus, segundo os diferentes ministérios e carismas que o bispo tem a tarefa de reconhecer e promover”, disse ainda Francisco.

Ser Igreja sinodal missionária

De acordo com o Pontífice, “caminhar juntos é um processo em que a Igreja, dócil à ação do Espírito Santo, sensível no acolhimento dos sinais dos tempos, se renova continuamente e aperfeiçoa a sua sacramentalidade, para ser uma testemunha crível da missão a que foi chamada, de reunir todos os povos da terra no único povo esperado no final, quando o próprio Deus nos fará sentar no banquete que Ele preparou”.

O Papa disse ainda que “devem ser identificadas diferentes formas de exercício “colegial” e “sinodal” do ministério episcopal, nos momentos apropriados (nas Igrejas particulares, nos grupos de Igrejas, em toda a Igreja), respeitando sempre o depósito da fé e da Tradição viva, respondendo sempre ao que o Espírito pede às Igrejas neste tempo particular e nos diversos contextos em que vivem”.

“É o Espírito Santo que torna possível a fidelidade perene da Igreja ao mandato do Senhor Jesus Cristo e a escuta perene da sua palavra. Ele guia os discípulos para toda a verdade. Ele também nos guia para dar resposta, depois de três anos de caminho, à pergunta como ser uma Igreja sinodal missionária. Eu acrescentaria ‘misericordiosa'”, concluiu Francisco.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2024-10/papa-francisco-saudacao-sinodo-sinodalidade-primeira-congregacao.html

Sínodo, Instrumentum Laboris: uma Igreja em missão com o compromisso de todos

Foi publicado o texto-base que orientará os trabalhos da segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária, programada de 2 a 27 de outubro. O documento está em continuidade com todo o processo sinodal iniciado em 2021 e apresenta propostas para uma Igreja cada vez mais “sinodal em missão”, mais próxima do povo e na qual todos os batizados participam de sua vida. Entre os pontos de reflexão estão a valorização da mulher e a necessidade de transparência e prestação de contas

Isabella Piro – Vatican News

Como ser Igreja sinodal missionária? Esta é a pergunta básica da qual parte o Instrumentum laboris (IL) da próxima sessão do Sínodo dos Bispos, programada de 2 a 27 de outubro, a segunda da XVI Assembleia Geral Ordinária, depois da de 2023. O IL – publicado esta terça-feira, 9 de julho, e apresentado na Sala de Imprensa da Santa Sé – não oferece nenhuma “resposta pré-fabricada”, mas sim “indicações e propostas” sobre como a Igreja, como um todo, pode responder “à necessidade de ser ‘sinodal em missão'”, ou seja, uma Igreja mais próxima das pessoas, menos burocrática, que seja casa e família de Deus, na qual todos os batizados sejam corresponsáveis e participem de sua vida na distinção de seus diferentes ministérios e papéis.

As cinco partes do documento

O documento está estruturado em cinco seções: introdução, fundamentos e três partes centrais. A introdução relembra o caminho percorrido até agora e destaca as metas já alcançadas, como o uso generalizado da metodologia sinodal da Conversação do Espírito. Seguem-se os fundamentos (n. 1-18), que se concentram na compreensão da sinodalidade, vista como um caminho de conversão e de reforma. Em um mundo marcado por divisões e conflitos, enfatiza-se, a Igreja é chamada a ser sinal de unidade, instrumento de reconciliação e de escuta para todos, especialmente para os pobres, os marginalizados e as minorias afastadas do poder.

VALORIZAÇÃO DAS MULHERES

Os Fundamentos também dão amplo espaço (n.13-18) à reflexão sobre o papel das mulheres em todas as áreas da vida da Igreja, destacando “a necessidade de dar um reconhecimento mais pleno” aos seus carismas e vocação. “Deus escolheu certas mulheres para serem as primeiras testemunhas e anunciadoras da ressurreição”, lembra o IL; elas, portanto, “em virtude do Batismo, estão em uma condição de plena igualdade, recebem a mesma efusão de dons do Espírito e são chamadas ao serviço da missão de Cristo”.

Participação e responsabilidade

Em algumas culturas, de acordo com o IL, “a presença do machismo permanece forte”; por essa razão, a segunda sessão sinodal pede “uma participação mais ampla das mulheres nos processos de discernimento eclesial e em todas as fases dos processos de tomada de decisão”, juntamente com “um acesso mais amplo a posições de responsabilidade nas dioceses e instituições eclesiásticas”, bem como em seminários, institutos, faculdades de teologia e “no papel de juíza em processos canônicos”. As sugestões também dizem respeito às mulheres consagradas, para as quais se espera “maior reconhecimento e apoio mais decisivo” para sua vida e seus carismas, juntamente com “seu emprego em posições de responsabilidade”.

Reflexão teológica sobre o diaconato feminino continua

Quanto à admissão de mulheres ao ministério diaconal, o IL relata que ela é solicitada por “algumas Igrejas locais”, enquanto outras “reiteram sua oposição” (n. 17). O assunto, ressalta-se, “não será objeto dos trabalhos” em outubro próximo e, portanto, é bom que “a reflexão teológica continue”. Em todo caso, a reflexão sobre o papel da mulher “evidencia o desejo de um fortalecimento de todos os ministérios exercidos pelos leigos”, para os quais se pede que “adequadamente formados, possam contribuir também para a pregação da Palavra de Deus, inclusive durante a celebração da Eucaristia” (n. 18).

Parte I – Relações com Deus, entre irmãos e entre as Igrejas

Após a introdução e os fundamentos, o IL se detém nas relações (n. 22-50) que permitem que a Igreja seja sinodal na missão, ou seja, as relações com Deus Pai, entre irmãos e irmãs e entre as Igrejas. Os carismas, ministérios e ministérios ordenados são, portanto, essenciais em um mundo e para um mundo que, em meio a tantas contradições, está em busca de justiça, paz e esperança. Das Igrejas locais, emerge também a voz dos jovens que clamam por uma Igreja não de estruturas, nem de burocracia, mas fundada em relações que suscitam e vivem em dinâmicas e caminhos. Nessa perspectiva, a Assembleia de outubro poderá analisar a proposta de dar vida a novos ministérios, como o da “escuta e do acompanhamento”.

Parte II – Percursos formativos e discernimento comunitário

Essas relações devem, então, ser desenvolvidas de maneira cristã ao longo de percursos (n. 51-79) de formação e de “discernimento comunitário”, o que permite que as Igrejas tomem decisões apropriadas, articulando a responsabilidade e a participação de todos. “O entrelaçamento de gerações é uma escola de sinodalidade”, afirma o IL. “Todos, os fracos e os fortes, as crianças, os jovens e os idosos, têm muito a receber e muito a dar” (n. 55).

A importância da prestação de contas

Mas entre os percursos a serem seguidos também estão os que permitem que aqueles com responsabilidades eclesiais sejam transparentemente responsáveis por suas ações para o bem e a missão da Igreja. “Uma Igreja sinodal precisa de uma cultura e prática de transparência e prestação de contas (accountability) – diz o IL – que são indispensáveis para promover a confiança mútua necessária para caminhar juntos e exercer a corresponsabilidade pela missão comum” (n. 73). O documento de trabalho enfatiza que hoje “a demanda por transparência e prestação de contas na e pela Igreja surgiu como resultado da perda de credibilidade devido a escândalos financeiros e, sobretudo, abusos sexuais e outros abusos contra menores e pessoas vulneráveis. A falta de transparência e prestação de contas, de fato, alimenta o clericalismo” (nº 75).

São necessárias estruturas de avaliação

A prestação de contas e a transparência, insiste o IL, também afetam “os planos pastorais, os métodos de evangelização e as maneiras pelas quais a Igreja respeita a dignidade da pessoa humana, por exemplo, no que diz respeito às condições de trabalho em suas instituições” (n. 76). Daí, o pedido de “estruturas necessárias e formas de avaliação do modo como são exercidas as responsabilidades ministeriais de todos os tipos” (n. 77). A Igreja deve garantir, explica o IL, a publicação de um relatório anual sobre a gestão dos bens e dos recursos e sobre o desempenho da missão, inclusive “em matéria de salvaguarda (proteção dos menores e das pessoas vulneráveis)” (n. 79).

Parte III – Os lugares do diálogo ecumênico e inter-religioso

O IL analisa, em seguida, os lugares (n. 80-108) onde as relações e os percursos tomam forma. Lugares que devem ser entendidos como contextos concretos, caracterizados por culturas e dinamismos da condição humana. Convidando a superar uma visão estática das experiências eclesiais, o documento de trabalho reconhece a sua pluralidade, que permite à Igreja – una e universal – viver em uma circularidade dinâmica “nos lugares e a partir dos lugares”. E é nesse horizonte que se inserem os grandes temas do diálogo ecumênico, inter-religioso e com as culturas. Nesse contexto, insere-se também a busca de formas de exercício do ministério petrino abertas à “nova situação” do caminho ecumênico (n. 102 e 107).

Peregrinos da esperança

Em seguida, o Instrumentum laboris conclui-se com um convite para prosseguir o caminho como “peregrinos da esperança”, também na perspectiva do Jubileu de 2025 (nº 112).

Fonte desta notícia: https://www.vaticannews.va/pt/vaticano/news/2024-07/sinodo-sinodalidade-instrumentum-laboris-vaticano-bispos.html

RETIRO MENSAL DE OUTUBRO DE 2024

Todo sábado que antecede ao primeiro Domingo de cada mês, nós, família das Pias Discípulas do Divino Mestre, fazemos o retiro mensal. É um momento de encontro com a palavra de Deus da liturgia do primeiro Domingo do mês, domingo dedicado ao Divino Mestre.

Neste 27º Domingo do Tempo Comum, a Ir. M. Letícia Pontini do Secretariado de Espiritualidade quem preparou o texto de reflexão e que nos conduz na leitura atenta da Palavra de Deus.

Compartilhamos com vocês este texto, que está na integra no site: https://espacoorante.piasdiscipulas.org.br/retiro-mensal

Boa oração a todos!

SECRETARIADO PARA ESPIRITUALIDADE

RETIRO – OUTUBRO – 2024

27º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO B

Prepare o ambiente: uma mesa com toalha, a bíblia, uma vela e cadeiras em círculo. Alguém acende a vela. Canta-se um hino apropriado. Pessoas previamente preparadas leem as leituras dos textos deste domingo: primeiro o Evangelho, segue a 1ª leitura, o salmo, a 2ª leitura.

A liturgia deste 27ª Domingo do Tempo Comum reflete sobre algumas questões fundamentais como: o homem não realiza sua vocação só no domínio da matéria e da vida, mas traz em si a exigência do encontro com um ser capaz de comunhão com ele.

De fato, é outro ele mesmo que descobre na mulher: “Desta vez é carne da minha carne e osso dos meus ossos” (1ª leitura). A estrutura sexual do homem e da mulher, como toda a sua existência corporal, deve ser compreendida como presença, linguagem, reconhecimento do outro. O mistério do homem e da mulher não está no homem e na mulher separadamente, mas a comunhão de toda a pessoa até um verdadeiro diálogo fecundo e aberto. O profundo laço que une o homem e a mulher tem, no texto do Gênesis, duas características essenciais: é superior a qualquer outro laço, inclusive o dos pais, que, nos mandamentos, vem imediatamente depois das relações com Deus; é tão íntimo e profundo no plano do corpo e do espírito que  formam um só ser.

Analisando a história do matrimônio através dos séculos, nota-se como a evolução dos costumes favoreceu, em quase todos os povos, a passagem da poligamia para a concepção monogâmica do matrimônio, e isto teve duas importantes consequências paralelas: a libertação da condição da mulher, que de um estado de inferioridade e quase de escravidão passou gradualmente à igualdade jurídica e social; e a escolha do parceiro no matrimônio, como ato livre, pessoal, não mais regulamentado e imposto de fora, por interesses estranhos. O atrativo sempre mais forte para o matrimônio, fundado no livre consenso dos cônjuges, não é absolutamente acompanhado, porém, de uma adesão voluntária à lei da indissolubilidade, onde ela figura no código religioso ou mesmo civil.

O Amor nunca morre.  Assim como Cristo não abandonou a humanidade nem a Igreja quando o pregavam na cruz, também no matrimônio contraído “no Senhor” conserva a indissolubilidade da ligação entre Cristo e a Igreja, também quando se tornou uma crucifixão. A presença de Cristo no matrimônio dos que creem não exclui, pois, a priori, incompatibilidade de caracteres, erros na escolha matrimonial, dificuldades com os filhos, nervosismo, doença, tédio… mas significa que, para os que creem, o Terceiro, isto é, Cristo, está sempre presente; Jesus Cristo dá força, conforto, esperança, enquanto observa que é sempre melhor dar que receber( cf At 20,35). Quem se impregna deste espírito nos dias felizes, poderá continuar a viver desta esperança nas horas difíceis.  (Missal Dominical).

Como uma criança que aprende convivendo com os pais e vendo a atitude deles, assim Jesus nos convida a aprender do Pai vendo o exemplo do Filho. Se recebermos o Reino como crianças, aprendendo as atitudes de Jesus, o amor fiel que nos une, perdoa e se doa será sempre a regra sem exceção.

Leituras para nossa oração orante:

Evangelho Marcos 10,2-16, conversar sobre o que chamou a atenção no texto. Em seguida, ler a primeira leitura, de Genesis 2,18-24, o salmo 128(127), e a segunda leitura, de Hebreus 2,9-11.  Como esses textos combinam com o Evangelho.

Que o mês do Divino Mestre seja uma escola de Amor, Fidelidade e Perseverança no caminhar de cada uma. “O homem todo em Cristo, com pleno amor a Deus: mente, vontade, coração, forças físicas. Tudo, natureza e graça e vocação, pelo apostolado. Carro que corre apoiado sobe quatro rodas: santidade, estudo, apostolado, pobreza”,(AD 100). Este é o centro, o núcleo da espiritualidade que estimula cada filho de Padre Alberione.  (Catequese Paulina)

Leitura Orante do 26º Domingo do Tempo Comum Ano B

Algumas recomendações:

-Antes de começar a leitura, prepare o ambiente, acenda uma vela…

Encontre uma posição confortável, acalma-se de toda a agitação, preste atenção aos próprios sentimentos, pensamentos, preocupações…

Deixe que volte ao coração acontecimentos, pessoas, situações…Entregue tudo ao Senhor.
Em atitude de fé, invoque o Espírito Santo, pois é ele que ‘perscruta todas as coisas, até mesmo as profundidades de Deus’ (cf. I Coríntios 2,10-12 ).

Se desejar, escreva no seu caderno pessoal tudo o que experimentou durante a oração. Se possível, partilhe com alguém.

Abaixo o roteiro na íntegra.

Algumas recomendações: Antes de começar a leitura, prepare o ambiente, acenda uma vela…Encontre uma posição confortável, acalma-se de toda a agitação, preste atenção aos próprios sentimentos, pensamentos, preocupações…Deixe que volte ao coração acontecimentos, pessoas, situações…Entregue tudo ao Senhor. Em atitude de fé, invoque o Espírito Santo, pois é ele que ‘perscruta todas as coisas, até mesmo as profundidades de Deus’ (cf. I Coríntios 2,10-12). Se desejar escreve no seu caderno pessoal tudo que viveu durante a oração e partilhe.
26º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO B
Leituras dos textos bíblicos:
Evangelho Marcos 9,38-43.45.47-48
1ªLeitura Livro dos Números 11,25-29
Salmo 19 (18),8.10.12-13.14 (R.8a 9b)
2ªLeitura da Carta de São Tiago 5,1-6
 Quatro passos da Leitura Orante
Invocação ao Espírito Santo…
Primeiro passo: LER
“Ele me desperta a cada manhã e me excita o ouvido,
para prestar atenção como um discípulo” (Is 50,4b)
● Ler e reler o texto, baixinho e em voz alta; escutar o texto (alguém está falando!).
● Prestar atenção a cada palavra, às ideias, às imagens, ao ritmo, à melodia.
● Tentar entender o texto (no contexto em que foi escrito).
● Se for possível, recorrer também a um bom comentário de um biblista.

  • Ler como se fosse a primeira vez.
  • Ler quantas vezes forem necessárias para deixar o texto falar.
  • O que o texto está dizendo?
  • Não interpretar, nem jogar suas ideias no texto – escute!
  • Responder: Nível literário: Quem? O quê? Quando? Como? Onde? Por quê? O texto faz insistências (imagens, verbos, substantivos…)? Nível histórico: Quando o texto foi escrito? O relato coincide com a data da redação? Para quem foi escrito? Nível teológico: O que Deus estava dizendo naquela situação? Como ele se revelava? Como o povo respondia?
  • Obs.: procurar as respostas em primeiro lugar no texto, depois em algum subsídio.
  • Ao final desse momento, experimente reler o texto.

Segundo passo: MEDITAR
“Uma vez Deus Falou, duas eu ouvi” (Sl 62,12)
● Repetir o texto (ou parte dele) com a boca, a mente e o coração: não “engolir” logo o texto, e sim mastigá-lo, “ruminá-lo”, tirando dele todo o seu sabor; não ficar só com as idéias que contém, mas deixar que as próprias palavras mostrem sua força; aprender de cor (= de coração!) pelo menos uma parte do texto.
● Penetrar no texto, interiorizá-lo; compreendê-lo, interpretá-lo a partir de nossa realidade; identificarmo-nos com ele. Perceber como o texto expressa nossas próprias experiências, sentimentos e pensamentos. Principalmente no caso dos salmos, estas experiências podem ser entendidas também como se referindo a Jesus, o Cristo.
● Trata-se de atualizar o texto: perceber como ele acontece hoje, em nossa realidade pessoal comunitária e social; perceber qual a palavra que o Senhor poderá estar nos dizendo…

  • Ouvir o que Deus está dizendo hoje através do texto.
  • Relacionar o texto com outras leituras (texto da Bíblia ou da Liturgia).
  • Experimente reler o texto!
  • Escolha uma frase ou expressão do texto que te marcou.

Terceiro passo: ORAR
“O Espírito nos socorre em nossa fraqueza,
pois não sabemos orar como convém” (Rm 8,26)
● Deixar brotar de dentro do coração tocado pela Palavra uma resposta ao Senhor. Dependendo da leitura e da meditação feitas, poderá ser uma resposta de admiração, louvor, agradecimento, pedido de perdão, compromisso, clamor, pedido, intercessão…

  • O que o texto me faz dizer a Deus?
  • Não “maquiar” os sentimentos diante de Deus.
  • A oração pode ser feita a partir de um salmo ou cântico bíblico.
  • Levar em conta o próprio texto e deixar o “movimento” do Espírito conduzir sua prece, louvor, adoração…
  • Você pode também compor uma oração estilo coleta ou uma introdução para a celebração dominical (sentido litúrgico).
  • Formular um compromisso: “Senhor, que queres que eu faça?”
  • Experimente reler o texto.

Quarto passo: CONTEMPLAR
“Tende em vós os mesmos sentimentos que havia em Jesus Cristo” (Fl 2,5)
● A Bíblia não usa o verbo contemplar e, sim, escutar, conhecer, ver. Trata-se de saborear, “curtir” a presença de Deus, o jeito de ele ser e agir, o quanto ele é bom e o quanto faz por nós. Supõe uma entrega total na fé. Passa necessariamente pelo conhecimento de Jesus Cristo (“Quem me vê, vê o Pai”), que se encontra ao lado dos pobres.

  • Ver a realidade com os olhos de Deus. Transformação interior de que se pôs à escuta da palavra.
  • Contemplar = “viver no templo” – atitude permanente de vida.
  • Permitir a encarnação do Verbo – o sentido das escrituras está na sua realização em nossas vidas: “Hoje se cumpriu”.
    Palavra de um lavrador: “…fui notando que se a gente vai deixando a palavra de Deus entrar dentro da gente, a gente vai se divinizando. Assim, ela vai tomando conta da gente e a gente não consegue mais separar o que é de Deus e o que é da gente. Nem sabe muito bem o que é Palavra dele e palavra da gente. A Bíblia fez isso em mim”.

Para ajudar no aprofundamento dos textos:

O poder, a solidariedade e os pequeninos – Marcos 9,38-43.45.47-48
A narrativa do Evangelho escolhida para a nossa reflexão na liturgia deste final de semana foi tirada de Marcos 9,38-50. Esse relato se divide em três partes.

1 – Autonomia das comunidades e a luta pelo poder (Marcos 9,38-40)

Para compreendermos bem a repreensão de Jesus ao apóstolo João, convém recordar algumas situações a respeito desse apóstolo. Certamente, os autores do Evangelho segundo Marcos conheciam estas tradições. De Paulo sabemos: João, junto com Pedro e Tiago, o irmão do Senhor (cf. Gálatas 1,19), era uma das autoridades em Jerusalém (cf. Gálatas 2,9). Tinha, portanto, uma posição de poder. Segundo o próprio Evangelho de Marcos nos informa, João, dessa vez junto com seu irmão Tiago, lutava por poder, pelo lugar mais importante, de maior prestígio, isto é, sentar-se ao lado do trono de Jesus em seu Reino (cf. Marcos 10,36-37). Por outro lado, Lucas nos informa que, mais uma vez junto com seu irmão, João tinha postura antiecumênica em relação aos samaritanos. Chegaram a propor a Jesus que um raio os queimasse vivos (cf. Lucas 9,51-55). Esse modo de agir do apóstolo João nos faz compreender sua dificuldade em aceitar a diversidade, a autonomia de outras equipes missionárias que não “seguissem” os seus ditames, as suas ordens (cf. v. 38).
Com essa cena do Evangelho de hoje, Jesus nos ensina que ninguém pode ter o monopólio da Boa Nova, da prática do bem. Nenhuma pessoa pode considerar-se dona exclusiva da missão confiada por Jesus a seus discípulos, nem pode se impor sobre outras comunidades ou grupos que promovem o respeito, a tolerância, a justiça, o amor.

Por trás dessa narrativa, é provável que as comunidades de Marcos reivindicassem o respeito por sua autonomia, livres de um poder centralizado, representado aqui por João. Agindo assim, Jesus legitima a soberania das comunidades e critica a centralização do poder. Certamente, essa postura do Nazareno nos faz pensar sobre as hierarquias das instituições de hoje.
A atitude de Jesus é ecumênica, não coibindo ninguém de contribuir com seu projeto, isto é, com a libertação de todas as formas de opressão e com a promoção da vida. Jesus não é monopólio de ninguém.
Para seguir Jesus em seu caminho, ele nos coloca, entre outras exigências, libertar-nos da tentação do poder como privilégio, como status, como prestígio (cf. João 13,1-17). Quem lidera, quer lavar os pés de seus liderados. Quem quer ser grande, que sirva (cf. Marcos 10,43).

2 – A solidariedade com quem segue Jesus (Mc 9,41)

De um lado, sabemos que o seguimento radical de Jesus na luta pela justiça do Reino, desperta violência, ódio e perseguição (cf. Mateus 5,10-12). De outro, sabemos também que muita gente é acolhedora e solidária. Enquanto Jesus está a caminho de Jerusalém para o grande gesto de doação de sua vida, afirma que também é nos pequenos gestos de solidariedade que se revela o Reino de Deus.

3 – Não escandalizar os pequeninos que creem (Mc 9,42-50)

Para que possa entrar na Vida, no Reino (vv. 43.45.47), quem segue Jesus não pode servir de queda (escandalizar = fazer tropeçar) para os pequeninos, os “discípulos novos” (v. 42).
Não pode seguir o profeta de Nazaré quem escandalizar os pequeninos. O lugar de quem assim age é o fundo do mar, onde deve permanecer junto aos porcos que lá foram precipitados (v. 42; cf. 5,13).
Para seguir o Mestre é necessário “cortar a mão” que rouba, acumula, esbofeteia e violenta. É preciso mudar o “modo de agir” (v. 43). Além disso, é necessário também “cortar o pé” que pisa, esmaga, faz tropeçar. Para quem segue Jesus, é imprescindível “mudar a conduta”, o “modo de caminhar” (v. 45). E mais. É necessário também “arrancar o olho” que julga, deseja, cobiça e inveja. Portanto, é indispensável “mudar o modo de ver” as coisas, as pessoas, a vida e o próprio Deus (v. 47).
Escandalizar os pequeninos é seduzi-los a se desviarem do projeto do Reino e sua justiça, a fim de que sigam as tentações de Satanás (riqueza, poder, prestígio). Escandalizar os pequeninos é desencaminhá-los através de mentiras, de modo que sigam cegamente o ódio, a indiferença, a intolerância. Daí a insistência em evitar o escândalo dos pequeninos, para que não se afastem do projeto do Reino, da verdade, do amor e da justiça.

Essa mensagem fala muito para nós hoje, quando vemos tantas pessoas dizerem que seguem Jesus, mas seu “modo de agir” é intolerante. Jesus, porém, pediu-nos mais que tolerância, pediu-nos respeito. Ou ainda, quando a “conduta” dessa gente segue pelos caminhos do ódio. Jesus, ao contrário, pediu-nos amor. Ou ainda, quando seu “modo de ver” é movido pela mentira. O mestre de Nazaré, porém, propõe-nos a verdade.
Três vezes, a narrativa se refere à Geena. Geena era um vale a sudoeste de Jerusalém, onde se queimava o lixo e, no passado, se sacrificavam pessoas (vv. 43.45.47; cf. Jeremias 7,32; 19,6). Era considerado um lugar impuro, de desprezo, de maldição.
Os vv. 50-51 se referem ao sal. Ser “salgado com fogo” é ser purificado (vv. 49-50; cf. 2Reis 2,20-22; Ezequiel 16,4). Portanto, quem decidir seguir radicalmente à Boa Nova de Jesus precisa purificar seu modo de agir, de caminhar e de ver, de modo a não escandalizar os pequeninos.
O sal também era símbolo da aliança da paz, sinal de amizade (cf. Levítico 2,13; Números 18,19). Daí o pedido de Jesus aos apóstolos e a nós hoje: “vivei em paz uns com os outros” (Marcos 9,50; cf. Romanos 12,18).

Ildo Bohn Gass
CEBI-RS

Roteiro preparado pelas irmãs
Pias Discípulas do Divino Mestre – Pastoral Vocacional
Site: www.piasdiscipulas.org.br

50 anos de vida religiosa: Ir. M. Pierângela Dalla Riva

Ir. Pierangela Dalla Riva nasceu no dia 14 de setembro de 1945, em Aratiba/RS. Ingressou na Congregação em 4 de março de 1971. Emitiu a sua primeira profissão em 10 de fevereiro de 1974. Viveu a vida e missão de Discípula nas comunidades em São Paulo, Caxias do Sul/RS, Rio de Janeiro, Porto Alegre/RS, Olinda/PE, Taguatinga/DF. Colaborou também no apostolado sacerdotal junto ao Seminário Diocesano de Osasco. Em 2001, em Roma, participou dos estudos das nossas origens, com enfoque aos personagens: Pe. Tiago Alberione, Madre Escolástica e Pe. Timóteo Giaccardo. Desde 2011, pertence à Comunidade Madre Escolástica, para tratamento de saúde.

Frase: Tudo na alegria do ” Faça-se de Maria …seguindo JESUS MESTRE CAMINHO, VERDADE E VIDA no intuito primeiro do Chamado à graça a ser: ” Ser total para Deus e para as pessoas no Serviço: Eucarístico, Sacerdotal e Litúrgico na Igreja e no nosso mundo.

Escreve a Ir. M. Pierângela sobre o seu jubileu: Esta momento da minha caminhada, foi de vida e morte, porque, quando eu fiquei doente, eu achei que não tinha mais retorno, mas eu consegui retomar a saúde com a graça e a força de Deus. É uma grande alegria e gratidão profunda acolher a vida em mim, na Congregação, na nossa realidade de povo.

Dentro dessa minha entrega, eu me sinto que nada preservei para mim mesma, mas foi uma entrega contínua à Congregação, a quem muito amo e tenho muito apreço.

E, no final, quando o meu grupo se movimentou pra celebrar os 50 anos e os 100 anos, eu senti que não tinha palavras para expressar minha gratidão a Deus e a Congregação pelo caminho feito até aqui.

E sinto que realmente, como eu expressei no meu escrito por ocasião do jubileu, é um eterno Magnificat. É um eterno Magnificat por estar ainda aqui celebrando, ainda continuando a celebrar, continuando esse esforço comum de fazer esse momento tão importante.

Foi uma grande alegria ter a minha família participando. Família e amigos. Foi uma explosão de alegria encontrar os meus irmãos, que expressaram também que foi como um relâmpago, de tão feliz.

Entre nós e na expectativa de futuro de um desenvolvimento, dentro da realidade do nosso servir a Deus e aos irmãos. Está muito dentro do Carisma, até na fórmula dos votos a gente pronuncia: ”eu me entrego ao Senhor e à Congregação no serviço da Eucaristia, do Sacerdócio e da Liturgia, na pessoa de Jesus Cristo Caminho, Verdade e Vida.

PÁSCOA ETERNA DE IR. PIERÂNGELA

No dia 16 de setembro de 2024, no Hospital Lefort, em São Paulo (Brasil), às 17 horas, o Divino Mestre chamou nossa irmã

Ir. M. PIERÂNGELA – ILIDA  DALLA  RIVA

(nascida em 14 de setembro de 1945 em Aratiba (Rio Grande do Sul – Brasil)

É a mais velha dos seis filhos do casal Pedro Dalla Riva e Ângela De Ré. Uma família unida, trabalhadora e animada pela fé e pelo espírito de sacrífício. Participavam com disposição da vida paroquial, da animação das celebrações litúrgicas e das festas populares e, na oração, vai amadurecendo o desejo de consagrar-se totalmente a Deus, a exemplo de Maria, a Mãe de Jesus, que considera sua vocação e mestra de vida.

Tendo conhecido as Discípulas do Divino Mestre, pôde finalmente ingressar na Congregação em São Paulo DM, em 4 de março de 1971, aos 25 anos de idade. No final de seu noviciado, fez sua Profissão Religiosa, na comunidade DM, em São Paulo, em 10 de fevereiro de 1974, no 50º aniversário da fundação do Instituto. Em 10 de fevereiro de 1980, fez sua Profissão Perpétua, na mesma comunidade Divino Mestre, em São Paulo.

Provocada também pela vida e pela situação familiar, Ir. M. Pierangela mostrou-se, desde os primeiros passos da vida religiosa, uma jovem madura, boa e serena, que participava ativamente da vida comunitária e exercia o apostolado com amor e dedicação. Ela cultivou um espírito de oração e de profundo louvor e progrediu na compreensão e na fidelidade ao carisma das Pias Discípulas do Divino Mestre.

Especialmente nos primeiros anos de sua vida religiosa, dedicou-se à pastoral vocacional e à formação de aspirantes e, posteriormente, assumiu a função de coordenadora nas comunidades no Rio de Janeiro (1985 – 1988) e em Caxias do Sul (1989 – 1990).  Passou a maior parte de sua vida consagrada dedicando-se à missão nos Centros de Apostolado Litúrgico.

A Ir. M. Pierângela é fascinada pela força e beleza de nossa missão como Discípulas do Divino Mestre. Todos os padres e outras pessoas que entravam no CAL, de alguma forma, procuravam a irmã, seja para receber ajuda ou para serem ouvidos. No relacionamento que ela estabelecia com os padres e amigos, era possível perceber a marca da fé e da gratuidade que norteava sua doação de vida. Todos os dias, com alegria, esperança e com a certeza da Divina Providência, preparava-se para o serviço com a oração inicial junto com sua equipe e, na medida do possível, desejava por um momento de adoração ao Santíssimo Sacramento na capela interna do Centro. Os padres e leigos que compareciam no CAL de São Paulo o percebiam como um oásis hospitaleiro e um ponto de encontro.

A irmã M. Pierângela testemunhou abertamente: “De minha parte, continuo agradecendo e abençoando o Senhor pelas inúmeras experiências de fé que ocorreram ao longo dos anos. Sempre tentei e descobri que a melhor ajuda é a escuta: acolher a todos da melhor maneira possível. Há espaço para todos em nossa capela. A Palavra de Deus sempre nos coloca em uma atitude de humildade e abertura interior para acolher o mistério do amor que não tem limites.

Refleti, à luz dos escritos de Pe. Alberione, Madre Escolástica e dos artigos da Regra de Vida, sobre como ser testemunha viva da presença do Senhor Ressuscitado, em cada período de nossa história. Nossa querida e amada Madre Escolástica, em seus escritos, nos lembra que aqui é “a terra dos méritos e o paraíso é o lugar da alegria”; é também nosso desejo que o Senhor seja Ele mesmo em nós, o único tudo, para que todos possam vê-lo e amá-lo”.

Ir. M. Pierângela passou seus últimos anos enfrentando com serenidade e paciência a exacerbação de várias doenças que tornaram sua pequena pessoa cada vez mais frágil e purificaram seu espírito interior como ouro no crisol. Na celebração do centenário de fundação, ela se une à ação de graças pelo dom do jubileu de sua consagração religiosa, continuando a bendizer o Divino Mestre pelo grande dom da vocação e da missão que brota do Mistério Pascal de Cristo Jesus. E ela se consomiu no físico, lenta e inexoravelmente, como “uma vela acesa para iluminar”.

E agora confiamos que ela possa interceder por todos nós invocando o dom da fidelidade criativa e da interioridade que se nutre na docilidade ao Espírito de Deus e na escuta da Palavra de Vida eterna.

Roma, 17 de setembro de 2024         

Necrológio escrito por Ir. M. Micaela Monetti

Ir. M. Pierangela e irmãos, no dia 10 de fevereiro de 2024.

Leitura Orante com a Pastoral Vocacional- 24ª Domingo do Tempo Comum

Algumas recomendações:

-Antes de começar a leitura, prepare o ambiente, acenda uma vela…

Encontre uma posição confortável, acalma-se de toda a agitação, preste atenção aos próprios sentimentos, pensamentos, preocupações…

Deixe que volte ao coração acontecimentos, pessoas, situações…Entregue tudo ao Senhor.
Em atitude de fé, invoque o Espírito Santo, pois é ele que ‘perscruta todas as coisas, até mesmo as profundidades de Deus’ (cf. I Coríntios 2,10-12 ).

Se desejar, escreva no seu caderno pessoal tudo o que experimentou durante a oração. Se possível, partilhe com alguém.

Abaixo o roteiro na íntegra.