Reflexão: A Vontade de Deus como Caminho de Comunhão e Plenitude

Os textos de Marcos 3,31-35, Hebreus 10,1-10 e o Salmo 39(40) convergem em um poderoso chamado: viver segundo a vontade de Deus. Eles nos convidam a enxergar a profundidade da relação que Deus deseja estabelecer conosco, marcada pela obediência, pelo amor e pelo sacrifício que gera vida.

Marcos 3,31-35: A verdadeira família de Jesus

Neste trecho do Evangelho, Jesus redefine o conceito de família. Quando informam que sua mãe e seus irmãos estão à sua procura, Ele afirma: “Quem é minha mãe? Quem são meus irmãos? Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”. Com isso, Jesus nos ensina que a verdadeira família é formada por aqueles que vivem em comunhão com Deus, assumindo seu projeto de amor e justiça.

Esta passagem nos desafia a refletir: fazemos parte dessa família espiritual? Nossa vida tem sido guiada pela busca sincera de cumprir a vontade de Deus? Jesus nos convida a uma relação profunda com Ele, baseada na obediência e na entrega confiante.

Hebreus 10,1-10: O sacrifício perfeito de Cristo

A carta aos Hebreus nos recorda que os sacrifícios da antiga aliança eram apenas sombras de uma realidade maior. Eles não podiam, de fato, purificar o coração humano. No entanto, Cristo, ao se oferecer de uma vez por todas, cumpriu plenamente a vontade de Deus e nos santificou por meio de seu sacrifício.

Aqui, vemos que viver segundo a vontade de Deus não é apenas um ato de obediência, mas uma participação no plano de salvação realizado em Jesus. Ele nos mostra que o cumprimento da vontade divina exige entrega e renúncia, mas conduz à verdadeira liberdade e à plenitude da vida.

Salmo 39(40): “Eis que venho, Senhor, para fazer a vossa vontade”

O Salmo 39 é um cântico de entrega e confiança. O salmista proclama que Deus não se agrada de sacrifícios externos, mas de um coração disposto a fazer sua vontade. Ele clama: “Eis que venho, Senhor, para fazer a vossa vontade”, demonstrando que a verdadeira adoração está na entrega sincera ao querer divino.

Este Salmo é um eco da atitude de Cristo e um convite para nós: vivamos cada dia com a disposição de dizer “sim” a Deus, reconhecendo que Ele deseja o melhor para nós e para o mundo.

Reflexão Final

Os três textos nos conduzem a uma mesma mensagem: a verdadeira relação com Deus não está em ritos externos ou em laços meramente humanos, mas em fazer a sua vontade. Ser parte da família de Jesus é acolher o projeto divino com amor e obediência, assim como Ele mesmo fez.

Perguntemo-nos:

  • Tenho buscado discernir a vontade de Deus em minha vida?
  • Minhas escolhas refletem o desejo de estar em comunhão com Ele?

A teologia de Santo Tomás de Aquino, o qual fazemos memória hoje, coloca Cristo como o modelo supremo de obediência e sacrifício, realizando a vontade de Deus de maneira perfeita, sendo este o tema central que liga esses textos de maneira harmônica. Que possamos responder como o salmista e como Cristo: “Eis que venho, Senhor, para fazer a vossa vontade”. Assim, encontraremos sentido, alegria e plenitude na caminhada da fé.

Liturgia e Arte: Beleza a Serviço da Fé

Por Ir. Julia de Almeida, pddm

A liturgia é o coração da vida cristã, onde a comunidade se encontra com Deus por meio da Palavra, dos sacramentos e da oração. Mais do que um conjunto de ritos, a liturgia é uma experiência viva que nos conecta ao mistério divino, proporcionando um encontro profundo com o sagrado. Nesse contexto, a arte ocupa um lugar de destaque, pois traduz a espiritualidade em beleza, comunica o transcendente e cria um ambiente propício para a oração e a contemplação.

A Função da Arte na Liturgia

A arte litúrgica vai além da simples decoração ou estética. Sua essência está na capacidade de servir como mediadora entre o humano e o divino, tornando visível aquilo que as palavras nem sempre conseguem expressar. Através de cores, formas, sons e materiais, a arte transforma espaços e objetos em sinais vivos do mistério de Deus.

Os elementos artísticos presentes na liturgia — como o altar, o ambão, os paramentos, as imagens, os vitrais e outros — desempenham uma função simbólica e catequética. Cada detalhe é pensado para criar um ambiente que favoreça a experiência de fé, levando os fiéis a uma maior compreensão e participação nos mistérios celebrados.

Arte como Expressão da Espiritualidade

A arte sempre esteve intrinsecamente ligada à vida da Igreja. Desde os primeiros séculos do cristianismo, os cristãos buscaram na arte uma forma de expressar sua fé e testemunhar sua experiência com Deus. As pinturas nas catacumbas, os mosaicos bizantinos, as catedrais góticas e as obras renascentistas são exemplos de como a arte refletiu e enriqueceu a espiritualidade ao longo da história.

Na liturgia, a arte deve ser compreendida como um meio de comunicação do sagrado. Não se trata apenas de criar algo belo, mas de produzir algo que inspire e eduque. Por isso, é fundamental que a arte litúrgica esteja em harmonia com o contexto espiritual e teológico da celebração. Cada elemento artístico é uma ponte que conecta os fiéis ao mistério de Deus.

Espaços Litúrgicos e a Beleza que Evangeliza

A organização do espaço litúrgico é um dos aspectos mais visíveis da relação entre liturgia e arte. Igrejas, capelas e outros locais de culto devem ser concebidos para acolher a comunidade e favorecer a celebração do mistério pascal.

A arquitetura, por exemplo, desempenha um papel central. Desde o formato do edifício até a disposição do altar, do ambão e da assembleia, tudo é pensado para facilitar a participação ativa e plena dos fiéis. A iluminação natural que atravessa os vitrais, os afrescos nas paredes e os objetos litúrgicos são elementos que transformam o espaço em um lugar de encontro com o divino.

Música Litúrgica: A Beleza do Som

Entre todas as formas de arte presentes na liturgia, a música ocupa um lugar privilegiado. Como disse Santo Agostinho, “quem canta, reza duas vezes”. A música não apenas acompanha a celebração, mas é parte essencial dela, ajudando os fiéis a elevar o coração a Deus.

Os cantos litúrgicos devem ser escolhidos com cuidado, levando em conta o tempo litúrgico, o tema da celebração e a participação da comunidade. Hinos, salmos e ações de graças são instrumentos que reforçam a mensagem da liturgia, unindo os participantes em uma experiência de oração e louvor.

Formar para Criar: A Importância da Formação em Liturgia e Arte

Para que a arte litúrgica cumpra plenamente sua missão, é necessário que aqueles que trabalham na criação e execução dessas obras recebam uma formação adequada. Artistas, arquitetos, músicos e membros das equipes de liturgia precisam compreender não apenas os aspectos técnicos de sua arte, mas também seu significado espiritual e teológico.

A formação litúrgica deve incluir uma compreensão profunda do simbolismo cristão, do calendário litúrgico e das necessidades da celebração. Isso garante que a arte esteja sempre a serviço da liturgia, contribuindo para que os fiéis vivenciem a celebração de forma mais plena e enriquecedora.

As Irmãs Pias Discípulas do Divino Mestre têm uma longa tradição na integração entre liturgia e arte. Seu trabalho inclui desde a criação de objetos litúrgicos até a formação de equipes, sempre com o objetivo de promover a beleza que evangeliza e inspira.

Quando a arte é inserida na liturgia com significado e profundidade, ela não apenas embeleza, mas também une. A assembleia se sente parte de algo maior, conectada a gerações de cristãos que também encontraram na arte uma expressão de sua fé.

Os elementos artísticos atuam como sinais visíveis que apontam para realidades invisíveis, ajudando a comunidade a celebrar e vivenciar os mistérios da fé com mais intensidade. A harmonia entre espaço, som e gesto cria uma experiência litúrgica que transforma e edifica.

Liturgia e Arte Hoje: Desafios e Oportunidades

No mundo contemporâneo, a relação entre liturgia e arte enfrenta novos desafios. A globalização e as tecnologias trazem novas possibilidades, mas também exigem discernimento para garantir que a arte continue a servir à liturgia e não se torne apenas um elemento decorativo ou comercial.

Por outro lado, a diversidade cultural é uma grande riqueza para a arte litúrgica. Cada cultura tem sua forma de expressar a fé, e integrar essas expressões na liturgia é uma forma de enriquecer a experiência de todos.

A relação entre liturgia e arte é profunda e essencial para a vivência da fé cristã. A arte tem o poder de comunicar o sagrado, inspirar a oração e criar um ambiente propício para o encontro com Deus. Seja através da música, da arquitetura ou dos objetos litúrgicos, a beleza sempre desempenha um papel fundamental na evangelização e na experiência de fé.

As Irmãs Pias Discípulas do Divino Mestre, comprometidas com a integração entre liturgia e arte, oferecem recursos, formação e inspiração para ajudar comunidades a transformar suas celebrações em experiências profundas e significativas. Descubra mais sobre este trabalho e permita que a beleza da arte transforme sua vivência litúrgica.

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A Obra Redentora de Deus: Acolhida, Gratidão e Louvor

Reflexão dos textos bíblicos de hoje, 28/01/2025: Marcos 3,22-30, Hebreus 9,15.24-28 e o Salmo 97(98):


Os três textos nos convidam a meditar sobre a grandiosidade da obra de Deus em Cristo e sobre nossa resposta à sua misericórdia. Eles falam da vitória do Senhor, do sacrifício redentor de Cristo e do perigo de resistir à ação do Espírito Santo.

Marcos 3,22-30: O pecado contra o Espírito Santo

Neste trecho do Evangelho, vemos a grave acusação dos escribas contra Jesus: afirmam que Ele expulsa demônios pelo poder de Belzebu. Jesus refuta essa acusação, mostrando a incoerência dessa lógica, e alerta para o perigo de cometer o pecado contra o Espírito Santo, que é a rejeição definitiva à graça divina. Este pecado é imperdoável, pois implica fechar o coração à ação de Deus, recusando o próprio meio pelo qual o perdão se manifesta.

Esse trecho nos desafia a refletir: estamos abertos à ação do Espírito Santo em nossa vida ou, de alguma forma, resistimos à graça de Deus por meio de nossos preconceitos, endurecimento de coração ou descrença?

Hebreus 9,15.24-28: O sacrifício único e eficaz de Cristo

O texto de Hebreus nos apresenta Cristo como o mediador da nova aliança. Ele se ofereceu uma vez por todas para expiar os pecados da humanidade. Sua obra é perfeita e definitiva, abolindo os sacrifícios repetitivos da antiga aliança. Cristo entrou no “Santuário celeste” para interceder por nós e, assim, nos oferecer a redenção eterna.

Aqui vemos a profundidade do amor de Deus: em Cristo, Ele tomou sobre si o peso de nossos pecados e abriu o caminho para a salvação. Esse sacrifício exige de nós uma resposta de fé e gratidão, reconhecendo que, em Jesus, Deus nos oferece tudo o que precisamos para a vida eterna.

Salmo 97(98): Aclamai o Senhor, pois Ele fez maravilhas

O Salmo é um cântico de louvor pela salvação e justiça de Deus. Ele celebra as “maravilhas” que o Senhor realizou e convida toda a terra a aclamar sua bondade. Esse louvor ressoa com os outros textos, pois reconhece que Deus é o autor da vitória contra o pecado e a morte.

O Salmo nos ensina que, diante da obra redentora de Deus, a única resposta adequada é o louvor e a alegria. Ele nos convida a celebrar, de coração aberto, as maravilhas que Deus opera em nossa história, assim como nos é apresentado em Cristo.


Reflexão Final

Os três textos nos conduzem a uma visão integral da ação de Deus:

  1. Em Marcos, somos alertados contra o perigo de rejeitar a graça de Deus, representada na ação do Espírito Santo.
  2. Em Hebreus, contemplamos a profundidade dessa graça, manifestada no sacrifício único de Cristo.
  3. No Salmo, somos convidados a responder com louvor e gratidão por essa obra grandiosa.

Nossa vida cristã deve ser marcada por essa tríade: abertura ao Espírito Santo, acolhida do sacrifício de Cristo e louvor constante por suas maravilhas. Assim, permanecemos unidos ao plano de Deus, vivendo a redenção que nos foi oferecida com gratidão e confiança.


Essa reflexão nos convida a um exame de consciência: como tenho respondido ao chamado do Espírito Santo? Estou aberto à ação de Deus em minha vida? E, sobretudo, tenho acolhido o sacrifício de Cristo com um coração agradecido e uma vida de louvor?

CATEQUESE LITÚRGICA: 3º DOMINGO DO TEMPO COMUM, ANO C

Catequese Litúrgica: Reflexões para Viver a Liturgia Dominical

Seja bem-vindo(a) ao Catequese Litúrgica, um podcast especial criado para ajudar você a mergulhar nas riquezas da liturgia dominical. Escrito e apresentado pela Ir. Cidinha Batista, pddm, e com edição da Ir. Neideane Monteiro, pddm, o programa oferece meditações que iluminam as leituras do domingo, ajudando a aprofundar sua vivência espiritual e litúrgica.

Para as equipes de liturgia, o Catequese Litúrgica é um recurso indispensável. Aqui, você encontrará reflexões sobre o Evangelho que servirão como base para planejar músicas e outras ações litúrgicas que tornem a celebração mais significativa e transformadora.

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A Conversão de São Paulo: Da Perseguição à Missão Universal – Textos Bíblicos da Liturgia da Festa da Conversão de São Paulo

Por Ir. Julia de Almeida, pddm

Comentário dos textos bíblicos da liturgia de hoje, 25/01/2025

Liturgia de hoje: https://espacoorante.piasdiscipulas.org.br/litugia-do-dia/

A história de São Paulo e sua conversão no caminho para Damasco é um dos momentos mais transformadores do Novo Testamento. Os textos de Marcos 16,15-18, Atos dos Apóstolos 22,3-16 e Salmo 116(117),1.2 nos convidam a refletir sobre o poder do chamado de Deus, a missão universal da evangelização e a salvação para todos os povos, temas que são centrais na vida de São Paulo.

A Missão Universal: Marcos 16,15-18

Em Marcos 16,15-18, Jesus envia Seus discípulos para pregar o evangelho a toda criatura. Ele lhes confia uma missão de alcance global, sem limitações de etnia, cultura ou nacionalidade. Esta ordem, dada por Cristo após Sua ressurreição, é a base da missão cristã e também a missão que São Paulo abraçou com fervor após sua conversão. Paulo se tornou o maior defensor da evangelização entre os gentios, levando a palavra de Deus para além das fronteiras de Israel.

A Conversão de São Paulo: Atos 22,3-16

O relato de Atos dos Apóstolos 22,3-16 é um testemunho poderoso da conversão de São Paulo, que passa de perseguidor a pregador. Durante sua jornada para Damasco, ele teve um encontro transformador com Jesus Cristo, que o chamou à missão. Essa experiência o fez abandonar sua vida de perseguidor dos cristãos para tornar-se um dos maiores apóstolos da fé. No contexto de Marcos 16, a conversão de Paulo é um exemplo claro de como o chamado de Deus pode transformar vidas, movendo alguém de um caminho de oposição para uma jornada de fé e missão.

A Universalidade da Salvação: Salmo 116(117),1.2

O Salmo 116(117), com sua exortação para que todos os povos louvem ao Senhor, reflete o caráter universal da mensagem de salvação. “Cantai louvores ao Senhor, todas as gentes, povos todos, festejai-o!” (Salmo 116,1). Este convite à adoração de Deus por todas as nações e povos está perfeitamente alinhado com o mandato missionário de Marcos 16 e com a missão de São Paulo de levar o evangelho aos gentios. O salmo nos lembra que a salvação de Deus é para todos, e que, independentemente de nossa origem ou cultura, somos chamados a experimentar o amor e a graça de Cristo.

A Relação entre os Textos e a Conversão de São Paulo

A interconexão entre os textos de Marcos 16,15-18, Atos 22,3-16 e Salmo 116(117) revela a missão universal da salvação e como a conversão de São Paulo exemplifica essa missão. São Paulo, um homem de origem judaica e fervoroso perseguidor da Igreja, foi chamado por Cristo para pregar o evangelho, transformando-se no apóstolo dos gentios, conforme o pedido de Jesus. Ele não apenas respondeu ao chamado de Deus, mas tornou-se um exemplo vivo de como a graça divina pode operar nas vidas mais improváveis, levando a boa nova para todas as nações.

Conclusão: O Chamado de Deus para Todos

Esses textos nos ensinam que o chamado de Deus é universal e não conhece barreiras. São Paulo, ao ser transformado de perseguidor a apóstolo, se tornou um exemplo concreto de como a salvação é para todos os povos. O evangelho não é um privilégio exclusivo, mas uma mensagem que deve ser compartilhada com todas as nações. Este é um convite a todos nós: seguir o exemplo de São Paulo, responder ao chamado de Deus e levar a mensagem de Cristo a todos os cantos do mundo, para que, juntos, possamos louvar a Deus.

CURIOSIDADE

A Festa da Conversão de São Paulo no dia 25 de janeiro foi instituída no século XII, pelo Papa Honório III, em 1225. Inicialmente, era celebrada como uma festa litúrgica em Roma, em memória da conversão de São Paulo, que teve uma experiência transformadora na estrada para Damasco.

Esta data foi escolhida por representar o momento significativo da conversão de Paulo, que passou de perseguidor dos cristãos para um dos maiores apóstolos do cristianismo. A festa foi posteriormente adotada por outras dioceses e tornou-se uma celebração importante para a Igreja Católica em todo o mundo.

A data de 25 de janeiro também é significativa, pois marca o fim da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, no hemisfério Norte, uma ocasião em que as igrejas cristãs se unem para rezar pela unidade, refletindo o testemunho de São Paulo em sua missão de levar o evangelho ao mundo.

São Paulo foi martirizado em Roma, por volta do ano 67 d.C.. De acordo com a tradição cristã, ele foi decapitado durante o império do imperador Nero.

Embora tenha sido preso várias vezes, Paulo continuou sua missão de evangelizar e fundar comunidades cristãs, até ser finalmente condenado à morte. Sua execução ocorreu fora das muralhas de Roma, em um local tradicionalmente associado à Via Ostiense. Esse local é hoje marcado pela Basílica de São Paulo Extramuros, uma das quatro basílicas papais em Roma, onde se acredita que seus restos mortais foram enterrados.

PAULO APÓSTOLO: FUNDADOR DA FAMÍLIA PAULINA

O Padre Tiago Alberione, fundador da Família Paulina, via em São Paulo o modelo perfeito de apóstolo e comunicador. Sua missão evangelizadora, sua adaptação ao contexto cultural de cada povo e sua habilidade em usar os meios disponíveis para espalhar o evangelho fizeram de São Paulo uma figura central na missão da Família Paulina, que, desde sua fundação em 1914, tem como objetivo evangelizar através dos meios de comunicação.

A Inspiração em São Paulo

Quando o Pe. Alberione fundou a Família Paulina, ele sabia que o mundo estava mudando rapidamente, e os métodos tradicionais de evangelização precisavam se adaptar a uma nova realidade. A Família Paulina foi criada com a missão de levar a mensagem de Cristo ao mundo contemporâneo, utilizando as ferramentas de comunicação disponíveis. Para Alberione, São Paulo era o modelo perfeito de missionário, capaz de se adaptar e usar todos os recursos ao seu alcance para cumprir sua missão evangelizadora.

São Paulo, conhecido por sua incansável dedicação em espalhar o cristianismo, é também um exemplo de versatilidade e criatividade na comunicação do evangelho. Ele usou de todas as formas possíveis para alcançar diferentes públicos em diversos contextos culturais, desde viagens e cartas até a fundação de igrejas e a pregação pública. São Paulo não se limitava a um único meio, mas procurava utilizar todos os recursos disponíveis para cumprir a missão confiada a ele por Cristo. Esse espírito missionário, com foco na adaptação e na comunicação eficaz, foi a grande inspiração para a criação da Família Paulina.

São Paulo: O “Primeiro Apóstolo dos Meios de Comunicação”

Pe. Alberione, em suas reflexões, dizia que São Paulo foi o “primeiro apóstolo dos meios de comunicação”. Embora na época de São Paulo os meios de comunicação fossem limitados, ele soube utilizá-los de forma eficaz. Ele escreveu cartas, realizou viagens missionárias e usou os espaços públicos de sua época para pregar o evangelho. Assim, São Paulo não apenas propagou a fé por meio de pregações e ensinamentos, mas também fez uso das ferramentas de comunicação de sua época para alcançar o maior número de pessoas possível.

Para Pe. Alberione, a mensagem cristã deveria ser levada ao maior número possível de pessoas. Ele também enxergava o potencial das novas tecnologias como uma maneira de alcançar os corações das novas gerações com a palavra de Deus.

A Missão da Família Paulina

A Família Paulina, composta por diferentes ramos, tem como missão continuar a obra de São Paulo. São Paulo, com sua experiência de vida missionária e sua habilidade em usar todos os meios ao seu alcance, serve como um modelo para a Família Paulina, que agora deve usar os recursos de comunicação para espalhar a boa nova de Cristo ao mundo contemporâneo. O trabalho da Família Paulina se reflete na dedicação ao uso responsável e criativo dos meios de comunicação para transmitir a mensagem de amor e salvação de Jesus Cristo.

Conclusão: A Atualidade de São Paulo para a Igreja de Hoje

São Paulo não apenas fundou igrejas e escreveu cartas, mas também iniciou um movimento de comunicação cristã que segue vivo na missão da Família Paulina. Seu exemplo nos ensina que a comunicação é um meio essencial para evangelizar, e que a palavra de Deus deve ser compartilhada de forma criativa e eficaz, utilizando os recursos de cada época.

Hoje, com a Família Paulina, a missão de São Paulo continua a ser realizada. São Paulo, o grande apóstolo dos gentios, continua a ser o fundador espiritual da Família Paulina, sendo para ela o exemplo perfeito de como usar a comunicação para difundir o evangelho e levar a mensagem de Cristo a todos os povos.

As Irmãs Pias Discípulas, como membros desta admirável Família Paulina, também anunciam usando a arte para a comunicação do Evangelho. Através da arte litúrgica e sacra, criam e promovem obras que ajudam os fiéis a se conectarem com a espiritualidade e com a experiência litúrgica. Elas produzem imagens religiosas, vestes e diversos objetos litúrgicos, verdadeiras obras de arte, que ajudam a criar uma atmosfera de oração e meditação, proporcionando aos cristãos uma vivência mais profunda de sua fé.

O Chamado de Deus, a Nova Aliança e a Paz: Transformando Vidas Através da Fé

Por Júlia de Almeida, pddm

Comentários dos textos bíblicos da liturgia de hoje, 24/01/2025

Liturgia Diária: https://espacoorante.piasdiscipulas.org.br/litugia-do-dia/

Os textos bíblicos, da liturgia de hoje, de Marcos 3,13-19, Hebreus 8,6-13 e Salmo 84(85) abordam temas profundos e transformadores: o chamado de Deus, a nova aliança em Cristo e a paz de Deus. Cada um desses textos nos convida a refletir sobre o papel fundamental da obediência a Deus, o relacionamento renovado com Ele através de Cristo e a busca pela verdadeira paz, que vai além das circunstâncias temporais.

Marcos 3,13-19: O Chamado de Deus para a Missão

No evangelho de Marcos 3,13-19, vemos Jesus escolhendo Seus apóstolos. Ele os chama para estarem com Ele e, ao mesmo tempo, para serem enviados em missão. Este momento marca o chamado de Deus que é respondido com uma missão clara: pregar, curar e anunciar a chegada do Reino de Deus. Jesus escolhe doze apóstolos, não por sua perfeição, mas pela vontade divina de utilizar aqueles homens para uma obra grandiosa.

Esta passagem lembra-nos que cada um de nós também é chamado para uma missão, independentemente das nossas fragilidades. O chamado de Deus é uma resposta a uma necessidade de transformar o mundo, através da proclamação da palavra, da cura das feridas espirituais e da busca por uma vida de santidade. A missão dos apóstolos é a missão de todos os cristãos: viver em união com Cristo e levar essa mensagem de reconciliação aos outros.

Hebreus 8,6-13: A Nova Aliança em Cristo

Em Hebreus 8,6-13, é apresentada a nova aliança estabelecida por Cristo. A antiga aliança foi renovada pela vinda de Jesus, que se tornou o mediador de uma nova aliança. Essa nova aliança, operando no coração dos fiéis, transforma o ser humano por meio do Espírito Santo.

Esta passagem revela que, em Cristo, estamos a Ele, perfeito e eterno, que traz perdão e reconciliação. Deus coloca Sua lei em nossos corações e em nossas mentes, e, assim, somos chamados a viver em um relacionamento mais profundo com Ele. A nova aliança é uma aliança de graça que nos permite seguir em frente e crescer na santidade.

Salmo 84(85): A Paz e a Justiça de Deus

O Salmo 84(85) traz um belo retrato da paz e justiça que vêm de Deus. O salmista expressa o desejo de que a graça divina e a verdade se encontrem, e que a paz seja estabelecida entre os seres humanos. Ele deseja que Deus se lembre da Sua misericórdia e nos conceda a verdadeira paz, uma paz que vai além das circunstâncias externas e que se fundamenta no relacionamento sincero com Deus.

Este salmo reflete o desejo profundo de muitos corações: a esperança de que, por meio da ação de Deus, a paz prevaleça. A paz mencionada aqui não é a ausência de conflitos, mas a presença de Deus em nossas vidas, que traz a serenidade interior e a capacidade de viver com justiça, amor e misericórdia. Deus, em Sua bondade, deseja que todos experimentem essa paz, que resulta da harmonia entre Suas promessas e as ações humanas, quando estas estão alinhadas com Sua vontade.

CONCLUSÃO

Esses três textos nos mostram a jornada do cristão, começando com o chamado de Deus para a missão, a compreensão de que essa missão é vivida na nova aliança com Cristo e, finalmente, o fruto dessa aliança, que é a paz. Cada um de nós, como os apóstolos escolhidos por Jesus em Marcos 3, é chamado para viver de acordo com os ensinamentos de Cristo, levando Sua mensagem de esperança, cura e perdão ao mundo. Como em Hebreus 8, a nova aliança com Cristo implica uma transformação profunda no coração humano, um relacionamento mais íntimo e pessoal com Deus, onde a Sua lei é gravada em nossa alma.

E, ao viver conforme essa nova aliança, como é proclamado no Salmo 84(85), a verdadeira paz se estabelece em nossos corações e, por meio de nós, pode também se espalhar ao nosso redor. A paz que vem de Deus é o resultado de uma vida em harmonia com Sua vontade, uma vida de obediência, amor e justiça. A paz verdadeira é duradoura e baseada no relacionamento profundo com Deus.

O chamado de Deus, a nova aliança e a paz de Deus são temas que nos convidam a refletir sobre nossa própria caminhada de fé. Como os apóstolos, somos chamados para a missão de proclamar a Boa Nova, não só com palavras, mas com nossas ações diárias. A nova aliança em Cristo nos transforma, tornando-nos participantes da Sua graça, e a paz que experimentamos ao vivermos essa aliança é a verdadeira paz que Cristo nos oferece.

Esses textos nos lembram de que, como cristãos, não fomos chamados apenas para crer, mas para viver de maneira ativa, trazendo ao mundo a cura, a reconciliação e a paz que encontramos em Cristo. Ao respondermos ao chamado de Deus, vivermos a nova aliança e procurarmos a verdadeira paz de Deus, estamos cumprindo o propósito que Deus tem para cada um de nós.

São Francisco de Sales como Exemplo Vivo da Missão Cristã

A vida de São Francisco de Sales foi uma verdadeira resposta à chamada divina, refletindo de forma única os ensinamentos encontrados em Marcos 3,13-19, Hebreus 8,6-13 e Salmo 84(85). Ele viveu sua missão com um coração dedicado ao serviço da caridade, pregando a paz e vivendo a nova aliança de Cristo de maneira profunda e concreta. Seu legado nos ensina que, como discípulos de Cristo, somos chamados a viver a caridade cristã em nossas ações diárias, buscando sempre a reconciliação, a paz e a transformação interior que a nova aliança em Cristo nos oferece. São Francisco de Sales, com sua vida de fé e serviço, continua a ser um farol de inspiração para todos aqueles que buscam viver de acordo com a vontade de Deus, em plena harmonia com o próximo.

Cristo: O Sumo Sacerdote Eterno e Mediador da Nova Aliança

Por Julia de Almeida, pddm

Comentário dos textos bíblicos da liturgia de 23/01/2025.

Textos da liturgia de hoje: https://espacoorante.piasdiscipulas.org.br/litugia-do-dia/

Os textos de Marcos 3,7-12, Hebreus 7,25-8,6 e Salmo 39(40),7-8a.8b-9.10.17 se entrelaçam de forma profunda ao apresentarem a missão redentora de Cristo e o Seu sacerdócio eterno. A partir desses textos, podemos refletir sobre o papel único de Jesus como aquele que atrai as multidões, mas também como sumo sacerdote perfeito, intercedendo por nós junto ao Pai. Além disso, esses textos revelam a nova aliança que Ele institui, uma aliança que se fundamenta não em sacrifícios repetidos, mas em Seu sacrifício único e eterno. Vamos analisar como essas passagens bíblicas nos ajudam a entender a profundidade do amor e da salvação de Cristo.

1. Marcos 3,7-12: A Atração das Multidões e a Autoridade de Jesus

No trecho de Marcos 3,7-12, vemos que Jesus está em plena atividade de cura, atraindo uma multidão imensa de pessoas de diversas regiões. Elas vêm em busca de cura, libertação e esperança. Esse episódio é significativo, pois demonstra que Jesus, pela Sua autoridade divina, não apenas cura fisicamente, mas também restaura espiritualmente aqueles que se aproximam d’Ele. A multidão sente uma urgência em tocar Jesus, pois sabem que Ele tem poder para curar e expulsar os demônios.

Jesus, apesar de ser seguido por uma grande multidão, demonstra Sua autoridade ao ordenar que os demônios não O revelassem, pois ainda não era o momento para que a Sua identidade plena fosse divulgada. Nesse momento, Cristo revela Seu poder e autoridade, mas também mostra Sua sabedoria em não querer ser mal interpretado ou pressionado a revelar Seu verdadeiro papel antes da hora certa. Ele sabia que Sua missão transcende a simples ação de curar fisicamente, sendo, na verdade, uma missão de salvação integral para a humanidade.

Este episódio em Marcos nos faz refletir sobre como Jesus atrai as pessoas pelo Seu poder de cura, mas também revela que Sua missão é de restaurar o ser humano de forma completa. A multidão busca milagres, mas o verdadeiro milagre que Cristo oferece é a salvação eterna, que vai além da cura temporal.

2. Hebreus 7,25-8,6: O Sacerdócio Eterno de Cristo

O livro de Hebreus nos apresenta Cristo como o sumo-sacerdote eterno, um papel que Ele assume não apenas para interceder pelo povo, mas para garantir a salvação eterna de todos os que Nele creem. O trecho de Hebreus 7,25-8,6 explica que, ao contrário dos sacerdotes do Antigo Testamento, que ofereciam sacrifícios para a remissão dos pecados, Cristo oferece um sacrifício perfeito e definitivo, uma vez por todas. Ele é o intercessor perfeito, mediando a reconciliação entre Deus e os homens de maneira única e eterna.

O autor de Hebreus destaca que Cristo vive para sempre e, por isso, é capaz de interceder continuamente pelos fiéis. Ele não apenas morre por nós, mas também ressuscita e vive eternamente, tornando-se o único mediador entre Deus e a humanidade. Sua missão é eterna, e Ele assegura que a salvação dada por Deus seja para sempre. Essa intercessão permanente de Cristo é um aspecto central da nova aliança que Ele estabeleceu, onde a graça de Deus é dada de maneira definitiva e irrevogável.

A carta aos Hebreus também nos fala de um novo sacerdócio, o sacerdócio segundo a ordem de Melquisedec, que é eterno e sem fim. Melquisedec, figura enigmática do Antigo Testamento, é o precursor de Cristo, que, ao ser o sumo-sacerdote eterno, não tem fim. Cristo realiza o sacrifício único, mas também intercede perpetuamente em nosso favor, garantindo nossa reconciliação com Deus e nossa salvação. Ao fazer isso, Ele inaugura uma nova aliança, não baseada em sacrifícios de animais, mas na Sua própria entrega por todos nós.

3. Salmo 39(40),7-8a.8b-9.10.17: A Obediência de Cristo à Vontade de Deus

O Salmo 39(40) é uma oração de confiança e entrega a Deus, onde o salmista se coloca em disposição para cumprir a vontade de Deus. Esta oração tem uma forte relevância messiânica, pois ela profetiza a obediência de Cristo, que vem para cumprir a vontade do Pai. No versículo 8, o salmista declara: “Sobre mim está escrito no livro: “Com prazer faço a vossa vontade, guardo em meu coração vossa lei!””. Esse versículo se cumpre plenamente em Cristo, que, ao assumir a natureza humana, vem para obedecer totalmente ao Pai, oferecendo-Se como o sacrifício perfeito.

Jesus é o sacerdote que Se entrega de forma plena, obedecendo à vontade do Pai, até o fim. Ao fazer isso, Ele realiza a salvação de todos os homens. Ele não apenas é o sacerdote que intercede, mas o sacrifício que oferece, cumprindo o propósito de Deus para a redenção da humanidade.

Este salmo também nos ensina sobre a importância da obediência a Deus. A salvação não vem da total entrega à vontade do Pai, como demonstrado por Cristo. Ele é o cumprimento perfeito de toda a Escritura e o único capaz de realizar a vontade de Deus de maneira plena, trazendo a verdadeira libertação e salvação para o mundo.

4. A Nova Aliança: Cristo como Mediador Perfeito

Em Hebreus 8,6, vemos que Cristo é o mediador de uma nova aliança, uma aliança que é perfeita e eterna. Ao contrário da antiga aliança, baseada na Lei e nos sacrifícios repetidos, a nova aliança é fundamentada no sacrifício definitivo de Cristo. Ele não apenas oferece o sacrifício, mas garante a salvação para todos aqueles que Nele creem. A nova aliança é a promessa de que Deus estará conosco de maneira definitiva, sem mais necessidade de intermediários humanos, pois Cristo, como sumo-sacerdote eterno, nos reconciliou com Deus de forma total e definitiva.

5. A Missão Redentora de Cristo: Cura, Libertação e Salvação

Os três textos juntos nos revelam a profundidade da missão redentora de Cristo. Marcos 3,7-12 nos mostra Jesus como aquele que atrai as multidões, revelando Seu poder de cura, mas também a autoridade divina que tem sobre todas as coisas. Em Hebreus 7,25-8,6, entendemos que Sua missão vai além da cura física: Ele é o sumo-sacerdote eterno que garante nossa salvação de forma definitiva e eterna. Por fim, o Salmo 39(40) profetiza Sua obediência total ao Pai, o que culmina no sacrifício perfeito que Ele oferece por nós.

Cristo, como sumo-sacerdote, intercede constantemente por nós e estabelece a nova aliança. Sua obra de cura, libertação e salvação é definitiva e eterna, oferecendo a todos que creem uma vida plena em Deus.

Conclusão

Esses três textos nos ajudam a compreender de forma mais profunda o papel de Cristo como o Mediador perfeito, o Sumo Sacerdote eterno e o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. A Sua missão não se limita à cura física, mas se estende à salvação eterna, que Ele oferece a todos que O buscam. Cristo é o cumprimento de todas as promessas de Deus, sendo o sacrifício perfeito que nos reconcilia com o Pai e nos dá acesso à vida eterna.

Jesus como Cumprimento da Aliança: Esperança, Autoridade e Libertação

Comentário sobre os textos bíblicos de 21 de janeiro de 2025

Por Ir. Julia de Almeida, pddm

Textos de hoje na íntegra, veja no link: https://espacoorante.piasdiscipulas.org.br/litugia-do-dia/

Os três textos apresentados para a liturgia de hoje (20/01/2025) — o Evangelho segundo Marcos 2,23-28, a Leitura da Carta aos Hebreus 6,10-20 e o Salmo 110(111),1-2.4-5.9 e 10c — estão interligados principalmente pelos temas da aliança de Deus, fidelidade, salvação e a reinterpretação das leis em Cristo. Vejamos as relações entre eles:

1. A Aliança de Deus e a Fidelidade

  • O Salmo 110(111) celebra a fidelidade de Deus à Sua aliança com o povo. Ele lembra que Deus é bom, clemente e nunca se esquece de Sua aliança. Essa fidelidade divina é um tema central em todos os textos, pois Deus se compromete com Seu povo e garante Suas promessas.
  • Em Hebreus 6,10-20, a carta fala do juramento de Deus a Abraão e como, por meio de dois atos irrevogáveis (a promessa e o juramento), Ele reafirma a esperança de salvação. Essa esperança é descrita como uma âncora segura e firme para os cristãos, que têm Cristo como mediador dessa promessa. Jesus, como sumo-sacerdote eterno na ordem de Melquisedec, é a garantia da aliança e da salvação.
  • No Evangelho de Marcos, Jesus se posiciona como Senhor do sábado, redefinindo a interpretação das leis antigas. Ele afirma que o sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado, implicando que a verdadeira aliança com Deus não se resume à observância legalista de rituais, mas deve ser vivida de forma que atenda às necessidades humanas, como exemplificado pela história de Davi.

2. A Autoridade de Cristo

  • Em Marcos 2,23-28, Jesus declara que Ele é o Senhor do sábado, posicionando-se como autoridade superior à interpretação legalista dos fariseus. O sábado, enquanto parte da Lei de Moisés, é reinterpretado por Jesus, que destaca a necessidade de atender às necessidades humanas e não sobrecarregar as pessoas com regras que não são conforme o espírito da aliança de Deus. Ele, portanto, afirma sua autoridade como Filho do Homem, que é superior à Lei.
  • A autoridade de Cristo também é mencionada em Hebreus 6,20, onde Ele é descrito como o precursor e sumo-sacerdote eterno. Ele entra no santuário celestial, abrindo caminho para que os fiéis possam ter acesso direto a Deus. Assim, em ambos os textos, Jesus é apresentado como aquele que cumpre e reinterpreta a antiga aliança para trazer um novo caminho de salvação.

3. A Esperança e a Salvação

  • Hebreus 6,10-20 fala de esperança como uma âncora firme e segura para a vida dos cristãos, apontando para a confiança nas promessas de Deus, cumpridas em Cristo. A esperança é encontrada em Cristo, o sumo-sacerdote que garante a salvação eterna.
  • No Salmo 110(111), Deus envia libertação ao Seu povo e confirma Sua aliança. Isso é uma preparação para a promessa de salvação que se cumpre em Cristo, que, como Sumo-Sacerdote, oferece a verdadeira libertação.
  • Marcos 2,23-28, embora focado na interpretação do sábado, também indica que a salvação e a misericórdia de Deus estão acima das regras e rituais externos. Jesus vem para dar ao povo um descanso verdadeiro, que vai além da simples observância de normas, apontando para a verdadeira libertação em Deus.

4. A Reinterpretação das Leis

  • No Evangelho de Marcos, Jesus reformula a observância do sábado, ensinando que a Lei não deve ser um peso, mas um meio de promover o bem-estar do ser humano. Isso também se relaciona com a Carta aos Hebreus, onde a fidelidade à promessa de Deus não está nas observâncias externas, mas em Cristo, o sumo-sacerdote eterno.
  • Em Hebreus 6, a confiança nas promessas e a perseverança são enfatizadas como respostas mais profundas à aliança de Deus, que se cumpriu em Cristo. Isso implica que a verdadeira observância da aliança de Deus é vivida pela fé em Jesus, não por rituais externos.

Conclusão

Esses textos, embora abordem temas distintos, estão unidos pela fidelidade de Deus à Sua aliança, a autoridade de Cristo como mediador da nova aliança, a reinterpretação das leis e a esperança de salvação que é garantida em Cristo. O Evangelho de Marcos redefine a prática religiosa à luz de Cristo, enquanto a Carta aos Hebreus reafirma a base da nossa esperança na fidelidade de Deus, consumada na obra de Cristo como sumo-sacerdote eterno. O Salmo 110 complementa, exaltando a justiça e a salvação de Deus, e lembrando que Ele se lembra sempre de Sua aliança com o Seu povo.

TEMPO DO NATAL

“Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador, que é Cristo Senhor” (Lc 2,11).

O Senhor fez resplandece esta noite santa com o esplendor da verdadeira luz! (liturgia).

Nesta noite, Papa Francisco abre de novo a Porta Santa da Basílica de São Pedro no Vaticano, dando início ao Jubileu Ordinário, o jubileu da Encarnação. Somos convidados a contemplar os “sinais de luz no nosso mundo” e invocar o Espírito Santo de Deus sobre cada uma destas boas obras e luz de Deus na humanidade. A liturgia do Natal leva-nos a uma experiência de luz, de exultação, de alegria, porque a verdadeira “Luz” que veio ao mundo ilumina cada ser humano.

O SIGNIFICADO DO NATAL

“Uma das maiores obras de Deus em favor de todos nós, uma das maiores ‘liturgias’ de Deus, portanto, foi quando ele nos ‘presenteou’ seu próprio Filho para ser o nosso Salvador. Desde muito tempo, Deus vinha se mostrando um ‘tremendo apaixonado’ pela nossa humanidade. E, enfim, depois de um longo período de ‘noivado’, em todo o Antigo Testamento, Deus acabou se ‘casando’ com a humanidade, na pessoa de Maria. Realizou-se a promessa, realizou-se a profecia (cf. Is 62,1-5). E deste ‘casamento’ resultou – por obra do Espírito Santo! – uma ‘gravidez’ e, por esta ‘gravidez’, foi-nos dado Jesus, Filho de Deus, Emanuel (Deus-conosco!) (cf. Mt 1,18-25): ‘O Verbo eterno de Deus se fez carne e habitou entre nós’ (Jo 1,14). Que maravilhosa obra de Deus em favor da humanidade!… […] um enorme bem que Deus fez para nós, através do ‘sim’ de Maria: O Verbo eterno de Deus ‘mergulhou’, de cabeça, para dentro do imenso e abissal mistério da nossa existência humana. É muito amor por nós! […] no Natal, podemos ouvir a auspiciosa notícia do anjo: ‘Não tenham medo! Eu lhes anuncio uma grande alegria, que deve ser espalhada para todo o povo. Hoje… nasceu para vocês um Salvador, que é o Cristo Senhor’. E um coral imenso de anjos irrompe num alegre hino de louvor: ‘Glória a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens por ele amados’ (cf. Lc 1,10-14). Paz na terra aos homens (e mulheres) amados por ele!… Deus nos amou e, deste amor resultou para nós a paz, que no fundo é sinônimo de vida. E nisto está precisamente a sua admirável grandeza: ‘A glória de Deus é a vida do ser humano’ (Santo Irineu)”.[1]


[1] ARIOVALDO DA SILVA, José. A liturgia do natal, apostila.

[2] https://www.youtube.com/watch?v=AX5vsjRJb10

26º Semana de Formação Intensiva PDDM 2024

A voz das Mulheres nos Ministérios da Igreja-Diálogo Sinodal

Nestes dias, de 23 a 28 de junho, nós, Irmãs Pias Discípulas do Divino Mestre estamos vivendo a 26º Semana de Formação Intensiva no Jardim Divino Mestre, Cabreúva-SP.

Somos 26 irmãs, vindas de todas as comunidades do Brasil, acolhidas com a sororidade e o carinho da Comunidade do Jardim DM.

Iniciamos com a Celebração Eucarística na tarde deste domingo, presidida pelo Pe. Alberto Simionato que nos incentivou a aprender do Divino Mestre que nos forma com sua Palavra e sua vida. Após o jantar, Ir. Aparecida Batista, provincial, com as boas-vindas nos introduziu no tema da semana que viveremos em clima sinodal.

Com uma dinâmica interativa ao som de música e concentração, Ir. Juceli Aparecida Mesquita nos orientou e cada uma das irmãs teceu sua própria mandala e o conjunto delas enfeitou nossa sala de encontro.

Nosso primeiro dia foi orientado por Ir. Penha Carpanedo e Ir. Veronice Fernandes, com a participação remota de Ir. Regina Cesarato, de Roma, Itália. Nos adentramos no fundamento bíblico com o método da conversação espiritual.

Foi uma riqueza de conteúdos e de participação. Amanhã continuaremos nosso estudo e aprofundamento.

26ª Semana de Formação Intensiva

Além desta semana que acontece de 23 a 28 de junho, as Irmãs Pias Discípulas do Divino Mestre terão mais dois outros grupos: 07 a 12 de julho; e 04 a 09 de agosto de 2024.

A temática é a mesma para os três grupos formativos: A voz da mulher nos ministérios da Igreja – um diálogo sinodal. Este foi o tema do Congresso que aconteceu em Ariccia, Itália, na comemoração do Centenário da Congregação, de 28 de janeiro a 03 de fevereiro de 2024. Ir. Penha, Ir. Veronice e Ir. Laíde participaram deste importante evento e agora fazem o repasse para todas as irmãs da província.

O Congresso tinha como objetivo celebrar o Centenário da Fundação das Pias Discípulas do Divino Mestre, o aniversário de 60 anos da Sacrosanctum Concilium, a partir das Escrituras, do Concílio Vaticano II e do legado carismático do Bem-aventurado Tiago Alberione. Assim, foi proposto neste Congresso:

  • Ouvir, com atenção e respeito, a voz das mulheres em uma Igreja ministerial e missionária, em estilo sinodal e em diálogo com outras denominações cristãs;
  • Aprofundar o tema e a prática dos ministérios eclesiais, particularmente aqueles exercidos pelas mulheres na Igreja de ontem e de hoje, de acordo com contextos culturais específicos;
  • Iniciar processos transformadores e geradores que favoreçam escolhas corajosas para a missão dos Discípulos do Divino Mestre na vida da Igreja, na Família Paulina, em uma forma mais participativa e samaritana.

Na 26ª Semana de Formação Intensiva, as Irmãs Penha, Veronice e Laíde propuseram de usar o método da conversação espiritual, integrado com o método da Leitura Orante da Bíblia.

O MÉTODO DA CONVERSAÇÃO ESPIRITUAL

O método do diálogo sinodal é uma modalidade de diálogo. Mais que método é uma “Regra de conversação espiritual” [Regra de vida] que busca purificar o olhar e o coração com o máximo de participação para chegar ao discernimento espiritual.  Esta regra foi usada no sínodo. Aliás o sínodo não é um método. É da natureza da Igreja ser sinodal. Na Igreja não há nada mais sinodal do que a liturgia [fazer coletivo].

Esta Regra de vida não é o jeito de fazer funcionar melhor um processo mas despertar em nós a natureza do ser Igreja. A Regra da conversação espiritual, é uma espécie de “ginástica” que nos coloca no eixo. É exigente, é a passagem caminho estreito como no parto, para nascer em um lugar amplo.

Os participantes formam pequenos círculos de 5 a 8pessoas. Cada círculo será acompanhado por uma facilitadora que tem a função de vigilância sobre o andamento dos trabalhos com a participação de todas as pessoas do círculo.

Invocação do Espírito. Ele age quando o invocamos. Seguido de um tempo pessoal para organizar-nos interiormente.

Primeiro passo: faz-se um primeiro giro, na sequencia do circulo. Cada pessoa partilha um aspecto que seja importante, bonito, útil e necessário, a partir da minha condição batismal de discipula, mulher, não a partir da função que exerço. Os demais membros do círculo estão à escuta.

Silencio: Terminado o 1º giro seguem um ou dois minutos de silêncio, que faz parte do diálogo. Neste silêncio deixar ressoar o que tocou nas falas do primeiro giro. Não podemos falar nada da própria fala no  primeiro giro.

Segundo passo: Faz-se um segundo giro, ressoando o que ouviu nas outras falas. Não só repetir, mas ampliar: que imagem esta palavra despertou em mim, que movimento?  Se no grupo não ressoar a minha fala não é porque foi esquecida, mas porque não foi considerada importante neste momento.

Silêncio, dois minutos para iniciarmosa síntese, dentro de nós. Não é um resumo, onde nos preocupamos em juntar todas as falas. Dois critérios para saber se é uma passagem do Espírito. Primeiro: a insistência de um argumento em diferentes falas é um indicador da passagem do Espírito, Não vem só de uma pessoa. Segundo: a originalidade, no sentido de originário, do nosso ser como Igreja, do nosso carisma, do nosso ministério também é um indicador da passagem. Cada pessoa busca esta síntese e depois partilha.

O terceiro passo; não propriamente um giro. As pessoas partilham o que emergiu na sua síntese pessoal, e no círculo se discute à luz destes dois critérios para chegar a dois ou três núcleos. Discussão é energia, que reconhecendo a pessoa, pode discordar do seu argumento, até chegar ao consenso que o discernimento espiritual requer.  No círculo pode ter uma secretária que toma nota de tudo. A síntese se configura em dois ou três núcleos de significância espiritual,  que vem ao nosso encontro,  que não decidimos por nossa vontade e que acolhemos como dom do Espírito. A elaboração do texto final pode ser depois, mas é preciso que o círculo saia com o consenso sobre os núcleos que emergiram. [Se há uma posição A diferente da B ou se deixa perder ou devemos buscar uma posição C].

MÉTODO SINODAL E LEITURA ORANTE

Considerando que boa parte do nosso trabalho tem como ponto de partida leitura de textos biblicos, procuramos fazer uma articulação entre conversaão espiritual e os dois primeiros passos da leitua orante: leitura e meditação. Em certa medida, quando o ponto de partida é um texto biblico, a prmeira rodada no métoda conversação coincide com leitura, ao passo que a segunda coincide com a meditação. Nunca é demais lembrar em que consiste a leitura e meditação, no método da lectio divina.

Como já conhecemos e praticamos, a leitura é atenção às palavras, às imagens, às personagens, ações, sentimentos, atitudes. Importante: despojar-nos de todo saber sobre o texto.

Enquanto se lê, pode ser que um versículo ou uma palavra, chame a nossa atenção. Alessandro Borban[1] faz uma distinção entre “versículo de cabeça” e o “versículo de coração”. O “versículo de cabeça” é aquele filtrado pela nossa compreensão imediata, nossas memórias. Hoje em dia temos opinião sobre tudo. O versículo de “cabeça” coincide com o já dito, o já explicado, escutado, digamos, o lugar comum. O “versículo de coração”, é algo inédito, surpreendente, que não tínhamos percebido antes, ou não tínhamos percebido ainda desta maneira. O versículo do coração é um dom que requer uma qualidade na escuta: “atenção como escutais” [LC 8,18].

A meditação, segundo Alessandro, não é tempo de silêncio, nem exercício de ioga. Isso pode ser bom antes, para favorecer uma postura física correta e um acordo de paz no corpo.[2] Na meditação a escuta transforma-se em interpretação. Não uma interpretação, fundamentalista, mas um olhar que leva em conta o autor, o contexto, a questão vital a que o texto responde. Também não é necessariamente uma interpretação do texto em todas as direções ou em todos os seus aspectos. O ponto de partida da meditação é o “versículo do coração”, ou seja, aquela, palavra que nos atraiu como a sarça atraiu Moisés. À medida que nos aproximamos da Palavra como Moisés da sarça, outras palavras da Escritura quem venham enriquecer o nosso versículo, inicia-se um êxodo pessoal que “abre a inteligência das Escrituras [Lc 24,45]. Eis a importância dos textos paralelos ou memórias bíblicas, que se prolonga depois da lectio, mas durante toda a jornada, entre os afazeres cotidianos e compromisso, sempre à espera de faíscas emanadas do texto, verdadeiras intuições de sentido nunca antes entendido.  

Muito esclarecedor é o que diz Ivan Nicoletto citado por Alessandro Barban: “Começas a colocar tua atenção em uma palavra, em um versículo, em uma pericote e ela te introduz em outras salas, espalha-se por toda a bíblia, as literaturas, os grandes mitos e símbolos da humanidade, e depois envolve as interpretações e as experiências às quais aquelas imagens deram vida. Estende-se ao presente da tua vida, te eleva talvez ao coração inexaurível da energia criadora e amante”.[3]


[1] Cf. Alessandro Barban. O Caminho espiritual da lectio divina. No livro Como água da fonte: a espiritualidade monástica camaldolense entre memória e profecia. São Paulo Edições Loyola, 2009,p. 174.

[2] Cf Borban, p. 174-175

[3] Barban. p. 177: