VIVER JESUS CRISTO MESTRE, CAMINHO, VERDADE E VIDA

A meditação “Vivere Gesù Cristo Maestro Via, Verità e Vita” foi proferida por Pe. Tiago Alberione, fundador da Família Paulina, às Pias Discípulas do Divino Mestre em 19 de março de 1966, na igreja dedicada a Jesus Mestre, em Roma, por ocasião da festa de São José. Trata-se de uma das últimas reflexões públicas do fundador, nas quais se percebe a maturidade espiritual e teológica de sua vida interior, sintetizando o coração de toda a espiritualidade paulina: viver em profunda comunhão com Cristo Mestre, Caminho, Verdade e Vida.

Nesta meditação, Alberione propõe um itinerário espiritual centrado na vida interior como núcleo da santidade e da missão. Inspirando-se em São José, ele destaca a simplicidade e a fidelidade cotidiana como o verdadeiro caminho de união com Deus. O autor adverte que as expressões externas da fé (cânticos, ritos e observâncias) são valiosas, mas somente têm sentido quando brotam de um interior animado pela fé, pela esperança e pela caridade. Assim, viver a vida religiosa não é apenas cumprir regras, mas deixar que Cristo transforme a própria interioridade.

O fundador retoma, em seguida, o núcleo da devoção paulina a Jesus Mestre: Ele é honrado como Verdade, pela fé e pela busca da sabedoria; como Caminho, pelo seguimento de seus exemplos e mandamentos; e como Vida, pelo amor que o discípulo cultiva a Deus e às almas. Alberione também recorda que o conhecimento de Cristo se dá pela Revelação, pela Tradição e pelo Magistério da Igreja, e que a verdadeira comunhão com o Mestre se realiza na Eucaristia e na Palavra, duas presenças inseparáveis.

A meditação conclui com uma exortação à Família Paulina: que todos compreendam e vivam profundamente a presença do Mestre Divino, irradiando a partir da Eucaristia a luz de Cristo para o mundo. O autor confia essa graça à comunidade das Pias Discípulas, unindo o sentido espiritual da nova igreja a uma missão universal de evangelização.

Ler este texto é entrar no pensamento orante de Pe. Alberione, onde a teologia se faz vida e a espiritualidade se traduz em comunhão. Sua voz, serena e convicta, convida cada discípulo e discípula do Divino Mestre a cultivar uma fé encarnada, unindo oração e ação, interioridade e missão, Eucaristia e Evangelho.


17. VIVER JESUS CRISTO MESTRE, CAMINHO, VERDADE E VIDA

Meditação à Comunidade das Pias Discípulas do Divino Mestre.
Roma, Via Portuense 739, 19 de março de 1966

… a vida interior. Ele — São José — foi o maior dos santos depois da Santíssima Virgem: seu recolhimento habitual, sua união com Deus, sua docilidade à vontade divina em tudo, sempre disposto a tudo o que o Senhor lhe pedia nas diversas circunstâncias, conforme entendemos pelo Evangelho. Vida interior.

Os cânticos têm seu lugar e fazem muito bem; é necessária também a parte litúrgica exterior; mas, depois disso, é preciso cultivar a vida interior, ou seja, uma fé cada vez mais viva, uma esperança cada vez mais viva, e uma caridade cada vez mais viva. A vida religiosa deve ser observada nas diversas disposições das Constituições religiosas, mas sobretudo observada no íntimo, mais do que no exterior, em tudo, do primeiro ao último artigo das Constituições. Antes de tudo, que seja animada pela fé; pela esperança em Jesus Cristo e na imitação de Jesus Cristo; e pelo amor a Deus e ao próximo. Esta é a vida interior.

A abundância de oração honra a Deus e alcança as graças de que precisamos; mas, ainda mais, é preciso cuidar do interior mais do que da observância exterior. Assim também devem ser recebidos os sacramentos, assim também se deve participar das celebrações. E, em todo o dia, deve haver uma alegria religiosa, uma santa união com Deus. É verdade que, nas obras e nas tarefas, é necessário cuidar também do aspecto exterior e isso é necessário. Mas que tudo parta, antes de tudo, do íntimo.

São José, que não fez coisas extraordinárias, chegou à mais alta santidade. Ele não foi apóstolo, nem mártir, nem pontífice, e, no entanto, está acima de todos no paraíso, exceto a Santíssima Virgem. Por quê? Porque sua vida foi a de um carpinteiro. Mas chegou a tal santidade por causa de sua interioridade.

Segundo pensamento (belíssima esta igreja, sim; e belíssima a cripta, que favorece e convida ao recolhimento): é preciso obter que, em toda a Família Paulina, se compreenda e se siga verdadeiramente o Divino Mestre, tal como o recebemos na comunhão.

Devemos recordar que o Divino Mestre é honrado, em primeiro lugar, pela verdade — a fé; depois, por sua vida, ou seja, por seus exemplos — o caminho; e, por fim, pelo amor — a vida: amor a Deus e amor às almas. Sim, repitam muitas vezes isso, como se repetem as jaculatórias.

Nesta intimidade, posso dizer assim: até agora, quem compreendeu profundamente e viveu isso foi Pe. Dragone, que já preparou e mandou imprimir outro volume; três volumes já foram publicados, e outro está em preparação. Ele compreendeu profundamente o Divino Mestre, já quando era o Criador. Pois foi Ele quem concebeu o desenho do mundo e o realizou. Assim também aqui, os engenheiros fizeram os desenhos, e vocês deram a sua parte nisso. Sim.

Mas é necessária a ciência e a sabedoria: “Eu sou a Verdade” (Jo 14,6), diz o Filho de Deus no seio do Pai.
O primeiro livro foi feito pela ciência humana, isto é, pela criação, em substância, foi assim: “Tudo foi feito por meio dele” (Jo 1,3).

Depois vem a vontade (depois da inteligência): a vontade, expressa nos mandamentos. E tudo o que é bom e santo está contido nos mandamentos e em tudo o que foi ensinado no Antigo Testamento.
Depois, segue-se a revelação do Filho de Deus encarnado, ou seja, o Evangelho. E depois, a Tradição, porque nem tudo foi escrito nos Evangelhos, muita coisa não foi escrita (cf. Jo 21,25); e então existe a Tradição. O ensinamento do Filho de Deus encarnado, uma parte está escrita nos Evangelhos, outra parte está na Tradição. E, portanto, quem interpreta, compreende e explica é o Magistério da Igreja.

E depois, vem a vida: a vida de Jesus Cristo em nós, e como Ele nos transforma. E o que nos tornamos depois disso? Até podermos dizer: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20).
E esse é o Magistério.

Ora, o que nós contemplamos e meditamos em Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida, encontra seu reflexo em Maria, que foi quem mais profundamente compreendeu e seguiu o Divino Mestre. Portanto, o que quero dizer é isto: coloquem essas intenções, tanto pelo que já foi feito, quanto pelo que ainda deve ser feito, ou seja, obter que em toda a Família Paulina, em cada um de seus membros, se compreenda e se viva o Divino Mestre. Confio-lhes essa missão. Peçam essa graça. E essa graça está ligada a esta igreja.

Na lista das intenções que apresento ao Senhor todas as manhãs, há esta: pelo menos há seis anos eu lembrava diariamente da construção desta igreja dedicada ao Divino Mestre. Esta igreja será um centro e esse centro é Jesus Cristo: Jesus Cristo presente realmente na Eucaristia; e de onde partirão os raios que se difundirão pelo mundo, começando pela Família Paulina.

Eis, portanto, os dois pensamentos principais:
Primeiro, a importância da vida interior, da interioridade.
Segundo, obter esta graça: que todos compreendam, que todos entendam: “Eu sou o Mestre”, diz Jesus. Ele vive na Eucaristia, vive no Evangelho e no ensinamento que nos deu.
Portanto, é preciso unir sempre a Palavra de Deus à Eucaristia, sempre unidas: Eucaristia e Evangelho.

Seja louvado Jesus Cristo.

A FÉ NA FIDELIDADE: LIÇÕES DE ORAÇÃO, PALAVRA E PERSEVERANÇA

Domingo, 19 de Outubro de 2025
29º Domingo do Tempo Comum, Ano C

Leituras: Ex 17,8-13 | Sl 120(121) | 2Tm 3,14-4,2 | Lc 18,1-8


Há momentos na vida em que a oração parece uma batalha. Dobramos os joelhos, mas o céu parece silencioso. Esperamos, e a resposta não vem. E, no entanto, é justamente nesses momentos que Deus nos ensina a perseverança, aquela fé que continua acreditando, confiando e amando, mesmo quando nada parece mudar.

As leituras deste domingo nos lembram que a fé não se prova na facilidade, mas na fidelidade. Moisés reza mesmo cansado, Paulo exorta Timóteo a permanecer firme, e Jesus louva uma viúva que nunca desiste.

A vida do Beato Timóteo Giaccardo, o primeiro sacerdote da Família Paulina, cuja memória celebramos hoje, é também um testemunho vivo dessa verdade. Sua constância na oração, sua humildade no serviço e sua serenidade nas provações ecoam a mesma mensagem.

Três pontos para nossa reflexão hoje:

Primeiro, a oração mantém viva a fé.

Na primeira leitura, Moisés permanece de braços erguidos enquanto o povo luta no vale. Enquanto suas mãos estão levantadas, Israel vence; mas quando ele se cansa, o povo enfraquece. Então Aarão e Hur o sustentam até o pôr do sol, e a vitória acontece.

Há a história de um agricultor que enfrentava uma longa seca. Todas as manhãs, ele ia ao campo vazio, ajoelhava-se sobre a terra seca e rezava por chuva. Os vizinhos zombavam: “Para que rezar? O céu está limpo e a terra está morta”. E ele respondia: “Eu não rezo só por chuva. Rezo para que o meu coração não seque”.

Essa é a oração de Moisés e é a oração que precisamos aprender. A oração verdadeira nem sempre muda a situação de imediato, mas mantém o coração vivo. Ela nos abre à força de Deus quando a nossa se esgota. E assim como Moisés precisou de Aarão e Hur, também nós precisamos uns dos outros para sustentar nossa fé.

Segundo, a Palavra que fortalece a perseverança.

Na segunda leitura, São Paulo escreve a Timóteo: “Permanece firme naquilo que aprendeste…”. Ele recorda que a Palavra de Deus não é uma teoria nem uma bela ideia. É uma força viva, um poder que forma, corrige e sustenta aqueles que creem.

Depois desta missa e da bênção da nossa nova casa, celebrarei outra missa com a comunidade filipina, que hoje comemora o seu 8º aniversário aqui em São Paulo. Durante esses anos, eles se reúnem com fidelidade, apesar do trabalho, da distância e do cansaço. Mesmo assim, continuam a rezar, celebrar e agradecer.

Essa perseverança é um testemunho da força da Palavra. A verdadeira oração não espera por condições perfeitas. Ela continua porque o amor torna tudo possível. E esse amor é alimentado pela Palavra de Deus, onde encontram o que o mundo não pode dar: esperança que renova, fé que une e alegria que permanece.

É exatamente isso que São Paulo desejava para Timóteo, e o que Deus deseja para nós: que Sua Palavra não toque apenas os nossos ouvidos, mas crie raízes no coração. Porque, quando a Palavra de Deus habita em nós, ela se torna o sopro da nossa perseverança, a bússola que orienta o caminho e a força silenciosa que nos sustenta quando a estrada é longa. Por isso, permaneçamos fiéis à Palavra que recebemos.

Terceiro, a fé persevera mesmo quando a resposta demora.

No Evangelho, Jesus fala da viúva que nunca desiste de pedir justiça. Mesmo diante de um juiz indiferente, ela insiste até ser ouvida. Jesus nos convida a rezar assim: com coragem que não desanima e com confiança que não se cansa.

O Beato Timóteo Giaccardo viveu essa mesma fé perseverante em um dos momentos mais difíceis de sua vida: a missão de obter a aprovação pontifícia de sua Congregação. Foi um caminho cheio de atrasos, incompreensões e muitos obstáculos. Muitas vezes, a aprovação parecia impossível. Mas o Beato Timóteo nunca deixou de acreditar que aquela obra era de Deus.

Ele rezou, trabalhou e esperou com paciência. Escreveu cartas, dialogou com as autoridades da Igreja e carregou o peso da responsabilidade com serenidade e fé. No fim, sua perseverança deu fruto: a Congregação foi finalmente aprovada pela Santa Sé.

Essa vitória não foi apenas um documento, mas um sinal vivo da fé que não desiste, da esperança que confia mesmo na escuridão e da confiança que permanece firme até o fim. Como a viúva do Evangelho, o Beato Timóteo continuou batendo à porta de Deus, não por teimosia, mas por amor. Ele acreditava profundamente que, quando uma obra pertence a Deus, ela se cumpre no tempo de Deus.

Moisés nos ensina a levantar as mãos em oração mesmo quando estamos cansados. Paulo e Timóteo nos mostram o poder da Palavra que sustenta. A viúva persistente nos ensina a confiar que Deus sempre escuta.

E o Beato Timóteo Giaccardo viveu tudo isso com ternura e coragem: sua oração foi constante, seu amor pela Palavra foi profundo, e sua perseverança abriu caminho para que a vontade de Deus se realizasse. Amém.


Texto de:
Pe. Reymel Juanillo Ramos, ssp
Capelão da Casa Provincial e Casa Marta e Maria
das Irmãs Pias Discípulas do Divino Mestre.
Mestre dos Aspirantes Paulinos.

JESUS, O ÚNICO MESTRE

Dando continuidade à leitura de alguns textos do Fundador sobre a devoção a Jesus Mestre, Caminho, Verdade e Vida, prosseguimos agora com a homilia do Pe. Alberione, de 1966 (APD66).

A meditação Gesù l’unico Maestro, proferida por Tiago Alberione às Pias Discípulas do Divino Mestre em Roma, em 23 de janeiro de 1966, durante a novena dedicada ao Divino Mestre, é uma profunda reflexão sobre o papel de Cristo como único e verdadeiro Mestre da humanidade. A partir das leituras litúrgicas do III Domingo depois da Epifania, especialmente o Evangelho de Mateus (8,1-13), com as curas do leproso e do centurião, Alberione desenvolve uma catequese centrada em duas disposições interiores fundamentais para a vida espiritual: a humildade e a fé.

Segundo ele, é por meio dessas atitudes que o discípulo acolhe a graça de Deus e cresce na santidade. O leproso e o centurião tornam-se, assim, figuras paradigmáticas da confiança total em Jesus, cuja palavra e presença curam e transformam.

Na segunda parte, Alberione apresenta Cristo como o único Mestre, aquele que ensina pela palavra, pelo exemplo e pela própria vida: privada, pública, dolorosa e eucarística. Recorda os principais textos evangélicos em que Jesus se define como Via, Veritas et Vita, a videira verdadeira e o pão da vida, revelando que toda sabedoria e santidade derivam da comunhão com Ele.

Por fim, dirige-se às Pias Discípulas, convidando-as a aprofundar sua devoção ao Divino Mestre, especialmente na adoração eucarística, e a difundir essa espiritualidade no seio da congregação. Para Alberione, seguir o Mestre é deixar-se formar interiormente por Ele, para pensar, amar e agir segundo Cristo Caminho, Verdade e Vida.

5. JESUS, O ÚNICO MESTRE (Domingo III depois da Epifania)

Meditação à Comunidade das Pias Discípulas do Divino Mestre
Roma, Via A. Severo 56, 23 de janeiro de 1966¹

Na Epístola, Paulo instrui os Romanos com sua grande Carta:

Irmãos, não vos considereis sábios aos vossos próprios olhos.
A ninguém retribuais o mal com o mal, cuidando de fazer o bem não somente diante de Deus, mas também diante de todos os homens.
Se for possível, no que depender de vós, vivei em paz com todos os homens.
Não vos vingueis a vós mesmos, caríssimos, mas deixai lugar à ira de Deus².

E todos os outros ensinamentos que seguem na mesma Carta. Depois, recordemos o Evangelho, que já foi lido na Missa. No entanto, repitamos. As nações temerão o teu Nome, ó Senhor, e todos os reis da terra a tua glória³.

O Evangelho segundo São Mateus:

Naquele tempo, tendo Jesus descido do monte, uma grande multidão o seguiu — Jesus havia feito aquele célebre sermão, aquele grande sermão que começa com: “Bem-aventurados os pobres, etc.”⁴ —.
Assim, descendo depois do monte, um leproso veio prostrar-se diante dele, dizendo: “Senhor, se queres, podes purificar-me.”
E Jesus estendeu a mão, tocou-o e disse: “Eu quero, sê purificado.”
E imediatamente ele foi purificado da lepra.
Disse-lhe então Jesus: “Vê, não o digas a ninguém, mas vai mostrar-te ao sacerdote e oferece a oferta prescrita por Moisés, em testemunho para eles.”
Ao entrar em Cafarnaum, aproximou-se dele um centurião que o implorava, dizendo: “Senhor, o meu servo jaz em casa paralítico e sofre terrivelmente.”
E Jesus lhe disse: “Irei e o curarei.”
O centurião respondeu: “Senhor, eu não sou digno de que entres sob o meu teto, mas dize apenas uma palavra, e o meu servo será curado.
Pois também eu, ainda que sujeito a outros, tenho sob meu comando soldados; e digo a um: vai — e ele vai; e a outro: vem — e ele vem; e ao meu servo: faze isto — e ele o faz.”
Ouvindo-o, Jesus ficou admirado e disse aos que o seguiam: “Em verdade vos digo: não encontrei tamanha fé em Israel.
E vos digo que muitos virão do Oriente e do Ocidente e se sentarão à mesa no Reino dos Céus com Abraão, Isaac e Jacó, enquanto os filhos do Reino serão lançados nas trevas exteriores, onde haverá choro e ranger de dentes.”
E Jesus disse ao centurião: “Vai, e seja feito conforme a tua fé.”
E naquele instante o servo foi curado
⁴.

Nós obtemos as graças depois que fazemos atos de humildade e de fé.
O leproso que recorre a Jesus sente-se tão pobre e tão enfermo — leproso; portanto, humilde.
E depois diz: “Se queres, podes purificar-me” — eis aí.
Então: “Se queres, tu podes purificar-me.” — essas são as duas disposições necessárias para obter.

A humildade: reconhecer a própria pobreza.
E o Senhor é rico, é onipotente, e Ele pode tudo.
Eis as duas disposições.

E Jesus estendeu a mão e o tocou, dizendo: “Eu quero, sê purificado.”
E imediatamente foi purificado da lepra.

Depois, outro milagre, outra graça — mas também aí houve humildade e fé.

Ao entrar em Cafarnaum, aproximou-se dele um centurião que o implorava, dizendo:
“Senhor, o meu servo jaz em casa paralítico e sofre terrivelmente.”

Eis a humildade.

E Jesus lhe respondeu:

“Irei e o curarei.”

O centurião replicou:

“Não sou digno de que entres em minha casa.”

Humildade.

Mas acrescenta, como quem diz:

“Tu podes curá-lo de longe, sem vir à minha casa.”

Eis a fé.

A humildade: reconhecer que não é digno de que Jesus entre em sua casa.
E são essas as palavras que nós dizemos antes da comunhão:

Domine, non sum dignus…¹

E depois, a fé:

“Não é necessário que entres em minha casa, mas dize apenas uma palavra — mesmo daqui, de longe — e ele será curado.”

Ele queria dizer:

“Tu és o Senhor de tudo, e portanto, podes tudo.
Também eu tenho autoridade: posso dar ordens àqueles que me são sujeitos.
Assim, tu és o Senhor de todas as coisas, e tudo te é sujeito.
Tu podes ordenar a tudo — inclusive ao mal.”

Portanto, o comando sobre o mal, sobre a doença.

E então o Senhor Jesus realiza uma maravilha.

Este homem era um pagão, e muitos outros, ao contrário, não haviam acreditado.

“E vos digo que muitos virão do Oriente e do Ocidente e se sentarão à mesa, no Reino dos Céus, com Abraão, Isaac e Jacó.”

Isto quer dizer: um dia o Evangelho será pregado “de um mar a outro mar”, ou seja, por todo o mundo; e muitos que hoje são pagãos tornar-se-ão cristãos e entrarão no paraíso.
E muitos dos judeus obstinados serão expulsos do paraíso.

E Jesus disse ao centurião: “Vai, e seja feito conforme a tua fé.”
E naquele instante o servo foi curado.


Vejamos: nós medimos as graças de Deus — e de que modo?

Segundo a nossa fé, se é pequena ou grande.
Assim, obtemos pouco ou muito conforme a nossa fé.

E fé verdadeira — não há muita. Não há muita fé.

Vede: no mundo, há bem pouca.
Mas também nós, depois de tantas graças, depois de tantas instruções, depois de tantas práticas de piedade, ainda não temos aquela fé que faz os santos.

E cada um se faz santo na medida em que tem fé.

Se se diz: “Fazei-nos santos”¹ — mas quando isso é dito só com os lábios, sem compreender bem o que se diz e qual é a disposição interior…

Portanto, há dois grandes ensinamentos:
o leproso, humilde e cheio de fé;
o centurião, humilde e cheio de fé.
E ambos obtiveram [a graça].

Assim, dois milagres.

Oh! Então devemos extrair deste Evangelho o ensinamento da humildade e da .

Mas é preciso dizer que essas disposições precisam estar no íntimo; e, dolorosamente, muitas vezes — ou melhor, sempre — ainda não fizemos o ato de verdadeira humildade, profunda, aquela que agrada a Deus;
nem a fé profunda, aquela que agrada a Deus.

Então: “Fazei-nos santos.”
E assim será: cada um se fará santo.


Estamos na novena do Mestre Jesus.
E então, lede bem a tradução¹.
E assim, como devemos pensar?

O Mestre Divino é um só, Jesus Cristo — vinde, adoremo-lo².

Ou seja: Ele somente é o verdadeiro Mestre.

E o que ensina o Mestre?

Primeiro, ensina com o exemplo:
sua santíssima vida privada,
sua santíssima vida pública,
sua santíssima vida dolorosa,
e sua santíssima vida eucarística sob as espécies do pão:
está presente na hóstia e se dá a comer a nós.

Pode-se chegar a um ato de humildade assim?
Ele é o Mestre — portanto, o seu exemplo.

Mas há também tudo o que Jesus ensinou com palavras.
E aí devemos considerar os três capítulos do discurso da montanha:

“Bem-aventurados os pobres, etc.”³

Mas são poucos os que sabem observar bem a pobreza;
aqueles que amaram o sofrimento, as dores, etc.

Como estamos distantes de compreender tudo o que está no discurso da montanha, especialmente nas Oito Bem-Aventuranças!

  1. Ego sum Via, Veritas et Vita.
    Então: Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.

Quem me segue não andará nas trevas¹.

Isto é: quem segue — quem procura seguir, imitar — Jesus, não andará nas trevas, mas terá a luz da vida.
Ou seja, seguindo Jesus, terá a vida eterna.

  1. Vós me chamais Mestre e Senhor — e o chamavam, de fato, Mestre —

e dizeis bem, porque o sou: Mestre e Senhor².

Isto é: o Mestre que ensina, e o Senhor, que é o Deus da terra e do céu, o Criador.

Eu, de fato, vos dei o exemplo³ —
eis o primeiro ensinamento: o exemplo —
para que, assim como eu fiz, também vós o façais³.

Humilhar-se como Jesus.

  1. Não vos façais chamar de Doutores — como queriam ser chamados os chefes do povo judeu —

porque um só é o vosso Doutor: o Cristo;
o verdadeiro mestre do caminho do céu.
Vós todos sois irmãos⁴; não mestres.

  1. O discípulo não é mais que o Mestre;

todo aluno, ao completar sua formação, será como o seu mestre⁵.

Ou seja: se seguirmos o Mestre pelos exemplos que ele deixou, também nós seremos como ele — iguais ao Mestre —, isto é, viveremos como Jesus vivia.

  1. Eu sou a videira, vós os ramos.

Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto⁶.

Ou seja: a graça de Deus está na alma boa.
A videira e os ramos: há a mesma seiva em Jesus Cristo — ou seja, a graça — que passa a nós, os membros, assim como a seiva nutre a planta e os ramos.

“Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto.”

Isto é: tendo em nós a graça, o que fazemos dá muito fruto, ou seja, mérito.

  1. Eu sou o pão da vida.

Quem comer deste pão viverá eternamente,
e o pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo⁷.

A sua imolação.

E então: Multifaria multisque modis — isto é, o Senhor ensinou de muitos modos e de diversas maneiras nos tempos antigos:
pelos Profetas, pelos Patriarcas.
Mas agora, nestes últimos tempos, é Jesus quem fala:

Locutus est nobis in Filio⁸ — “falou-nos por meio do Filho”.


Depois, as Pias Discípulas deveriam cantar de preferência essas coisas:
a antífona:

“Deus, que antigamente falou muitas vezes e de muitas maneiras aos Pais por meio dos Profetas, nestes últimos tempos falou também a nós por meio do Filho”¹;

e esses hinos que estão traduzidos:

  • Ego sum Via² — primeiro;
  • Ego sum Veritas³ — segundo;
  • Ego sum Vita⁴ — terceiro.

Se não cantardes vós, que sois as Discípulas do Mestre, quem cantará?

Parece-me que se exige muito mais devoção ao Mestre Divino, que é o Caminho, a Verdade e a Vida.

Empenhei bastante tempo em preparar estas coisas — e com o conselho que recebi, e com o estudo, e com o que submeti à Santa Sé, como a Missa do Mestre Divino; e isso levou três, quatro anos (…).

E agora seria bom que justamente as Discípulas cantassem ao Mestre.
Por quê?
Porque não se considera suficientemente o Evangelho, onde o Mestre ensina, onde Ele instrui.

E nós devemos — e vós deveis — ter uma devoção particular ao Divino Mestre.

E estamos na novena.
Mas não deve ser apenas agora.
Isso, sim, para o mês de janeiro, para a novena.

Mas qual é a vossa devoção?
A vossa devoção é o Mestre.

E os louvores?
E como são as orações ao Divino Mestre no livro das Orações?

O diabo tenta sempre desviar um pouco a espiritualidade, a piedade deste ou daquele.
Muitas vezes nem se compreende, nem sequer se percebe Jesus —
às vezes, nem mesmo na Comunhão,
que é o Mestre (…),
aquele que orienta a mente, o coração e a vontade,
para que sejamos nEle, para que Ele seja em nós.

Há comunhões que são assim… mais ou menos.
Mas serão realmente aquelas que agradam plenamente a Jesus Mestre?

Assumi este compromisso: considerar e ensinar isto,
começando pela casa do noviciado, passando depois às irmãs professas e depois às outras casas.

É preciso mais devoção ao Divino Mestre.

E quando se está ajoelhada fazendo a Adoração,
eis o Mestre, que então fala a nós.

Orar com distração (…), ler isto e aquilo…
Mas é preciso rezar de verdade,
e rezar ao próprio Mestre, que é a nossa devoção,
e que é a vossa devoção em particular.

Peço ao Senhor esta graça:
que a devoção ao Divino Mestre domine sobre todas as outras.

Seja louvado Jesus Cristo.


Notas

  1. Fita 134/b (= cassete 206/a).
    Para a datação, cf. PM: “Estamos na novena do Mestre Jesus (festa em 30 de janeiro de 1966)” (cf. PM em c41).
    Com base neste dado seguro, a datação das outras meditações n.º 3 e 8, gravadas na mesma fita e em sequência, foi considerada muito provável.
    dAS, 23 de janeiro de 1966 (domingo): “Por volta das 5h, Missa e meditação às PD (na capela). Às 15h, em Ariccia, para uma meditação às PD em Exercícios.” — VV (cf. c20).
  2. Epístola: Rm 12,16–21.
  3. Gradual: Sl 101,16–17.
  4. Evangelho: Mt 8,1–13.
    (Cf. Mt 5,3–10 para as Bem-Aventuranças).
  5. Domine, non sum dignus… — Cf. Missale Romanum, Cânon da Missa.
  6. Fazei-nos santos: referência ao uso tradicional da coroinha:
    “Virgem Maria, Mãe de Jesus, fazei-nos santos”, recitada na hora de levantar-se e de deitar-se.
  7. Novena a Jesus Mestre, em As Orações da Família Paulina, ed. 1965, pp. 350–352.
  8. Invitatório da novena, cf. Mt 23,8.

Referências bíblicas:

  1. Jo 14,6; 8,12.
  2. Jo 13,13.
  3. Jo 13,15.
  4. Mt 23,8.
  5. Lc 6,40.
  6. Jo 15,5.
  7. Jo 6,48.51.
  8. Hb 1,1–2.
  9. Cf. Liber Usualis Missae et Officii, In Circumcisione Domini et Octavam Nativitatis, ad Missam, Alleluia. Cf. também Hb 1,1–2.
  10. Cf. As Orações da Família Paulina, op. cit. (1965), p. 234.
  11. Ib., p. 232.
  12. Ib., p. 236.

MÊS DEDICADO A JESUS DIVINO MESTRE

Nesta semana, toda a Família Paulina vive um tempo especial de preparação para celebrar a Solenidade de Jesus Mestre, centro e expressão da devoção que une todos os seus ramos.

Com o objetivo de favorecer uma reflexão mais profunda sobre este mistério, o site das Pias Discípulas do Divino Mestre apresentará, ao longo dos próximos dias, uma série de textos do Bem-Aventurado Tiago Alberione, o Primeiro Mestre, acerca da devoção a Jesus Mestre, coração da espiritualidade paulina.

A seguir, publicamos o primeiro texto da série, traduzido do original em italiano.
O texto integral, em sua versão original, está disponível neste link: APD66

AS TRÊS DEVOÇÕES FUNDAMENTAIS DA FAMÍLIA PAULINA

Meditação às novas professas perpétuas das Pias Discípulas do Divino Mestre
Roma, Via Portuense 739 – 7 de maio de 1966

Queridas irmãs,

Hoje vocês fazem a profissão perpétua. Esse é um compromisso de perseverança, mas não apenas de permanecer firmes: é também um chamado ao progresso espiritual, porque a profissão não é o ponto de chegada, e sim um novo começo.

Com ela, vocês se comprometem a crescer cada dia mais no caminho da santidade. Já se provaram capazes de viver essa missão e agora assumem o compromisso de avançar continuamente, buscando um grau cada vez mais alto de perfeição cristã.

Depois, vêm os artigos das Constituições que tratam do apostolado. Mas o primeiro e principal dever é sempre o aperfeiçoamento pessoal. E esse aperfeiçoamento se realiza por meio dos três votos religiosos: pobreza, castidade e obediência.

Esse caminho de progresso deve continuar até o momento em que passarmos desta vida para a eternidade. Vocês deixaram suas famílias para seguir Jesus Cristo, e um dia, deixando esta vida, entrarão com Ele no céu.

Para viver esse caminho de perfeição, há três devoções fundamentais que devem sempre acompanhar vocês:

  1. A devoção a Jesus Mestre, para viver unidas a Ele;
  2. A devoção a Maria, Rainha dos Apóstolos, sob cuja proteção estamos aqui reunidas;
  3. A devoção a São Paulo Apóstolo.

1. A devoção a Jesus Mestre

A devoção a Jesus Mestre pode ser vivida em vários graus — e ela é tanto mais profunda quanto mais a alma vive de Cristo, podendo repetir com São Paulo:

“Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20).

Jesus disse:

“Eu sou o Caminho” (Jo 14,6).

Seguir o Caminho significa trilhar o mesmo percurso de santidade que Ele percorreu.

Disse também:

“Eu sou a Verdade” (Jo 14,6).

Viver a Verdade é ter uma fé profunda, pensar como Jesus, acolher seus pensamentos e ensinamentos contidos no Evangelho.

E finalmente:

Eu sou a Vida” (Jo 14,6).

Viver a Vida é amar a Deus e amar as almas.

Assim, Jesus Cristo vive em nós como Caminho, Verdade e Vida, comunicando sua graça em abundância, fazendo crescer em nós o amor puro a Deus e às pessoas, eliminando tudo o que possa impedir esse amor.

2. A devoção a Maria, Rainha dos Apóstolos

Desde o momento em que o Filho de Deus se encarnou em seu seio puríssimo até o instante em que Jesus subiu ao céu, Maria sempre esteve ao lado Dele.

Assim também vocês devem acompanhá-lo, como ela o acompanhou até a cruz e além. Vivam unidas a Jesus, seguindo o exemplo da Rainha dos Apóstolos, que nunca se afastou do Mestre Divino.

Quando o caminho parecer difícil, quando surgirem obstáculos, invocai Maria!

Por onde passava, Maria levava a graça. Desde o “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14) até o Calvário, ela permaneceu junto ao Filho.

E ali, Jesus disse:

“Mulher, eis o teu filho” (Jo 19,26).
E a João: “Eis a tua mãe” (Jo 19,27).

Ela é, portanto, Mãe e companheira de todos os que seguem o Cristo.

3. A devoção a São Paulo Apóstolo

São Paulo nos ensina, com sua vida e suas virtudes, o que significa ser forte na fé.
É essa a virtude que quero destacar hoje: a fortaleza, tanto como virtude humana quanto como dom do Espírito Santo.

Na vida, enfrentamos lutas e sofrimentos; o caminho do discípulo não é isento de cruz.
Para perseverar e crescer é preciso fortaleza: para vencer as tentações, resistir ao mal, combater o espírito do mundo, a carne e o demônio.

São João exorta:

“Sede fortes” (1Jo 2,14).

Peçam essa graça por intercessão de São Paulo. Ele trabalhou incansavelmente, sofreu perseguições, foi preso diversas vezes, mas permaneceu fiel até o fim, podendo dizer:

“Agora está reservada para mim a coroa da justiça” (2Tm 4,8).

A fortaleza nos faz superar as dificuldades que vêm de nós mesmas, do ambiente e do inimigo. Quando o amor é forte, tudo vence (cf. Ct 8,6).

Mantenham o coração sempre ardente, especialmente durante e depois da comunhão.
Mesmo diante dos desgostos, das enfermidades, dos sacrifícios do apostolado, sejam fortes.
E, quando chegar o momento de passar desta vida para a eterna, aceitem com fortaleza a vontade de Deus.

Que essas três devoções vos acompanhem sempre e sejam para vocês luz, força, alegria e esperança.
Assim, vossa vida religiosa será também uma vida feliz e cheia de sentido.

Avante!

Guardem bem estes três lembretes da Profissão:

  • Devoção sempre viva a Jesus Mestre;
  • Devoção sempre viva à Rainha dos Apóstolos;
  • Devoção sempre viva — e cada vez mais profunda — a São Paulo Apóstolo.

Agora ofereço a Santa Missa por todas vocês.
Unidas, invoquemos: Jesus Mestre, a Rainha dos Apóstolos e São Paulo Apóstolo.

Louvado seja Jesus Cristo!

IGREJA CATÓLICA CELEBRARÁ A 9ª JORNARDA MUNDIAL DOS POBRES COM O TEMA “TU ÉS A MINHA ESPERANÇA”

De 9 a 16 de novembro de 2025, a Igreja Católica em todo o mundo celebrará a 9ª Jornada Mundial dos Pobres (JMP), que neste ano traz como tema “Tu és a minha esperança” (cf. Sl 71,5). Inspirada no convite bíblico à esperança, a iniciativa quer fortalecer o compromisso da Igreja com as pessoas em situação de vulnerabilidade, promovendo solidariedade, escuta e fraternidade.

No Brasil, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por meio da Comissão Episcopal para a Ação Sociotransformadora (Cepast), incentiva dioceses, paróquias e comunidades a viverem não apenas o Dia Mundial dos Pobres, mas oito dias inteiros de mobilização. O objetivo é transformar o período em um tempo de oração, convivência e gestos concretos de amor junto aos mais necessitados.

Caridade e justiça

Mais do que uma ação assistencial, a Jornada é também um convite à escuta e ao aprendizado com aqueles que enfrentam a pobreza — uma realidade que afeta, de modo particular, pessoas negras e moradores das periferias urbanas, historicamente empurrados à exclusão social e econômica.

O Papa Leão XIV faz um chamado direto às comunidades católicas: agir com coerência e enfrentar as causas estruturais da pobreza, lembrando que “ajudar os pobres é uma questão de justiça, muito antes de ser uma questão de caridade”.

Caminho de esperança: orientações pastorais

Para auxiliar na vivência da Jornada, a Comissão elaborou um subsídio pastoral com orientações, propostas de ação, a mensagem do Papa Leão XIV e sugestões de atividades comunitárias. O material convida toda a Igreja a transformar este momento em uma oportunidade não só de ajudar, mas também de reconhecer nos pobres o rosto de Cristo.

“Queremos que as ações não se limitem apenas ao Dia Mundial do Pobre. Por isso, o subsídio também traz propostas para o pós-jornada. Contamos com a participação e o engajamento de todos neste momento forte da Igreja, instituído pelo Papa Francisco no encerramento do Ano da Misericórdia, em 2016, e que agora segue com o Papa Leão XIV”, destaca Alessandra Miranda, assessora da Comissão Episcopal para a Ação Sociotransformadora.

“Aproveitem o material, mobilizem suas comunidades e grupos, e venham somar nesse grande mutirão de solidariedade que, com certeza, será mais uma vez abraçado por todo o Brasil”, conclui a assessora da CNBB.


EXORTAÇÃO APOSTÓLICA DILEXI TE

Apresentamos a seguir os principais conteúdos e desdobramentos da exortação apostólica Dilexi te (“Eu te amei”), assinada por Papa Leão XIV em 4 de outubro de 2025 — data que coincide com a festa de São Francisco de Assis — e divulgada publicamente em 9 de outubro. (Vaticano)

Contexto e motivação

Dilexi te retoma parte de um projeto iniciado nos últimos meses do pontificado de Francisco, quando ele mesmo preparara uma exortação sobre o serviço aos pobres, cujo título complementa sua encíclica Dilexit Nos. Papa Leão XIV acolhe esse legado, declara que o “faz seu” e acrescenta reflexões próprias no começo de seu pontificado. (Vaticano)

O título “Eu te amei” provém de Apocalipse 3,9 e sugere que Cristo, em particular aos mais fracos, mais pobres ou menos poderosos, dirige uma palavra de amor e reconhecimento: mesmo sem força ou posição, eles são amados por Deus. (Vaticano)

O documento, que possui 121 pontos, busca sublinhar que a proximidade com os pobres é mais do que um programa social: é central à identidade cristã, à missão da Igreja e à vivência autêntica do Evangelho. (Vatican News)

Os capítulos e principais temas

A exortação está estruturada em uma breve introdução seguida por cinco capítulos (cap. I a V), cada um desenvolvendo um aspecto específico do tema do amor e da opção pelos pobres. A seguir, um panorama dos temas centrais:

Capítulo I – “Algumas palavras indispensáveis”
Nesta primeira parte, o Papa recorda episódios bíblicos (por exemplo, a mulher que unge Jesus com perfume caro) para mostrar que gestos simples de carinho e proximidade com o que sofre não são insignificantes, sobretudo se dirigidos aos mais vulneráveis. (EWTN Vatican)

Leão XIV enfatiza que o amor a Cristo não pode ser divorciado do amor aos pobres: quem ama o Senhor deve reconhecer Cristo no rosto dos mais pobres e sofredores. (Vaticano)

Capítulo II – “Deus opta pelos pobres”
Este capítulo aprofunda a ideia de que a atenção de Deus para os pobres não é acaso nem mero recurso simbólico, mas parte integrante da obra da salvação. Ele remonta à expressão bíblica de Deus “ter ouvido o clamor dos pobres” (por exemplo, no episódio da sarça ardente) para afirmar que a opção divina pelos que sofrem é permanente. (EWTN Vatican)

Aqui também se destaca a encarnação de Jesus como ato de amor e pobreza: o Filho de Deus torna-se pobre, identificado com os pobres, vivenciando rejeição e caminho de cruz. Essa pobreza de Cristo configura a dimensão teológica da proximidade com os mais fracos. (EWTN Vatican)

Capítulo III – “Uma Igreja para os pobres”
No capítulo III (e nos subsequentes), Leão XIV discute como a Igreja deve estruturar-se pastoralmente e missionariamente a partir dessa opção preferencial pelos pobres. Ele não propõe que os pobres sejam tratados como “casos sociais” separados, mas que a ação eclesial inteira — liturgia, doutrina, caridade, caminho missionário — seja influenciada por esse olhar preferencial. (Vatican News)

O Papa adverte contra preconceitos ideológicos que segregam os pobres ou os consideram menos dignos e critica a tentação de uma fé acomodada, desvinculada da justiça social. (Vatican News)

Capítulo IV – “Uma história que continua”
Este capítulo traça um percurso histórico da relação entre a Igreja e os pobres nos últimos 150 anos, situando a exortação dentro da tradição da doutrina social da Igreja. Leão XIV revisita documentos eclesiais anteriores, bem como os concílios latino-americanos (Puebla, Medellín, Aparecida etc.), e destaca que muitas crises contemporâneas — desigualdade, migração, fome, injustiças estruturais — exigem uma resposta renovada da Igreja. (Vatican News)

Nesse contexto, ele denuncia “a economia que mata”, falta de equidade, violência contra mulheres, escassez educacional, estruturas injustas que favorecem alguns em detrimento de muitos. (Vatican News)

Leão XIV também valoriza os movimentos populares e comunitários como expressões de moralidade social, afirmando que a política e as instituições devem escutar os pobres para que a democracia não se torne vazia ou excludente. (EWTN Vatican)

Capítulo V – “Um desafio permanente”
No capítulo final, a exortação reitera que o amor aos pobres não é um tema ocasional nem um apêndice da missão, mas “marca” permanente da vida cristã e identidade da Igreja. (EWTN Vatican)

Leão XIV afirma que nenhuma comunidade cristã pode ignorar os pobres, trata-los como “problemas sociais” ou relegá-los a uma esfera secundária. Ao contrário, é preciso uma conversão constante, destruição das “estruturas de injustiça” e generosidade concreta. (EWTN Vatican)

Ele fala de caridade como “justiça restabelecida”, e não como mero paternalismo; da necessidade de oferecer oportunidades reais de desenvolvimento e dignidade; de promover reformas sociais que assegurem educação, trabalho, proteção às mulheres, acolhimento aos migrantes. (Vatican News)

A exortação conclui lembrando que em gestos simples — ouvir, doar, caminhar com os pobres — estamos reenviados ao coração de Cristo, que continua dizendo: “Eu te amei” (Ap 3,9). (EWTN Vatican)

Mensagens centrais e implicações para a Igreja de hoje

A Dilexi te oferece várias teses centrais que devem inspirar a prática eclesial contemporânea:

  1. Unidade entre fé e caridade
    A exortação insiste que a fé cristã não pode ser separada do compromisso concreto com os pobres. Amar a Deus e amar o próximo são partes inseparáveis da vida cristã.
  2. Opção preferencial pelos pobres como missão estruturante
    Leão XIV reafirma que esse conceito — já presente em documentos latino-americanos e no magistério recente — não é opcional, mas constitutivo da identidade da Igreja. Ele recorda que a opção não implica exclusão, mas sim radical compaixão. (Desenvolvimento Humano)
  3. Crítica às estruturas injustas
    A exortação denuncia sistemas econômicos e sociais que produzem desigualdade, privilegiando poucos e marginalizando muitos — “economia que mata” é uma expressão significativa usada pelo Papa. (Vatican News)
  4. Papel evangelizador dos pobres
    Os pobres não são apenas destinatários da caridade, mas “profetas” que exigem uma escuta eclesial. Eles possuem uma sabedoria da fragilidade que desafia os que estão em conforto a reexaminar prioridades. (Desenvolvimento Humano)
  5. Conversão permanente da comunidade cristã
    A exortação chama à conversão contínua — mudança de estilo de vida, desprendimento, atenção aos mais frágeis. Não é apenas tarefa social, mas caminho espiritual.
  6. Inovação pastoral e institucional
    Leão XIV convoca comunidades, paróquias e dioceses a repensarem seus modos de ação: por exemplo, iniciativas de proximidade, escuta, presença concreta, alianças com movimentos sociais e reformulação de políticas paroquiais com foco nos excluídos.
  7. Solidariedade global e dimensão política
    Não se trata apenas de obras pontuais, mas de influenciar estruturas políticas e econômicas para que priorizem a dignidade humana. A voz cristã deve denunciar desigualdades e injustiças.

Conclusão e convite

A exortação Dilexi te é um documento desafiador e inspirador: coloca no centro da missão da Igreja o serviço aos pobres como expressão vital do amor de Cristo. Não como programa secundário, mas como critério de fidelidade ao Evangelho. O Papa Leão XIV nos convida a reconhecer nos pobres não apenas obra de misericórdia, mas presença de Deus que continua a falar, no “clamar” da pobreza humana.

Que esta carta, associando o Colégio Episcopal e toda a Igreja, desperte em nossas comunidades a coragem de caminhar com aqueles que mais sofrem, de transformar estruturas injustas, de tornar visível o rosto de Cristo naqueles que passam invisíveis. Que, renovados em compaixão, saibamos dizer aos pobres — e viver para eles —: “Eu te amei”.

REZAR O TERÇO

Segundo a Carta Apostólica ROSARIUM VIRGINIS MARIAE, “o Rosário situa-se na melhor e mais garantida tradição da contemplação cristã. Desenvolvido no Ocidente, é oração tipicamente meditativa e corresponde, de certo modo, à « oração do coração » ou « oração de Jesus » germinada no húmus do Oriente cristão”.

Ainda na introdução desta Carta Apostólica, o Papa João Paulo II motiva para a oraçao: “Na sobriedade dos seus elementos, concentra a profundidade de toda a mensagem evangélica, da qual é quase um compêndio. Nele ecoa a oração de Maria, o seu perene Magnificat pela obra da Encarnação redentora iniciada no seu ventre virginal. Com ele, o povo cristão frequenta a escola de Maria, para deixar-se introduzir na contemplação da beleza do rosto de Cristo e na experiência da profundidade do seu amor. Mediante o Rosário, o crente alcança a graça em abundância, como se a recebesse das mesmas mãos da Mãe do Redentor”. 

Assim somos convidados a contemplar Cristo por Maria. A contemplação de Cristo tem em Maria o seu modelo insuperável. O rosto do Filho pertence-lhe sob um título especial. Foi no seu ventre que Se plasmou, recebendo d’Ela também uma semelhança humana que evoca uma intimidade espiritual certamente ainda maior. À contemplação do rosto de Cristo, ninguém se dedicou com a mesma assiduidade de Maria.

Os olhos do seu coração concentram-se de algum modo sobre Ele já na Anunciação, quando O concebe por obra do Espírito Santo; nos meses seguintes, começa a sentir sua presença e a pressagiar os contornos. Quando finalmente O dá à luz em Belém, também os seus olhos de carne podem fixar-se com ternura no rosto do Filho, que envolveu em panos e recostou numa manjedoura (cf. Lc 2, 7).

Como rezar o terço?

A partir da cruz, siga as orações na sequência indicada

  • Inicia-se segurando pela cruz, com o Sinal a Cruz, Oferecimento do Terço e a oração do Creio (ver orações abaixo)
  • Reza-se um Pai-Nosso, seguido de três Ave-Maria.
  • Recita-se: Glória ao Pai, ao Filho…
  • O terço possui 5 dezenas. A cada dezena contempla-se o mistério, seguido de 1 Pai-Nosso e 10 Ave-Maria
  • Ao final de cada dezena reza-se Glória ao Pai seguido da jaculatória Oh! meu bom Jesus… (vide orações abaixo)
  • Ao concluir as 5 dezenas, reza-se os agradecimentos

Orações do Terço

Oferecimento do Terço (reza-se no início)

Divino Jesus, eu vos ofereço este terço (Rosário) que vou rezar, contemplando os mistérios de nossa Redenção. Concedei-me, pela intercessão de Maria, vossa Mãe Santíssima, a quem me dirijo, as graças necessárias para bem rezá-lo para ganhar as indulgências desta santa devoção.

Creio em Deus Pai

Creio em Deus Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra, e em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, que foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia; subiu aos céus, está sentado à direita de Deus Pai todo poderoso, donde há de vir julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo, na Santa Igreja Católica, na comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne e na vida eterna. Amém.

Pai Nosso

Pai Nosso que estais no Céu, santificado seja o Vosso nome, venha a nós o Vosso reino, seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossa ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Amém.

Ave Maria

Ave Maria cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre Jesus. Santa Maria Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém.

Glória ao Pai

  • Glória ao Pai, ao Filho e o Espírito Santo. Como era no princípio, agora é sempre. Amém.

Oh! Meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente as que mais precisarem. Amém.

 Na oração do Rosário contemplam-se todos os mistérios. No caso da oração do Terço, contempla-se um dos mistérios, conforme dias e mistérios a seguir:

Mistérios Gozosos (segundas e sábados)

1º Mistério – Encarnação do Filho de Deus
No primeiro mistério contemplemos a Anunciação do Arcanjo São Gabriel à Nossa Senhora. Disse o Anjo à Maria: “Eis que conceberás e darás à luz um filho e o chamarás com o nome de Jesus”. Disse então Maria: “Eu sou a serva do Senhor; faça-se em mim, segundo a tua palavra”. (Lc 1,31.37)
Intenção: aprendamos e peçamos a humildade de Maria ante o chamado de Deus.

2º Mistério – Maria visita sua prima Isabel.
“Maria pôs-se a caminho, para a região montanhosa, dirigindo-se apressadamente a uma cidade de Judá. Entrando em casa de Zacarias, saudou Isabel (…) que repleta do Espírito Santo, exclamou: ‘Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre” (…) Feliz a que acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido”. Lc 1,39-45
Intenção: admiremos e peçamos o amor de Maria para com o próximo.

3º Mistério – Jesus nasce na pobreza de Belém
Enquanto se encontravam em Belém, completaram-se os dias para o parto, e ela deu à luz o seu filho primogênito, envolveu-o com faixas e reclinou-o numa manjedoura, porque não havia um lugar para eles na sala. Lc 2, 6-7
Intenção: peçamos a Jesus e a Maria o espírito de pobreza evangélica.

4º Mistério – Cumprindo a lei de Moisés, Maria apresenta Jesus no templo
“Quando se completaram os dias para a purificação deles, segundo a lei de Moséis, levaram-no a Jerusalém, a fim de apresentá-lo ao Senhor… E Simeão disse a Maria: “Eis que este menino foi colocado para a queda e o soerguimento de muitos em Israel, e como um sinal de contradição. E a ti, uma espada transpassará a tua alma, para que se revelem os pensamentos íntimos de muitos corações”. Lc 2, 22.34-35
Intenção: consideremos e peçamos a obediência que teve a Virgem Maria.

5º Mistério – O menino Jesus, perdido e encontrado no Templo, entre os doutores.
“Ao vê-lo, ficaram surpresos, e a mãe lhe disse: ‘Meu filho, por que agiste assim conosco? Olha que teu pai e eu, aflitos, te procurávamos’. Ele respondeu: ‘Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai?’ Eles porém, não compreenderam a palavra que eles lhe dissera” Lc 2, 48-50
Intenção: peçamos a graça de conhecer e seguir nossa vocação.

Mistérios Dolorosos (terças e sextas-feiras)

 1º Mistério – A oração e o sofrimento de Jesus no Jardim das Oliveiras.
“Disse-lhe Jesus: ‘Minha alma está triste até a morte. Permanecei aqui e vigiai comigo”. E, indo um pouco diante, prostrou-se com o rosto em terra e orou: ‘Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres. Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca”. Mt 26,38-39.41
Intenção: peçamos o espírito de oração.

2º Mistério – Jesus é flagelado.
Disse-lhes: Vós me apresentastes este homem como agitador do povo. Ora, eu o interroguei diante de vós e não encontrei neste homem motivo algum de condenação, como o acusais (…) Como vedes, este homem nada fez que mereça a morte. Por isso, vou soltá-lo, depois de o castigar. Eles, porém, vociferaram todos juntos: ‘Morra este homem! Solta-nos Barrabás!’. Pilatos então tomou a Jesus e o mandou flagelar. Lc 23,14.15b-18; Jo 19,1
Intenção: peçamos a virtude do amor ao próximo.

3º Mistério – A coroação de espinhos de Jesus.
“Os soldados, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-na em sua cabeça e jogaram sobre ele um manto de púrpura. Aproximando-se dele, diziam: ‘Salve, rei dos Judeus!’ E o esbofeteavam”. Jo 19, 2-3
Intenção: peçamos a pureza de intenções e de desejos.

4º Mistério – Jesus carrega a pesada cruz, rumo ao Calvário
“Depois de caçoarem dele, despiram-lhe a capa escarlate e tornaram a vesti-lo com suas próprias vestes e levaram-no para o crucificar. Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”. Mt 27,31; Mc 8,34b
Intenção: admiremos a paciência do Salvador e peçamos a graça de ser pacientes em nossas provas e sofrimentos.

5º Mistério – Jesus morre na cruz por todos os homens
“Tomaram então a Jesus. E ele saiu, carregando a sua cruz e chegou ao chamado ‘lugar da Caveira’ (…) onde o crucificaram; e com ele, dois outros: um de cada lado, e Jesus no meio”. Jesus, então, vendo a sua mãe e, perto dela, o discípulo a quem amava, disse à sua mãe: ‘Mulher, eis o teu filho!’ Depois disse ao discípulo: ‘Eis a tua mãe!’.” Jo 19,16b-18.26-27a
Intenção: Peçamos a graça de compreender e viver a missa, que é renovação do sacrifício do Calvário.

 Mistérios Gloriosos (quartas-feiras e Domingos)

1º Mistério – Jesus ressuscita, vencendo a morte
“Disse o Anjo às mulheres: ‘Não temais! Sei que estais procurando Jesus, o crucificado. Ele não está aqui, pois ressurgiu, conforme havia dito (…). Ide dizer aos seus discípulos e a Pedro que ele vos precede na Galileia. Lá o vereis, como vos tinha dito’.” Mt 28,5b-6a; Mc 16,7
Intenção: peçamos a plena transformação de nossa vida em Cristo.

2º Mistério – A ascensão de Jesus Cristo ao céu.
“Jesus levou os discípulos até Betânia. E erguendo as mãos, abençoou-os. E enquanto os abençoava, distanciou-se deles e era elevado ao céu. Eles se prostraram diante dele, e depois voltaram a Jerusalém, com grande alegria(…)” Lc 24, 50b-52
Intenção: peçamos a graça de buscar unicamente o Reino de Deus e sua justiça, porque tudo mais nos será dado por acréscimo.

3º Mistério – A vinda do Espírito Santo sobre Maria e os Apóstolos.
“Quando chegou o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um ruído semelhante ao soprar de impetuoso vendaval; e encheu toda a casa onde se achavam. E apareceram umas línguass de fogo, que se distribuíram e foram pousar sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito os impelia a falar (…) Pedro disse: “Não, esses homens não estão ébrios, como pensais (…) mas é que se realiza a palavra do profeta: Sucederános últimos dias, diz o Senhor, derramarei o meu Espírito sobre toda carne”. ” At 2,1-4.15a-16.17a
Intenção: peçamos os dons do Espírito Santo, especialmente a sabedoria, a fortaleza e o zelo.

4º Mistério – A gloriosa assunção de Maria no Céu.
“A gloriosa assunção de Maria ao céu é a festa do seu destino de plenitude e de felicidade, da glorificação de sua alma imaculada e de seu corpo virginal, bem como de sua perfeita configuração com o Cristo ressuscitado”. (Paulo VI)
Intenção: peçamos a graça de viver noss vocação à santidade.

5º Mistério – Maria é coroada Rainha do céu e da terra, e intercessora de todos os homens junto a seu Filho Jesus.
“A festa da Assunção prolonga-se alegremente na celebração da festa da realeza de Maria. Neste mistério, nós a contemplamos junto ao Rei dos séculos, onde resplandece como Rainha e intercede com Mãe”. (Paulo VI)
Intenção: proponhamo-nos confiar na mediação de Maria e peçamos o dom da perseverança.

 Mistérios Luminosos (quinta-feira)

Introdução dos mistérios feitas pelo São João Paulo II.

1º Mistério – Contemplamos Jesus sendo batizado por João Batista no Rio Jordão. Enquanto Cristo desce à água do rio, como inocente que se faz pecado por nós, o céu se abre e voz do Pai proclama-o Filho dileto, ao mesmo tempo em que o Espírito vem sobre ele para investi-lo na missão que o espera.

2º Mistério – contemplamos o início dos sinais de Caná, quando Cristo, transformando a água em vinho, abre à fé o coração dos discípulos graças à intervenção de Maria, a primeira entre os que creem.

3º Mistério – Contemplamos a pregação com a qual Jesus anuncia o advento do Reino de Deus e convida à conversão, perdoando os pecados de quem se dirige a ele com humilde confiança, início do mistério de misericórdia que ele prosseguirá exercendo até o fim do mundo, especialmente por meio do sacramento da reconciliação confiado à sua Igreja.

4º Mistério – Contemplamos a transfiguração de Jesus que, segundo a tradição, se deu no monte Tabor. A glória da divindade reluz no rosto de Cristo, enquanto o Pai o credencia aos apóstolos extasiados para que o “escutem” e se disponham a viver com ele o momento doloroso da paixão, a fim de chegarem com ele à glória da ressurreição e a uma vida transfigurada pelo Espírito Satno.

5º Mistério – Contemplamos a instituição da Eucaristia, na qual Cristo se faz alimento com o seu corpo e o seu sangue sob os sinais do pão e do vinho, testemunhando “até o extremo” seu amor pela humanidade, por cuja salvação se oferecerá em sacrifício.

Agradecimentos – no final do terço

Infinitas graças vos damos, Soberana Rainha, pelos benefícios que todos os dias recebemos de vossa mão liberais. Dignai-vos, agora e para sempre, tomar-nos debaixo do vosso poderoso amparo e para mais vos obrigar vos saudamos com uma Salve Rainha:

Salve Rainha, Mãe de Misericórdia, vida, doçura, esperança nossa, salve! A vós bradamos, os degredados filhos de Eva; a vós suspiramos gemendo e chorando neste vale de lágrimas. Eia, pois, advogada nossa esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei, e depois deste desterro nos mostrai a Jesus, bendito fruto do vosso ventre, ó Clemente, ó Piedosa, ó Doce, sempre virgem Maria.

V. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus,
R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Amém.

RETIRO MENSAL DE OUTUBRO DE 2025

A Família Paulina é chamada a se reunir, em cada primeiro domingo do mês, para recordar e celebrar Jesus Mestre, Caminho, Verdade e Vida.

Neste mês de outubro, o convite ganha uma conotação ainda mais especial: todo o mês é dedicado a Jesus Divino Mestre, cuja Solenidade celebraremos no último domingo do mês.

O roteiro deste Retiro Mensal do Mês de Outubro contempla os textos deste 27º Domingo do Tempo Comum (Ano C) que nos ajudam a mergulhar na caminhada da comunidade cristã. A Palavra nos convida a reavivar a fé, perseverar na esperança e testemunhar com coragem o Evangelho em nossa vida diária.

“Senhor, aumenta a nossa fé!” (Lc 17,5)

Convidamos todos os que desejarem rezar conosco a participar deste momento de espiritualidade e silêncio, deixando-se guiar pela luz do Mestre Divino.

📖 O roteiro do Retiro, preparado pelo Secretariado da Espiritualidade PDDM, está disponível em PDF para ser rezado individualmente ou em comunidade:

👉 Clique aqui para acessar o Retiro do mês de outubro de 2025 (PDF)

Que este mês dedicado a Jesus Mestre renove em nós a fé, a esperança e o ardor missionário!


CAMPANHA MISSIONÁRIA 2025: MISSIONÁRIOS DA ESPERANÇA ENTRE OS POVOS

O mês de outubro é, em toda a Igreja Católica, um tempo especial de oração, reflexão e compromisso missionário. No Brasil, esse período ganha ainda mais força com a Campanha Missionária, promovida pelas Pontifícias Obras Missionárias (POM), em comunhão com o Conselho Missionário Nacional (COMINA) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Em 2025, a Campanha nos convida a aprofundar a vivência da fé a partir do tema “Missionários da esperança entre os povos” e do lema “A esperança não decepciona” (Rm 5,5).

Essa escolha ressoa de forma muito significativa, especialmente porque este ano celebramos também o Ano Jubilar da Esperança. É um tempo de graça em que somos chamados a renovar nosso compromisso com Cristo e com a missão de testemunhar o Evangelho até os confins do mundo.

O símbolo do barco e da cruz

Lema: A esperança não decepciona.

A arte que inspira a Campanha Missionária 2025 parte da construção simbólica do logotipo oficial do Jubileu. Nela, vemos um barco formado pelos diferentes povos, conduzido pela força da cruz de Cristo, que se ergue como vela e também como âncora. Essa imagem nos fala profundamente sobre a identidade da Igreja: somos um povo em constante travessia, peregrinos que seguem rumo a novos horizontes, sustentados pela fé em Cristo que jamais nos abandona.

Na proposta da Campanha Missionária, o olhar se coloca a partir de dentro do barco. Estamos junto com Cristo, vivendo a missão, confiando que Ele é a força que nos impulsiona e, ao mesmo tempo, a âncora que nos mantém firmes. Essa perspectiva nos ajuda a compreender que a missão não é apenas algo externo, mas uma experiência de comunhão que transforma a vida de quem parte e de quem acolhe.

A esperança como força missionária

O lema escolhido, “A esperança não decepciona”, recorda-nos uma verdade essencial da fé cristã: é no amor de Deus derramado em nossos corações que encontramos forças para enfrentar as dificuldades e seguir adiante. Ser missionário é ser portador de esperança, sobretudo em um mundo marcado por guerras, desigualdades, crises ambientais e tantas situações de sofrimento humano.

Ao proclamar que “a esperança não decepciona”, a Campanha Missionária nos envia como testemunhas da ressurreição. O missionário não leva apenas palavras, mas anuncia com sua vida que a presença de Cristo é fonte de sentido, de paz e de transformação.

Pontifícias Obras Missionárias: um serviço à Igreja no mundo inteiro

As Pontifícias Obras Missionárias (POM), fundadas pelo Papa Pio XI em 1922, têm desempenhado um papel essencial na promoção e apoio à missão da Igreja em todos os continentes. Desde então, têm sido presença de solidariedade e estímulo aos missionários que atuam em regiões marcadas pela pobreza, pela exclusão social e por desafios culturais ou religiosos.

No Brasil, as POM assumiram a responsabilidade de promover a Campanha Missionária, que acontece todos os anos no mês de outubro. Trata-se de uma oportunidade privilegiada para despertar a consciência missionária nas comunidades e para angariar recursos que sustentam milhares de projetos em diferentes países.

O Dia Mundial das Missões

O ponto alto do mês missionário é celebrado em todo o mundo no Dia Mundial das Missões, instituído pelo Papa Pio XI em 1926. Neste ano de 2025, a celebração acontece nos dias 19 e 20 de outubro. Em comunhão com a Igreja universal, todas as comunidades são convidadas a intensificar as orações, a partilha e o compromisso missionário.

A coleta realizada nesse final de semana é destinada ao Fundo Mundial de Solidariedade, administrado pela Santa Sé, que apoia diretamente projetos de evangelização, educação, saúde, desenvolvimento comunitário e assistência social em territórios de missão. Assim, cada oferta, por menor que seja, torna-se sinal concreto de fraternidade universal e de compromisso com o Evangelho.

Experiências missionárias no Brasil e no mundo

Durante o mês missionário, diversas iniciativas acontecem em nossas dioceses, paróquias, escolas e comunidades:

  • Celebrações especiais que ressaltam o caráter universal da missão;
  • Formações missionárias para leigos, religiosos e sacerdotes;
  • Novena missionária, que reúne famílias, grupos e comunidades em oração;
  • Experiências de missão local, incentivando a visita às famílias, aos doentes e às comunidades mais afastadas;
  • Partilhas solidárias, reforçando o sentido concreto da caridade missionária.

Essas atividades ajudam a manter viva a chama missionária que, desde 1972, vem sendo fortalecida no Brasil através da Campanha Missionária.

Missão e solidariedade: um chamado para todos

É importante lembrar que a missão não é tarefa apenas de alguns, mas de toda a Igreja. Cada batizado é chamado a ser missionário, seja no seu ambiente de trabalho, na escola, na família ou mesmo nos lugares mais distantes para onde alguns são enviados.

A solidariedade expressa na Campanha Missionária é também um gesto de corresponsabilidade. Ao colaborar, cada fiel se torna parte ativa de uma rede de amor e esperança que ultrapassa fronteiras. A partilha possibilita que missionários e missionárias levem o Evangelho a regiões onde a Igreja ainda é jovem ou enfrenta grandes dificuldades.

Ano Jubilar: peregrinos da esperança

Em sintonia com o Jubileu 2025, a Campanha Missionária deste ano reforça a vocação da Igreja como “peregrina da esperança”. O Jubileu é tempo de renovar a fé, de fortalecer a comunhão e de redescobrir o chamado a sermos sinal de esperança para o mundo.

Oração, partilha e testemunho são os três pilares que sustentam o compromisso missionário. A Campanha Missionária 2025 nos recorda que ser discípulo de Jesus significa lançar-se à travessia, confiando no barco da Igreja conduzido pela cruz de Cristo.

Oração da Campanha Missionária 2025

Deus Pai, Filho e Espírito Santo,
fonte da esperança que não decepciona,
fortaleça o espírito missionário em todos os cristãos,
para que o Evangelho chegue a todos os lugares do mundo,
nossa Casa Comum.
Que a graça do Ano Jubilar renove em nós, peregrinos da esperança,
o desejo de buscar os bens eternos e o empenho em promover um mundo mais humano e fraterno.
Maria, Estrela da Evangelização, interceda por nós, junto a Jesus Cristo, o Missionário do Pai,
para sermos Igreja sinodal em missão,
testemunhando o Reino de Deus até os confins do mundo, rumo à plenitude.
Amém.

Um convite à participação

A Campanha Missionária 2025 é um convite para que cada um de nós seja missionário da esperança. Em um mundo tantas vezes marcado pela desesperança, pelo medo e pelo fechamento, a Igreja nos envia como portadores de uma Boa Nova que não passa: Cristo ressuscitou e caminha conosco.

Participar da Campanha é uma forma concreta de viver a fé: rezando, partilhando e testemunhando. Como discípulos missionários, somos chamados a remar juntos nesse barco, certos de que a cruz de Cristo é nossa vela e nossa âncora.

Que este mês missionário fortaleça em todos nós a certeza de que a esperança não decepciona e de que, unidos, podemos levar o Evangelho da vida e da paz até os confins da terra.

Para mais informações, materiais de apoio, orações e subsídios, acesse: https://cm.pom.org.br

Veja como é partilhado todo o dinheiro arrecadado nesta campanha: https://cm.pom.org.br/home/transparencia/


LITURGIA DO DIA: MEMÓRIA DE SÃO JERÔNIMO, BISPO E DOUTOR DA IGREJA

26ª Semana do Tempo Comum

Leituras: Zc 8,20-23 | Sl 86(87),1-3.4-5.6-7 (R. Zc 8,23) | Lc 9,51-56

Reflexão da Liturgia do Dia

O evangelho de hoje (Lc 9,51-56) mostra Jesus decidido a ir para Jerusalém, lugar do cumprimento de sua missão pascal. Ele não se deixa abalar pela rejeição dos samaritanos, nem cede ao ímpeto de vingança sugerido por Tiago e João. O Senhor ensina que o caminho do discípulo não é o da violência, mas o da fidelidade e da entrega amorosa, mesmo quando encontra incompreensão ou hostilidade.

Este trecho marca um ponto de virada no evangelho de Lucas. Até aqui, Jesus havia realizado sinais, ensinado às multidões e formado seus discípulos. No versículo 51, lemos: “Estava chegando o tempo de Jesus ser levado para o céu. Então ele tomou a firme decisão de partir para Jerusalém”. Aqui temos duas perspectivas importantes: Jerusalém é o lugar do cumprimento da sua missão: paixão, morte, ressurreição e ascensão. E também a “subida” não é apenas geográfica, mas teológica: é o caminho da obediência ao Pai.

No caminho, Jesus passa pela Samaria. Os samaritanos, por causa das tensões históricas com os judeus (antiga rivalidade sobre o local do culto), não o acolhem. Tiago e João, cheios de zelo, querem invocar o fogo do céu contra eles, lembrando talvez do episódio do profeta Elias (cf. 2Rs 1,10-12). Mas Jesus os repreende.

Na perspectiva teológico-litúrgica, este trecho nos coloca diante da Cristologia do caminho. A liturgia apresenta Jesus como o Servo obediente, que, em plena liberdade, assume a vontade do Pai e não se desvia da missão que lhe foi confiada. A decisão firme de partir para Jerusalém não é apenas um deslocamento geográfico, mas um movimento espiritual e teológico: é o caminho da entrega total, no qual a cruz se torna passagem necessária para a ressurreição e para a glória.

Esse “caminho” revela o rosto de um Messias que não busca triunfos fáceis nem evita a rejeição, mas que se define pelo amor radical e pela misericórdia. Em contraste com a atitude dos discípulos, que desejam recorrer ao fogo do céu para punir os que não acolhem o Mestre, Jesus indica uma nova lógica: a da não-violência, do perdão e da paciência. Assim, o discipulado cristão só se compreende à luz desse itinerário pascal, no qual a centralidade da cruz não é sinal de derrota, mas de fidelidade e de vitória do amor.

Na liturgia, essa dimensão do caminho se transforma em convite permanente para a comunidade: celebrar a Eucaristia é unir-se a Cristo que se oferece no altar como na cruz, e que nos chama a segui-lo na obediência, na perseverança e na esperança. Cada fiel é convidado a “subir com Ele a Jerusalém”, assumindo também os desafios da missão, sustentado pela certeza de que, ao final do caminho, está a vida nova da ressurreição.

Este evangelho também abre uma perspectiva eclesiológica muito clara. A missão da Igreja é universal e deve se manifestar sempre pela misericórdia. Diante do fechamento e da rejeição, a comunidade cristã não pode responder com intolerância ou violência, mas com perseverança e testemunho de amor. A Igreja é chamada a levar a Boa-Nova a todos os povos, mesmo quando encontra oposição, sem impor-se, mas oferecendo a fé como dom e convite. A liturgia ilumina esse ponto ao colocar em diálogo o evangelho com a profecia de Zacarias (1ª leitura), que anuncia o tempo em que “dez homens de todas as línguas agarrarão a orla da veste de um judeu e dirão: queremos ir contigo, pois ouvimos dizer que Deus está contigo”. Assim, a Palavra mostra que a salvação é para todos e que a Igreja é sinal desse projeto de comunhão universal.

Outro aspecto fundamental é a espiritualidade do discipulado. Tiago e João encarnam o risco do falso zelo, que confunde missão com poder e usa a violência como resposta ao não acolhimento. Jesus, ao repreendê-los, corrige essa visão e aponta a verdadeira identidade do discípulo: seguir o Mestre significa assumir a mansidão, a paciência e a lógica do amor. O fogo que consome não é o da vingança, mas o do Espírito que aquece os corações e transforma vidas. A liturgia nos convida, portanto, a rever nossas próprias atitudes diante das dificuldades da missão: não é a força que convence, mas a coerência com a cruz de Cristo. A paciência, a perseverança e o testemunho humilde são os sinais do verdadeiro seguidor do Senhor.

Em síntese, o brano de Lc 9,51-56, dentro da liturgia, inaugura o grande caminho de Jesus para Jerusalém. É uma catequese sobre decisão, rejeição e misericórdia.

  • Decisão: Jesus não hesita em cumprir a vontade do Pai.
  • Rejeição: o Evangelho pode ser recusado, e isso faz parte da missão.
  • Misericórdia: a resposta cristã não é condenação, mas perseverança no amor.

Assim, a perspectiva teológico-litúrgica é clara: Cristo caminha para entregar a vida por todos; a Igreja, unida a Ele, deve percorrer o mesmo caminho, renunciando à violência e testemunhando a misericórdia de Deus.

Portanto, na liturgia do dia, somos chamados a contemplar essa firmeza de Jesus e a aprender que, para seguir seus passos, precisamos cultivar paciência, misericórdia e perseverança. Muitas vezes, o anúncio do Evangelho encontra resistência, mas a resposta cristã deve sempre ser marcada pelo testemunho da paz e do amor que vem de Deus.

A primeira leitura (Zc 8,20-23) anuncia que povos de todas as nações buscarão o Senhor em Jerusalém. Essa profecia se cumpre em Cristo, que reúne em si a salvação para todos. Já o salmo recorda que todos os povos são chamados a fazer parte da cidade santa. Assim, a liturgia do dia nos faz olhar para a universalidade da missão da Igreja: acolher todos, sem distinção, no amor de Deus.

São Jerônimo e a Palavra de Deus

Hoje celebramos São Jerônimo, presbítero e doutor da Igreja, conhecido especialmente por sua dedicação às Sagradas Escrituras. Ele traduziu a Bíblia para o latim (a chamada Vulgata), tornando a Palavra de Deus acessível ao povo de seu tempo.

Neste 30 de setembro, encerrando o Mês da Bíblia 2025, dedicado ao estudo da Carta aos Romanos, a memória de São Jerônimo nos recorda a importância de amar, estudar e viver a Palavra de Deus. Assim como ele se deixou transformar pela Escritura, também somos convidados a deixar que a Palavra ilumine nossas escolhas e nos ajude a caminhar com firmeza na fé, com a mesma decisão de Cristo rumo a Jerusalém.

Vida de São Jerônimo (c. 347–420)

Jerônimo nasceu por volta do ano 347, em Estridão, região da Dalmácia (atual Croácia ou Eslovênia). Desde jovem, demonstrou grande inteligência. Foi enviado a Roma para estudar, onde se destacou como aluno aplicado em gramática, retórica e filosofia. Embora levasse inicialmente uma vida voltada para os prazeres, foi profundamente tocado pela experiência da fé. Batizado na juventude, começou a dedicar-se intensamente à vida cristã.

Após viagens pelo Oriente, Jerônimo optou por uma vida de penitência e oração no deserto da Síria. Ali, mergulhou no estudo das Escrituras, aprendendo grego e hebraico para melhor compreender os textos bíblicos. Em 382, foi chamado a Roma e se tornou secretário do Papa Dâmaso I. A pedido dele, iniciou uma tarefa monumental: revisar e traduzir a Bíblia para o latim. Essa tradução ficou conhecida como Vulgata, e por séculos foi a versão oficial da Igreja.

Depois da morte do Papa, Jerônimo mudou-se para Belém, onde fundou um mosteiro. Ali, viveu até sua morte, dedicando-se à oração, ao estudo bíblico e à escrita. Faleceu em 30 de setembro de 420, em Belém.

Contribuições de São Jerônimo:

A Vulgata, sua tradução da Bíblia para o latim, tornou-se um marco na história da Igreja. Com ela, São Jerônimo ofereceu à comunidade cristã de seu tempo uma Palavra acessível, clara e compreensível, permitindo que a Escritura fosse rezada, estudada e vivida por todos.

No campo do estudo bíblico, destacou-se como pioneiro da exegese cristã. Com dedicação incansável, aprofundou-se nas línguas originais: o hebraico e o grego, para captar a riqueza e a fidelidade do texto sagrado.

Seus escritos (cartas, comentários bíblicos e tratados) permanecem até hoje como fonte preciosa para a teologia, a espiritualidade e a vida pastoral, testemunhando a profundidade de seu pensamento e a força de sua fé.

Mas é sobretudo no seu testemunho de amor à Palavra que resplandece sua herança espiritual. Ele mesmo sintetizou essa paixão numa frase que atravessa os séculos: “Ignorar as Escrituras é ignorar a Cristo.”

São Jerônimo era um homem de temperamento forte, mas de coração totalmente entregue a Deus. Sua vida mostra que a fidelidade à Palavra exige esforço, estudo e dedicação, mas também humildade diante do mistério de Deus. É considerado Padroeiro dos estudiosos da Bíblia, dos tradutores e dos que se dedicam ao aprofundamento das Escrituras.

Rezar com o ícone de São Jerônimo

Ao contemplar o ícone de São Jerônimo, somos convidados a entrar no silêncio do deserto interior. O santo aparece como eremita, de barba branca e olhar profundo, lembrando-nos que a verdadeira sabedoria nasce da escuta de Deus.

O fundo dourado revela que sua vida foi transfigurada pela luz divina: quem se deixa conduzir pela Palavra participa já da glória do Senhor. As vestes marrons recordam sua humildade e penitência, a terra que acolhe a semente do Espírito. O livro em vermelho nos fala do ardor e da paixão com que ele amou as Escrituras, oferecendo sua vida ao serviço da Igreja. O branco de seus cabelos e barba é sinal da pureza e da maturidade espiritual que brotam da fidelidade.

O livro aberto em suas mãos é a Palavra de Deus, que ele traduziu e meditou, tornando-se para a Igreja um mestre e doutor. Ao rezar diante deste ícone, podemos pedir a graça de amar mais profundamente as Escrituras, deixando que elas transformem nosso coração.

O leão aos seus pés recorda a lenda de sua compaixão: quem acolhe até a dor das criaturas mais temidas, acolhe também a própria humanidade ferida. Rezar com este detalhe do ícone nos convida a pedir a virtude da misericórdia e da coragem. O leão ao seu lado faz referência à famosa lenda segundo a qual Jerônimo retirou um espinho da pata de um leão, que depois se tornou seu companheiro fiel.

As vestes simples e o rochedo indicam desapego, penitência e vida ascética. São Jerônimo nos lembra que a busca pela verdade exige humildade, disciplina e silêncio.

Rezar diante do ícone de São Jerônimo é deixar-se conduzir por sua memória e testemunho. É pedir o dom de um amor sempre renovado pela Palavra de Deus, que ilumina e orienta cada passo. É suplicar a sabedoria que brota da escuta atenta e obediente, capaz de discernir a vontade divina nas pequenas e grandes escolhas da vida. É buscar a coragem para viver na fidelidade, mesmo quando o caminho exige renúncias e firmeza interior. E é, por fim, abrir o coração à compaixão diante das feridas do mundo, para que a Palavra acolhida se torne gesto de cuidado, justiça e misericórdia.

Que o mesmo Espírito que guiou São Jerônimo no deserto e no estudo das Escrituras, nos guie também no caminho da oração e da vida cristã.