Reflexão: A Vontade de Deus como Caminho de Comunhão e Plenitude

Os textos de Marcos 3,31-35, Hebreus 10,1-10 e o Salmo 39(40) convergem em um poderoso chamado: viver segundo a vontade de Deus. Eles nos convidam a enxergar a profundidade da relação que Deus deseja estabelecer conosco, marcada pela obediência, pelo amor e pelo sacrifício que gera vida.

Marcos 3,31-35: A verdadeira família de Jesus

Neste trecho do Evangelho, Jesus redefine o conceito de família. Quando informam que sua mãe e seus irmãos estão à sua procura, Ele afirma: “Quem é minha mãe? Quem são meus irmãos? Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”. Com isso, Jesus nos ensina que a verdadeira família é formada por aqueles que vivem em comunhão com Deus, assumindo seu projeto de amor e justiça.

Esta passagem nos desafia a refletir: fazemos parte dessa família espiritual? Nossa vida tem sido guiada pela busca sincera de cumprir a vontade de Deus? Jesus nos convida a uma relação profunda com Ele, baseada na obediência e na entrega confiante.

Hebreus 10,1-10: O sacrifício perfeito de Cristo

A carta aos Hebreus nos recorda que os sacrifícios da antiga aliança eram apenas sombras de uma realidade maior. Eles não podiam, de fato, purificar o coração humano. No entanto, Cristo, ao se oferecer de uma vez por todas, cumpriu plenamente a vontade de Deus e nos santificou por meio de seu sacrifício.

Aqui, vemos que viver segundo a vontade de Deus não é apenas um ato de obediência, mas uma participação no plano de salvação realizado em Jesus. Ele nos mostra que o cumprimento da vontade divina exige entrega e renúncia, mas conduz à verdadeira liberdade e à plenitude da vida.

Salmo 39(40): “Eis que venho, Senhor, para fazer a vossa vontade”

O Salmo 39 é um cântico de entrega e confiança. O salmista proclama que Deus não se agrada de sacrifícios externos, mas de um coração disposto a fazer sua vontade. Ele clama: “Eis que venho, Senhor, para fazer a vossa vontade”, demonstrando que a verdadeira adoração está na entrega sincera ao querer divino.

Este Salmo é um eco da atitude de Cristo e um convite para nós: vivamos cada dia com a disposição de dizer “sim” a Deus, reconhecendo que Ele deseja o melhor para nós e para o mundo.

Reflexão Final

Os três textos nos conduzem a uma mesma mensagem: a verdadeira relação com Deus não está em ritos externos ou em laços meramente humanos, mas em fazer a sua vontade. Ser parte da família de Jesus é acolher o projeto divino com amor e obediência, assim como Ele mesmo fez.

Perguntemo-nos:

  • Tenho buscado discernir a vontade de Deus em minha vida?
  • Minhas escolhas refletem o desejo de estar em comunhão com Ele?

A teologia de Santo Tomás de Aquino, o qual fazemos memória hoje, coloca Cristo como o modelo supremo de obediência e sacrifício, realizando a vontade de Deus de maneira perfeita, sendo este o tema central que liga esses textos de maneira harmônica. Que possamos responder como o salmista e como Cristo: “Eis que venho, Senhor, para fazer a vossa vontade”. Assim, encontraremos sentido, alegria e plenitude na caminhada da fé.

Liturgia e Arte: Beleza a Serviço da Fé

Por Ir. Julia de Almeida, pddm

A liturgia é o coração da vida cristã, onde a comunidade se encontra com Deus por meio da Palavra, dos sacramentos e da oração. Mais do que um conjunto de ritos, a liturgia é uma experiência viva que nos conecta ao mistério divino, proporcionando um encontro profundo com o sagrado. Nesse contexto, a arte ocupa um lugar de destaque, pois traduz a espiritualidade em beleza, comunica o transcendente e cria um ambiente propício para a oração e a contemplação.

A Função da Arte na Liturgia

A arte litúrgica vai além da simples decoração ou estética. Sua essência está na capacidade de servir como mediadora entre o humano e o divino, tornando visível aquilo que as palavras nem sempre conseguem expressar. Através de cores, formas, sons e materiais, a arte transforma espaços e objetos em sinais vivos do mistério de Deus.

Os elementos artísticos presentes na liturgia — como o altar, o ambão, os paramentos, as imagens, os vitrais e outros — desempenham uma função simbólica e catequética. Cada detalhe é pensado para criar um ambiente que favoreça a experiência de fé, levando os fiéis a uma maior compreensão e participação nos mistérios celebrados.

Arte como Expressão da Espiritualidade

A arte sempre esteve intrinsecamente ligada à vida da Igreja. Desde os primeiros séculos do cristianismo, os cristãos buscaram na arte uma forma de expressar sua fé e testemunhar sua experiência com Deus. As pinturas nas catacumbas, os mosaicos bizantinos, as catedrais góticas e as obras renascentistas são exemplos de como a arte refletiu e enriqueceu a espiritualidade ao longo da história.

Na liturgia, a arte deve ser compreendida como um meio de comunicação do sagrado. Não se trata apenas de criar algo belo, mas de produzir algo que inspire e eduque. Por isso, é fundamental que a arte litúrgica esteja em harmonia com o contexto espiritual e teológico da celebração. Cada elemento artístico é uma ponte que conecta os fiéis ao mistério de Deus.

Espaços Litúrgicos e a Beleza que Evangeliza

A organização do espaço litúrgico é um dos aspectos mais visíveis da relação entre liturgia e arte. Igrejas, capelas e outros locais de culto devem ser concebidos para acolher a comunidade e favorecer a celebração do mistério pascal.

A arquitetura, por exemplo, desempenha um papel central. Desde o formato do edifício até a disposição do altar, do ambão e da assembleia, tudo é pensado para facilitar a participação ativa e plena dos fiéis. A iluminação natural que atravessa os vitrais, os afrescos nas paredes e os objetos litúrgicos são elementos que transformam o espaço em um lugar de encontro com o divino.

Música Litúrgica: A Beleza do Som

Entre todas as formas de arte presentes na liturgia, a música ocupa um lugar privilegiado. Como disse Santo Agostinho, “quem canta, reza duas vezes”. A música não apenas acompanha a celebração, mas é parte essencial dela, ajudando os fiéis a elevar o coração a Deus.

Os cantos litúrgicos devem ser escolhidos com cuidado, levando em conta o tempo litúrgico, o tema da celebração e a participação da comunidade. Hinos, salmos e ações de graças são instrumentos que reforçam a mensagem da liturgia, unindo os participantes em uma experiência de oração e louvor.

Formar para Criar: A Importância da Formação em Liturgia e Arte

Para que a arte litúrgica cumpra plenamente sua missão, é necessário que aqueles que trabalham na criação e execução dessas obras recebam uma formação adequada. Artistas, arquitetos, músicos e membros das equipes de liturgia precisam compreender não apenas os aspectos técnicos de sua arte, mas também seu significado espiritual e teológico.

A formação litúrgica deve incluir uma compreensão profunda do simbolismo cristão, do calendário litúrgico e das necessidades da celebração. Isso garante que a arte esteja sempre a serviço da liturgia, contribuindo para que os fiéis vivenciem a celebração de forma mais plena e enriquecedora.

As Irmãs Pias Discípulas do Divino Mestre têm uma longa tradição na integração entre liturgia e arte. Seu trabalho inclui desde a criação de objetos litúrgicos até a formação de equipes, sempre com o objetivo de promover a beleza que evangeliza e inspira.

Quando a arte é inserida na liturgia com significado e profundidade, ela não apenas embeleza, mas também une. A assembleia se sente parte de algo maior, conectada a gerações de cristãos que também encontraram na arte uma expressão de sua fé.

Os elementos artísticos atuam como sinais visíveis que apontam para realidades invisíveis, ajudando a comunidade a celebrar e vivenciar os mistérios da fé com mais intensidade. A harmonia entre espaço, som e gesto cria uma experiência litúrgica que transforma e edifica.

Liturgia e Arte Hoje: Desafios e Oportunidades

No mundo contemporâneo, a relação entre liturgia e arte enfrenta novos desafios. A globalização e as tecnologias trazem novas possibilidades, mas também exigem discernimento para garantir que a arte continue a servir à liturgia e não se torne apenas um elemento decorativo ou comercial.

Por outro lado, a diversidade cultural é uma grande riqueza para a arte litúrgica. Cada cultura tem sua forma de expressar a fé, e integrar essas expressões na liturgia é uma forma de enriquecer a experiência de todos.

A relação entre liturgia e arte é profunda e essencial para a vivência da fé cristã. A arte tem o poder de comunicar o sagrado, inspirar a oração e criar um ambiente propício para o encontro com Deus. Seja através da música, da arquitetura ou dos objetos litúrgicos, a beleza sempre desempenha um papel fundamental na evangelização e na experiência de fé.

As Irmãs Pias Discípulas do Divino Mestre, comprometidas com a integração entre liturgia e arte, oferecem recursos, formação e inspiração para ajudar comunidades a transformar suas celebrações em experiências profundas e significativas. Descubra mais sobre este trabalho e permita que a beleza da arte transforme sua vivência litúrgica.

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A Obra Redentora de Deus: Acolhida, Gratidão e Louvor

Reflexão dos textos bíblicos de hoje, 28/01/2025: Marcos 3,22-30, Hebreus 9,15.24-28 e o Salmo 97(98):


Os três textos nos convidam a meditar sobre a grandiosidade da obra de Deus em Cristo e sobre nossa resposta à sua misericórdia. Eles falam da vitória do Senhor, do sacrifício redentor de Cristo e do perigo de resistir à ação do Espírito Santo.

Marcos 3,22-30: O pecado contra o Espírito Santo

Neste trecho do Evangelho, vemos a grave acusação dos escribas contra Jesus: afirmam que Ele expulsa demônios pelo poder de Belzebu. Jesus refuta essa acusação, mostrando a incoerência dessa lógica, e alerta para o perigo de cometer o pecado contra o Espírito Santo, que é a rejeição definitiva à graça divina. Este pecado é imperdoável, pois implica fechar o coração à ação de Deus, recusando o próprio meio pelo qual o perdão se manifesta.

Esse trecho nos desafia a refletir: estamos abertos à ação do Espírito Santo em nossa vida ou, de alguma forma, resistimos à graça de Deus por meio de nossos preconceitos, endurecimento de coração ou descrença?

Hebreus 9,15.24-28: O sacrifício único e eficaz de Cristo

O texto de Hebreus nos apresenta Cristo como o mediador da nova aliança. Ele se ofereceu uma vez por todas para expiar os pecados da humanidade. Sua obra é perfeita e definitiva, abolindo os sacrifícios repetitivos da antiga aliança. Cristo entrou no “Santuário celeste” para interceder por nós e, assim, nos oferecer a redenção eterna.

Aqui vemos a profundidade do amor de Deus: em Cristo, Ele tomou sobre si o peso de nossos pecados e abriu o caminho para a salvação. Esse sacrifício exige de nós uma resposta de fé e gratidão, reconhecendo que, em Jesus, Deus nos oferece tudo o que precisamos para a vida eterna.

Salmo 97(98): Aclamai o Senhor, pois Ele fez maravilhas

O Salmo é um cântico de louvor pela salvação e justiça de Deus. Ele celebra as “maravilhas” que o Senhor realizou e convida toda a terra a aclamar sua bondade. Esse louvor ressoa com os outros textos, pois reconhece que Deus é o autor da vitória contra o pecado e a morte.

O Salmo nos ensina que, diante da obra redentora de Deus, a única resposta adequada é o louvor e a alegria. Ele nos convida a celebrar, de coração aberto, as maravilhas que Deus opera em nossa história, assim como nos é apresentado em Cristo.


Reflexão Final

Os três textos nos conduzem a uma visão integral da ação de Deus:

  1. Em Marcos, somos alertados contra o perigo de rejeitar a graça de Deus, representada na ação do Espírito Santo.
  2. Em Hebreus, contemplamos a profundidade dessa graça, manifestada no sacrifício único de Cristo.
  3. No Salmo, somos convidados a responder com louvor e gratidão por essa obra grandiosa.

Nossa vida cristã deve ser marcada por essa tríade: abertura ao Espírito Santo, acolhida do sacrifício de Cristo e louvor constante por suas maravilhas. Assim, permanecemos unidos ao plano de Deus, vivendo a redenção que nos foi oferecida com gratidão e confiança.


Essa reflexão nos convida a um exame de consciência: como tenho respondido ao chamado do Espírito Santo? Estou aberto à ação de Deus em minha vida? E, sobretudo, tenho acolhido o sacrifício de Cristo com um coração agradecido e uma vida de louvor?

CATEQUESE LITÚRGICA: 3º DOMINGO DO TEMPO COMUM, ANO C

Catequese Litúrgica: Reflexões para Viver a Liturgia Dominical

Seja bem-vindo(a) ao Catequese Litúrgica, um podcast especial criado para ajudar você a mergulhar nas riquezas da liturgia dominical. Escrito e apresentado pela Ir. Cidinha Batista, pddm, e com edição da Ir. Neideane Monteiro, pddm, o programa oferece meditações que iluminam as leituras do domingo, ajudando a aprofundar sua vivência espiritual e litúrgica.

Para as equipes de liturgia, o Catequese Litúrgica é um recurso indispensável. Aqui, você encontrará reflexões sobre o Evangelho que servirão como base para planejar músicas e outras ações litúrgicas que tornem a celebração mais significativa e transformadora.

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O Chamado de Deus, a Nova Aliança e a Paz: Transformando Vidas Através da Fé

Por Júlia de Almeida, pddm

Comentários dos textos bíblicos da liturgia de hoje, 24/01/2025

Liturgia Diária: https://espacoorante.piasdiscipulas.org.br/litugia-do-dia/

Os textos bíblicos, da liturgia de hoje, de Marcos 3,13-19, Hebreus 8,6-13 e Salmo 84(85) abordam temas profundos e transformadores: o chamado de Deus, a nova aliança em Cristo e a paz de Deus. Cada um desses textos nos convida a refletir sobre o papel fundamental da obediência a Deus, o relacionamento renovado com Ele através de Cristo e a busca pela verdadeira paz, que vai além das circunstâncias temporais.

Marcos 3,13-19: O Chamado de Deus para a Missão

No evangelho de Marcos 3,13-19, vemos Jesus escolhendo Seus apóstolos. Ele os chama para estarem com Ele e, ao mesmo tempo, para serem enviados em missão. Este momento marca o chamado de Deus que é respondido com uma missão clara: pregar, curar e anunciar a chegada do Reino de Deus. Jesus escolhe doze apóstolos, não por sua perfeição, mas pela vontade divina de utilizar aqueles homens para uma obra grandiosa.

Esta passagem lembra-nos que cada um de nós também é chamado para uma missão, independentemente das nossas fragilidades. O chamado de Deus é uma resposta a uma necessidade de transformar o mundo, através da proclamação da palavra, da cura das feridas espirituais e da busca por uma vida de santidade. A missão dos apóstolos é a missão de todos os cristãos: viver em união com Cristo e levar essa mensagem de reconciliação aos outros.

Hebreus 8,6-13: A Nova Aliança em Cristo

Em Hebreus 8,6-13, é apresentada a nova aliança estabelecida por Cristo. A antiga aliança foi renovada pela vinda de Jesus, que se tornou o mediador de uma nova aliança. Essa nova aliança, operando no coração dos fiéis, transforma o ser humano por meio do Espírito Santo.

Esta passagem revela que, em Cristo, estamos a Ele, perfeito e eterno, que traz perdão e reconciliação. Deus coloca Sua lei em nossos corações e em nossas mentes, e, assim, somos chamados a viver em um relacionamento mais profundo com Ele. A nova aliança é uma aliança de graça que nos permite seguir em frente e crescer na santidade.

Salmo 84(85): A Paz e a Justiça de Deus

O Salmo 84(85) traz um belo retrato da paz e justiça que vêm de Deus. O salmista expressa o desejo de que a graça divina e a verdade se encontrem, e que a paz seja estabelecida entre os seres humanos. Ele deseja que Deus se lembre da Sua misericórdia e nos conceda a verdadeira paz, uma paz que vai além das circunstâncias externas e que se fundamenta no relacionamento sincero com Deus.

Este salmo reflete o desejo profundo de muitos corações: a esperança de que, por meio da ação de Deus, a paz prevaleça. A paz mencionada aqui não é a ausência de conflitos, mas a presença de Deus em nossas vidas, que traz a serenidade interior e a capacidade de viver com justiça, amor e misericórdia. Deus, em Sua bondade, deseja que todos experimentem essa paz, que resulta da harmonia entre Suas promessas e as ações humanas, quando estas estão alinhadas com Sua vontade.

CONCLUSÃO

Esses três textos nos mostram a jornada do cristão, começando com o chamado de Deus para a missão, a compreensão de que essa missão é vivida na nova aliança com Cristo e, finalmente, o fruto dessa aliança, que é a paz. Cada um de nós, como os apóstolos escolhidos por Jesus em Marcos 3, é chamado para viver de acordo com os ensinamentos de Cristo, levando Sua mensagem de esperança, cura e perdão ao mundo. Como em Hebreus 8, a nova aliança com Cristo implica uma transformação profunda no coração humano, um relacionamento mais íntimo e pessoal com Deus, onde a Sua lei é gravada em nossa alma.

E, ao viver conforme essa nova aliança, como é proclamado no Salmo 84(85), a verdadeira paz se estabelece em nossos corações e, por meio de nós, pode também se espalhar ao nosso redor. A paz que vem de Deus é o resultado de uma vida em harmonia com Sua vontade, uma vida de obediência, amor e justiça. A paz verdadeira é duradoura e baseada no relacionamento profundo com Deus.

O chamado de Deus, a nova aliança e a paz de Deus são temas que nos convidam a refletir sobre nossa própria caminhada de fé. Como os apóstolos, somos chamados para a missão de proclamar a Boa Nova, não só com palavras, mas com nossas ações diárias. A nova aliança em Cristo nos transforma, tornando-nos participantes da Sua graça, e a paz que experimentamos ao vivermos essa aliança é a verdadeira paz que Cristo nos oferece.

Esses textos nos lembram de que, como cristãos, não fomos chamados apenas para crer, mas para viver de maneira ativa, trazendo ao mundo a cura, a reconciliação e a paz que encontramos em Cristo. Ao respondermos ao chamado de Deus, vivermos a nova aliança e procurarmos a verdadeira paz de Deus, estamos cumprindo o propósito que Deus tem para cada um de nós.

São Francisco de Sales como Exemplo Vivo da Missão Cristã

A vida de São Francisco de Sales foi uma verdadeira resposta à chamada divina, refletindo de forma única os ensinamentos encontrados em Marcos 3,13-19, Hebreus 8,6-13 e Salmo 84(85). Ele viveu sua missão com um coração dedicado ao serviço da caridade, pregando a paz e vivendo a nova aliança de Cristo de maneira profunda e concreta. Seu legado nos ensina que, como discípulos de Cristo, somos chamados a viver a caridade cristã em nossas ações diárias, buscando sempre a reconciliação, a paz e a transformação interior que a nova aliança em Cristo nos oferece. São Francisco de Sales, com sua vida de fé e serviço, continua a ser um farol de inspiração para todos aqueles que buscam viver de acordo com a vontade de Deus, em plena harmonia com o próximo.

Cristo: O Sumo Sacerdote Eterno e Mediador da Nova Aliança

Por Julia de Almeida, pddm

Comentário dos textos bíblicos da liturgia de 23/01/2025.

Textos da liturgia de hoje: https://espacoorante.piasdiscipulas.org.br/litugia-do-dia/

Os textos de Marcos 3,7-12, Hebreus 7,25-8,6 e Salmo 39(40),7-8a.8b-9.10.17 se entrelaçam de forma profunda ao apresentarem a missão redentora de Cristo e o Seu sacerdócio eterno. A partir desses textos, podemos refletir sobre o papel único de Jesus como aquele que atrai as multidões, mas também como sumo sacerdote perfeito, intercedendo por nós junto ao Pai. Além disso, esses textos revelam a nova aliança que Ele institui, uma aliança que se fundamenta não em sacrifícios repetidos, mas em Seu sacrifício único e eterno. Vamos analisar como essas passagens bíblicas nos ajudam a entender a profundidade do amor e da salvação de Cristo.

1. Marcos 3,7-12: A Atração das Multidões e a Autoridade de Jesus

No trecho de Marcos 3,7-12, vemos que Jesus está em plena atividade de cura, atraindo uma multidão imensa de pessoas de diversas regiões. Elas vêm em busca de cura, libertação e esperança. Esse episódio é significativo, pois demonstra que Jesus, pela Sua autoridade divina, não apenas cura fisicamente, mas também restaura espiritualmente aqueles que se aproximam d’Ele. A multidão sente uma urgência em tocar Jesus, pois sabem que Ele tem poder para curar e expulsar os demônios.

Jesus, apesar de ser seguido por uma grande multidão, demonstra Sua autoridade ao ordenar que os demônios não O revelassem, pois ainda não era o momento para que a Sua identidade plena fosse divulgada. Nesse momento, Cristo revela Seu poder e autoridade, mas também mostra Sua sabedoria em não querer ser mal interpretado ou pressionado a revelar Seu verdadeiro papel antes da hora certa. Ele sabia que Sua missão transcende a simples ação de curar fisicamente, sendo, na verdade, uma missão de salvação integral para a humanidade.

Este episódio em Marcos nos faz refletir sobre como Jesus atrai as pessoas pelo Seu poder de cura, mas também revela que Sua missão é de restaurar o ser humano de forma completa. A multidão busca milagres, mas o verdadeiro milagre que Cristo oferece é a salvação eterna, que vai além da cura temporal.

2. Hebreus 7,25-8,6: O Sacerdócio Eterno de Cristo

O livro de Hebreus nos apresenta Cristo como o sumo-sacerdote eterno, um papel que Ele assume não apenas para interceder pelo povo, mas para garantir a salvação eterna de todos os que Nele creem. O trecho de Hebreus 7,25-8,6 explica que, ao contrário dos sacerdotes do Antigo Testamento, que ofereciam sacrifícios para a remissão dos pecados, Cristo oferece um sacrifício perfeito e definitivo, uma vez por todas. Ele é o intercessor perfeito, mediando a reconciliação entre Deus e os homens de maneira única e eterna.

O autor de Hebreus destaca que Cristo vive para sempre e, por isso, é capaz de interceder continuamente pelos fiéis. Ele não apenas morre por nós, mas também ressuscita e vive eternamente, tornando-se o único mediador entre Deus e a humanidade. Sua missão é eterna, e Ele assegura que a salvação dada por Deus seja para sempre. Essa intercessão permanente de Cristo é um aspecto central da nova aliança que Ele estabeleceu, onde a graça de Deus é dada de maneira definitiva e irrevogável.

A carta aos Hebreus também nos fala de um novo sacerdócio, o sacerdócio segundo a ordem de Melquisedec, que é eterno e sem fim. Melquisedec, figura enigmática do Antigo Testamento, é o precursor de Cristo, que, ao ser o sumo-sacerdote eterno, não tem fim. Cristo realiza o sacrifício único, mas também intercede perpetuamente em nosso favor, garantindo nossa reconciliação com Deus e nossa salvação. Ao fazer isso, Ele inaugura uma nova aliança, não baseada em sacrifícios de animais, mas na Sua própria entrega por todos nós.

3. Salmo 39(40),7-8a.8b-9.10.17: A Obediência de Cristo à Vontade de Deus

O Salmo 39(40) é uma oração de confiança e entrega a Deus, onde o salmista se coloca em disposição para cumprir a vontade de Deus. Esta oração tem uma forte relevância messiânica, pois ela profetiza a obediência de Cristo, que vem para cumprir a vontade do Pai. No versículo 8, o salmista declara: “Sobre mim está escrito no livro: “Com prazer faço a vossa vontade, guardo em meu coração vossa lei!””. Esse versículo se cumpre plenamente em Cristo, que, ao assumir a natureza humana, vem para obedecer totalmente ao Pai, oferecendo-Se como o sacrifício perfeito.

Jesus é o sacerdote que Se entrega de forma plena, obedecendo à vontade do Pai, até o fim. Ao fazer isso, Ele realiza a salvação de todos os homens. Ele não apenas é o sacerdote que intercede, mas o sacrifício que oferece, cumprindo o propósito de Deus para a redenção da humanidade.

Este salmo também nos ensina sobre a importância da obediência a Deus. A salvação não vem da total entrega à vontade do Pai, como demonstrado por Cristo. Ele é o cumprimento perfeito de toda a Escritura e o único capaz de realizar a vontade de Deus de maneira plena, trazendo a verdadeira libertação e salvação para o mundo.

4. A Nova Aliança: Cristo como Mediador Perfeito

Em Hebreus 8,6, vemos que Cristo é o mediador de uma nova aliança, uma aliança que é perfeita e eterna. Ao contrário da antiga aliança, baseada na Lei e nos sacrifícios repetidos, a nova aliança é fundamentada no sacrifício definitivo de Cristo. Ele não apenas oferece o sacrifício, mas garante a salvação para todos aqueles que Nele creem. A nova aliança é a promessa de que Deus estará conosco de maneira definitiva, sem mais necessidade de intermediários humanos, pois Cristo, como sumo-sacerdote eterno, nos reconciliou com Deus de forma total e definitiva.

5. A Missão Redentora de Cristo: Cura, Libertação e Salvação

Os três textos juntos nos revelam a profundidade da missão redentora de Cristo. Marcos 3,7-12 nos mostra Jesus como aquele que atrai as multidões, revelando Seu poder de cura, mas também a autoridade divina que tem sobre todas as coisas. Em Hebreus 7,25-8,6, entendemos que Sua missão vai além da cura física: Ele é o sumo-sacerdote eterno que garante nossa salvação de forma definitiva e eterna. Por fim, o Salmo 39(40) profetiza Sua obediência total ao Pai, o que culmina no sacrifício perfeito que Ele oferece por nós.

Cristo, como sumo-sacerdote, intercede constantemente por nós e estabelece a nova aliança. Sua obra de cura, libertação e salvação é definitiva e eterna, oferecendo a todos que creem uma vida plena em Deus.

Conclusão

Esses três textos nos ajudam a compreender de forma mais profunda o papel de Cristo como o Mediador perfeito, o Sumo Sacerdote eterno e o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. A Sua missão não se limita à cura física, mas se estende à salvação eterna, que Ele oferece a todos que O buscam. Cristo é o cumprimento de todas as promessas de Deus, sendo o sacrifício perfeito que nos reconcilia com o Pai e nos dá acesso à vida eterna.

A Relação entre Marcos 3,1-6, Hebreus 7,1-3.15-17 e Salmo 109(110),1.2.3.4: A Autoridade e o Sacerdócio Eterno de Cristo

Por Ir. Julia de Almeida, pddm

Comentário dos textos bíblicos propostos para a liturgia do dia 22/01/2025.

Textos na íntegra: https://espacoorante.piasdiscipulas.org.br/litugia-do-dia/

Os textos de Marcos 3,1-6, Hebreus 7,1-3.15-17 e Salmo 109(110),1.2.3.4 estão profundamente conectados, destacando temas centrais sobre a autoridade de Cristo, o novo sacerdócio e o cumprimento das promessas de Deus. Vamos explorar como esses textos se relacionam entre si.

1. A Autoridade de Cristo e o Novo Papel Sacerdotal

Em Marcos 3,1-6, encontramos Jesus curando no sábado, um gesto que desafia as interpretações rígidas da Lei pelos fariseus. Ao curar a mão ressequida de um homem, Jesus afirma Sua autoridade divina e Sua missão de trazer cura e libertação. Ele se coloca acima das restrições legais, apontando para um novo entendimento da Lei, que está centrado na misericórdia e na restauração da vida humana.

Hebreus 7,1-3.15-17 explica que Jesus é o sumo-sacerdote eterno segundo a ordem de Melquisedec, uma figura do Antigo Testamento que prefigura o sacerdócio único e eterno de Cristo. Enquanto o sacerdócio levítico era temporário e imperfeito, o sacerdócio de Cristo é eterno, estabelecido por Deus, e superior a todas as formas de sacrifício.

O Salmo 109(110),1.2.3.4 é uma profecia messiânica que se cumpre em Jesus. Ele é declarado sacerdote eterno segundo a ordem de Melquisedec, o que confirma Sua autoridade e Sua função como intercessor entre Deus e a humanidade. O salmo destaca tanto o reinado quanto o sacerdócio de Cristo, apontando para Sua missão redentora.

2. Jesus como Cumprimento das Escrituras

Marcos 3,1-6 mostra Jesus desafiando as expectativas religiosas de Sua época e revelando que Sua autoridade não se limita ao cumprimento legal da Lei, mas à cura e ao restabelecimento da verdadeira intenção de Deus para o ser humano.

Em Hebreus 7,1-3.15-17, a referência a Melquisedec e o sacerdócio eterno de Cristo são um cumprimento das promessas feitas por Deus ao longo da história, especialmente a promessa de um sacerdócio perfeito e eterno, prefigurado por Melquisedec, mas realizado de forma plena em Cristo.

O Salmo 109(110) antecipa o papel de Cristo como sacerdote e rei, destacando a importância de Sua missão como mediador eterno, que vai além da antiga aliança e das práticas do sacerdócio levítico.

3. A Missão de Jesus: Cura e Libertação

No episódio de Marcos 3,1-6, a cura realizada por Jesus em um dia de sábado é um símbolo de Sua missão de libertar e restaurar a humanidade. Ele não se limita às regras religiosas, mas traz uma nova perspectiva de salvação, centrada no amor e na misericórdia de Deus.

Em Hebreus 7,1-3.15-17, a missão de Jesus é descrita como a de um sacerdote que intercede pelo povo e garante uma salvação eterna, libertando o ser humano do pecado e da morte. Seu sacerdócio, ao contrário dos sacerdotes antigos, é perfeito e contínuo, oferecendo uma cura espiritual duradoura.

O Salmo 109(110), ao se referir ao sacerdócio eterno de Cristo, também aponta para Sua missão de salvação e redenção, ao declarar que Ele é o verdadeiro mediador entre Deus e os homens.

4. A Nova Ordem de Cristo

Marcos 3,1-6 revela que a missão de Jesus traz uma nova ordem que desafia as práticas religiosas convencionais. Ao curar no sábado, Ele redefine o que significa cumprir a Lei, mostrando que o amor e a cura são superiores à observância rígida de normas externas.

Em Hebreus 7,1-3.15-17, o autor da carta sublinha que o sacerdócio de Cristo inaugura uma nova aliança, uma nova maneira de se relacionar com Deus, mais profunda e eterna, estabelecida por Jesus como o sacerdote eterno.

O Salmo 109(110) profetiza essa nova ordem, onde Cristo é tanto rei quanto sacerdote, e Sua autoridade é eterna e definitiva, completando e realizando o plano de salvação de Deus para toda a humanidade.

Conclusão

Esses três textos estão interligados pela figura de Cristo como sacerdote eterno e autoridade divina. Marcos 3,1-6 revela Sua autoridade ao desafiar as práticas religiosas da época e curar no sábado, mostrando que Ele veio para restaurar a verdadeira essência da Lei. Em Hebreus 7,1-3.15-17, vemos que Seu sacerdócio é perfeito e eterno, conforme prefigurado por Melquisedec. O Salmo 109(110) confirma essa profecia messiânica, que fala de um sacerdote eterno e de um reinado divino, que se cumpre plenamente em Cristo. Juntos, esses textos nos revelam a missão de Jesus de trazer cura, libertação e a nova aliança de salvação para toda a humanidade.

TEMPO DO NATAL

“Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador, que é Cristo Senhor” (Lc 2,11).

O Senhor fez resplandece esta noite santa com o esplendor da verdadeira luz! (liturgia).

Nesta noite, Papa Francisco abre de novo a Porta Santa da Basílica de São Pedro no Vaticano, dando início ao Jubileu Ordinário, o jubileu da Encarnação. Somos convidados a contemplar os “sinais de luz no nosso mundo” e invocar o Espírito Santo de Deus sobre cada uma destas boas obras e luz de Deus na humanidade. A liturgia do Natal leva-nos a uma experiência de luz, de exultação, de alegria, porque a verdadeira “Luz” que veio ao mundo ilumina cada ser humano.

O SIGNIFICADO DO NATAL

“Uma das maiores obras de Deus em favor de todos nós, uma das maiores ‘liturgias’ de Deus, portanto, foi quando ele nos ‘presenteou’ seu próprio Filho para ser o nosso Salvador. Desde muito tempo, Deus vinha se mostrando um ‘tremendo apaixonado’ pela nossa humanidade. E, enfim, depois de um longo período de ‘noivado’, em todo o Antigo Testamento, Deus acabou se ‘casando’ com a humanidade, na pessoa de Maria. Realizou-se a promessa, realizou-se a profecia (cf. Is 62,1-5). E deste ‘casamento’ resultou – por obra do Espírito Santo! – uma ‘gravidez’ e, por esta ‘gravidez’, foi-nos dado Jesus, Filho de Deus, Emanuel (Deus-conosco!) (cf. Mt 1,18-25): ‘O Verbo eterno de Deus se fez carne e habitou entre nós’ (Jo 1,14). Que maravilhosa obra de Deus em favor da humanidade!… […] um enorme bem que Deus fez para nós, através do ‘sim’ de Maria: O Verbo eterno de Deus ‘mergulhou’, de cabeça, para dentro do imenso e abissal mistério da nossa existência humana. É muito amor por nós! […] no Natal, podemos ouvir a auspiciosa notícia do anjo: ‘Não tenham medo! Eu lhes anuncio uma grande alegria, que deve ser espalhada para todo o povo. Hoje… nasceu para vocês um Salvador, que é o Cristo Senhor’. E um coral imenso de anjos irrompe num alegre hino de louvor: ‘Glória a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens por ele amados’ (cf. Lc 1,10-14). Paz na terra aos homens (e mulheres) amados por ele!… Deus nos amou e, deste amor resultou para nós a paz, que no fundo é sinônimo de vida. E nisto está precisamente a sua admirável grandeza: ‘A glória de Deus é a vida do ser humano’ (Santo Irineu)”.[1]


[1] ARIOVALDO DA SILVA, José. A liturgia do natal, apostila.

[2] https://www.youtube.com/watch?v=AX5vsjRJb10

Leitura Orante – 2º Domingo do Advento Ano C

Algumas recomendações: Antes de começar a leitura, prepare o ambiente, acenda uma vela…Encontre uma posição confortável, acalma-se de toda a agitação, preste atenção aos próprios sentimentos, pensamentos, preocupações…Deixe que volte ao coração acontecimentos, pessoas, situações…Entregue tudo ao Senhor. Em atitude de fé, invoque o Espírito Santo, pois é ele que ‘perscruta todas as coisas, até mesmo as profundidades de Deus’ (cf. I Coríntios 2,10-12). Se desejar escreve no seu caderno pessoal tudo que viveu durante a oração e partilhe.

Leituras dos textos bíblicos:

Evangelho Lucas 1, 26-38

1ªLeitura do Livro do Gênesis 3,9-15.20

Salmo 98 (97),1.2-3ab.3cd-4 

2ªLeitura – Leitura da Carta de São Paulo aos Efésios 1,3-6.11-12

QUATRO PASSOS DA LEITURA ORANTE

Invocação ao Espírito Santo…

Primeiro passo: LER[1]

“Ele me desperta a cada manhã e me excita o ouvido,

para prestar atenção como um discípulo” (Is 50,4b)

  • Ler e reler o texto, baixinho e em voz alta; escutar o texto (alguém está falando!).
  • Prestar atenção a cada palavra, às ideias, às imagens, ao ritmo, à melodia.
  • Tentar entender o texto (no contexto em que foi escrito).
  • Se for possível, recorrer também a um bom comentário de um biblista.
  • Ler como se fosse a primeira vez.
  • Ler quantas vezes forem necessárias para deixar o texto falar.
  • O que o texto está dizendo?
  • Não interpretar, nem jogar suas ideias no texto – escute!
  • Responder: Nível literário: Quem? O quê? Quando? Como? Onde? Por quê? O texto faz insistências (imagens, verbos, substantivos…)? Nível histórico: Quando o texto foi escrito? O relato coincide com a data da redação? Para quem foi escrito? Nível teológico: O que Deus estava dizendo naquela situação? Como ele se revelava? Como o povo respondia?
  • Obs.: procurar as respostas em primeiro lugar no texto, depois em algum subsídio.
  • Ao final desse momento, experimente reler o texto.[2]

Segundo passo: MEDITAR

“Uma vez Deus Falou, duas eu ouvi” (Sl 62,12)

  • Repetir o texto (ou parte dele) com a boca, a mente e o coração: não “engolir” logo o texto, e sim mastigá-lo, “ruminá-lo”, tirando dele todo o seu sabor; não ficar só com as idéias que contém, mas deixar que as próprias palavras mostrem sua força; aprender de cor (= de coração!) pelo menos uma parte do texto.
  • Penetrar no texto, interiorizá-lo; compreendê-lo, interpretá-lo a partir de nossa realidade; identificarmo-nos com ele. Perceber como o texto expressa nossas próprias experiências, sentimentos e pensamentos. Principalmente no caso dos salmos, estas experiências podem ser entendidas também como se referindo a Jesus, o Cristo.
  • Trata-se de atualizar o texto: perceber como ele acontece hoje, em nossa realidade pessoal comunitária e social; perceber qual a palavra que o Senhor poderá estar nos dizendo…
  • Ouvir o que Deus está dizendo hoje através do texto.
  • Relacionar o texto com outras leituras (texto da Bíblia ou da Liturgia).
  • Experimente reler o texto!
  • Escolha uma frase ou expressão do texto que te marcou.

Terceiro passo: ORAR

“O Espírito nos socorre em nossa fraqueza,

pois não sabemos orar como convém” (Rm 8,26)

  • Deixar brotar de dentro do coração tocado pela Palavra uma resposta ao Senhor. Dependendo da leitura e da meditação feitas, poderá ser uma resposta de admiração, louvor, agradecimento, pedido de perdão, compromisso, clamor, pedido, intercessão…
  • O que o texto me faz dizer a Deus?
  • Não “maquiar” os sentimentos diante de Deus.
  • A oração pode ser feita a partir de um salmo ou cântico bíblico.
  • Levar em conta o próprio texto e deixar o “movimento” do Espírito conduzir sua prece, louvor, adoração…
  • Você pode também compor uma oração estilo coleta ou uma introdução para a celebração dominical (sentido litúrgico).
  • Formular um compromisso: “Senhor, que queres que eu faça?”
  • Experimente reler o texto.

Quarto passo: CONTEMPLAR

“Tende em vós os mesmos sentimentos que havia em Jesus Cristo” (Fl 2,5)

  • A Bíblia não usa o verbo contemplar e, sim, escutar, conhecer, ver. Trata-se de saborear, “curtir” a presença de Deus, o jeito de ele ser e agir, o quanto ele é bom e o quanto faz por nós. Supõe uma entrega total na fé. Passa necessariamente pelo conhecimento de Jesus Cristo (“Quem me vê, vê o Pai”), que se encontra ao lado dos pobres.
  • Ver a realidade com os olhos de Deus. Transformação interior de que se pôs à escuta da palavra.
  • Contemplar = “viver no templo” – atitude permanente de vida.
  • Permitir a encarnação do Verbo – o sentido das escrituras está na sua realização em nossas vidas: “Hoje se cumpriu”.

Palavra de um lavrador: “…fui notando que se a gente vai deixando a palavra de Deus entrar dentro da gente, a gente vai se divinizando. Assim, ela vai tomando conta da gente e a gente não consegue mais separar o que é de Deus e o que é da gente. Nem sabe muito bem o que é Palavra dele e palavra da gente. A Bíblia fez isso em mim”.[3]

Para ajudar no aprofundamento dos textos

Alegria, Esperança, Liberdade! Tudo começou com um Sim!

“Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim.”  

(Clarice Lispector)

Evangelho de Lc 1 26-38.

Adentramos pelo tempo litúrgico em que somos convidadas(os) a fazer memória, refletir e alegrar-nos com o mistério da natividade de Jesus. Oportuna se faz a solenidade da Imaculada Conceição, que nos oferta o melhor exemplo de conversão ao trazer o Verbo Divino como salvação encarnada em seu ventre.

A jovem periférica, em sua pequenez, tornou-se grandiosa pela graça de Deus, exultada na saudação angélica: “Ave cheia de graça!”

Ah, menina Maria!

Somos chamadas(os) a contemplar, com Maria, o mistério supremo de Deus que nos interpela por sua Palavra de Salvação e nos revela seus desígnios divinos e, com a menina da Nazaré, mantermos a chama de uma vigilância permanente, renovadora e esperançada.

De um breve caminhar com Lucas

O texto da anunciação é tão conhecido por nós e nos parece simples. No entanto, talvez devamos nos acercar de certos aspectos relevantes desta boa notícia para a humanidade e assim sentirmos a alegria do anúncio a Maria.

Deve-se levar em consideração esforços feitos pelo evangelista, conforme ele mesmo afirma, em sua busca pelo Jesus humano e divino na história da salvação. Entretanto, o autor do Terceiro Evangelho faz parte de uma sociedade patriarcal, em um período de grande opressão do império vigente aliado a autoridades religiosas. Tanto no mundo judaico, como no mundo greco-romano, a mulher era desvalorizada, silenciada, de pouca valia. E ainda que os textos bíblicos sejam também influenciados pelo patriarcado, não conseguiram apagar brisa divina por meio da memória subversiva das mulheres. E é com este olhar que somos provocadas a refletir como seriam os desafios a uma jovem de periferia.

Ao narrar a anunciação feita pelo anjo Gabriel, o evangelista traz à lembrança outros anúncios de Deus feitos no Primeiro Testamento a mulheres estéreis cujos filhos teriam um papel importante no projeto divino. Ademais, nesse tempo sabemos que o autor do Terceiro Evangelho já havia revelado em seu texto o anúncio a Zacarias no templo onde era sacerdote; atente-se aqui para o que se assemelha e o que difere.

ALEGRIA

O evangelista inicia seu relato precisando um tempo e um local, ao explicitar que “no sexto mês”, em Nazaré da Galileia, uma periferia insignificante e desprezada, estava em sua casa e não em um templo, uma jovem virgem prometida em compromisso pré-nupcial já oficializado com José, um descendente de Davi. Ali se dá a visita de Gabriel (“Deus é forte”) a Maria a (“amada de Deus”) que lhe diz: “Ave, cheia de graça! Alegra-te, Maria, pois encontraste graça diante de Deus!” A pequena dos pequenos é engrandecida nesse momento, mas ela não se ensoberbece, ao contrário, se reconhece como é perante um evento perturbador.

Alegre-se, Maria, e vá! O caminho é longo…travessia!

Um pouco mais da anunciação

O “sexto mês”: ora, o anúncio do anjo Gabriel a Zacarias já havia acontecido e a gravidez de Isabel, a mulher mais idosa considerada estéril, já estava no sexto mês. Tempo em que o novo se apresentou para romper com o velho, aquele que duvidou ficou silenciado.

O primeiro passo da promessa já estava em curso em Isabel havia seis meses. A travessia começara. No entanto, era só o início ainda frágil do novo gestando seu porvir no que estava desgastado e ainda engessado no antigo, faltava a boa nova na nova, terra fértil – a jovem Maria. Conectadas estão essas mulheres, conectados estão as anunciações.

Isabel é a memória da fé do povo chegada até aquele presente, da promessa a se cumprir, memória é suporte que alimenta as primícias da transformação a chegar. Isabel é a porta aberta para o primeiro passo do caminho da nova travessia.

Maria é a fé presente em movimento. Maria comunidade nova e terra fecunda cujo novo, como projeto de Deus, surgirá para se insurgir em meio ao povo. É Maria que poderá passar a soleira da porta aberta e caminhar do antigo para o novo que virá, fazer a travessia salvífica libertadora da justiça prometida.

ESPERANÇA

Como estava a jovem no momento da anunciação? Atenta, em prontidão, ouviu, ressoou e escutou e em sua pouca vivência, conhecimento ou experiência, confusa, sente, pensa, indaga, busca saber, não rejeita, nem se acomoda. A explicação do anjo a acalma, pois na fé trazida em si a  menina deveria conhecer as promessas e as profecias de um rebento que viria para justiça aos povos, mas como se daria para ela não iniciada em sua vida de convivência conjugal.

– “Não tenhas medo!” Essa saudação de Deus a ela, algo tão recorrente à humanidade, a fortalece. Como temer? Esperança-se! E se lhe recorda as antigas promessas feitas pelo Senhor, que a partir de então serão realizadas, pois o anjo lhe explica: “Espírito a cobrirá com sua sombra”. A divina Ruah sopra e encobre a menina com sua luz.

E tudo ficou claro, iluminado para Maria. Sombra, não de obscuridade, mas de luminosidade gerando nela uma nova Vida. Ela sabe da imensa missão, nada fácil, de perigo no meio em que vivia, mas é pela graça nela inserida e Maria confia e esperança-se.

Esperance-se, Maria, e vá! O caminho é longo…travessia!

LIBERDADE!

A claridade veio a Maria e ela se doa em plenitude e com toda liberdade dada por Deus ao dizer: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo sua Palavra”, não é submissão é, sim, a grandeza de Deus libertador que revela em Maria no seu sim livre para a missão, para o serviço que ali se inicia. Jesus, se entretecendo na carne de Maria, já começa a servir no serviço da mãe. Sim! O sim da coragem confiante que como flecha atirada não volta em busca de seu alvo. O sim da salvação libertadora para o povo espezinhado, explorado, angustiado, sofrido, oprimido e injustiçado.

O sim é uma afirmativa feminina para que se dê o aconteça. “A SIM”!

Sabedoria

Indelével

Matriarcal!

Liberta és, Maria, e vá! O caminho é longo…Travessia!

REFLETINDO

É possível ver na resposta de Maria a maneira de caminhar da comunidade chamada por Deus para continuar a missão a ela confiada. Deve ser um relacionar-se com a Palavra ao modo de Maria: ouvir, acolher, ressoar ou ruminar, deixa-la encarnar-se para o nascimento e crescimento no deixar-se moldar por ela.

O sim de Maria como comunidade de fé e caminhada atuante, em marcha contra a velha opulência da injustiça que mata. Maria-comunidade do sim à vida. Ser a Maria de tantas e tantas Marias na fé de prontidão e atitude esperançadas.

SIM!

E nós? E os anúncios? Ouvimos, acolhemos, escutamos? O que está sobre nossa vida? Sombra que obscurece ou que ilumina? Confiantes? Como estamos e como vamos? Onde pisamos e aonde vamos? E o nosso sim? Que respostas damos? Agimos? De que maneira?

Margarida Maria Soares/Dez 2024.

Contribuição na revisão pelo Prof. Edmilson Schinelo.

CEBI-MG

Roteiro preparado pelas irmãs Pias Discípulas do Divino Mestre – Pastoral Vocacional

Site: www.piasdiscipulas.org.br


[1] Cf. BUYST, Ione. Mística e liturgia; beba da fonte! Col. Rede Celebra, Vol 08. São Paulo, Paulinas, p. 66.

[2] As observações nas caixas são dicas. Não fazem parte do texto original da autora acima citada.

[3] Cf. CRB. A leitura orante da Bíblia. Col. Tua Palavra é Vida, vol. 1. São Paulo, Loyola/Publicações CRB/1990, 1997, p.31.

II MARATONA SACROSSANTO CONCÍLIO

Quarta-feira, dia 04 de dezembro de 2024, no canal do Youtube Pias Discípulas do Divino Mestre, teremos a II Maratona Sacrossanto Concílio. De 8h às 20h, teremos a live Liturgia: presença-ação de Cristo. Vamos mobilizar nossas comunidades para que essas 12h de diálogo e informação sejam um momento profundo para mergulharmos na fonte que é a Liturgia em nossas vidas. Não precisa fazer inscrição.

A live é uma promoção em parceria da CNBB, Rede Celebra, Revista de Liturgia, Asli e Centro de Liturgia Dom Clemente Isnard.

II Maratona Sacrosanctum Concilium

Comemorando os 61 anos da promulgação da Constituição sobre a Sagrada Liturgia do Concílio Vaticano II, esta maratona de lives com especialistas em liturgia cujo tema será “Liturgia: presença ação de Cristo”.

Acompanhe pelo canal das Pias Discípulas do Divino Mestre
https://www.youtube.com/live/9mpHO70ocAg?si=PP427oXdR1s2wLUC

📌Data: 04 de Dezembro

⏰8h às 20h

Marque na agenda!

liturgia #sacrosanctumconcilium #igreja

Mesa 01: 8h – Sacrosanctum Concilium 7: Redação, discussão e leitura

Mesa 02: 9h – Um olhar litúrgico-teológico sobre Sacrosanctum Concilium 7

Mesa 03: 10h – A sacramentalidade da Revelação e da Liturgia.

Mesa 04: 11h – A Liturgia: encontro. Uma abordagem patrística.

Mesa 05: 12h – Considerações sobre Igreja e Liturgia a partir de Desiderio Desideravi 8

Mesa 06: 13h – O agir ritual e a presença divina nos sacramentos da Iniciação.

Mesa 07: 14h – O agir ritual e a presença divina nos sacramentos da cura.

Mesa 08: 15h – O agir ritual e a presença divina nos sacramentos do serviço.

Mesa 09: 16h – A «mesa do altar»: a arte do convívio eucarístico.

Mesa 10: 17h – Música litúrgica; a arte de fazer comunhão.

Mesa 11: 18h – O responso na Liturgia das horas/ Ofício Divino das Comunidades: a arte do diálogo da aliança.

Mesa: 12: 19h – Conclusão: A Liturgia: a ação sagrada mais excelente da Igreja.