SOLENIDADE DE CORPUS CHRISTI: O PÃO QUE DÁ VIDA AO MUNDO

Quinta-feira, 19 de junho de 2025
“Dai-lhes vós mesmos de comer!” (Lc 9,13)

A Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo (Corpus Christi) é uma das mais belas expressões da fé católica na presença real de Jesus Cristo na Eucaristia. Neste dia, a Igreja celebra com solenidade, louvor e gratidão o mistério do pão consagrado, que é o próprio Cristo, oferecido por amor ao Pai e por nós.

A festa teve início no século XIII e foi instituída oficialmente pelo Papa Urbano IV, diante do desejo de reafirmar a fé na Eucaristia em tempos de incerteza. Desde então, ela se tornou uma celebração que une liturgia, piedade e missão, levando o Corpo de Cristo a percorrer nossas ruas em procissão, como sinal de bênção e esperança.

As leituras proclamadas neste ano (Ano C) nos conduzem a uma profunda compreensão teológica da Eucaristia como presença viva, sacrificial e salvífica de Cristo.

Na primeira leitura (Gn 14,18-20), encontramos Melquisedec, figura enigmática e ao mesmo tempo profética, que oferece pão e vinho em ação de graças e bênção. Este gesto antigo, realizado por um sacerdote-rei, já prefigura a oferta eucarística de Cristo, Sumo e eterno Sacerdote, que nos alimenta com o pão da vida e o cálice da salvação. Não por acaso, o Salmo responsorial recorda: “Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem do rei Melquisedec!” (Sl 109/110,4).

A segunda leitura (1Cor 11,23-26) nos leva ao coração da ceia de Jesus. São Paulo transmite à comunidade aquilo que ele mesmo recebeu: “Isto é o meu corpo que é dado por vós. Fazei isto em minha memória.”

Celebrar a Eucaristia é tornar presente a entrega de Cristo, sua morte e ressurreição, até que ele venha. Trata-se de uma memória viva e transformadora: ao partilhar do mesmo pão e do mesmo cálice, a comunidade é chamada a se tornar o que recebe, Corpo de Cristo no mundo, unido, reconciliado e comprometido.

No Evangelho de Lucas (9,11b-17), Jesus multiplica os pães e peixes diante de uma multidão faminta. O cenário é revelador: Jesus acolhe, ensina, cura e alimenta. Diante da escassez, Ele não manda o povo embora, mas confia aos discípulos uma missão ousada: “Dai-lhes vós mesmos de comer.”

A multiplicação é mais do que um milagre físico: é sinal e antecipação da Eucaristia, onde Jesus toma o pão, ergue os olhos ao céu, pronuncia a bênção, parte e o entrega. É o mesmo gesto da Última Ceia, é o mesmo gesto da Missa.

Na Eucaristia, não apenas comungamos um alimento espiritual, mas aprendemos o gesto do dom: abençoar, partir e repartir. A lógica do Evangelho não é a do acúmulo, mas a da entrega. Por isso, “todos comeram e ficaram satisfeitos” e ainda sobrou.

A sequência litúrgica tradicional de Corpus Christi, atribuída a São Tomás de Aquino, é uma verdadeira catequese em forma de poesia. Em versos belíssimos, proclamamos o mistério de fé: “Faz-se carne o pão de trigo, faz-se sangue o vinho amigo: deve-o crer todo cristão.”

A sequência nos convida a olhar com fé para o altar: vemos pão e vinho, mas cremos no Cristo inteiro, que se dá em cada partícula da Hóstia e em cada gota do Cálice. Alimentar-se da Eucaristia é entrar em comunhão com o próprio Deus, é ser nutrido para a vida eterna.

A Eucaristia é presença. Não é apenas símbolo ou lembrança, mas o Senhor Ressuscitado realmente presente, que permanece conosco até o fim dos tempos. Adorá-Lo no Sacramento é reconhecer que Ele está vivo entre nós e que o altar é o centro e o coração da Igreja.

A Eucaristia também é missão. Como afirmou o Papa Francisco: “A Missa é o céu na terra, mas também é um apelo à caridade no mundo.” Quem comunga o Corpo do Senhor é chamado a ser corpo doado, pão repartido, vida entregue. Não há verdadeira adoração sem compromisso com a justiça, a fraternidade e a dignidade humana. A procissão de Corpus Christi, ao sair do templo, nos lembra disso: Cristo quer caminhar pelas ruas, encontrar as feridas do povo, alimentar os famintos do corpo e da alma.

Celebrar Corpus Christi é renovar a fé no mistério da Eucaristia, que nos forma, transforma e envia. É deixar que Jesus nos nutra com o Pão da vida e nos ensine a repartir com generosidade. “Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente.” (Jo 6,51)

Que nesta festa, cada comunidade cristã se reúna com alegria, fé e reverência ao redor da mesa da Palavra e da Eucaristia, reconhecendo no pão consagrado o Cristo vivo que caminha conosco. E que, ao final da celebração, ao sair em procissão pelas ruas, cada fiel seja sinal de esperança, de comunhão e de solidariedade, levando a presença de Jesus aos cantos do mundo que mais precisam Dele.

FESTA DE PENTECOSTES: VEM ESPÍRITO SANTO DE AMOR!

“Recebei o Espírito Santo!” (Jo 20,22)

A Festa de Pentecostes é uma das celebrações mais importantes do calendário cristão. Marca o encerramento do Tempo Pascal e comemora a efusão do Espírito Santo sobre os discípulos, cinquenta dias após a Ressurreição do Senhor. Essa solenidade nos convida a mergulhar no mistério da presença viva e operante do Espírito de Deus na Igreja e no mundo.

OS TEXTOS BÍBLICOS DESTA SOLENE CELEBRAÇÃO

O texto dos Atos dos Apóstolos (2,1-11) descreve o momento em que os discípulos, reunidos no Cenáculo com Maria, são surpreendidos por um vento impetuoso e por línguas de fogo. É o cumprimento da promessa de Jesus: “Recebereis o Espírito Santo” (cf. At 1,8). O Espírito Santo transforma aquele grupo de homens temerosos em testemunhas corajosas e anunciadores do Evangelho a todas as nações. A diversidade de línguas compreendidas simboliza a universalidade da salvação e o nascimento da Igreja missionária.

O Salmo 103(104), com sua beleza poética, proclama: “Enviai o vosso Espírito, Senhor, e da terra toda a face renovai!” O Espírito é aquele que dá vida, renova, transforma o caos em ordem, a aridez em fecundidade. A criação e a missão da Igreja se entrelaçam pela ação constante do Espírito vivificador.

Na Primeira Carta aos Coríntios (12,3b-7.12-13), São Paulo nos recorda que é o Espírito quem faz da Igreja um só corpo, distribuindo diferentes dons para o bem comum. A pluralidade de carismas não divide, mas edifica. Todos são batizados em um mesmo Espírito e formam um só corpo: Cristo. Pentecostes, portanto, é também a festa da unidade na diversidade, da comunhão e da partilha de dons para o serviço do Reino.

A belíssima Sequência de Pentecostes expressa em forma de oração poética o desejo da Igreja: “Vinde, Espírito Divino!” É um clamor por luz, consolo, força e santidade. O Espírito é invocado como hóspede da alma, descanso no labor, cura para os corações feridos. Cada verso revela a confiança na ação discreta, porém poderosa, do Espírito que age no mais íntimo da vida humana.

No Evangelho de João (20,19-23), Jesus ressuscitado aparece aos discípulos e sopra sobre eles, dizendo: “Recebei o Espírito Santo.” Como o Pai enviou Jesus, Ele agora envia os discípulos. O dom do Espírito está diretamente ligado à missão: anunciar, reconciliar, perdoar. É o início de uma nova criação, da humanidade renovada em Cristo.

PENTECOSTES: ABRIR-SE AO SOPRO DO ESPÍRITO SANTO

Celebrar Pentecostes é abrir-se ao sopro do Espírito Santo que renova todas as coisas. É reconhecer que a Igreja vive e cresce não por sua força, mas pela presença do Espírito. É tempo de renovar os dons recebidos no Batismo e na Crisma, de reacender a chama do amor de Deus e de assumir, com coragem, a missão de anunciar a Boa Nova.

Que esta solenidade reavive em nós a alegria do Evangelho, fortaleça nossa unidade na diversidade e nos envie como discípulos missionários, cheios do fogo do Espírito.

“Dai à vossa Igreja, que espera e deseja, vossos sete dons.”
(Sequência de Pentecostes)

59ª JORNADA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS: “PARTILHAI COM MANSIDÃO A ESPERANÇA QUE ESTÁ NOS VOSSOS CORAÇÕES”

Papa Francisco convida a uma comunicação que gere esperança, construa pontes e cure feridas

No próximo domingo, dia 01 de junho de 2025, celebraremos o 59º Dia Mundial das Comunicações Sociais. Em memória saudosa, o Papa Francisco escreveu, ainda no dia 24 de janeiro de 2025, a sua mensagem para este dia. Ele dirige ao mundo da comunicação uma mensagem de profundo apelo à esperança e à responsabilidade. Inspirado nas palavras da Primeira Carta de São Pedro — “Partilhai com mansidão a esperança que está nos vossos corações” (1Pd 3,15-16) —, o Santo Padre convoca comunicadores, jornalistas, profissionais da mídia e todos os fiéis a serem protagonistas de uma comunicação que humaniza, promove o diálogo e semeia esperança.

Desarmar a comunicação

Num cenário marcado por desinformação, polarização e discursos de ódio, Francisco alerta para os riscos de uma comunicação agressiva, que distorce a realidade, gera medo e fomenta divisões. O Papa chama a atenção para a “dispersão programada da atenção” nas plataformas digitais, que, ao manipular percepções, comprometem o senso de comunidade e o bem comum.

“Não podemos render-nos à lógica de identificar o outro como inimigo”, afirma o Pontífice, sublinhando que a esperança se enfraquece quando o rosto e a dignidade do outro são obscurecidos.

Uma esperança que transforma

Para Francisco, a esperança não é mero otimismo ou ilusão, mas uma virtude ativa e transformadora. Citando Bento XVI, ele recorda que “quem tem esperança, vive diversamente; foi-lhe dada uma vida nova”. Por isso, o comunicador cristão é chamado a testemunhar, antes de tudo, a beleza da vida iluminada pela fé, sendo presença que inspira perguntas e oferece respostas permeadas de mansidão, respeito e amor.

Comunicar como Jesus: com mansidão e proximidade

A mensagem do Papa propõe um modelo de comunicação inspirado em Jesus, o maior Comunicador de todos os tempos, que soube escutar, caminhar com os outros e acender a esperança nos corações, como fez com os discípulos de Emaús.

“Sonho com uma comunicação que fale ao coração, que gere empatia, que aposte na beleza e na esperança, mesmo nas situações mais difíceis”, escreve Francisco.

Esperança que se faz juntos

O Papa lembra ainda que a esperança não é um ato isolado, mas comunitário. Em sintonia com o Jubileu de 2025, ele convoca todos a serem “peregrinos de esperança”, protagonistas de uma comunicação capaz de tecer comunhão, construir pontes, escutar os últimos e valorizar as sementes de bem presentes no mundo.

Cuidar do coração para comunicar com verdade

Por fim, Francisco deixa um apelo incisivo: “Sede testemunhas e promotores de uma comunicação não hostil, que difunda uma cultura do cuidado, construa pontes e atravesse os muros visíveis e invisíveis do nosso tempo”. E conclui, encorajando os comunicadores a cuidarem do próprio coração, para que sua palavra seja sempre fonte de vida, de esperança e de fraternidade.

O 59º Dia Mundial das Comunicações Sociais será celebrado em maio de 2025, solenidade da Ascensão do Senhor, como é tradição na Igreja.

A íntegra da mensagem pode ser lida no site do Vaticano:
Mensagem do Papa Francisco para o 59º Dia Mundial das Comunicações Sociais

Abaixo, uma proposta de oração para este dia:

1 A 8 DE JUNHO: SEMANA DE ORAÇÃO PELA UNIDADE DOS CRISTÃOS 2025

Entre os dias 1º e 8 de junho de 2025, comunidades cristãs de todo o Brasil se reunirão para celebrar a Semana de Oração pela Unidade Cristã (SOUC), sob o tema “Crês nisso?” (João 11,26). Promovida pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), a SOUC é um convite à oração e ao diálogo entre diferentes tradições cristãs, buscando fortalecer os laços de fraternidade e unidade.

O tema deste ano remete ao diálogo entre Jesus e Marta, após a morte de Lázaro. Ao questionar Marta sobre sua fé na ressurreição, Jesus nos convida a refletir sobre o conteúdo e a profundidade de nossa própria fé. Essa interrogação serve como ponto de partida para a reflexão ecumênica proposta pela SOUC 2025, desafiando os cristãos a examinarem o que significa crer em Jesus Cristo e como essa fé se traduz em ações concretas de amor e unidade.

Desde 2021, os materiais da SOUC são disponibilizados exclusivamente em formato digital. O Caderno de Celebrações da SOUC 2025 oferece subsídios litúrgicos e formativos para auxiliar as comunidades na organização de celebrações e momentos de oração durante a semana. O material pode ser acessado gratuitamente no site oficial do CONIC.

A identidade visual da SOUC 2025 foi criada por Gabriel Zinani, vencedor do concurso nacional promovido pelo CONIC. Sua arte destaca símbolos de unidade, como o caminho e a luz, e elementos representativos da fé cristã, como a pomba, evocando a presença do Espírito Santo. A proposta artística visa inspirar as comunidades a caminharem juntas na busca pela unidade.

A Semana de Oração pela Unidade Cristã é celebrada mundialmente, com datas que variam conforme o hemisfério. No hemisfério Sul, as igrejas geralmente celebram a SOUC no período de Pentecostes, simbolizando a unidade da Igreja. No Brasil, o CONIC coordena as iniciativas da SOUC em diversos estados, promovendo a vivência ecumênica e o fortalecimento dos laços entre as diferentes tradições cristãs.

Para mais informações e acesso aos materiais da SOUC 2025, visite o site oficial do CONIC: www.conic.org.br.

O Cartaz da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2025

O cartaz oficial da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos (SOUC) 2025 foi criado pelo jovem designer gráfico Gabriel Zinani, vencedor do concurso nacional promovido este ano.

Gabriel, de 18 anos, é estudante de Design Gráfico na FSG e desde cedo cultiva paixão pelas artes, seja através da música, teatro, cinema ou literatura. Sua trajetória é marcada pela busca constante de crescimento espiritual e humano, acreditando na força transformadora do amor e do bem. Foi por meio do incentivo de seu professor, Manoel Zampieri, que conheceu o CONIC e decidiu participar do concurso, motivado pela vontade de expressar, por meio da arte, uma visão da fé que une e ilumina.

A inspiração por trás da arte do Cartaz da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos

O cartaz da SOUC 2025 é carregado de símbolos que dialogam profundamente com o tema da unidade e da comunhão entre os cristãos, oferecendo múltiplas leituras teológicas, culturais e espirituais. Gabriel explica que sua proposta busca respeitar a diversidade de pensamentos e realidades, sem perder de vista a centralidade do amor e da presença de Cristo.

Posicionamento de Jesus: No centro da cena, Jesus não se coloca acima ou à frente dos outros, mas ao lado das pessoas, refletindo sua humildade, proximidade e amor. Seu manto lembra os lençóis palestinos, tradicionalmente usados por homens no Oriente Médio, sugerindo uma conexão cultural com suas origens.

Símbolos de unidade: À frente, vemos duas pessoas de mãos dadas: uma mulher com véu floral, representando o Oriente, e um homem com vestes ocidentais, simbolizando o Ocidente. Seus dedos entrelaçados formam um coração de luz, imagem que traduz o amor e a fraternidade que unem os cristãos de diferentes culturas.

O caminho e a luz: O caminho percorrido pelo casal transmite a ideia de direção e esperança. Jesus segura um lampião aceso, iluminando o trajeto e recordando que Ele é a Luz do mundo, aquele que guia os passos de seus seguidores.

A pomba da paz: No alto do cartaz, uma pomba branca carrega uma cruz bizantina, símbolo da paz e da união entre Oriente e Ocidente, reforçando o chamado à reconciliação e à construção de pontes entre as igrejas e os povos.

Paleta de cores: A escolha das cores foi inspirada na obra “A Noite Estrelada” de Vincent Van Gogh, evocando sensações de acolhimento, serenidade e esperança. Nos trajes, o Oriente aparece representado por tons claros e florais, enquanto o Ocidente se expressa em cores neutras e sóbrias, criando um equilíbrio visual que reforça a mensagem de harmonia e unidade.

O cartaz da SOUC 2025 é mais do que uma peça visual. Ele é um convite à reflexão, ao diálogo e à vivência do amor que ultrapassa fronteiras, culturas e tradições, nos aproximando do desejo de Jesus: “Que todos sejam um” (Jo 17,21).

👉 Confira o cartaz completo e acesse os materiais da SOUC 2025 no site do CONIC: www.conic.org.br

Fonte desta notícia: https://www.conic.org.br/portal/vivencia-ecumenica/semana-de-oracao-pela-unidade-crista-souc

Novena de Pentecostes

A prática popular da novena de Pentecostes na última semana do tempo pascal é memória da oração perseverante dos apóstolos com Maria, mãe de Jesus, com outras mulheres discípulas e com os irmãos dele, à espera do Espírito Santo que Jesus havia prometido. A novena começa na sexta feira antes do domingo da ascensão, este ano nos dias 30 de maio a 07 de junho.
Além disso, aqui no Brasil, a novena de Pentecostes coincide com a semana de oração pela unidade dos cristãos, que começa no domingo da ascensão. 

Esta semana de invocação do Espírito e de oração pela unidade, é uma espécie de sacramento final da páscoa que nos impulsiona, na busca da unidade e da reconciliação entre nós, membros de uma mesma comunidade, mas também entre as Igrejas e as diversas religiões. Esta semana é constituída de oração em comum e também de exercício de conversão: gestos de comunhão, de tolerância e de perdão com os irmãos e irmãs que praticam a fé de maneira diferente da nossa.

Oferecemos nove roteiros, com hino, leituras e preces.

37ª SEMANA DE LITURGIA

A 37ª Semana de Liturgia, promovida pelo Centro de Liturgia Dom Clemente Isnard, escolheu como tema central “Ritos e preces para iniciar à vida cristã”, reconhecendo que a iniciação à vida cristã é um processo profundamente litúrgico, catequético e comunitário. Mais do que uma transmissão de conteúdos doutrinários, trata-se de uma experiência progressiva de imersão no Mistério Pascal de Cristo, vivida de forma simbólica, orante e celebrativa, conforme propõe o Ritual de Iniciação Cristã de Adultos (RICA), n. 8.

Inspirada na Constituição Sacrosanctum Concilium, que afirma que o Povo de Deus deve participar da ação sagrada “por meio dos ritos e das orações” (SC 48), a Semana propõe um aprofundamento na compreensão da liturgia como lugar teológico e caminho de transmissão da fé. A experiência ritual não é apenas expressão do mistério, masfonte de sua compreensão, apontando o rito como linguagem constitutiva da fé cristã.   

Assim, a Liturgia, encharcada da Palavra de Deus, é uma das fontes centrais da Catequese. A Liturgia na Catequese é expressão máxima da inspiração catecumenal, fruto da recepção do Concílio Vaticano II, o qual solicitava “restaurar o catecumenato” (SC 64). Os Bispos no Brasil em seus documentos valorizam a relação fecunda entre Liturgia e Catequese, e convidam a reatar a parceria e a união entre elas que, ao longo dos séculos, ficaram comprometidas (cf. Doc. 107, n. 74); reafirmando a centralidade da celebração no itinerário formativo dos discípulos missionários. 

A programação da Semana de Liturgia foi cuidadosamente desenhada para contemplar, em cada dia, os diversos tempos e graus do processo de iniciação à vida cristã à luz do RICA, articulando os quatro tempos (pré-catecumenato, catecumenato, purificação e iluminação, e mistagogia) e as três etapas que vão configurando os sujeitos a Cristo, promovendo tanto a fundamentação teológico-litúrgica como as vivências e as práticas celebrativas, que envolvem a ação ritual, o canto e o espaço sagrado. Assim, a formação proposta vai além da teoria, privilegiando a experiência mistagógica que une corpo, tempo, espaço, afetos, emoção e razão na apreensão do mistério pascal.

Por fim, refletir e qualificar os ritos e preces que iniciam à vida cristã é mais do que um exercício acadêmico: é um compromisso com a renovação pastoral da Igreja, em chave de inspiração catecumenal e missionária, em sintonia com as orientações do Concílio Vaticano II e da Igreja no Brasil. 

  A Semana de Liturgia deseja, portanto, com a presença de membros das equipes de liturgia e catequistas, recolocar a Liturgia no centro do processo evangelizador, favorecendo uma iniciação que seja, de fato, mistagógica e querigmática. 

I. DATA:

  • 27 a 30 de outubro de 2025 (de segunda a quinta-feira).
  • Check-In: 27/10/2025 (a partir das 09h) – com almoço. Check-Out: 30/10/2025 (16h) – com cafezinho.
  • Início da programação da 37ª Semana de Liturgia: as 10h45 do dia 27/10.
  • Término: 16h do dia 30/10.

* Tendo em vista a metodologia da Semana de Liturgia compreende-se que a participação em tempo integral é indispensável.

**esse ano, devido à disponibilidade da casa de encontros, a Semana será de segunda de manhã até quinta à tarde.

II. INSCRIÇÃO 

(PAGAR PARA O CENTRO DE LITURGIA DOM CLEMENTE ISNARD)

  • Investimento: 420,00 (quatrocentos e vinte reais).
  • Forma de pagamento:
    • PIX: Chave 20.043.273/0001-20 (CNPJ): Centro de Liturgia Dom Clemente Isnard.

     Ou: 

  • Depósito/Transferência: Banco Bradesco (237), Agência 0478-2, Conta Corrente 0235-6.
  • Enviar o comprovante de pagamento com os devidos nomes do/a inscrito/a ou dos/as inscritos/as, com CPF, para o e-mail e com o nome da Instituição (Razão Social), com o devido CNPJ para a emissão da nota fiscal: semanadeliturgia@gmail.com 

OBS: A inscrição só será confirmada totalmente com os pagamentos das taxas da Inscrição e da Hospedagem. Pagamentos não realizados até o dia 20/10/2025, as inscrições serão canceladas.

  1. VAGAS: 200 pessoas
  1. LOCAL: 

MOSTEIRO DE ITAICI 

ENDEREÇO: Rodovia José Boldrini, 170 | Bairro Itaici | Indaiatuba – SP Telefones: Geral: (19) 2107-8500 | Secretaria: (19) 2107-8501 | (19) 2107-8502.

www.itaici.org.br

HOSPEDAGEM 

(PAGAR PARA O MOSTEIRO DE ITAICI – LOCAL ONDE ACONTECERÁ A 37ª SEMANA DE LITURGIA)

VALORES:

  • Diária Pensão Completa e Pernoite: com roupa de cama e banho.
  •        ESGOTADO!  Diária (Quarto Individual – somente 30 unidades): R$350,00 (R$350,00 x 4 dias) = R$1.400,00 / por pessoa. (Após preenchimento das 30 vagas somente quartos duplos ou triplos).
  •             Diária (Quarto Duplo): R$315,00 (R$315,00 x 4 dias) = R$1.260,00 / por pessoa.
  •             Diária (Quarto Triplo): R$284,00 (R$284,00 x 4 dias) = R$1.136,00 / por pessoa.

❖ * Check-In: 27/10/2025 (a partir das 09h) – com almoço (não será permitido chegar antes). ❖ Check-Out: 30/10/2025 (16h) – com cafezinho.

* Para a emissão das Notas fiscais é necessário preencher todos os dados no Formulário da Inscrição:  (Razão Social, CNPJ, endereço completo / Nome Completo, CPF e endereço completo); Tipo de acomodação (individual, duplo ou triplo) … sendo quarto partilhado (nome das pessoas que irão no mesmo quarto).

  • A Nota Fiscal será emitida em nome do pagador; pagamento de mais de um inscrito, deve ser informado a quem se refere o pagamento;
  • O Mosteiro de Itaici não recebe o pagamento da hospedagem antes e após as datas estipuladas abaixo;
  • A confirmação da hospedagem será realizada mediante o envio do comprovante de pagamento, por e-mail (financeiro@itaici.org.br).

ATENÇAO PARA AS DATAS DE PAGAMENTOS DA HOSPEDAGEM:

O Mosteiro de Itaici só receberá o pagamento da hospedagem no período de 27/09 a 20/10/2025.

FORMA DE PAGAMENTO:

  • Via PIX: 33544370003598

   Ou:

  • Transferência Bancária: Banco Itaú, Agência 6260, Conta Corrente 01573-7 (Associação Nóbrega de Educação e Assistência Social) – CNPJ 33.544.370/0035-98    Ou:
  • Depósito Bancário: Banco Itaú, Agência 6260, Conta Corrente 01573-7 (Associação Nóbrega de Educação e Assistência Social) – CNPJ 33.544.370/0035-98

DESISTÊNCIA APÓS PAGAMENTO:

Desistência / Cancelamentos: serão aceitos até o dia 20/10/2025, após essa data será cobrado o percentual de 30% do valor total já pago referente a taxa de Inscrição e da Hospedagem.

ESTRUTURA DA CASA: 

Recepção (das 07h às 23h); Wi-fi; Estacionamento Privativo.

ACOMODAÇÕES:  

  • Quarto duplo com duas camas de solteiro. 
  • Quarto triplo com três camas de solteiro 
  • 1 quarto quádruplo
  • Estão dispostos dentro do quarto: Por cama 02 lençóis, 01 travesseiro, 01 cobertor, 01 toalha de banho e 01 toalha de rosto

* Restrição Alimentar: os pedidos de restrição alimentar serão analisados e, se possível, atendidos.

COMO CHEGAR AO LOCAL DA 37ª SEMANA DE LITURGIA:

  • Aeroporto Internacional Viracopos – Campinas: é o aeroporto mais próximo do Mosteiro de Itaici. Segundo informações obtidas através do Google Maps o trajeto é de 17,3km, 22 min (aprox) de carro. Segundo informações da casa de encontros o mais comum é fazer este trajeto por meio de táxi e/ou aplicativos de mobilidade urbana (Uber, 99pop, etc). 
  • Campinas-Indaiatuba: transitar pela Rod. SP-75 até chegar a Saída 57-C e Sorocaba-Indaiatuba, Saída 55A, saindo na Av. Cel. Antonio Estanislau do Amaral / Estr. Municipal Indaiatuba-Itupeva / Rod. José Boldrini. Manter-se nesse percurso até passar a ponte do Rio Jundiaí. A entrada fica à direita em frente a E.E. Joaquim Pedroso de Alvarenga.
  • São Paulo-Indaiatuba: transitar pela Rod. dos Bandeirantes até a Saída 88. Fazer o contorno no pontilhão entrando para a Rod. SP-75. Manter-se no percurso até encontrar a Saída 57-C, saindo na Av. Cel. Antonio Estanislau do Amaral / Estr. Municipal Indaiatuba Itupeva / Rod. José Boldrini. Manter-se nesse percurso até passar a ponte do Rio Jundiaí. A entrada fica à direita em frente a E.E. Joaquim Pedroso de Alvarenga. 
  • Sorocaba e região: seguir pela Rod. Sen. José E. de Moraes até chegar a Rod. Dep. Archimedes Lammoglia, manter-se no percurso até encontrar a Rod. Pref. Hélio Steffen. Siga nessa rota até encontrar a Rod. Eng. Ermênio de Oliveira Penteado, mantenha-se nesse percurso até encontrar à sua direita a Saída 55A, saindo na Av. Cel. Antonio Estanislau do Amaral / Estr. Municipal Indaiatuba-Itupeva / Rod. José Boldrini. Manter-se nesse percurso até passar a ponte do Rio Jundiaí. A entrada fica à direita em frente a E.E. Joaquim Pedroso de Alvarenga. 
  • Rio de Janeiro-Indaiatuba: acesso pela Rod. Dom Pedro I, até a rotatória que leva a Rod. Anhanguera, seguir até encontrar a Rod. Alberto Panzan. Continuar em frente até a Rod. Bandeirantes, seguindo até chegar a Rod. SP-75. 
  • Ônibus (VB Transportes) – Informações pelo telefone (19) 3875-2342 ou pelo site www.vbtransportes.com.br. VB Transportes mantém horários diários de Campinas-Indaiatuba e São PauloIndaiatuba. De Indaiatuba ao bairro Itaici é preciso tomar táxi ou ônibus circular. O circular da Viação Guaianazes (Linhas: Engenho, Terras de Itaici ou Vale das Laranjeiras) passa no portão de entrada do Mosteiro de Itaici, sendo necessário andar 1,2Km até a recepção da casa. 

OUTRAS INFORMAÇÕES 

TRAZER O RITUAL DE INICIAÇÃO CRISTÃ DE ADULTOS (será usado por cada participante durante a semana).

  • Trazer  Bíblia.
  • Trazer o Ofício Divino das Comunidades. 
  • Trazer comidas e bebidas típicas da sua região para a confraternização. 
  • Outras dúvidas e informações escreva para o e-mail: semanadeliturgia@gmail.com  ou pelo (WhatsApp): semana de liturgia (11) 95206-3482 (Ir. Veronice Fernandes).

REALIZAÇÃO 

               CENTRO DE LITURGIA DOM CLEMENTE ISNARD     

6º DOMINGO DA PÁSCOA – ANO C: O ESPÍRITO VOS RECORDARÁ TUDO O QUE EU VOS DISSE.

📖 Leituras:

  • 1ª Leitura: Atos dos Apóstolos 15,1-2.22-29
  • Salmo: 66(67),2-3.5.6 e 8 (R. 4)
  • 2ª Leitura: Apocalipse 21,10-14.22-23
  • Evangelho: João 14,23-29

Neste 6º Domingo da Páscoa, a liturgia nos convida a contemplar a presença viva do Senhor ressuscitado que prepara a sua comunidade para a missão no mundo, guiada pela força do Espírito Santo.

1ª Leitura: Atos dos Apóstolos 15,1-2.22-29

O relato do Concílio de Jerusalém nos mostra uma Igreja nascente, confrontada com desafios de unidade diante da diversidade. A questão era: os cristãos vindos do paganismo deveriam seguir as práticas da Lei judaica? A resposta, fruto do discernimento comunitário, é clara: “Decidimos, o Espírito Santo e nós” (v.28). Este é um marco eclesial que revela que a verdadeira comunhão se constrói na escuta do Espírito e no respeito às diferenças, sem impor fardos desnecessários.

A comunidade pascal é chamada a ser espaço de acolhida, unidade e liberdade no seguimento de Jesus.

Salmo 66(67)

O salmista eleva um cântico de louvor, pedindo que a bênção de Deus se estenda a todos os povos: “Que as nações vos glorifiquem, ó Senhor, que todas as nações vos glorifiquem!”. Este salmo ecoa o desejo missionário da Igreja, que, iluminada pelo Ressuscitado, deseja que todos conheçam a sua salvação e experimentem sua misericórdia.

2ª Leitura: Apocalipse 21,10-14.22-23

A visão da Jerusalém Celeste, descendo do céu, é um sinal de esperança escatológica. Ela representa a plenitude da comunhão entre Deus e a humanidade. Essa cidade não necessita de templo, pois “o Senhor Deus Todo-poderoso e o Cordeiro são seu templo” (v.22). A luz de Cristo ilumina a vida, e suas portas estão sempre abertas, acolhendo todos os povos.

A comunidade pascal, hoje, é chamada a ser sinal desta cidade santa, testemunhando a luz de Cristo que dissipa toda treva.

Evangelho: João 14,23-29

Neste trecho do discurso de despedida, Jesus oferece palavras de consolo e promessa. O amor a Ele se manifesta na escuta e na prática de sua palavra: “Se alguém me ama, guardará minha palavra, e meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada” (v.23).

Ele promete o Paráclito, o Espírito Santo, que ensinará e recordará tudo o que Ele revelou. O dom da paz que Jesus oferece não é uma paz passageira, mas a certeza da presença de Deus no coração dos discípulos, sustentando-os na missão e nos desafios da vida.

Este domingo insere-se na preparação imediata para a Ascensão e Pentecostes. A Igreja, nascida da Páscoa, é formada na escuta da Palavra, fortalecida pela presença do Espírito e enviada para testemunhar o amor de Deus no mundo.

A liturgia destaca:

  • A comunhão que vence as divisões (Atos).
  • A missão universal, que brota da Páscoa (Salmo).
  • A esperança escatológica na plena comunhão com Deus (Apocalipse).
  • A presença amorosa de Deus, que habita nos corações dos que guardam sua Palavra (Evangelho).

Oração Final

Senhor Jesus, que prometestes o Espírito da Verdade para consolar e conduzir a vossa Igreja, fortalecei-nos no amor e na escuta da vossa Palavra. Que sejamos sinal de unidade, paz e esperança no mundo, testemunhando a luz da vossa ressurreição. Amém.

VISITA FRATERNA DO GOVERNO GERAL DAS PIAS DISCÍPULAS NO BRASIL /2025

De 12 de maio a 27 de junho de 2025, as Irmãs M. Bernardita Meraz Sotelo e Kanikai Mary, do Governo Geral das Pias Discípulas do Divino Mestre, realizam a Visita Fraterna de Formação e Verificação à Província do Brasil.

Este importante momento de comunhão, acompanhamento e fortalecimento da missão congregacional inclui encontros formativos, diálogos fraternos, momentos de oração e visitas às comunidades. A presença das Irmãs do Governo Geral reforça os vínculos de unidade e anima o caminho de fidelidade carismática e missionária.

Percurso da Visita

  • São Paulo (Casa Provincial, Comunidades Madre Escolástica, Rainha dos Apóstolos, Timóteo Giaccardo e Paulo Apóstolo) – Acolhida, encontros formativos e atendimentos às Irmãs.
  • Rio de Janeiro – Visita à comunidade, ao Centro de Apostolado Litúrgico e a Casa Betânia.
  • Caxias do Sul/RS – Encontro com a comunidade local.
  • Cabreúva/SP (Comunidade Divino Mestre e Nazaré) – Formação, convivência fraterna e presença nos setores de apostolado litúrgico.
  • Brasília/DF – Encontro com a comunidade e Centro de Apostolado Litúrgico.
  • Manaus/AM e Codajás/AM – Visita às comunidades da Região Norte, na missão em contexto amazônico.
  • Belo Horizonte/MG – Formação e acompanhamento da comunidade.
  • Olinda/PE (Região Nordeste) – Encontro formativo, visita fraterna e visita do Centro de Apostolado Litúrgico.
  • Retorno à Casa Provincial (São Paulo) – Encerramento com formação direcionada ao Governo Provincial.

Durante a visita, está prevista também uma peregrinação ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, no contexto do Ano Jubilar de 2025, como expressão de gratidão e renovação da fé. A visita fraterna é uma oportunidade de escuta, partilha e renovação espiritual, fortalecendo os laços que unem a Congregação em sua missão de ser presença viva do Mestre no mundo.

Algumas fotos:

#PiasDiscipulas #VisitaFraterna #UnidasNaMissão #FamíliaPaulina #DiscípulasDoDivinoMestre #IgrejaEmCaminho #VidaConsagrada #MissionáriasDaEsperança #ComunhãoEPartilha #CrescerNaFé

O LIVRO DOS SALMOS

“Todo ser que respira louve o Senhor! Aleluia!” (Sl 150,6)

Na tradição cristã, o livro de orações do antigo Israel, de Jesus de Nazaré e da Igreja recebeu o nome de Salmos, palavra grega usada para traduzir o termo hebraico mais presente nos títulos colocados acima de diversas orações (ver, por exemplo, mizmor em Sl 3,1).  O termo indica uma oração em forma de recitação poética, ou seja, cantada com o acompanhamento de instrumentos de cordas. A expressão grega Saltério, também utilizada pelos cristãos para o conjunto dos Salmos, refere-se ao instrumento musical lira. O povo judeu chama o livro dos Salmos de louvores (em hebraico, tehilim), pois as muitas orações em forma de lamentações, preces e súplicas irão resultar em um louvor múltiplo (Sl 150,6).  Os salmos, com sua linguagem poética fundamentada nos paralelismos, nas metáforas e, sobretudo, no diálogo dramático, parecem corresponder à experiência de fé que o orante é convidado a fazer, haja vista esta envolver as experiências do dia em sua conversa com Deus.  

Os salmos podem ser classificados de acordo com determinados gêneros literários. Existem hinos, com os elementos característicos de um apelo, que convidam os ouvintes-leitores ao louvor, sendo depois apresentada a justificativa do louvor. Além disso, há lamentações individuais e coletivas, as quais apresentam uma invocação (muitas vezes com a menção do nome de Deus), a descrição do sofrimento (por vezes acompanhada de perguntas sobre a origem do mal) e  a formulação da prece ou súplica; é possível que declarações de confiança ou promessas de louvor acompanhem as lamentações. Às lamentações correspondem os cantos de ação de graça, nos quais se narra, sobretudo, como Deus salvou o fiel ou a comunidade dos fiéis, suscitando nos últimos o agradecimento. Além disso, certas temáticas – por exemplo, a realeza do Senhor, a figura messiânica do rei de Israel, Sião, a história do povo de Deus ou a proposta de vida oriunda da sabedoria – dão origem à formação de paralelismos e, com isso, de grupos de textos no livro dos Salmos.[1]

Organização do livro dos Salmos

Os salmos, que são principalmente composições anônimas, foram vivenciados e transmitidos de forma oral antes de serem escritos. A memória da ação salvífica do Senhor foi conservada viva ao longo da história, especialmente através do culto, das celebrações. Vários indícios nos salmos refletem um contexto cultual, com alusões a festas, procissões, sacrifícios, bênçãos etc. A formação do livro dos Salmos, reunindo cento e cinquenta orações, durou muito tempo até adquirir a forma atual no século II a.C. Trata-se de uma obra organizada literalmente como indicam quatro fórmulas doxológicas (Sl 41,14; 72,18-19; 89,53; 106,48), que marcam a divisão do livro dos Salmos em cinco grandes partes com uma  estrutura paralela ao Pentateuco (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio). Assim, os Salmos exprimem adesão comprometida do povo de Deus ao caminho de instrução proposto na Torá.  Os salmos chamados aleluiáticos (Sl 146–150) servem como doxologia conclusiva da quinta parte do livro e de todo o Saltério. Sendo que o livro dos Salmos fora introduzido pelos Sl 1–2, os quais oferecem a chave de interpretação mediante a espiritualidade da Torá e a esperança do Messias.

Salmo 150: O último aleluia

Com esse coro em aleluia, encerra-se a coleção dos Salmos. É um suntuoso, grande e solene canto de louvor ao Senhor, é a última mensagem do Saltério. Uma sequência de aleluia acompanha a orquestra do Templo, a qual é integralmente convocada com o shofar, o tamborim, a harpa, a cítara, os tímpanos, as cordas, a flauta e os címbalos. Mas, no final ergue-se um som supremo: é o respiro de cada ser vivente que se torna oração e louvor (v. 6). Com esse canto cósmico, frequentemente transformado em música, encerram-se os tehilim, os louvores, como os hebreus chamaram os Salmos.[2]

A tradição cristã reconheceu a incomparável riqueza dos Salmos. O Concílio Vaticano II lhes deu lugar de destaque na Liturgia da Palavra (Salmo responsorial) e na renovada Liturgia das Horas. As numerosas alusões ao Saltério e as citações do mesmo demonstram que o livro dos Salmos foi o preferido por autores do Novo Testamento. O evangelista Lucas designa com o título de Salmos (Lc 24,44), a terceira parte do Antigo Testamento (os Escritos, colocados após o Pentateuco e os Profetas). Jesus de Nazaré acolheu os Salmos como orações em sua vida, especialmente nas controvérsias e durante a sua paixão. Gianfranco Ravasi destaca que Jesus em sua última Páscoa cantou o hallel, isto é, a coleção dos Salmos destinados às celebrações litúrgicas solenes (sendo talvez os Sl 113–118 ou o Sl 136: veja Mt 26,30). Imitando Jesus, também a comunidade cristã – sobretudo no tempo jubilar – por meio da Liturgia das Horas e da Palavra, une-se a esse coro que há séculos se eleva a Deus. É significativo, em relação a isso, o apelo: “Que a Palavra de Cristo habite em vós com abundância. Com toda a sabedoria, instruí-vos e aconselhai-vos uns aos outros. Movidos pela graça, cantai a Deus, em vossos corações, com salmos, hinos e cânticos inspirados pelo Espírito” (Cl 3,16).[3]

A Bíblia Nova Pastoral nos convida a descobrir as inúmeras imagens do rosto de Deus nos Salmos. Quem reza um salmo está sempre se perguntando: Quais são os traços do rosto de Deus que transparece em minha prece? E na minha vida?

Colaboração de Irmã Helena Ghiggi,
da congregação Pias Discípulas do Divino Mestre.


[1]  A Bíblia / São Paulo: Paulinas, 2023. 

[2]  Item tirado do livro de Gianfranco Ravasi / Rezar com os Salmos (Cadernos sobre a Oração – 2). Brasília: Edições CNBB, 2024.

[3]  Ibidem.

Nova diretoria do Centro de Liturgia Dom Clemente Isnard

O Centro de Liturgia Dom Clemente Isnard é uma associação de caráter educativo, vinculada à Igreja Católica, formada por especialistas que se dedicam ao estudo, à formação, à pesquisa e à produção científica na área da liturgia. Desde 1986, o Centro oferece este serviço à Igreja no Brasil, contribuindo para a vivência litúrgica do povo de Deus.

No dia 1º de março de 2025, foi eleita a nova diretoria para o triênio 2025–2028. Agradecemos com profundo reconhecimento à equipe que encerrou seu mandato pelo trabalho dedicado e frutuoso. À nova diretoria, desejamos um caminho iluminado pela missão de servir à liturgia com fidelidade, criatividade e espírito de comunhão.

Diretoria (2025–2028)

  • Coordenador: Arnaldo Temochko
  • Vice-Coordenador: Pe. Marlon Lopes
  • Secretária: Ir. Veronice Fernandes
  • Tesoureiro: Pe. Patrick Brandão
  • Vice-Tesoureira: Ir. Neideane Monteiro

Conselho Fiscal

  • Kátia Pezzin
  • Márcio Almeida
  • Romolo Picoli
  • Daniela Oliveira

37ª SEMANA NACIONAL DE LITURGIA

Um evento promovido pelo Centro de Liturgia Dom Clemente Isnard

A 37ª Semana Nacional de Liturgia é uma iniciativa do Centro de Liturgia Dom Clemente Isnard, que desde 1987 promove este importante espaço de formação e aprofundamento litúrgico. Em 2025, o evento terá como tema central:
“Ritos e preces para iniciar à vida cristã”,
refletindo sobre o processo de iniciação cristã à luz da liturgia, da catequese e da vivência comunitária.

📅 A Semana acontecerá de 27 a 30 de outubro de 2025 (segunda a quinta-feira),
📍 no Mosteiro de Itaici, em Indaiatuba/SP.

A Semana Nacional de Liturgia é um dos principais encontros de formação litúrgica no país, reunindo agentes de pastoral, liturgistas, catequistas e estudiosos da área. A proposta deste ano é aprofundar a relação entre liturgia e iniciação cristã, destacando a dimensão ritual como caminho para a transmissão da fé e a vivência do Mistério Pascal.

A programação se estenderá por quatro dias, de segunda a quinta-feira, com conferências, oficinas, celebrações e momentos de partilha inspirados no Ritual de Iniciação Cristã de Adultos (RICA).

As inscrições já estão abertas e podem ser feitas pelo link: https://forms.gle/JcbrnBW5VeokvD3FA

Mais informações: https://piasdiscipulas.org.br/37a-semana-de-liturgia/