RETIRO MENSAL DE MAIO: UM ROTEIRO PARA VIVÊNCIA, A PARTIR DOS TEXTOS DO 3º DOMINGO DA PÁSCOA

Antes de iniciar o retiro, cuide com carinho da ambientação: prepare uma mesa coberta com uma toalha, a Bíblia aberta (ou o Lecionário), uma vela acesa e cadeiras dispostas em círculo, garantindo que todas as pessoas tenham um lugar para se sentar. Esse ambiente favorece o encontro com o Senhor e entre os irmãos.

Refrão de Abertura:
Ressuscitou de verdade, aleluia, aleluia!
Cristo Jesus ressuscitou, aleluia, aleluia!

Invocação ao Espírito Santo

Abrimos nosso encontro invocando o Espírito Santo, pedindo que nos conduza na escuta da Palavra e nos ajude a reconhecer a presença do Ressuscitado entre nós.

Leituras Bíblicas do Retiro

  • Evangelho: João 21,1-19
  • 1ª Leitura: Atos dos Apóstolos 5,27b-32.40b-41
  • Salmo: Salmo 29
  • 2ª Leitura: Apocalipse 5,11-14

Reflexão sobre os Textos

Neste 3º Domingo da Páscoa, a liturgia nos convida a continuar celebrando o coração da nossa fé: a Ressurreição de Jesus. Somos chamados a refletir sobre como nossa vida e nossas comunidades podem testemunhar, de forma concreta, a salvação que Ele nos trouxe.

  • Na primeira leitura, vemos os apóstolos em Jerusalém proclamando, com coragem e alegria, a vida nova que brota da Ressurreição — mesmo diante das perseguições. A Boa Nova não pode ser silenciada.
  • Na segunda leitura, o “Cordeiro” vitorioso é aclamado por toda a criação. Este louvor universal é um convite para que também nós nos unamos a esse cântico de gratidão e reconhecimento pela salvação oferecida a todos.
  • O Evangelho nos mostra os discípulos retomando suas atividades cotidianas, mas já transformados pela presença do Ressuscitado. Ainda assim, é preciso o olhar da fé para reconhecer o Senhor — “É o Senhor!”, proclama João. Pedro, impulsionado por essa certeza, mergulha nas águas. A pesca abundante (153 peixes grandes, símbolo da universalidade da missão) revela a generosidade de Deus e a presença viva de Cristo entre eles.
    Jesus não precisa se identificar. Eles sabem que é Ele.

A morte de Jesus não foi um acidente. Foi o resultado de sua fidelidade a um projeto de amor que incomodava os poderosos. Mesmo sabendo que isso o levaria à cruz, Ele seguiu firme, revelando em tudo a verdade de Deus. Essa mesma mensagem continua, ainda hoje, sendo rejeitada por quem escolhe viver na mentira.

Como discípulos de Jesus, somos chamados a seguir seus passos com coragem, mesmo quando isso significar enfrentar incompreensões ou resistências. A pergunta que ecoa ao final da reflexão é desafiadora:
E nós, estamos dispostos a viver como Ele viveu?

Encerramento

Após o momento de oração pessoal e comunitária, partilhem os frutos da escuta e da meditação da Palavra. Em seguida, cantem ou recitem juntos o Salmo 29, rezem o Pai Nosso, e finalizem com uma oração espontânea e a bênção.

TERÇA-FEIRA SANTA: ACOMPANHAR JESUS NA LITURGIA

À medida que avançamos, a liturgia da Terça-feira Santa nos convida a mergulhar mais profundamente no mistério da entrega de Jesus. As leituras de hoje revelam, em harmonia, um drama de missão, confiança e traição — e nos chamam a acompanhar o Senhor com o coração atento e fiel.

Em Isaías 49,1-6, ouvimos o chamado do Servo de Deus, escolhido desde o seio materno para ser “luz para as nações”. Ele enfrenta o aparente fracasso de sua missão — “cantei inutilmente, gastei minhas forças sem resultado” —, mas encontra em Deus sua força e recompensa. Esta figura profética se cumpre plenamente em Jesus, que caminha rumo à cruz com fidelidade inabalável, mesmo diante da rejeição e do sofrimento. O texto nos recorda que a verdadeira medida do êxito não está no aplauso do mundo, mas na obediência ao chamado de Deus.

O Salmo 70(71) é a oração de quem confia profundamente, mesmo nas tribulações. “Em vós, Senhor, me refugio” — canta o salmista —, expressando a confiança de quem caminha com Deus desde a juventude. Assim como Jesus que, mesmo traído e abandonado, permanece unido ao Pai, também somos convidados a buscar refúgio em Deus nos momentos de dor, dúvida e solidão.

O Evangelho de João 13,21-33.36-38 nos insere diretamente no clima da Última Ceia. Jesus, profundamente comovido, anuncia a traição de um dos seus. Judas sai da mesa, e João nos diz: “Era noite.” Não apenas no céu, mas também no coração de quem escolhe o caminho da infidelidade. Pedro, por sua vez, promete seguir Jesus até a morte, mas Jesus o adverte: “Tu me negarás três vezes”. As palavras de Jesus não são condenatórias, mas reveladoras da fragilidade humana — e também da misericórdia divina que nunca nos abandona.

Neste dia, a liturgia nos ensina que acompanhar Jesus é mais do que seguir seus passos fisicamente: é partilhar de sua missão, sua entrega, sua fidelidade, mesmo quando tudo parece escuro. É reconhecer que, como Pedro, também podemos falhar, mas somos chamados a recomeçar, com a graça daquele que conhece nossas fraquezas e mesmo assim nos ama.

A Terça-feira Santa nos convida a silenciar, a estar com Jesus na intimidade da Ceia, a olhar para dentro de nós e perguntar: Sou luz ou estou escolhendo a noite? Tenho confiado em Deus ou nas minhas próprias forças? Acompanhar Jesus na liturgia é permitir que essas palavras penetrem o coração e moldem nossa vida.

A Noite como Símbolo da Escuridão Interior

Essa expressão — “Era noite”, presente em João 13,30 — é breve, mas carrega um profundo simbolismo espiritual. No contexto do Evangelho, ela descreve o momento em que Judas sai da Ceia para consumar a traição. Mas, além de indicar o tempo do dia, “noite” aqui tem uma dimensão teológica e espiritual densa, que fala diretamente ao coração dos cristãos.

Na espiritualidade cristã, a noite muitas vezes representa o distanciamento de Deus, a perda de sentido, a confusão, o pecado. Judas não apenas sai fisicamente da presença de Jesus — ele entra espiritualmente na escuridão de suas escolhas. É o momento em que ele fecha o coração à luz, e, ao fazer isso, mergulha na noite mais profunda: a da alma afastada do amor.

“Era noite” — não só do lado de fora, mas dentro dele.

O Caminho Espiritual e a Escolha pela Luz

Para os cristãos, essa frase é um alerta e um convite. Ela nos lembra que o seguimento de Cristo passa por decisões concretas. Toda vez que negamos a verdade, que nos deixamos levar por interesses egoístas, que traímos os valores do Evangelho, também escolhemos a noite. E muitas vezes, essa noite se apresenta de forma sutil: um silêncio conveniente, uma omissão, uma palavra que fere, uma atitude que esfria o amor.

Mas o Evangelho não termina na noite. Jesus, Luz do mundo, enfrenta a noite da traição, do abandono e da cruz, para que nós nunca mais tenhamos que permanecer nela. Ele caminha conosco dentro das nossas noites — e é isso que transforma a escuridão em possibilidade de conversão.

A Noite como Lugar de Escolha e Esperança

Espiritualmente, “era noite” pode ser também o lugar do recomeço. Foi na noite que Pedro prometeu fidelidade e fracassou — mas também foi perdoado. Foi na noite que os discípulos fugiram — mas depois voltaram. A noite pode ser o tempo do erro, mas também pode ser o início de um novo amanhecer, se escolhemos voltar à luz.

“Era noite” é, então, uma frase que provoca o nosso coração:

  • Onde tenho escolhido a escuridão?
  • Que áreas da minha vida precisam ser tocadas pela luz de Cristo?
  • Estou caminhando com Jesus ou saindo às escondidas como Judas?

Na espiritualidade cristã, esta frase nos chama a vigiar o coração, a reconhecer que todos nós somos frágeis como Judas ou Pedro — mas também profundamente amados e chamados à luz.

“Era noite”: quando a humanidade se afasta da Luz

Essa expressão — “Era noite” (Jo 13,30) — quando lida à luz da história da humanidade, ecoa como um diagnóstico doloroso, mas também como um chamado à esperança. Ela não é apenas uma constatação do tempo, mas uma afirmação do estado da alma. Judas sai da presença de Jesus, e a noite cai, como símbolo da escolha pela escuridão. E assim tem sido, tantas vezes, na história humana.

Cada vez que a humanidade escolhe a lógica da guerra em vez do diálogo, a exploração em vez do cuidado, o egoísmo em vez da fraternidade, ela repete esse mesmo gesto de Judas. Sai da Ceia, abandona o lugar da comunhão, do amor partilhado, e mergulha na noite.

A escuridão de conflitos armados, de desigualdades gritantes, de violências contra os mais vulneráveis, e da devastação da criação é, de fato, uma noite espiritual e existencial. É a noite provocada por corações que perderam o rumo da luz, que já não escutam o grito do outro, nem o clamor da terra.

“Era noite” — e ainda é, quando o lucro vale mais do que vidas, quando as bombas falam mais alto que as pontes, quando rios morrem e povos são silenciados.

Mas essa noite não é o fim

O Evangelho de João é profundamente simbólico, e sempre contrapõe luz e trevas. Mas nunca deixa a noite como última palavra. Porque a luz brilha nas trevas, e as trevas não a venceram (Jo 1,5). Mesmo quando a humanidade parece perdida, Deus continua oferecendo sua presença, sua Palavra, sua luz.

Jesus entra na noite, não foge dela. Ele a atravessa — traído, humilhado, crucificado — para redimir a escuridão do mundo com o brilho do amor radical. E esse é o convite para nós: ser pequenas luzes no meio dessa noite global.

Um apelo à consciência e à conversão coletiva

A frase “era noite” também é um espelho que incomoda. Ela nos pergunta:

  • Onde estamos escolhendo a noite como sociedade?
  • Por que ainda naturalizamos a violência, a miséria, a destruição da Terra?
  • Como podemos voltar à mesa da Ceia, onde o amor é servido, e a fraternidade é possível?

A resposta cristã não é o desespero, mas a vigilância ativa, a compaixão comprometida. Somos chamados a ser sentinelas da manhã, aqueles que, mesmo em meio à escuridão, mantêm acesa a chama da esperança.

BRILHE A LUZ DE CRISTO: A TRANSFIGURAÇÃO E O CAMINHO DA FÉ

No 2º Domingo da Quaresma, Ano C, a liturgia nos convida a contemplar a grandiosidade da fé e a transformação que Deus opera naqueles que O seguem. As leituras deste domingo nos guiam por um caminho de esperança e confirmação da promessa divina, culminando na visão gloriosa de Jesus transfigurado.

A Promessa e a Fidelidade de Deus
Na primeira leitura (Gn 15,5-12.17-18), Deus renova Sua aliança com Abraão, garantindo-lhe uma descendência numerosa como as estrelas do céu. Abraão acredita na promessa do Senhor, e essa fé lhe é imputada como justiça. Essa passagem nos ensina que confiar em Deus, mesmo quando as circunstâncias parecem impossíveis, é essencial para quem deseja caminhar com Ele.

O Senhor é Nossa Luz e Salvação
O Salmo 26(27) ecoa a segurança daqueles que depositam sua confiança no Senhor: “O Senhor é minha luz e minha salvação, a quem temerei?”. Essa oração expressa a esperança de quem se refugia em Deus, mesmo nas adversidades. Ele nos convida a buscar constantemente Seu rosto e a esperar com coragem em Sua fidelidade.

A Nossa Pátria Está no Céu
Na segunda leitura (Fl 3,17-4,1), São Paulo exorta os fiéis a manterem os olhos fixos no céu, pois nossa verdadeira pátria é celestial. Ele nos alerta sobre os perigos de viver segundo os valores mundanos, que se afastam da cruz de Cristo. Nosso chamado é para uma vida transformada, alinhada com a esperança da ressurreição e da glória em Cristo.

A Luz da Transfiguração
O Evangelho (Lc 9,28b-36) nos apresenta a Transfiguração de Jesus no monte. Pedro, Tiago e João testemunham a glória de Cristo, que aparece resplandecente entre Moisés e Elias. A voz do Pai ressoa do céu: “Este é o meu Filho, o Eleito. Escutai-o!”. Essa revelação não apenas fortalece a fé dos discípulos, mas também nos lembra que a cruz precede a glória. A Transfiguração é um convite a enxergar, na caminhada quaresmal, um caminho de luz que nos conduz à Páscoa.

Caminhando com Cristo
Neste tempo de conversão, a liturgia nos motiva a confiar nas promessas divinas, a buscar a verdadeira pátria e a nos deixar transformar pela luz de Cristo. Que esta Quaresma seja um período de escuta atenta ao Filho de Deus e de preparação para a alegria da ressurreição.

Que possamos subir o monte com Jesus, acolher Sua luz e permitir que ela brilhe em nossas vidas!


SUGESTÕES PARA OS CANTOS DESTA CELEBRAÇÃO

O site da Arquidiocese de Goiânia apresenta sugestões valiosas para os cantos da liturgia deste dia. Confira neste link: https://www.arquidiocesedegoiania.org.br/liturgia/cifras-partituras/celebracoes-dominicais/ano-c-2024-2025

Você vai encontrar a partitura, cifra e link do youtube para aprendizagem dos cantos.

A Obra Redentora de Deus: Acolhida, Gratidão e Louvor

Reflexão dos textos bíblicos de hoje, 28/01/2025: Marcos 3,22-30, Hebreus 9,15.24-28 e o Salmo 97(98):


Os três textos nos convidam a meditar sobre a grandiosidade da obra de Deus em Cristo e sobre nossa resposta à sua misericórdia. Eles falam da vitória do Senhor, do sacrifício redentor de Cristo e do perigo de resistir à ação do Espírito Santo.

Marcos 3,22-30: O pecado contra o Espírito Santo

Neste trecho do Evangelho, vemos a grave acusação dos escribas contra Jesus: afirmam que Ele expulsa demônios pelo poder de Belzebu. Jesus refuta essa acusação, mostrando a incoerência dessa lógica, e alerta para o perigo de cometer o pecado contra o Espírito Santo, que é a rejeição definitiva à graça divina. Este pecado é imperdoável, pois implica fechar o coração à ação de Deus, recusando o próprio meio pelo qual o perdão se manifesta.

Esse trecho nos desafia a refletir: estamos abertos à ação do Espírito Santo em nossa vida ou, de alguma forma, resistimos à graça de Deus por meio de nossos preconceitos, endurecimento de coração ou descrença?

Hebreus 9,15.24-28: O sacrifício único e eficaz de Cristo

O texto de Hebreus nos apresenta Cristo como o mediador da nova aliança. Ele se ofereceu uma vez por todas para expiar os pecados da humanidade. Sua obra é perfeita e definitiva, abolindo os sacrifícios repetitivos da antiga aliança. Cristo entrou no “Santuário celeste” para interceder por nós e, assim, nos oferecer a redenção eterna.

Aqui vemos a profundidade do amor de Deus: em Cristo, Ele tomou sobre si o peso de nossos pecados e abriu o caminho para a salvação. Esse sacrifício exige de nós uma resposta de fé e gratidão, reconhecendo que, em Jesus, Deus nos oferece tudo o que precisamos para a vida eterna.

Salmo 97(98): Aclamai o Senhor, pois Ele fez maravilhas

O Salmo é um cântico de louvor pela salvação e justiça de Deus. Ele celebra as “maravilhas” que o Senhor realizou e convida toda a terra a aclamar sua bondade. Esse louvor ressoa com os outros textos, pois reconhece que Deus é o autor da vitória contra o pecado e a morte.

O Salmo nos ensina que, diante da obra redentora de Deus, a única resposta adequada é o louvor e a alegria. Ele nos convida a celebrar, de coração aberto, as maravilhas que Deus opera em nossa história, assim como nos é apresentado em Cristo.


Reflexão Final

Os três textos nos conduzem a uma visão integral da ação de Deus:

  1. Em Marcos, somos alertados contra o perigo de rejeitar a graça de Deus, representada na ação do Espírito Santo.
  2. Em Hebreus, contemplamos a profundidade dessa graça, manifestada no sacrifício único de Cristo.
  3. No Salmo, somos convidados a responder com louvor e gratidão por essa obra grandiosa.

Nossa vida cristã deve ser marcada por essa tríade: abertura ao Espírito Santo, acolhida do sacrifício de Cristo e louvor constante por suas maravilhas. Assim, permanecemos unidos ao plano de Deus, vivendo a redenção que nos foi oferecida com gratidão e confiança.


Essa reflexão nos convida a um exame de consciência: como tenho respondido ao chamado do Espírito Santo? Estou aberto à ação de Deus em minha vida? E, sobretudo, tenho acolhido o sacrifício de Cristo com um coração agradecido e uma vida de louvor?