No dia 26 de abril de 2025, atendendo ao chamado para participar do sepultamento do Papa Francisco de forma simbólica e significativa, nós, Pias Discípulas do Divino Mestre, unimo-nos a tantas outras comunidades ao redor do mundo em oração e ação concreta.
Em comunhão com esse momento histórico e espiritual, algumas de nossas comunidades realizaram o plantio de árvores como sinal de vida, esperança e continuidade da missão. Em Cabreúva, as Irmãs e o núcleo dos Cooperadores Paulinos, Amigos do Divino Mestre, de Osasco e Cabreúva, reuniram-se em um momento orante, embalado pela oração de São Francisco, e plantaram um resedá branco no jardim, como gesto de fé e memória.
Já em Olinda, onde o espaço é mais restrito, as irmãs escolheram um Cróton (Codiaeum variegatum) – um arbusto de folhas vibrantes em tons de vermelho, laranja, amarelo e verde. Resistente e cheio de cor, ele foi plantado com carinho como símbolo da diversidade, beleza e força da criação, tão amada e valorizada pelo Papa Francisco.
Agradecemos a Deus pela vida e pelo testemunho do Papa Francisco. Que ele interceda por nós e continue a inspirar nossa caminhada com seu legado de simplicidade, cuidado com os pobres e amor à criação.
Por Secretariado para a Espiritualidade do Governo Geral, 27/04/2025
27 de abril de 2025 – Segundo Domingo da Páscoa | Domingo da Divina Misericórdia
Tiago Alberione: Apóstolo dos Tempos Novos, “Farol” de Esperança
Neste Segundo Domingo da Páscoa (27/04/2025), em que a Igreja celebra a Divina Misericórdia, a Família Paulina se une em ação de graças pelo 22º aniversário da beatificação do seu Fundador: o Beato Tiago Alberione. Um momento de renovação espiritual, memória viva e oração pela sua canonização.
Comemoramos a vida de um verdadeiro “apóstolo dos tempos novos”, que buscou incessantemente dar a conhecer Jesus Cristo – Caminho, Verdade e Vida – com os meios de comunicação do seu tempo. Inspirado por São Paulo Apóstolo, Alberione fundou a Família Paulina com a missão de evangelizar o mundo moderno através da imprensa, rádio, cinema e, hoje, também pela internet.
MENSAGEM ESPIRITUAL
“Louvai ao Senhor porque Ele é bom, porque a sua misericórdia dura para sempre” (Sl 117,1). Neste clima pascal, nos unimos em oração pelo dom da canonização do Beato Alberione, cuja missão continua a inspirar gerações de religiosos e leigos comprometidos com a comunicação do Evangelho. Abaixo, um trecho da homilia de São João Paulo II feita no dia 27 de abril de 2003, dia da sua canonização (o texto integral da homilia, em várias línguas, se encontra neste link):
“O Bem-aventurado Tiago Alberione sentiu a necessidade de dar a conhecer Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida, ‘aos homens do nosso tempo com os meios do nosso tempo’ – como gostava de dizer – e inspirou-se no apóstolo Paulo, a quem chamou ‘teólogo e artífice da Igreja’, permanecendo sempre dócil e fiel ao Magistério do Sucessor de Pedro, ‘farol’ de verdade em um mundo muitas vezes desprovido de sólidas referências ideais. ‘Que haja um grupo de santos para usar esses meios’, repetia este apóstolo dos novos tempos.Que legado formidável ele deixa para sua família religiosa! Que seus filhos e filhas espirituais mantenham inalterado o espírito de suas origens, a fim de responder adequadamente às exigências da evangelização no mundo de hoje“. Papa João Paulo II
ORAÇÃO PELA CANONIZAÇÃO DO BEATO TIAGO ALBERIONE
Trindade Santíssima, que quisestes reavivar na Igreja o carisma apostólico de São Paulo, revelando-se à luz da Eucaristia ao Beato Tiago Alberione, fazei com que a presença de Cristo Mestre, Caminho, Verdade e Vida, se irradie em todo o mundo por Maria, Rainha dos Apóstolos. […] Glória ao Pai…
UM ENCONTRO DE GERAÇÕES: BEATO TIAGO ALBERIONE E CARLO ACUTIS
No mesmo dia em que se celebraria a canonização de Carlo Acutis — adiada devido ao falecimento do Papa Francisco — recordamos as convergências e as singularidades de duas figuras que marcam profundamente a espiritualidade contemporânea da Igreja.
Convergências
Ambos apaixonados pela Eucaristia e por Nossa Senhora.
Evangelizadores incansáveis em seus contextos históricos.
Pioneiros no uso dos meios modernos para a missão cristã.
Inspiração contínua para jovens, religiosos e comunicadores.
Divergências Complementares
Aspecto
Beato Tiago Alberione
Carlo Acutis
Época e contexto
Século XX, Itália rural
Século XXI, juventude urbana e digital
Vocação
Sacerdote e fundador de congregações
Leigo, jovem, com vida curta porém intensa
Missão
Fundou a Família Paulina para evangelizar com os meios de comunicação
Criador da exposição digital dos Milagres Eucarísticos
Morte
Aos 87 anos, em Roma, após longa missão
Aos 15 anos, por leucemia, oferecendo sua dor pelo Papa e pela Igreja
Beatificação
2003, por São João Paulo II
2020, por Papa Francisco
LEGADO VIVO
Padre Tiago Alberione e Carlo Acutis representam dois polos de uma mesma corrente: a santidade vivida na contemporaneidade. Um sacerdote inovador e um jovem genial. Um fundou uma família religiosa; o outro transformou sua curta vida em um testemunho profundo da presença viva de Jesus na Eucaristia.
Ambos nos ensinam que a missão evangelizadora continua — nos templos, nas ruas, na mídia e na internet — onde Cristo precisa ser anunciado.
Em um mundo marcado por polarizações, desigualdades e indiferença crescente, a encíclica Fratelli Tutti, publicada por Papa Francisco em 2020, propõe uma resposta radicalmente ética: a fraternidade universal e a amizade social como fundamentos de um novo pacto civilizatório. Longe de ser um apelo utópico ou ingênuo, a proposta do pontífice configura-se como uma crítica contundente aos sistemas econômicos, políticos e culturais que alimentam o descarte humano, o individualismo e o medo. Este ensaio argumenta que a Fratelli Tutti é um texto contracultural, que reivindica o amor ao próximo como critério político e existencial, convocando indivíduos e nações a refundarem suas relações sobre a base da dignidade compartilhada.
O primeiro aspecto que marca a encíclica é sua análise aguda da realidade contemporânea. O Papa denuncia uma globalização que separa as pessoas, embora conecte as economias: “A sociedade cada vez mais globalizada torna-nos vizinhos, mas não nos faz irmãos” (n. 12). Essa frase sintetiza a crítica de Francisco ao modelo de desenvolvimento centrado no lucro, que esvazia o sentido de comunidade. O crescimento das desigualdades e dos nacionalismos, segundo ele, reflete uma regressão ética e política: “Ressurgem nacionalismos fechados, exacerbados, ressentidos e agressivos” (n. 11). O Papa identifica ainda o enfraquecimento da política, dominada pelo marketing e pela destruição do adversário, e lamenta que “a política deixou de ser um debate saudável […] para o desenvolvimento de todos” (n. 15).
Diante desse cenário, Francisco propõe a fraternidade como alternativa à lógica do medo, do consumo e da exclusão. A inspiração vem de São Francisco de Assis, cujo amor “ultrapassa as barreiras da geografia e do espaço” (n. 1). A fraternidade, tal como proposta, não é um sentimento abstrato, mas um imperativo ético-político que deve orientar estruturas sociais e decisões de Estado. Um exemplo claro está no apelo ao acolhimento dos migrantes: “Os migrantes não são considerados suficientemente dignos de participar na vida social como os outros” (n. 39). A crítica atinge tanto o fechamento dos países ricos quanto a indiferença que transforma seres humanos em “objetos descartáveis” (n. 18).
A parábola do Bom Samaritano, centro simbólico da encíclica, serve como chave interpretativa para toda a reflexão. Diante do homem ferido à beira do caminho, apenas o samaritano – estrangeiro e marginalizado – oferece ajuda concreta. O Papa pergunta: “Com quem te identificas?” (n. 64), conduzindo o leitor a uma escolha inescapável. O amor ao próximo, argumenta, não é um mandamento restrito à fé, mas um fundamento antropológico: “Viver indiferente à dor não é uma opção possível” (n. 68). A crítica não poupa sequer os religiosos que “passam ao largo” (n. 73), alertando que a fé sem compaixão é estéril.
Outro ponto forte da Fratelli Tutti é sua crítica à cultura digital e à falsa comunicação. Francisco observa que “as relações digitais […] não constroem verdadeiramente um ‘nós’” (n. 43), alertando para os perigos da polarização, da desinformação e da perda da escuta. Para ele, a comunicação digital criou “formas insólitas de agressividade” (n. 44) e facilitou “mecanismos de manipulação das consciências e do processo democrático” (n. 45). Isso compromete a possibilidade de diálogo autêntico, essencial para a construção da paz e da justiça.
A encíclica também se destaca por recusar a neutralidade. Ao afirmar que “todos temos uma responsabilidade pelo ferido que é o nosso povo e todos os povos da terra” (n. 79), Francisco assume uma posição profética: a de que não há ética sem engajamento. Ele insiste que “ninguém se salva sozinho” (n. 32) e que só é possível reconstruir o tecido social a partir de um “nós” solidário, que reconheça a dignidade de todos.
Em conclusão, Fratelli Tutti é mais que um documento da Igreja: é um chamado à resistência ética. Contra a lógica do lucro, do descarte e da indiferença, o Papa propõe a fraternidade como critério para reorganizar nossas sociedades. O amor ao próximo, longe de ser um princípio religioso exclusivo, torna-se o alicerce de um novo humanismo, capaz de reorientar a política, a economia e a cultura. A fraternidade que Francisco propõe não é um adorno moral, mas uma urgência histórica.
Jorge Mario Bergoglio, mais conhecido como Papa Francisco, nasceu em 17 de dezembro de 1936, em Buenos Aires, Argentina. Filho de imigrantes italianos, cresceu em um ambiente modesto e desde cedo demonstrou interesse pela religião e pelo serviço à comunidade. Em 1958, ingressou na Companhia de Jesus, tornando-se jesuíta. Foi ordenado sacerdote em 1969 e, ao longo dos anos, desempenhou diversas funções na Igreja Católica, incluindo a de arcebispo de Buenos Aires e cardeal. Em 13 de março de 2013, foi eleito o 266º Papa da Igreja Católica, tornando-se o primeiro pontífice latino-americano e o primeiro jesuíta a ocupar o cargo.
Desde o início de seu pontificado, Francisco tem se destacado por seu carisma, simplicidade e forte compromisso com a justiça social. Ele tem abordado questões fundamentais como a pobreza, a ecologia, os direitos humanos e a reforma da própria Igreja. Seu estilo pastoral próximo do povo e seu desejo de diálogo com diferentes culturas e religiões o tornaram uma figura influente e respeitada no cenário global.
AS CARTAS E ENCÍCLICAS DO PAPA FRANCISCO
Ao longo de seu pontificado, o Papa Francisco escreveu diversas cartas e encíclicas que refletem sua visão de mundo e os desafios que a humanidade enfrenta. Seus textos são amplamente lidos e discutidos tanto dentro quanto fora da Igreja, pois oferecem reflexões profundas sobre temas sociais, espirituais e ambientais.
EVANGELII GAUDIUM (A ALEGRIA DO EVANGELHO) – 2013
Publicada poucos meses após sua eleição, esta exortação apostólica trata da missão da Igreja no mundo moderno. Francisco incentiva os fiéis a saírem de suas zonas de conforto e a evangelizarem com alegria e misericórdia. Ele critica o consumismo desenfreado, a exclusão social e a desigualdade econômica, destacando a necessidade de uma Igreja mais próxima dos pobres e marginalizados.
Uma das encíclicas mais impactantes do Papa Francisco, “Laudato Si’” trata da ecologia e do cuidado com a Casa Comum, o planeta Terra. O pontífice alerta para os danos ambientais causados pela atividade humana e pela exploração irresponsável dos recursos naturais. Ele destaca a interconexão entre os problemas ambientais e sociais, chamando líderes e cidadãos do mundo inteiro à responsabilidade ecológica e à busca por um modelo de desenvolvimento sustentável.
Essa exortação apostólica trata do amor na família e do matrimônio. Baseada nos debates realizados durante os sínodos sobre a família, o documento enfatiza a importância da compreensão, da misericórdia e do acolhimento dentro das comunidades cristãs. Francisco também aborda questões como o divórcio, a educação dos filhos e os desafios enfrentados pelas famílias contemporâneas.
GAUDETE ET EXSULTATE (ALEGRAI-VOS E EXULTAI) – 2018
Este documento trata do chamado universal à santidade no mundo atual. O Papa explica que a santidade não é um privilégio de poucos, mas um chamado acessível a todos, independentemente da vocação ou estado de vida. Ele alerta contra o perigo do individualismo e do consumismo, ressaltando a necessidade de uma vida de serviço e de amor ao próximo.
Publicada em meio à pandemia de COVID-19, “Fratelli Tutti” aborda a fraternidade e a amizade social. Francisco critica a cultura do descarte, o aumento das desigualdades e o fechamento de fronteiras entre os povos. Ele propõe um modelo de sociedade baseado na solidariedade, na inclusão e no diálogo inter-religioso.
CARTA APOSTÓLICA PATRIS CORDE (COM CORAÇÃO DE PAI) – 2020
Dedicada a São José, essa carta apostólica destaca a importância desse santo como modelo de pai, trabalhador e homem justo. Francisco ressalta a humildade e o serviço de São José, convidando os cristãos a aprenderem com sua discrição e confiança em Deus.
A mais recente encíclica do Papa Francisco, “Dilexit Nos”, publicada em 2024, aborda o amor redentor de Cristo e sua importância na vida cristã. O Papa destaca a centralidade do amor na missão da Igreja e a necessidade de testemunhar esse amor no mundo contemporâneo. Ele enfatiza o perdão, a reconciliação e a caridade como elementos fundamentais para a construção de uma sociedade mais fraterna e pacífica. “Dilexit Nos” convida os fiéis a refletirem sobre o significado do amor de Deus e sua manifestação nas relações humanas.
As cartas e encíclicas do Papa Francisco têm um impacto profundo tanto dentro da Igreja quanto na sociedade em geral. Seus escritos são direcionados não apenas aos católicos, mas a todas as pessoas de boa vontade. Seu estilo acessível e suas reflexões baseadas na realidade contemporânea tornam seus textos fontes de inspiração para líderes políticos, ambientalistas, teólogos e fiéis em todo o mundo.
Francisco busca sempre aproximar a Igreja das pessoas, promovendo um diálogo aberto e acolhedor. Ele desafia as estruturas de poder e propõe uma visão de mundo mais humana e solidária. Sua preocupação com os marginalizados, os pobres e o meio ambiente reflete um compromisso genuíno com a justiça e a paz.
Além de suas encíclicas e exortações apostólicas, o Papa também escreve cartas e mensagens para diferentes ocasiões, como eventos internacionais, congressos religiosos e crises humanitárias. Seus escritos são frequentemente citados em debates sobre políticas públicas, economia e direitos humanos.
O Papa Francisco, desde o início de seu pontificado, tem demonstrado um compromisso inabalável com os valores do Evangelho e com a transformação do mundo em um lugar mais justo e fraterno. Suas cartas e encíclicas são documentos fundamentais para compreender sua visão pastoral e seus esforços em enfrentar os desafios do século XXI.
Seja ao abordar a necessidade de uma Igreja mais missionária, a importância do cuidado com o meio ambiente ou a urgência da fraternidade entre os povos, suas palavras ecoam como um chamado à reflexão e à ação. Em um mundo marcado por divisões e crises, as mensagens do Papa Francisco continuam a inspirar milhões de pessoas na busca por um futuro mais humano e solidário.
A 37ª Semana de Liturgia, promovida pelo Centro de Liturgia Dom Clemente Isnard, escolheu como tema central “Ritos e preces para iniciar à vida cristã”, reconhecendo que a iniciação à vida cristã é um processo profundamente litúrgico, catequético e comunitário. Mais do que uma transmissão de conteúdos doutrinários, trata-se de uma experiência progressiva de imersão no Mistério Pascal de Cristo, vivida de forma simbólica, orante e celebrativa, conforme propõe o Ritual de Iniciação Cristã de Adultos (RICA), n. 8.
Inspirada na Constituição Sacrosanctum Concilium, que afirma que o Povo de Deus deve participar da ação sagrada “por meio dos ritos e das orações” (SC 48), a Semana propõe um aprofundamento na compreensão da liturgia como lugar teológico e caminho de transmissão da fé. A experiência ritual não é apenas expressão do mistério, masfonte de sua compreensão, apontando o rito como linguagem constitutiva da fé cristã.
Assim, a Liturgia, encharcada da Palavra de Deus, é uma das fontes centrais da Catequese. A Liturgia na Catequese é expressão máxima da inspiração catecumenal, fruto da recepção do Concílio Vaticano II, o qual solicitava “restaurar o catecumenato” (SC 64). Os Bispos no Brasil em seus documentos valorizam a relação fecunda entre Liturgia e Catequese, e convidam a reatar a parceria e a união entre elas que, ao longo dos séculos, ficaram comprometidas (cf. Doc. 107, n. 74); reafirmando a centralidade da celebração no itinerário formativo dos discípulos missionários.
A programação da Semana de Liturgia foi cuidadosamente desenhada para contemplar, em cada dia, os diversos tempos e graus do processo de iniciação à vida cristã à luz do RICA, articulando os quatro tempos (pré-catecumenato, catecumenato, purificação e iluminação, e mistagogia) e as três etapas que vão configurando os sujeitos a Cristo, promovendo tanto a fundamentação teológico-litúrgica como as vivências e as práticas celebrativas, que envolvem a ação ritual, o canto e o espaço sagrado. Assim, a formação proposta vai além da teoria, privilegiando a experiência mistagógica que une corpo, tempo, espaço, afetos, emoção e razão na apreensão do mistério pascal.
Por fim, refletir e qualificar os ritos e preces que iniciam à vida cristã é mais do que um exercício acadêmico: é um compromisso com a renovação pastoral da Igreja, em chave de inspiração catecumenal e missionária, em sintonia com as orientações do Concílio Vaticano II e da Igreja no Brasil.
A Semana de Liturgia deseja, portanto, com a presença de membros das equipes de liturgia e catequistas, recolocar a Liturgia no centro do processo evangelizador, favorecendo uma iniciação que seja, de fato, mistagógica e querigmática.
I. DATA:
27 a 30 de outubrode 2025 (de segunda a quinta-feira).
Check-In: 27/10/2025 (a partir das 09h) – com almoço. Check-Out: 30/10/2025 (16h) – com cafezinho.
Início da programação da 37ª Semana de Liturgia: as 10h45 do dia 27/10.
Término: 16h do dia 30/10.
* Tendo em vista a metodologia da Semana de Liturgia compreende-se que a participação em tempo integral é indispensável.
**esse ano, devido à disponibilidade da casa de encontros, a Semana será de segunda de manhã até quinta à tarde.
II. INSCRIÇÃO
(PAGAR PARA O CENTRO DE LITURGIA DOM CLEMENTE ISNARD)
Investimento: 420,00 (quatrocentos e vinte reais).
Forma de pagamento:
PIX: Chave 20.043.273/0001-20 (CNPJ): Centro de Liturgia Dom Clemente Isnard.
Ou:
Depósito/Transferência: Banco Bradesco (237), Agência 0478-2, Conta Corrente 0235-6.
Enviar o comprovante de pagamento com os devidos nomes do/a inscrito/a ou dos/as inscritos/as, com CPF, para o e-mail e com o nome da Instituição (Razão Social), com o devido CNPJ para a emissão da nota fiscal: semanadeliturgia@gmail.com
OBS: A inscrição só será confirmada totalmente com os pagamentos das taxas da Inscrição e da Hospedagem. Pagamentos não realizados até o dia 20/10/2025, as inscrições serão canceladas.
(PAGAR PARA O MOSTEIRO DE ITAICI – LOCAL ONDE ACONTECERÁ A 37ª SEMANA DE LITURGIA)
VALORES:
Diária Pensão Completa e Pernoite:com roupa de cama e banho.
Diária (Quarto Individual – somente 30 unidades): R$350,00 (R$350,00 x 4 dias) = R$1.400,00 / por pessoa. (Após preenchimento das 30 vagas somente quartos duplos ou triplos).
Diária (Quarto Duplo): R$315,00 (R$315,00 x 4 dias) = R$1.260,00 / por pessoa.
Diária (Quarto Triplo): R$284,00 (R$284,00 x 4 dias) = R$1.136,00 / por pessoa.
❖ * Check-In: 27/10/2025 (a partir das 09h) – com almoço (não será permitido chegar antes). ❖ Check-Out: 30/10/2025 (16h) – com cafezinho.
* Para a emissão das Notas fiscais é necessário preencher todos os dados no Formulário da Inscrição:
(Razão Social, CNPJ, endereço completo / Nome Completo, CPF e endereço completo); Tipo de acomodação (individual, duplo ou triplo) … sendo quarto partilhado (nome das pessoas que irão no mesmo quarto).
A Nota Fiscal será emitida em nome do pagador; pagamento de mais de um inscrito, deve ser informado a quem se refere o pagamento;
O Mosteiro de Itaici não recebe o pagamento da hospedagem antes e após as datas estipuladas abaixo;
A confirmação da hospedagem será realizada mediante o envio do comprovante de pagamento, por e-mail (financeiro@itaici.org.br).
ATENÇAO PARA AS DATAS DE PAGAMENTOS DA HOSPEDAGEM:
O Mosteiro de Itaici só receberá o pagamento da hospedagem no período de 27/09 a 20/10/2025.
FORMA DE PAGAMENTO:
Via PIX: 33544370003598
Ou:
Transferência Bancária: Banco Itaú, Agência 6260, Conta Corrente 01573-7 (Associação Nóbrega de Educação e Assistência Social) – CNPJ 33.544.370/0035-98 Ou:
Depósito Bancário: Banco Itaú, Agência 6260, Conta Corrente 01573-7 (Associação Nóbrega de Educação e Assistência Social) – CNPJ 33.544.370/0035-98
DESISTÊNCIA APÓS PAGAMENTO:
Desistência / Cancelamentos: serão aceitos até o dia 20/10/2025, após essa data será cobrado o percentual de 30% do valor total já pago referente a taxa de Inscrição e da Hospedagem.
ESTRUTURA DA CASA:
Recepção (das 07h às 23h); Wi-fi; Estacionamento Privativo.
ACOMODAÇÕES:
Quarto individual com uma cama de solteiro.
Quarto duplo com duas camas de solteiro.
Quarto triplo com três camas de solteiro
1 quarto quádruplo
Estão dispostos dentro do quarto: Por cama 02 lençóis, 01 travesseiro, 01 cobertor, 01 toalha de banho e 01 toalha de rosto
* Restrição Alimentar: os pedidos de restrição alimentar serão analisados e, se possível, atendidos.
COMO CHEGAR AO LOCAL DA 37ª SEMANA DE LITURGIA:
Aeroporto Internacional Viracopos – Campinas: é o aeroporto mais próximo do Mosteiro de Itaici. Segundo informações obtidas através do Google Maps o trajeto é de 17,3km, 22 min (aprox) de carro. Segundo informações da casa de encontros o mais comum é fazer este trajeto por meio de táxi e/ou aplicativos de mobilidade urbana (Uber, 99pop, etc).
Campinas-Indaiatuba: transitar pela Rod. SP-75 até chegar a Saída 57-C e Sorocaba-Indaiatuba, Saída 55A, saindo na Av. Cel. Antonio Estanislau do Amaral / Estr. Municipal Indaiatuba-Itupeva / Rod. José Boldrini. Manter-se nesse percurso até passar a ponte do Rio Jundiaí. A entrada fica à direita em frente a E.E. Joaquim Pedroso de Alvarenga.
São Paulo-Indaiatuba: transitar pela Rod. dos Bandeirantes até a Saída 88. Fazer o contorno no pontilhão entrando para a Rod. SP-75. Manter-se no percurso até encontrar a Saída 57-C, saindo na Av. Cel. Antonio Estanislau do Amaral / Estr. Municipal Indaiatuba Itupeva / Rod. José Boldrini. Manter-se nesse percurso até passar a ponte do Rio Jundiaí. A entrada fica à direita em frente a E.E. Joaquim Pedroso de Alvarenga.
Sorocaba e região: seguir pela Rod. Sen. José E. de Moraes até chegar a Rod. Dep. Archimedes Lammoglia, manter-se no percurso até encontrar a Rod. Pref. Hélio Steffen. Siga nessa rota até encontrar a Rod. Eng. Ermênio de Oliveira Penteado, mantenha-se nesse percurso até encontrar à sua direita a Saída 55A, saindo na Av. Cel. Antonio Estanislau do Amaral / Estr. Municipal Indaiatuba-Itupeva / Rod. José Boldrini. Manter-se nesse percurso até passar a ponte do Rio Jundiaí. A entrada fica à direita em frente a E.E. Joaquim Pedroso de Alvarenga.
Rio de Janeiro-Indaiatuba: acesso pela Rod. Dom Pedro I, até a rotatória que leva a Rod. Anhanguera, seguir até encontrar a Rod. Alberto Panzan. Continuar em frente até a Rod. Bandeirantes, seguindo até chegar a Rod. SP-75.
Ônibus (VB Transportes) – Informações pelo telefone (19) 3875-2342 ou pelo site www.vbtransportes.com.br. VB Transportes mantém horários diários de Campinas-Indaiatuba e São PauloIndaiatuba. De Indaiatuba ao bairro Itaici é preciso tomar táxi ou ônibus circular. O circular da Viação Guaianazes (Linhas: Engenho, Terras de Itaici ou Vale das Laranjeiras) passa no portão de entrada do Mosteiro de Itaici, sendo necessário andar 1,2Km até a recepção da casa.
OUTRAS INFORMAÇÕES
TRAZER O RITUAL DE INICIAÇÃO CRISTÃ DE ADULTOS (será usado por cada participante durante a semana).
Trazer Bíblia.
Trazer o Ofício Divino das Comunidades.
Trazer comidas e bebidas típicas da sua região para a confraternização.
Outras dúvidas e informações escreva para o e-mail: semanadeliturgia@gmail.com ou pelo (WhatsApp): semana de liturgia (11) 95206-3482 (Ir. Veronice Fernandes).
O Papa Francisco, líder da Igreja Católica desde 2013, faleceu nesta segunda-feira, 21 de abril de 2025, aos 88 anos, no Vaticano. A notícia foi confirmada oficialmente pela Santa Sé.
Sua Eminência o Cardeal Kevin Farrell, prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, anunciou publicamente o falecimento com as seguintes palavras:
“Queridos amigos, é com profunda tristeza que devo anunciar a morte de nosso Santo Padre Francisco. Esta manhã do dia 21 de abril de 2025, às 7h35, horário de Brasília, Francisco retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada a servir ao Senhor e à sua Igreja. Ele me ensinou a viver os valores do Evangelho com zelo, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e desfavorecidos. Com imensa gratidão por esse exemplo de um verdadeiro discípulo do Senhor Jesus. Entregamos a alma do Papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Trino.”
Francisco, nascido Jorge Mario Bergoglio em Buenos Aires, Argentina, foi o primeiro Papa latino-americano e o primeiro jesuíta a assumir o papado. Seu pontificado ficou marcado por uma forte ênfase na misericórdia, no cuidado com os pobres, na justiça social, no diálogo inter-religioso e na responsabilidade ecológica.
Desde sua eleição em 13 de março de 2013, o Papa Francisco conquistou a atenção mundial com um estilo pastoral próximo das pessoas, palavras simples e diretas, e gestos simbólicos que expressavam humildade e compromisso com os mais vulneráveis.
Cronologia de um pontificado marcante
13 de março de 2013 – Eleito Papa, após a renúncia de Bento XVI. Escolhe o nome “Francisco”, inspirado em São Francisco de Assis.
24 de novembro de 2013 – Publica Evangelii Gaudium, exortação apostólica sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual.
2015 – Publica Laudato Si’, encíclica sobre o cuidado da casa comum, com forte impacto global.
2016 – Proclama o Ano Santo da Misericórdia e publica Amoris Laetitia, documento sobre a família.
2019 – Visita os Emirados Árabes Unidos, sendo o primeiro Papa a visitar a Península Arábica. Assina o “Documento sobre a Fraternidade Humana”.
2020 – Durante a pandemia da COVID-19, realiza uma oração histórica e solitária na Praça São Pedro vazia, pedindo pelo mundo.
2020 – Publica Fratelli Tutti, encíclica sobre a fraternidade e a amizade social.
2021 – Realiza viagem ao Iraque, promovendo diálogo e reconciliação em meio a tensões religiosas.
2023 – Conduz a fase universal do Sínodo sobre a Sinodalidade, convocando a Igreja a escutar mais profundamente o Povo de Deus.
21 de abril de 2025 – Morre no Vaticano, após anos de intenso serviço pastoral.
O corpo do Papa Francisco será velado na Basílica de São Pedro, onde fiéis do mundo todo poderão prestar suas últimas homenagens. O funeral será celebrado conforme as normas estabelecidas para um Papa reinante. Conforme informações do Vatican News, a trasladação do corpo do Santo Padre para a Basílica Vaticana, para a homenagem de todos os fiéis, poderá ocorrer na manhã de quarta-feira, 23 de abril de 2025, segundo as modalidades que serão definidas e comunicadas amanhã.
Líderes religiosos e autoridades civis de diversas partes do mundo manifestaram pesar pela morte do pontífice e reconheceram seu legado como uma voz profética em tempos de desafios globais.
Aqui no Brasil, na Catedral da Sé, ao meio-dia do dia de hoje, 21 de abril de 2025, será presidida uma Celebração Eucarística em sufrágio pela morte do Papa Francisco.
Nota de Pesar pelo Falecimento do Papa Francisco
“Nós o vimos!” (cf. Mt 28,10)
As Pias Discípulas do Divino Mestre, unidas em oração com toda a Igreja, expressam profundo pesar pelo falecimento do Santo Padre, o Papa Francisco, e rendem graças a Deus por sua vida doada com generosidade e ternura ao serviço do Evangelho.
Agradecemos ao Senhor pelo dom precioso da vida e do ministério deste humilde servo do Evangelho, que, com coragem profética, ternura pastoral e amor incondicional pelos pobres e sofredores, conduziu o rebanho de Deus nos caminhos da misericórdia, da justiça e da paz. Sua palavra firme e ao mesmo tempo paterna iluminou os corações e apontou, com o exemplo, para a centralidade de Cristo, o Divino Mestre, Caminho, Verdade e Vida.
Como Discípulas do Divino Mestre, reconhecemos no Papa Francisco um sinal luminoso da presença do Ressuscitado em meio às dores e esperanças do nosso tempo. Inspiradas por sua entrega, seu testemunho evangélico e seu constante apelo à oração, à fraternidade e à adoração, elevamos ao Senhor nossas preces em sufrágio.
À luz do Evangelho proclamado nesta Segunda-feira da Oitava da Páscoa (Mt 28,8-15), contemplamos as mulheres que, com temor e alegria, correm a anunciar a Ressurreição. Nelas, vemos o reflexo da missão que marcou o pontificado de Francisco: anunciar com coragem, sem ceder ao medo nem ao silêncio, que Cristo vive e caminha conosco.
Como as mulheres no caminho, também ele se encontrou com o Ressuscitado e O anunciou ao mundo com palavras de misericórdia, com gestos de compaixão e com uma vida marcada pela simplicidade e pelo serviço. Num tempo marcado por vozes de confusão e fechamento, sua palavra foi sinal profético da presença viva de Deus entre os pequenos e os esquecidos.
Na esperança pascal que sustenta nossa fé, elevamos nossas orações em sufrágio e confiamos que o Senhor Ressuscitado, a quem ele amou e seguiu com fidelidade, o acolha no Reino preparado desde toda a eternidade.
Como Discípulas do Divino Mestre, continuaremos a viver e a anunciar, como ele nos ensinou, a beleza do encontro com Jesus vivo na Eucaristia, na Palavra, na Liturgia e no rosto dos irmãos.
“Não tenhais medo. Ide anunciar a meus irmãos que se dirijam para a Galileia. Lá eles me verão.” (Mt 28,10)
Domingo da Páscoa na Ressurreição, “máxima solenidade do ano litúrgico” (PSL, 148). A primeira celebração deste domingo maior é a Vigília Pascal na noite santa, noite em que Jesus rompeu o inferno, noite testemunha da ressurreição (cf. Proclamação da Páscoa), Mãe de todas as Vigíliasda Igreja. Nesta noite, os catecúmenos são batizados e crismados, tomam parte nas preces e levam os dons do pão e do vinho até o altar; participam, pela primeira vez, da Oração Eucarística, da recitação da Oração do Senhor e da Mesa do Pão da Vida e do Cálice da Salvação, ápice da iniciação cristã. Nesta noite, os fiéis renovam as promessas batismais, reafirmando a inserção no mistério do crucificado-ressuscitado por meio do Batismo e da Confirmação (cf. PCFP 80). O dia da Ressurreição, celebrado com grande solenidade (PS 97), testemunhamos que o Senhor ressurgiu, como Maria Madalena, Pedro, João e os demais discípulos e discípulas. Eis o dia que o Senhor fez para nós. A celebração começa na Vigília Pascal, na noite do Sábado Santo. O fogo novo é aceso, a luz do Círio Pascal rompe a escuridão. A liturgia a chama de “Mãe de todas as Vigílias”: é a noite santa da libertação, da nova criação.
“Na escuridão do sepulcro nasceu uma luz nova, a luz da Ressurreição.” — Papa Francisco
A Vigília gira em torno de dois momentos centrais:
A Liturgia da Palavra, com o anúncio da história da salvação.
A Liturgia dos Sacramentos, com o Batismo, a Crisma e a Eucaristia, que nos unem ao mistério pascal.
“Jesus não é alguém do passado. Ele vive hoje e caminha conosco todos os dias.” — Papa Francisco
Na manhã do domingo, tudo se renova. A luz do Ressuscitado transforma o medo em coragem, a tristeza em alegria. A comunidade cristã proclama com força: “O Senhor ressuscitou verdadeiramente. Aleluia! Este é o dia que o Senhor fez para nós: alegremo-nos e exultemos!” (Sl 117,24)
Como as mulheres no túmulo vazio, como Pedro e João correndo para ver, somos convidados a nos mover, a buscar, a anunciar. “A Páscoa é o anúncio de que tudo pode ser sempre recomeçado.” — Papa Francisco
A imagem da noite que se ilumina exprime, de forma simbólica, o coração do mistério da Páscoa: a vida vence a morte, a luz vence as trevas.
A celebração do Domingo da Ressurreição não termina ali. Ela se desdobra em cinquenta dias de festa, até Pentecostes, lembrando que viver como ressuscitados é um caminho contínuo. “Cristo vive! E com Ele, também nós podemos viver. Esta é a certeza que transforma tudo.” — Papa Francisco
Somos chamados a deixar para trás as sombras, a renovar o coração e escolher a luz. Como o Papa Francisco nos anima: “Não deixemos que a esperança nos seja roubada. O Senhor ressuscitado caminha conosco!”.
TEXTOS BÍBLICOS PARA A VIGÍLIA PASCAL NA NOITE SANTA:
8ª Leitura: Romanos 6,3-11 Salmo responsorial Sl 117(118),1-2.16ab-17.22-23
9ª Leitura: EVANGELHO Lucas 24,1-12
Reflexão para a Vigília Pascal na Noite Santa
A Vigília Pascal é a noite mais sagrada da liturgia cristã. É a celebração da nova criação inaugurada em Cristo, o Cordeiro Pascal. Nesta noite, a Igreja vela em oração e escuta com reverência a grande narrativa da salvação, contada pelas Escrituras. Cada leitura é uma janela aberta sobre o mistério da Páscoa.
1. Do caos à luz – Gênesis 1,1-2,2: A primeira leitura nos leva ao princípio de tudo. Deus cria a luz para vencer as trevas, a ordem para dominar o caos, e o ser humano para viver em comunhão com Ele. A criação é dom e expressão do amor divino. Ao celebrarmos a Ressurreição, reconhecemos que Cristo é a nova luz que refaz a criação ferida pelo pecado. “Enviai o vosso Espírito e tudo será criado, e renovareis a face da terra.” (Sl 103)
2. A fé provada – Gênesis 22,1-18: Abraão, ao entregar seu filho Isaac, figura a oferta suprema do Pai que não poupou o próprio Filho. A obediência de Abraão prefigura o sim de Jesus na cruz. Na ressurreição, compreendemos que a morte não tem a última palavra. “Guardai-me, ó Deus, porque em vós me refugio!” (Sl 15)
3. A travessia da liberdade – Êxodo 14,15–15,1: este é o coração do Antigo Testamento pascal: Deus liberta o seu povo da escravidão. O mar que se abre simboliza o Batismo: mergulhar na morte para emergir na vida. Cristo é o novo Moisés, que nos conduz à liberdade. “Cantemos ao Senhor: ele fez brilhar a sua glória!” (Ex 15)
4. A ternura de Deus – Isaías 54,5-14: mesmo quando o povo se afasta, Deus permanece fiel. Seu amor é como o de um esposo fiel. A Páscoa nos mostra que o Senhor não nos abandona — mesmo no exílio ou na noite do sofrimento. “Eu vos exalto, Senhor, porque vós me livrastes.” (Sl 29)
5. Um convite à vida – Isaías 55,1-11: a palavra de Deus é eficaz, como a chuva que fecunda a terra. Nesta noite, somos convidados a acolher a Palavra viva que é Cristo, o Verbo encarnado. A salvação é gratuita, mas exige sede e abertura do coração. “Com alegria bebereis do manancial da salvação!” (Is 12)
6. Sabedoria para viver – Baruc 3,9-15.32-4,4: o Senhor nos chama a buscar a sabedoria, que não está nas riquezas nem nos ídolos, mas na Lei do Senhor, na sua Palavra que conduz à vida. Cristo é a Sabedoria encarnada, luz para os que andam nas trevas. “Senhor, só tu tens palavras de vida eterna.” (Sl 18B / Jo 6,68c)
7. Um coração novo – Ezequiel 36,16-28: Deus promete lavar o povo com água pura, dar um coração novo e um espírito novo. Essa promessa se cumpre no Batismo, onde morremos para o pecado e renascemos para Deus. A ressurreição de Cristo é fonte de vida nova para todos. “Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo!” (Sl 41)
8. Unidos à morte e ressurreição – Romanos 6,3-11: o Batismo nos une à morte de Cristo, para que vivamos uma vida ressuscitada. Morremos ao pecado para caminhar em novidade de vida. Somos, em Cristo, uma nova criação. “Não morrerei, mas ao contrário, viverei!” (Sl 117)
9. O túmulo vazio – Lucas 24,1-12: As mulheres encontram o túmulo vazio e recebem o anúncio: “Ele não está aqui! Ressuscitou!”. A pedra foi removida, a morte vencida, e a vida irrompeu gloriosa. A Vigília Pascal é a noite da surpresa divina: Deus ressuscita Jesus e com Ele, nos chama a ressuscitar também — desde já, com uma vida nova, e para sempre, na glória.
No Evangelho de Lucas (24,1-12), como nos outros evangelhos, as mulheres são as primeiras a ir ao túmulo. Isso não é um detalhe casual: em uma cultura onde o testemunho feminino não tinha valor jurídico, o fato de os evangelhos colocarem as mulheres como as primeiras a receber o anúncio da ressurreição mostra a autenticidade e a força contracultural do Evangelho. “Ele não está aqui! Ressuscitou!” – este anúncio, confiado primeiro às mulheres, é o coração da fé cristã.
O túmulo vazio não é apenas um sinal de ausência, mas de presença transformada. Jesus ressuscitado não está preso à morte, ao lugar da sepultura, ao passado. Ele vive, mas de um modo novo, além do espaço e do tempo. As mulheres são as primeiras a perceber que algo radicalmente novo começou. O túmulo vazio é o primeiro “sinal sacramental” da nova criação.
O anúncio pascal não é para ser guardado: é para ser compartilhado com os outros discípulos. Assim, as mulheres são as primeiras “apóstolas dos apóstolos”, como dizia Santo Tomás de Aquino. Elas não apenas veem e ouvem, mas são enviadas. A fé cristã nasce como testemunho de uma experiência, não como teoria. Começa com um encontro e se espalha pelo anúncio.
As mulheres são fiéis até o fim: não abandonam Jesus na cruz, estão presentes no sepultamento, e são as primeiras a buscá-lo mesmo no silêncio da morte. Sua perseverança e amor as colocam no centro da revelação pascal. Elas vão ao túmulo movidas pela dor e pelo amor. E é nesse lugar de perda que Deus age com poder. Isso mostra que a fé pascal não nega a dor, mas a atravessa. A ressurreição é uma resposta divina ao sofrimento humano.
A experiência das mulheres revela que o Ressuscitado se manifesta onde há amor fiel e esperança humilde. A ressurreição não se revela a quem desiste, mas a quem continua amando e esperando mesmo sem entender.
Nesta noite santa, a história da salvação se revela como uma história de amor fiel. Deus cria, liberta, conduz, perdoa, renova… e por fim, ressuscita. A escuridão da cruz dá lugar à luz da vida. Somos convidados a deixar o túmulo e caminhar na luz do Ressuscitado. “Este é o dia que o Senhor fez para nós: alegremo-nos e nele exultemos!” (Sl 117)
TEXTOS BÍBLICOS PARA O DOMINGO DA PÁSCOA NA RESSURREIÇÃO DO SENHOR
At 10,34a.37-43 Sl 117(118),1-2.16ab-17.22-23 (R. 24) Cl 3,1-4 ou 1Cor 5,6b-8 Jo 20,1-9 Em lugar deste Evangelho, pode-se proclamar o Evangelho da Vigília Pascal: Mt 28,1-10 (Ano A); Mc 16,1-7 (Ano B); Lc 24 1-12 (Ano C). Nas missas vespertinas do domingo de Páscoa, pode-se também proclamar o Evangelho de Lc 24,13-35.
“Ele viu e acreditou” – Reflexão para o Domingo da Ressurreição
João 20,1-9 | Atos 10,34a.37-43 | Colossenses 3,1-4 ou 1Coríntios 5,6b-8 | Salmo 117
O dia da Páscoa ressoa em toda a liturgia como um grito de vitória: Cristo ressuscitou! Este é o dia que o Senhor fez para nós — um dia em que a vida venceu a morte, a esperança renasceu, e o amor mostrou-se mais forte que tudo. O Salmo 117 canta com alegria: “Este é o dia que o Senhor fez: alegremo-nos e nele exultemos!”
Mas esse dia tão glorioso começou com silêncio e surpresa, com um túmulo vazio e corações confusos. O Evangelho de João nos apresenta a corrida de Maria Madalena, Pedro e o discípulo amado ao sepulcro. Eles não encontram Jesus ali, mas apenas os sinais de sua passagem: as faixas de linho no chão, o sudário dobrado.
A fé pascal não nasce da lógica, mas da experiência do mistério. O discípulo amado “viu e acreditou”. Ele viu o vazio e acreditou na plenitude. Isso é Páscoa: ver o invisível, confiar no que parece impossível, crer no Amor que não morre.
No livro dos Atos, Pedro anuncia com clareza o coração da fé cristã: “Jesus, que passou fazendo o bem e curando os oprimidos, foi crucificado, mas Deus o ressuscitou ao terceiro dia.” E ele testemunha que esse Ressuscitado apareceu aos que comeram e beberam com Ele — não a todos, mas àqueles que caminhavam com Ele. A ressurreição não é um espetáculo público, mas uma experiência que transforma a vida dos que O amam.
Hoje, somos chamados a ser essas testemunhas: homens e mulheres que experimentaram o Cristo vivo em sua história e o anunciam com a vida.
A carta aos Colossenses nos recorda: “Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto.” A Páscoa não é apenas um evento do passado, mas uma realidade que nos transforma no presente. Ressuscitar com Cristo significa deixar para trás o “fermento velho”, como diz São Paulo aos Coríntios: tudo aquilo que pesa, que corrompe, que nos distancia do amor e da comunhão.
Celebrar a Páscoa é viver como novas criaturas, revestidos da luz e da alegria de Cristo. É fazer da vida uma Eucaristia permanente, um testemunho vivo da presença do Ressuscitado no mundo.
Hoje, diante do túmulo vazio…
Também nós nos aproximamos do túmulo, como Maria Madalena. Também nós corremos, como Pedro e o discípulo amado. E o que encontramos? Não provas, mas sinais. Não certezas humanas, mas a presença silenciosa de um Deus que nos precede e nos convida a crer.
Cristo não está mais entre os mortos. Ele caminha conosco, ressuscitado. Ele está nas feridas curadas, nos corações reconciliados, na paz reencontrada. Ele está em cada gesto de amor que vence o medo, em cada perdão que renasce, em cada vida restaurada pela esperança.
Oração final
Senhor Ressuscitado, como o discípulo amado, queremos ver e acreditar. Ensina-nos a reconhecer-te nos sinais discretos da vida, a correr ao encontro da tua presença viva, e a viver como testemunhas da ressurreição. Que este dia, que tu fizeste para nós, seja o início de uma vida nova, marcada pela luz, pela alegria e pela paz. Amém.
O Sábado Santo é o dia do grande silêncio, onde a Igreja permanece em recolhimento junto ao sepulcro do Senhor. Após a intensidade da Paixão, somos convidados a fazer uma pausa profunda. O altar está desnudado, não se celebra a Eucaristia, e reina um silêncio litúrgico que carrega uma expectativa: a esperança da Ressurreição.
No Sábado Santo, a Igreja vela em silêncio diante do sepulcro do Senhor. Contempla com reverência sua Paixão, sua Morte e sua misteriosa descida à mansão dos mortos (cf. 1Pd 3,19), aguardando em oração e jejum o esplendor da Ressurreição. É um dia marcado pelo recolhimento e pela espera silenciosa. Por isso, a Igreja se abstém da celebração da Eucaristia — o altar permanece despojado, sem ornamentos — até que, ao cair da noite, na solene Vigília Pascal, irrompam os cantos jubilosos da Páscoa, cuja plenitude se estende ao longo dos cinquenta dias do Tempo Pascal. Neste dia, a Sagrada Comunhão é reservada unicamente como viático, sinal de esperança para aqueles que se preparam para o encontro definitivo com Cristo.
Contemplamos o mistério da sepultura do Senhor, reconhecendo, com a fé mais antiga da Igreja, que: “Cristo morreu pelos nossos pecados, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1Cor 15,3-4).
É um dia de esperança silenciosa. Não é um vazio, mas uma gestação. A tristeza não é simplesmente substituída pela alegria, mas é transformada nela. O Sábado Santo é o dia em que a vitória começa a germinar dentro da derrota, a vida brota no coração da morte. “Cristo por nós padeceu, morreu e foi sepultado: vinde todos, adoremos!”.
Viver o Sábado Santo: oração, silêncio e espera
Mesmo com os preparativos para a solene Vigília Pascal, este dia deve conservar um espaço para a oração pessoal e comunitária. A Liturgia das Horas e o Ofício Divino das Comunidades oferecem orações próprias para esse momento. Celebrar com o povo o Ofício de Leituras ao amanhecer e a Oração da Manhã — na igreja despojada, não na capela da reposição — favorece um ambiente de contemplação, como as mulheres portadoras de perfumes, que vigiam à espera do Ressuscitado.
Após esses momentos litúrgicos, pode-se prolongar a meditação, silenciando o coração e repassando a Palavra. Também é precioso reservar um tempo para a oração pessoal, leitura espiritual e contemplação dos Evangelhos que narram o sepultamento de Jesus: 📖 João 19,38-42 | Lucas 23,50-56 | Mateus 27,56-61 | Marcos 15,42-47.
Esses quatro textos, embora sejam relatos discretos, todos profundamente marcados pela reverência e pelo silêncio, eles carregam uma mensagem poderosa e extremamente atual para a humanidade de hoje. Eis algumas luzes que podemos recolher desses evangelhos:
A dignidade da morte e o valor do cuidado: José de Arimateia, Nicodemos e as mulheres que seguem Jesus não se afastam dele na hora da morte. Eles não têm pressa. Eles cuidam, lavam, perfumam, envolvem o corpo em linho. Em um tempo em que a morte é muitas vezes apressada, institucionalizada ou ignorada, esses gestos simples e compassivos recordam à humanidade que todo corpo merece ser cuidado e amado até o fim. Eles nos ensinam a honrar o sofrimento com ternura, a não virar o rosto diante da dor.
A coragem silenciosa dos pequenos: José de Arimateia era discípulo “às escondidas”, Nicodemos antes só vinha de noite, e as mulheres estavam sempre em segundo plano. Mas no momento mais difícil, são eles que permanecem. Esses textos nos lembram que a verdadeira fidelidade não grita nem se impõe. É discreta, mas firme. Num mundo barulhento, onde o poder e a visibilidade parecem dominar, esses pequenos gestos silenciosos gritam: a fé perseverante transforma o mundo.
A espera fecunda no meio do luto: as mulheres observam onde Jesus foi sepultado. Tudo parece ter acabado. Mas elas esperam. Elas não desistem. Mesmo sem entender, não abandonam o lugar onde repousa o amor. Para a humanidade de hoje, marcada pela ansiedade, pelo imediatismo e pelo desespero diante da dor, essas mulheres ensinam a esperar com fé mesmo quando tudo parece perdido. A ressurreição não começa no Domingo: ela começa no coração de quem vigia no sábado do silêncio.
A compaixão como resposta à morte: nestes textos, ninguém faz discursos grandiosos. O que fala é o gesto: envolver Jesus num lençol novo, sepultá-lo num túmulo digno, trazer perfumes… É a linguagem da compaixão concreta. Eles mostram que, diante da dor do outro, o que importa não é ter respostas, mas presença amorosa e gestos sinceros. Numa sociedade muitas vezes indiferente ao sofrimento, esses relatos convidam cada um de nós a sermos companheiros de sepultura — solidários, sensíveis e humanos.
Deus age no silêncio: Nenhuma palavra de Jesus é pronunciada nesses trechos. Ele já está morto. Mas Deus não está ausente. A semente foi lançada na terra. Algo está germinando no invisível. Para a humanidade que sofre, espera, e tantas vezes não vê sinais, esses evangelhos afirmam com doçura: o silêncio de Deus não é ausência, é obra misteriosa de salvação. No tempo do túmulo, a graça trabalha por dentro.
Esses relatos do sepultamento de Jesus não apenas falam do silêncio de Deus, mas nos colocam dentro dele. Jesus está morto. Deus parece ter calado. A dor venceu? A injustiça triunfou? Onde está Deus diante do mal?
É nesse contexto que os textos oferecem uma resposta profunda, ainda que sutil: o silêncio de Deus não é indiferença nem abandono, mas um silêncio grávido de presença, um silêncio que carrega esperança e promessa. Aqui estão algumas pistas que esses textos oferecem à humanidade de hoje:
Deus não está ausente no silêncio: Ele está profundamente mergulhado na dor. O corpo de Jesus, entregue ao sepulcro, mostra que Deus não se retirou do sofrimento humano, mas passou por ele até o fim. No silêncio do túmulo, Deus compartilha nossa noite mais escura. Isso responde à angústia de tantos que perguntam: “Onde está Deus diante das guerras, das violências, dos lutos?” — Ele não está distante. Ele está na cruz, e agora está no túmulo. Com a humanidade.
O silêncio de Deus é espaço para a fé amadurecer. Como as mulheres diante do túmulo, somos convidados a esperar, mesmo sem compreender. O silêncio não é uma rejeição, mas uma pedagogia: faz a fé crescer, ensina a escutar com o coração, a confiar no invisível. Diante do mal, o silêncio de Deus pode parecer ausência, mas é também um chamado à confiança madura, ao tipo de fé que permanece mesmo quando não há sinais.
O bem continua atuando, mesmo na escuridão. José de Arimateia, Nicodemos, as mulheres… são personagens silenciosos que continuam fazendo o bem mesmo quando tudo parece perdido. Eles não esperam Deus agir de forma espetacular: agem com delicadeza e amor, mesmo sem entender tudo. Isso nos inspira a crer que o bem nunca cessa, mesmo diante do mal. No silêncio, Deus age através das mãos compassivas, das atitudes discretas, da fidelidade dos pequenos.
O silêncio de Deus revela que a resposta ao mal é mais profunda do que uma intervenção imediata. Muitas vezes, esperamos que Deus “faça algo” de forma visível, rápida, espetacular. Mas Deus responde ao mal com algo mais radical: Ele entra na morte para vencê-la por dentro. O silêncio do Sábado Santo não é passividade, mas um espaço onde a semente do Reino germina em segredo. A resposta de Deus ao mal não é apenas corrigir o mundo, mas transformá-lo desde o interior, com amor crucificado e ressuscitado.
O silêncio é a preparação da ressurreição. O túmulo é real. A dor também. Mas a última palavra não foi dita ainda. O silêncio não é o fim — é o intervalo sagrado entre a dor e a vitória, entre a cruz e a vida nova. Para a humanidade de hoje, cansada de ruídos, de violências e de desesperança, esses textos dizem: permaneça. Espere. Creia. O amor ainda está agindo.
Esses evangelhos, com sua delicadeza e profundidade, não dão respostas fáceis ao sofrimento. Mas revelam que Deus está presente, mesmo no escuro. E isso muda tudo. Porque o silêncio d’Ele não é abandono, mas amor que trabalha no invisível, preparando o terceiro dia.
MEDITAÇÕES SOBRE O MISTÉRIO DO SÁBADO SANTO
“O Amor penetrou nos infernos” – Bento XVI
O Sábado Santo é o intervalo sagrado em que Cristo compartilhou conosco não apenas o morrer, mas o permanecer na morte. É o dia da solidariedade radical de Deus. No coração da morte humana, ressoou a voz do Amor. O que parecia ser o fim, tornou-se princípio. Se até ali o Amor chegou, então também ali germinou a Vida. Na solidão mais escura, nunca mais estaremos sozinhos.
“O grande e santo Sábado” – Alexandre Schmemann e Olivier Clément
O Sábado Santo não é um simples intervalo entre a dor e a alegria. Não se trata de tristeza seguida por alívio. É o dia em que a tristeza é transfigurada pela fé. É o dia em que celebramos a morte da própria morte. É o tempo da espera fértil, onde tudo é preparado para a Ressurreição.
“O Silêncio de Deus” – Pe. Adroaldo Palaoro
O Sábado Santo é um tempo de silêncio… não de ausência, mas de presença oculta. Um silêncio carregado de sentido, como o do Pai que está de luto por seu Filho e por todas as suas criaturas. O silêncio de Deus é a semente do Verbo lançada na terra, esperando a hora de florescer em Vida nova.
Homilia Antiga do Sábado Santo (séc. IV)
“O que está acontecendo hoje? Um grande silêncio reina sobre a terra… porque o Rei está dormindo.” Cristo desce aos infernos, procura Adão e Eva, e proclama: “Levanta-te, tu que dormes! Eu sou a tua vida. Por ti, tomei tua condição e fui até mesmo sepultado debaixo da terra. Mas agora, saiamos daqui! O trono está preparado, os céus abertos, o Reino te espera.”
Um convite ao coração
Neste Sábado Santo, pare. Silencie. Recolha-se. Deixe que o mistério da cruz mergulhe no teu interior e, como uma semente na terra, transforme a tua dor em esperança. Na escuridão da morte, a luz já começa a nascer. É o dia em que Deus parece calar, e justamente nesse silêncio, a fé é chamada a permanecer viva. É um tempo de espera reverente, em que a Igreja, como Maria e os discípulos, permanece ao lado do sepulcro, sustentada pela esperança.
Neste dia, não se celebra a Eucaristia, não há grandes gestos litúrgicos: tudo convida ao recolhimento. É uma pausa sagrada, onde a ausência se torna presença silenciosa, e a oração se torna a linguagem da alma que vigia na escuridão, crendo na luz que virá.
Orar no Sábado Santo é unir-se a Cristo em seu descanso no seio da terra, é permanecer com Ele no silêncio do túmulo, confiando que a vida brotará da morte. É também um modo de nos reconhecermos frágeis, mas guardados no Amor. Por isso, a oração neste dia não é agitada, mas contemplativa, feita de escuta, espera e esperança.
É um convite a mergulhar naquilo que Bento XVI chamou de “a solidariedade mais radical de Deus com a nossa humanidade”: Deus entra até mesmo na experiência da morte e da solidão para que ninguém, jamais, se sinta abandonado. No silêncio do Sábado Santo, a oração é como o incenso que sobe suave e confiante, mesmo antes do sol nascer.
A Sexta-Feira da Paixão, apesar de marcada pela dor e silêncio, é, na perspectiva bíblica, especialmente no Evangelho segundo João, uma “Paixão Gloriosa”. É a celebração do Amor Maior, que se revelará vitorioso na madrugada da Ressurreição. Neste dia, a Igreja faz memória da bem-aventurada paixão do Senhor e celebra o seu próprio nascimento do lado aberto de Cristo na cruz (cf. PCFP, 58). A leitura da Paixão segundo João é o ponto alto da liturgia, revelando a vitória do Servo Sofredor (cf. Isaías 52,13–53,12; Hebreus 4,14–16; 5,6–7), que entregou sua vida como oferenda de amor até o fim.
Vivência Espiritual
Oração e Contemplação
Ofícios da manhã e do meio-dia, realizados em um espaço despojado, preparam o coração para a celebração principal da tarde.
A solene Celebração da Paixão, à tarde, é um convite profundo à contemplação.
Após cada momento litúrgico, recomenda-se prolongar a oração pessoal em silêncio, meditando a Palavra.
Meditação Profunda
“A Igreja primitiva chamava este dia de Páscoa da Cruz — pois nele tem início a grande Passagem. Antes da alegria da Ressurreição, vêm as trevas. Trevas que não são apenas simbólicas, mas reais. A Sexta-feira Santa é o dia do pecado, do mal e da condenação. E ainda assim, paradoxalmente, é o dia da redenção.”
A morte de Cristo é revelada como morte salvífica. Não há pecado n’Ele, por isso, sua morte é um ato puro de amor e obediência. A cruz se torna então revelação de compaixão, perdão e salvação. “Verdadeiramente este homem era o Filho de Deus!” (Mc 15,39)
Sentido Litúrgico
Estrutura da Celebração da Paixão do Senhor
Liturgia da Palavra – com leitura ou encenação da Paixão segundo João.
Oração Universal – profunda e solene, com súplicas por toda a humanidade.
Adoração da Cruz – momento central, onde a cruz é exaltada como sinal de vitória.
Comunhão Eucarística – comungamos o Corpo de Cristo entregue por nós.
A celebração é marcada pela sobriedade: altar desnudo, silêncio, prostração, vestes vermelhas — símbolos do martírio e da entrega.
Teologia da Cruz
A paixão, segundo João, exalta não apenas o sofrimento, mas a vitória pascal de Cristo.
A cruz é aclamada como trono de glória: nela adoramos o Cristo crucificado e glorificado.
A morte é real, mas já anuncia a vida nova que brotará na Vigília Pascal.
Atitude Espiritual
“Amar até o fim.” Somos discípulos do Cristo que venceu o aparente fracasso da cruz com um amor que vence a própria morte.
Normas Litúrgicas para a Sexta-Feira Santa
Não se celebram sacramentos, exceto penitência e unção dos enfermos.
A sagrada comunhão só é distribuída durante a celebração da Paixão, podendo ser levada aos doentes a qualquer momento.
O altar permanece completamente despojado, sem cruz, castiçais ou toalhas.
A celebração da Paixão acontece por volta das 15h, salvo por motivos pastorais.
Recomendações para o Dia
Participar da Liturgia das Horas (Ofício das Leituras, Laudes, Hora Média).
Realizar a Via-Sacra ou outras formas de meditação da Paixão.
Fazer lectio divina com os textos bíblicos e litúrgicos do dia.
Viver o dia em silêncio, interioridade e contemplação, centrado no mistério da cruz.
A Gloriosa Paixão: Reflexão para a Sexta-Feira Santa
A Sexta-Feira Santa é, para muitos, o dia do silêncio, da dor e da ausência. A cruz ocupa o centro da liturgia, o altar está nu, não há missa, o templo parece esvaziado de tudo — exceto do Mistério. E é nesse Mistério que somos convidados a mergulhar.
Mais do que um dia de luto, a Sexta-Feira da Paixão é a celebração de uma “Paixão Gloriosa”. Não negamos a dor, mas enxergamos além dela: vemos o Amor Maior, que se entrega até o fim, que ama até o extremo, que atravessa a morte para nos alcançar. “Ao fazer memória da bem-aventurada paixão do Senhor, a Igreja comemora o seu próprio nascimento do lado de Cristo na cruz.” (cf. PCFP, 58)
Nesse dia, a leitura da Paixão segundo João ressoa com profundidade. Jesus não é apenas vítima do ódio, mas o Servo Sofredor anunciado por Isaías, aquele que transforma o sofrimento em oferta, a cruz em altar, a morte em vida nova. A Igreja primitiva chamava esta data de “Páscoa da Cruz”. É o início da grande travessia, da passagem pascal que culminará na Ressurreição. Mas, antes da luz, vêm as trevas.
É preciso reconhecer: a Sexta-Feira Santa não diz respeito apenas ao passado. É o dia do pecado presente, do mal que ainda atua no mundo e dentro de nós. A morte de Jesus não foi apenas provocada por líderes religiosos e soldados romanos de dois mil anos atrás, mas também pelas pequenas traições que ainda cometemos contra o amor.
A liturgia nos confronta: de que lado teríamos ficado se estivéssemos em Jerusalém, naquele tempo? Essa pergunta não é retórica — é espiritual. Porque esse julgamento continua hoje, no nosso coração, nas nossas escolhas. Cada gesto da liturgia deste dia — o altar desnudo, a prostração silenciosa, o vermelho das vestes — comunica a sobriedade de um drama cósmico: o mundo rejeita a Vida, mas a Vida não desiste do mundo.
Ao longo da celebração, a vitória pascal já começa a brilhar. Ela é anunciada pelas figuras discretas que reconhecem Jesus: José de Arimateia, o bom ladrão, o centurião. A cada passo, o Cristo caminha para a cruz com liberdade e entrega. E, justamente ali, quando parece vencido, vence.
A cruz é adorada como trono, não como fracasso. É o sinal da nova aliança, do amor que não recua, do perdão que não desiste. Como escreve a Carta aos Hebreus, Ele é o Sumo Sacerdote que se compadece de nossa fraqueza e nos leva ao Pai com misericórdia.
Que nesta Sexta-Feira da Paixão, possamos silenciar e olhar para a cruz com reverência. Ali está o centro da nossa fé. Ali está o rosto do Amor. “E os túmulos foram abertos…” (Mt 27,52). Já desponta a aurora da Ressurreição.
Perfeito! Aqui está o texto ampliado, agora com mais elementos da teologia da cruz, reforçando a dimensão espiritual, redentora e paradoxal desse mistério central da fé cristã:
“Ele tomou sobre Si as nossas dores” Reflexão inspirada em Is 52,13–53,12; Sl 30(31); Hb 4,14–16; 5,7–9; Jo 18,1–19,42
No silêncio solene da Paixão, somos conduzidos ao coração do mistério mais profundo da fé cristã: a Cruz. Ela, que aos olhos do mundo é sinal de derrota, humilhação e fracasso, torna-se — por obra de Deus — o trono da glória, o altar do sacrifício perfeito, a revelação mais luminosa do amor divino.
Isaías já anunciava o paradoxo da cruz ao descrever o Servo sofredor: “Ele não tinha aparência nem beleza… era desprezado, experimentado nos sofrimentos.” E, no entanto, “foi por nossas culpas que ele foi transpassado, por nossos pecados que foi esmagado.” A cruz não é um acidente no caminho de Jesus: é o próprio caminho da redenção. Ele não apenas morreu por nós, mas morreu em nosso lugar, assumindo a condição mais abjeta da humanidade para nos elevar à dignidade de filhos de Deus.
O Salmo 30 ecoa esse mistério: “Em tuas mãos entrego o meu espírito.” Esta oração, proferida por Cristo na cruz, é o grito do abandono que se torna comunhão. É o momento em que a dor se abre à confiança. O Filho se entrega nas mãos do Pai e, assim, revela que mesmo no sofrimento extremo, Deus não nos abandona. Ele está presente, solidário, até nas trevas da morte.
A carta aos Hebreus amplia essa compreensão, apresentando Cristo como o Sumo Sacerdote que “não é incapaz de se compadecer de nossas fraquezas.” Ele conhece a dor, o medo, o suor do sofrimento. O autor sagrado afirma que Jesus “aprendeu a obediência por aquilo que sofreu” — uma afirmação teologicamente profunda. Cristo, embora sendo Deus, experimentou a totalidade da condição humana, inclusive a provação, a lágrima e a cruz. E foi precisamente por esse caminho de entrega radical que Ele “se tornou causa de salvação eterna” para todos os que o seguem.
No Evangelho de João, contemplamos o Senhor da glória esvaziado, preso, açoitado e crucificado. Mas é ali, na cruz, que Ele reina. O madeiro, instrumento de suplício, transforma-se no novo Templo, onde Deus e a humanidade se reconciliam. “Está consumado” não é o grito de um derrotado, mas a proclamação de uma missão cumprida. A cruz não é o fim. É o cumprimento da promessa.
A teologia da cruz nos convida a ver com os olhos da fé o que o mundo não enxerga: que é no fracasso aparente que se revela a força de Deus; que é na fraqueza que se manifesta o poder da graça; que é na entrega que se revela a verdadeira vitória. Lutero dizia que o cristão é chamado a ser theologus crucis, teólogo da cruz — aquele que crê que Deus se revela, não na glória mundana, mas na humilhação redentora do Crucificado.
Para São João da Cruz, a teologia da cruz é, antes de tudo, um caminho de purificação interior que conduz a alma à união plena com Deus. É um processo em que tudo aquilo que não é Deus — inclusive os próprios sentimentos religiosos e consolações espirituais — deve ser deixado de lado. Trata-se de uma renúncia profunda, que não busca recompensas ou emoções, mas apenas a Deus por Ele mesmo. Nesse percurso, o cristão é chamado a imitar o Cristo crucificado, aquele que amou até o fim, entregando-se totalmente, mesmo na dor. Embora esse caminho seja marcado pelo sofrimento e pela escuridão da fé, ele é necessário, pois é justamente por meio dessa entrega dolorosa que a alma encontra a verdadeira liberdade espiritual e se torna capaz de amar com pureza e verdade.
O mistério da Sexta-feira Santa é este: a Cruz é o lugar onde Deus se doa por inteiro. É o altar onde o Cordeiro é imolado e o véu do Templo se rasga. É o sinal de que nenhum sofrimento é inútil quando unido ao amor redentor de Cristo.
Hoje, ao contemplarmos o Cristo crucificado, não apenas sentimos compaixão — somos chamados à conversão. Somos convidados a carregar também a nossa cruz, certos de que ela, unida à d’Ele, se tornará caminho de vida nova.
Porque na cruz, aquilo que parecia fim, tornou-se começo. E aquilo que era morte, tornou-se a maior prova de amor.
O que a teologia da cruz nos diz hoje?
Essa é uma pergunta profunda — e muito necessária. A teologia da cruz não é apenas uma doutrina para estudar; ela é um modo de enxergar a vida, de interpretar a dor, de compreender a presença de Deus nas realidades mais difíceis. Ela fala ao coração humano em todas as épocas, especialmente nas nossas. Num mundo que valoriza o sucesso imediato, a aparência, o conforto e a performance, a cruz nos lembra que há um outro caminho: o do amor que se doa, do silêncio que sustenta, da esperança que resiste mesmo na dor.
A teologia da cruz nos ensina que Deus não se revela apenas na vitória, mas — e talvez principalmente — no sofrimento, na fragilidade, naquilo que o mundo despreza. Cristo crucificado é o sinal mais escandaloso de um Deus que escolheu se fazer fraco por amor. E isso muda tudo.
Diante do sofrimento, ela nos diz: você não está só. Deus está com você no hospital, na solidão, no luto, na ansiedade, na dúvida, na crise. Ele não observa de longe; Ele entra na dor, participa dela, carrega-a conosco. A cruz nos garante que até o sofrimento pode ser lugar de encontro com Deus, se vivido em comunhão com Cristo.
Nas frustrações da vida — quando os sonhos se desmancham, quando os caminhos se fecham — a teologia da cruz nos convida a confiar. Porque nem sempre a ausência de respostas é ausência de sentido. Às vezes, é o modo de Deus nos conduzir por um caminho que não compreendemos, mas que Ele já conhece.
Quando enfrentamos humilhações, perdas, injustiças, a cruz nos diz que não precisamos vencer o mundo segundo os critérios do mundo. O Crucificado foi considerado fracassado, e ainda assim, ali, na sua entrega, estava a nossa salvação. Isso nos desafia a rever nossas prioridades, a buscar não o aplauso, mas a fidelidade.
Para quem ama e não é correspondido, para quem serve e não é reconhecido, para quem perdoa e é ferido novamente, a cruz é consolo e luz. Ela nos mostra que o amor verdadeiro não se mede por retorno, mas pela fidelidade àquilo que Deus nos chama a ser: reflexos do seu Filho.
Por fim, a teologia da cruz nos ajuda a enxergar com os olhos da fé aquilo que o mundo não vê: que a glória passa pela humildade, que a ressurreição passa pela cruz, que a vida plena nasce da entrega. É um convite a seguir Jesus não só nos milagres, mas também no Calvário — certos de que quem caminha com Ele, mesmo pela dor, nunca caminha em vão.
SUGESTÕES PARA OS CANTOS DA CELEBRAÇÃO
É importante recordar que, embora as músicas estejam disponibilizadas com acompanhamento instrumental completo — com o objetivo de facilitar o aprendizado e favorecer a beleza melódica —, o Sagrado Tríduo Pascal requer uma preparação cuidadosa e reverente. De modo especial na Celebração da Paixão do Senhor, nesta Sexta-feira Santa, reforça-se a mesma orientação: o canto do povo, dos ministros e do sacerdote que preside possui uma importância singular, pois é através do canto que os textos litúrgicos revelam toda a sua força espiritual e expressiva.
Por isso, de acordo com as normas litúrgicas, o uso do órgão e de outros instrumentos musicais deve restringir-se apenas ao sustento do canto, evitando qualquer caráter festivo ou ornamental, em respeito à sobriedade do momento.
A celebração tem início no mais profundo silêncio. O presbítero e o diácono, revestidos de vermelho — como na Missa —, aproximam-se do altar em silêncio, fazem-lhe reverência e, em seguida, prostram-se ou se ajoelham por alguns instantes. Toda a assembleia também se ajoelha em recolhimento. Após esse momento de silêncio orante, o presbítero, acompanhado dos ministros, dirige-se à cadeira e, voltado para o povo, profere a oração.
O primeiro canto da celebração acontece somente durante a Liturgia da Palavra, no momento do Salmo Responsorial.
C C7 Fm7 F6 Senhor eu ponho em vós minha esperan-ça Am Dm G Que eu não fique envergonhado eternamente C7 F Em vossas mãos Senhor, entrego o Meu Espírito Am Dm G Porque vós me salvareis, ó Deus fiel
Tornei-me o opróbio do inimigo O desprezo e zombaria dos vizinhos E objeto de pavor para os amigos Fogem de mim os que me vêem pela rua!
A vós, porém, ó Meu Senhor, eu me confio E afirmo que só vós sois o Meu Deus! Eu entrego em vossas mãos o meu destino Libertai-me do inimigo e do opressor!
Mostrai serena a vossa face ao vosso servo E salvai-me pela vossa compaixão! Fortalecei os corações, tende coragem Todos vós que ao Senhor vos confiais!
A Missa da Ceia do Senhor, celebrada na Quinta-feira Santa ao entardecer, dá início ao Tríduo Pascal. É o primeiro passo da caminhada com Jesus em sua paixão, morte e ressurreição. Essa celebração não é apenas memória de um fato passado, mas a atualização viva do gesto de amor mais profundo: a entrega total de Jesus por nós.
Logo no início da liturgia, a antífona já aponta para o mistério que celebramos: “A cruz de nosso Senhor Jesus Cristo deve ser a nossa glória; nele está nossa vida e ressurreição; foi ele que nos salvou e libertou.”
A Ceia não é um rito isolado. É parte de uma história de salvação que começa com o povo hebreu, na noite da libertação do Egito. “É a Páscoa, a passagem do Senhor!” (Ex 12,11).
O cordeiro imolado, o sangue nos umbrais das portas, a refeição partilhada às pressas: tudo isso anuncia o verdadeiro Cordeiro, Jesus, que entrega seu corpo e derrama seu sangue como sinal de uma nova aliança. “Isto é o meu corpo dado por vós… este cálice é a nova aliança em meu sangue.” (1Cor 11,24-25)
Mas a Ceia não para no altar. Durante o jantar, Jesus levanta-se, tira o manto, pega uma toalha, se abaixa e começa a lavar os pés dos discípulos. Um gesto escandaloso. Um amor que se ajoelha. “Se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros.” (Jo 13,14)
Na Quinta-feira Santa, celebramos o coração da fé cristã: um Deus que se faz pão, que se faz serviço, que se doa por inteiro. Participar desta Eucaristia é assumir o compromisso de viver como Ele viveu, amar como Ele amou e servir como Ele serviu. Não é apenas uma missa bonita. É um chamado. “Fazei isto em memória de mim.” (1Cor 11,24)
Celebrar a Ceia do Senhor é dizer com a vida: estamos dispostos a continuar o caminho do amor até o fim.
Páscoa: O Sacrifício e a Renovação da Aliança
A Páscoa é um momento de profunda reflexão sobre o sacrifício, a renovação da aliança e a presença divina em nossas vidas. Ao longo das Escrituras, somos convidados a vivenciar a Páscoa não apenas como um evento histórico, mas como uma experiência de transformação pessoal e espiritual.
No Êxodo 12,1-8.11-14, vemos o povo de Israel, em meio à opressão no Egito, ser orientado a celebrar a Páscoa com um sacrifício de cordeiro e a marca de seu sangue nas portas como sinal de salvação. Esta primeira Páscoa é um marco da libertação divina, simbolizando a passagem da escravidão para a liberdade, do sofrimento para a esperança. Ela nos convida a refletir sobre o sacrifício que Deus fez em favor de Seu povo e nos recorda da importância de viver na fidelidade à Sua Palavra.
O Salmo 115,12-13.15-16bc.17-18 ecoa esse sentimento de gratidão e confiança em Deus, que libertou e guiou Seu povo. Ele nos lembra de que, ao recebermos as bênçãos divinas, devemos responder com ação de graças e compromisso com a Aliança. “Como retribuirei ao Senhor por tudo o que Ele me fez?” (Sl 115,12). A resposta a essa pergunta é encontrada no amor e no serviço a Deus e ao próximo, que se manifestam, especialmente, na participação na Ceia do Senhor.
Na Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios 11,23-26, a Eucaristia é revelada como o memorial do sacrifício de Cristo, que, ao instituir a Ceia, transforma o pão e o vinho em Seu Corpo e Sangue. Paulo nos ensina que, ao partilhar deste mistério, renovamos a nossa aliança com Cristo e proclamamos Sua morte e ressurreição até que Ele venha. A Eucaristia, assim, não é apenas um ato de recordação, mas uma vivência profunda da presença de Cristo em nossa vida.
Finalmente, no Evangelho de João 13,1-15, somos chamados a imitar o gesto de humildade e serviço de Jesus, que, ao lavar os pés dos Seus discípulos, nos ensina o verdadeiro caminho do amor. Ele, que é Senhor e Mestre, se faz servo, mostrando que, para viver a Páscoa em plenitude, devemos abraçar o serviço e o amor ao próximo. A humildade e a pureza de coração são essenciais para participar da Páscoa de Cristo, pois é somente através delas que podemos experimentar a verdadeira liberdade e salvação.
O que significa este gesto de Jesus de lavar os pés dos discípulos?
A Páscoa, portanto, não é apenas um rito de lembrança, mas uma vivência de fé, uma renovação da aliança com Deus, e um convite para que, como Cristo, possamos nos doar em amor e serviço ao próximo. Que, ao celebrarmos este tempo sagrado, possamos experimentar, em nossas vidas, a verdadeira libertação e a paz que Cristo nos oferece, nos chamando a viver uma vida de amor e serviço.
No contexto do judaísmo, o gesto de Jesus lavar os pés dos discípulos, conforme descrito no Evangelho de João 13,1-15, é carregado de um profundo simbolismo e se destaca como um ato radical de humildade e serviço. Para entender o significado desse gesto no judaísmo, é importante considerar algumas práticas e tradições culturais da época.
A Tradição Judaica de Lavar os Pés: No judaísmo do tempo de Jesus, lavar os pés era uma prática comum de hospitalidade. Ao receber um convidado em sua casa, o anfitrião ou um servo lavava os pés do visitante, pois as pessoas se deslocavam usando sandálias em estradas poeirentas. Esse gesto era um sinal de acolhimento e respeito. No entanto, a prática de lavar os pés era vista como uma tarefa reservada aos servos ou escravos, uma vez que era uma função humilde e muitas vezes considerada de baixo status.
A Inversão dos Papéis Sociais: Quando Jesus, como Mestre e Senhor, assume a função de servo ao lavar os pés dos discípulos, Ele desafia diretamente as normas sociais e culturais da época. Ao fazer isso, Jesus inverte a expectativa comum de hierarquia, mostrando que, no Reino de Deus, a verdadeira grandeza se encontra no serviço humilde ao próximo. Essa ação vai contra o entendimento de liderança baseado em poder e status, propondo um modelo de liderança servidora.
O Significado Espiritual: O gesto de lavar os pés também carrega um significado espiritual profundo. Para os discípulos, o ato de Jesus era uma forma de purificação, já que, no contexto religioso judaico, a lavagem era associada à purificação ritual. Embora Jesus não estivesse realizando uma purificação formal, Ele estava simbolicamente limpando os discípulos de sua sujeira espiritual e convidando-os a seguir o Seu exemplo de humildade e serviço.
A Tora e a Humildade: Na tradição judaica, a humildade é uma virtude essencial. Os sábios judaicos ensinavam que a verdadeira grandeza estava na capacidade de servir aos outros com um coração humilde. Ao realizar esse gesto, Jesus se alinha com essa virtude de humildade e serviço, que é central na moral judaica, como exemplificado nos ensinamentos dos profetas e dos mestres da Tora.
A Preparação para a Morte: Além disso, esse gesto de lavar os pés pode ser interpretado como uma preparação simbólica para o sacrifício de Jesus na cruz. Ao servir os discípulos dessa maneira, Ele os prepara para entender o tipo de Messias que Ele é: não um líder militar ou político, mas um Servo Sofredor, disposto a dar Sua vida em favor da humanidade.
Portanto, para o judaísmo, o gesto de Jesus de lavar os pés dos discípulos subverte as normas sociais e religiosas de sua época, chamando todos a praticar uma liderança fundamentada na humildade, no serviço e no amor ao próximo, valores que são centrais na tradição judaica. Além disso, é uma lição sobre a necessidade de purificação interior e um lembrete de que a verdadeira grandeza diante de Deus é medida pela disposição de servir e se humilhar em amor.
Para nós cristãos, o gesto de Jesus de lavar os pés dos discípulos possui uma riqueza de significados que vão além da prática de hospitalidade ou do simples ato de humildade. Esse gesto carrega profundas implicações para a compreensão da natureza de Deus, do Reino de Deus e do chamado dos discípulos para seguir o exemplo de Cristo. Vamos explorar os principais significados teológicos desse ato.
1. O Mistério da Humildade Divina
No gesto de lavar os pés, Jesus, que é o Filho de Deus, revela a profundidade da humildade divina. Ele, sendo Senhor e Mestre, não se impõe sobre os discípulos, mas escolhe servir a eles de maneira concreta e visível. Este gesto nos aponta para a natureza paradoxal de Deus, que é completamente transcendente e, ao mesmo tempo, completamente acessível e servo. A humildade de Jesus é uma característica essencial de Sua divindade. Ele, sendo Deus, não se afasta da humanidade, mas entra nela de maneira radical, demonstrando que o serviço e a doação são centrais para Sua missão redentora.
Esse ato de humildade reflete a “kenosis“, o “despojamento” de Cristo, descrito por Paulo em Filipenses 2,6-8. Ao se esvaziar de Sua glória e se tornar servo, Jesus nos revela que a verdadeira grandeza no Reino de Deus não está em poder ou prestígio, mas em um amor que se faz pequeno e se coloca a serviço dos outros. Jesus, ao lavar os pés, não apenas ensina, mas também revela a essência de Sua identidade como o Servo Sofredor, aquele que está disposto a ir até as últimas consequências por amor.
2. Purificação Espiritual
Este ato de lavar os pés também tem um forte componente de purificação. No contexto bíblico, a lavagem dos pés é associada à purificação, especialmente em rituais de preparação para encontros com Deus ou com momentos sagrados. Quando Jesus lava os pés de Seus discípulos, Ele não está apenas realizando um gesto simbólico de limpeza física, mas está apontando para a purificação interior necessária para uma verdadeira comunhão com Ele. Em João 13,10-11, Jesus explica que aquele que já se purificou precisa apenas lavar os pés, indicando que a lavagem é um reflexo da necessidade de purificação constante na vida espiritual. Este gesto antecipa a purificação final que seria realizada por meio da Sua morte na cruz, que oferece perdão e reconciliação com Deus.
3. O Amor Incondicional e Sacrificial
Ao lavar os pés dos discípulos, Jesus demonstra um amor incondicional e sacrificial, o qual se estende até mesmo àqueles que O traem (Judas) e aos que O abandonam (os discípulos, mais tarde). Esse gesto é uma antecipação do Seu maior ato de amor, a Sua morte na cruz, onde Ele se entregará completamente por toda a humanidade. O ato de lavar os pés dos discípulos não é apenas um exemplo de humildade, mas um sinal visível de Seu amor sacrificial, que se entrega totalmente para a salvação dos outros.
Jesus está mostrando que a verdadeira manifestação do amor de Deus no mundo não é algo grandioso ou grandemente exaltado, mas algo que se manifesta em serviço, sacrifício e doação. O amor de Cristo é aquele que se faz pequeno, que se abaixa, que se humilha por amor ao próximo.
4. Exemplo de Serviço e Liderança no Reino de Deus
Jesus, com este gesto, também redefine o conceito de liderança no Reino de Deus. O mundo tende a ver a liderança como algo que envolve poder, controle e domínio. No entanto, no Reino de Deus, a verdadeira liderança é caracterizada pelo serviço e pela capacidade de servir aos outros. Jesus não exige ser servido, mas escolhe servir, e Ele chama Seus discípulos a seguir esse exemplo.
Em João 13,14-15, Ele instrui os discípulos: “Se eu, o Senhor e Mestre, lavei os pés de vocês, vocês também devem lavar os pés uns dos outros. Pois eu lhes dei o exemplo, para que vocês façam como eu fiz.” Este é um mandamento de serviço mútuo, um convite para que os discípulos se tornem servos uns dos outros, assim como Cristo fez. A liderança cristã não é uma posição de poder ou honra, mas um chamado a servir aos outros com humildade e amor.
5. A Nova Comunhão com Cristo
Teologicamente, o gesto de lavar os pés também pode ser visto como um símbolo da nova comunhão que Jesus estabelece com os Seus seguidores. Ao lavar os pés dos discípulos, Ele não só está purificando-os, mas também os preparando para participar plenamente da Sua vida e missão. O serviço de Jesus vai além do ato físico de lavar os pés; Ele está criando uma nova comunidade fundamentada no serviço mútuo, onde os discípulos são chamados a viver em união e a praticar o amor sacrificial uns com os outros. Essa nova comunhão, fundada na imitação do amor e serviço de Cristo, será a base da Igreja que Ele está estabelecendo.
6. A Preparação para a Morte Redentora
Por fim, o gesto de lavar os pés é uma preparação para o sacrifício de Jesus na cruz. Ele sabe que Sua hora está chegando e usa esse momento para ensinar aos discípulos sobre a verdadeira natureza do Seu sacrifício. A cruz, como o lavatório, será o lugar onde Ele purificará e redimirá a humanidade, mas o gesto de lavar os pés já antecipa o significado profundo do que Ele fará. Assim, esse ato de serviço se torna uma preparação teológica para o ato supremo de amor de Cristo: Sua morte sacrificial, por meio da qual Ele oferece a purificação definitiva para todos os que creem Nele.
Assim, neste gesto, Jesus revela a humildade divina, a purificação necessária para uma vida em Cristo, o amor sacrificial que se entrega sem limites, e redefine a liderança como serviço. Ele também prepara os discípulos para o maior ato de amor, que será a Sua morte na cruz, e estabelece a base para uma nova comunidade de fé, caracterizada pelo amor e serviço mútuo. Em última análise, o gesto de lavar os pés é uma convocação para que todos os discípulos de Cristo sigam Seu exemplo e vivam uma vida de serviço, humildade e amor incondicional.
Memória da Ceia do Senhor: Início do Tríduo Pascal
Na noite em que foi entregue, Jesus celebrou a Ceia com seus discípulos. A comunidade cristã, ao se reunir nesta celebração, faz memória viva do que Ele fez e nos mandou fazer: tomar o pão, dar graças, partir e repartir. Este gesto simples e profundo inaugura o Tríduo Pascal, o coração do ano litúrgico.
Nesta celebração, é essencial preservar a estrutura da Ceia. Nos lugares onde for possível, utilizar-se do pão no lugar da hóstia, preparado especialmente para esta Missa, e não retirado do sacrário, que deve estar vazio desde o início da liturgia. A comunhão é realizada sob as duas espécies, pão e vinho, e a assembleia é convidada a se reunir em torno da mesa do altar, como sinal de unidade e partilha.
A adoração ao Santíssimo Sacramento, que se segue à celebração, ocorre em uma capela à parte, em clima de silêncio e sobriedade. Após a meia-noite, não se faz mais solenidade. Nunca se expõe o Santíssimo em ostensório, nem se deixa o sacrário ou o cibório abertos.
Os cantos que acompanham esta liturgia são próprios: a antífona de entrada, o Glória, as aclamações da oração eucarística e o canto de comunhão. As leituras também são específicas para este momento: o relato da Ceia Pascal do Êxodo, o testemunho mais antigo da Eucaristia presente na segunda leitura, e o Evangelho do Lava-pés, gesto que é repetido na celebração como sinal de serviço e amor fraterno. A cor litúrgica do dia é o branco, símbolo de festa e luz.
Ao final da celebração, o altar principal é desnudado e as imagens e cruzes são cobertas, caso ainda não tenham sido veladas no sábado anterior ao 5º Domingo da Quaresma. As imagens permanecem cobertas até a Vigília Pascal, enquanto a cruz permanece velada até a celebração da Sexta-feira Santa.
Do ponto de vista teológico e litúrgico, esta Ceia marca o início do êxodo pascal de Jesus. Nela, Ele reúne o sentido de toda a sua vida e missão, antecipando o mistério de sua entrega por amor. Celebra-se a Páscoa judaica, memória do êxodo, mas agora Ele mesmo se apresenta como o cordeiro da nova aliança: “Este é o meu corpo… este é o meu sangue”.
Espiritualmente, ao repetir os gestos de Jesus naquela noite, deixamo-nos conduzir pelo mesmo Espírito que o animou. Somos convidados a dedicar nossa vida a uma causa maior, assim como Ele fez. A Eucaristia nos impulsiona à gratidão, a ver o bem mesmo nas dificuldades, e a fazer da própria vida uma entrega total, corpo e sangue, por amor.
Sugestões dos cantos para este dia
Embora as músicas estejam gravadas com o acompanhamento completo de instrumentos, com o objetivo de facilitar o aprendizado e favorecer a adesão melódica, lembramos que o Sagrado Tríduo Pascal exige uma preparação cuidadosa. O uso dos instrumentos deve ser feito com discernimento, respeitando o espírito litúrgico próprio de cada celebração.
Diz o missal romano: Para uma boa celebração do Tríduo sagrado requer-se um número adequado de ministros leigos que devem ter sido cuidadosamente instruídos sobre o que lhes compete fazer. O canto do povo, dos ministros e do sacerdote que preside, tem peculiar importância nas celebrações destes dias, pois os textos recebem toda a força que lhes é própria, sobretudo quando são cantados.
Orientação do Missal Romano para a Missa Vespertina da Missa da Ceia do Senhor: Durante o hino, tocam-se os sinos, que depois permanecerão silenciosos até o Glória da Vigília pascal, a não ser que o Bispo diocesano determine outra coisa. No mesmo período, o órgão e os outros instrumentos musicais podem ser utilizados somente para sustentar o canto.
Se na mesma igreja não houver a celebração da Paixão do Senhor na sexta-feira seguinte, a Missa se conclui como de costume e o Santíssimo Sacramento é colocado no tabernáculo.
Terminada a oração depois da comunhão, o sacerdote, de pé, põe e abençoa o incenso no turíbulo e, ajoelhado, incensa três vezes o Santíssimo Sacramento. Recebe o véu umeral de cor branca, levanta-se, toma o cibório e o cobre com as extremidades do véu.
Forma-se a procissão da transladação do Santíssimo Sacramento, com tochas e incenso, pela igreja ao lugar da reposição, preparado em alguma parte da igreja ou numa capela convenientemente ornada. À frente vai um ministro leigo com a cruz entre dois outros com castiçais acesos; seguem-se outros levando velas acesas; diante do sacerdote que leva o Santíssimo Sacramento vai o turiferário com o turíbulo fumegante. Durante a procissão canta-se o hino Vamos todos louvar juntos (exceto as duas últimas estrofes) ou outro canto eucarístico.
Vamos todos louvar juntos o mistério do amor, pois o preço deste mundo foi o sangue redentor, recebido de Maria, que nos deu o Salvador.
Veio ao mundo por Maria, foi por nós que ele nasceu. Ensinou sua doutrina, com os homens conviveu. No final de sua vida, um presente ele nos deu.
Observando a Lei mosaica, se reuniu com os irmãos. Era noite. Despedida. Numa ceia: refeição. Deu-se aos doze em alimento, pelas suas próprias mãos.
A Palavra do Deus vivo transformou o vinho e o pão no seu sangue e no seu corpo para a nossa salvação. O milagre nós não vemos, basta a fé no coração.
Quando a procissão chega ao local da reposição, o sacerdote, se necessário, com a ajuda do diácono, deposita o cibório no tabernáculo, cuja porta fica aberta. Em seguida coloca incenso no turíbulo e, ajoelhado, incensa o Santíssimo Sacramento enquanto se canta Tão sublime sacramento ou outro canto eucarístico. Depois o diácono ou o próprio sacerdote fecha o tabernáculo.
Tão sublime sacramento adoremos neste altar, pois o Antigo Testamento deu ao Novo seu lugar, Venha a fé por suplemento os sentidos completar.
Ao Eterno Pai cantemos e a Jesus, o Salvador. Ao Espírito exaltemos, na Trindade eterno amor. Ao Deus Uno e Trino demos a alegria do louvor.
Após algum tempo de adoração silenciosa, o sacerdote e os ministros fazem genuflexão e voltam à sacristia.
Em tempo oportuno retiram-se as toalhas do altar e, se possível, as cruzes da igreja. Convém velar as cruzes que não possam ser retiradas.
Os que participam da Missa vespertina não celebram as vésperas.
Os fiéis sejam exortados a adorarem diante do Santíssimo Sacramento, durante algum tempo da noite, segundo a situação e as circunstâncias do lugar. Contudo, após a meia-noite esta adoração seja feita sem nenhuma solenidade.