EXORTAÇÃO APOSTÓLICA DILEXI TE

Apresentamos a seguir os principais conteúdos e desdobramentos da exortação apostólica Dilexi te (“Eu te amei”), assinada por Papa Leão XIV em 4 de outubro de 2025 — data que coincide com a festa de São Francisco de Assis — e divulgada publicamente em 9 de outubro. (Vaticano)

Contexto e motivação

Dilexi te retoma parte de um projeto iniciado nos últimos meses do pontificado de Francisco, quando ele mesmo preparara uma exortação sobre o serviço aos pobres, cujo título complementa sua encíclica Dilexit Nos. Papa Leão XIV acolhe esse legado, declara que o “faz seu” e acrescenta reflexões próprias no começo de seu pontificado. (Vaticano)

O título “Eu te amei” provém de Apocalipse 3,9 e sugere que Cristo, em particular aos mais fracos, mais pobres ou menos poderosos, dirige uma palavra de amor e reconhecimento: mesmo sem força ou posição, eles são amados por Deus. (Vaticano)

O documento, que possui 121 pontos, busca sublinhar que a proximidade com os pobres é mais do que um programa social: é central à identidade cristã, à missão da Igreja e à vivência autêntica do Evangelho. (Vatican News)

Os capítulos e principais temas

A exortação está estruturada em uma breve introdução seguida por cinco capítulos (cap. I a V), cada um desenvolvendo um aspecto específico do tema do amor e da opção pelos pobres. A seguir, um panorama dos temas centrais:

Capítulo I – “Algumas palavras indispensáveis”
Nesta primeira parte, o Papa recorda episódios bíblicos (por exemplo, a mulher que unge Jesus com perfume caro) para mostrar que gestos simples de carinho e proximidade com o que sofre não são insignificantes, sobretudo se dirigidos aos mais vulneráveis. (EWTN Vatican)

Leão XIV enfatiza que o amor a Cristo não pode ser divorciado do amor aos pobres: quem ama o Senhor deve reconhecer Cristo no rosto dos mais pobres e sofredores. (Vaticano)

Capítulo II – “Deus opta pelos pobres”
Este capítulo aprofunda a ideia de que a atenção de Deus para os pobres não é acaso nem mero recurso simbólico, mas parte integrante da obra da salvação. Ele remonta à expressão bíblica de Deus “ter ouvido o clamor dos pobres” (por exemplo, no episódio da sarça ardente) para afirmar que a opção divina pelos que sofrem é permanente. (EWTN Vatican)

Aqui também se destaca a encarnação de Jesus como ato de amor e pobreza: o Filho de Deus torna-se pobre, identificado com os pobres, vivenciando rejeição e caminho de cruz. Essa pobreza de Cristo configura a dimensão teológica da proximidade com os mais fracos. (EWTN Vatican)

Capítulo III – “Uma Igreja para os pobres”
No capítulo III (e nos subsequentes), Leão XIV discute como a Igreja deve estruturar-se pastoralmente e missionariamente a partir dessa opção preferencial pelos pobres. Ele não propõe que os pobres sejam tratados como “casos sociais” separados, mas que a ação eclesial inteira — liturgia, doutrina, caridade, caminho missionário — seja influenciada por esse olhar preferencial. (Vatican News)

O Papa adverte contra preconceitos ideológicos que segregam os pobres ou os consideram menos dignos e critica a tentação de uma fé acomodada, desvinculada da justiça social. (Vatican News)

Capítulo IV – “Uma história que continua”
Este capítulo traça um percurso histórico da relação entre a Igreja e os pobres nos últimos 150 anos, situando a exortação dentro da tradição da doutrina social da Igreja. Leão XIV revisita documentos eclesiais anteriores, bem como os concílios latino-americanos (Puebla, Medellín, Aparecida etc.), e destaca que muitas crises contemporâneas — desigualdade, migração, fome, injustiças estruturais — exigem uma resposta renovada da Igreja. (Vatican News)

Nesse contexto, ele denuncia “a economia que mata”, falta de equidade, violência contra mulheres, escassez educacional, estruturas injustas que favorecem alguns em detrimento de muitos. (Vatican News)

Leão XIV também valoriza os movimentos populares e comunitários como expressões de moralidade social, afirmando que a política e as instituições devem escutar os pobres para que a democracia não se torne vazia ou excludente. (EWTN Vatican)

Capítulo V – “Um desafio permanente”
No capítulo final, a exortação reitera que o amor aos pobres não é um tema ocasional nem um apêndice da missão, mas “marca” permanente da vida cristã e identidade da Igreja. (EWTN Vatican)

Leão XIV afirma que nenhuma comunidade cristã pode ignorar os pobres, trata-los como “problemas sociais” ou relegá-los a uma esfera secundária. Ao contrário, é preciso uma conversão constante, destruição das “estruturas de injustiça” e generosidade concreta. (EWTN Vatican)

Ele fala de caridade como “justiça restabelecida”, e não como mero paternalismo; da necessidade de oferecer oportunidades reais de desenvolvimento e dignidade; de promover reformas sociais que assegurem educação, trabalho, proteção às mulheres, acolhimento aos migrantes. (Vatican News)

A exortação conclui lembrando que em gestos simples — ouvir, doar, caminhar com os pobres — estamos reenviados ao coração de Cristo, que continua dizendo: “Eu te amei” (Ap 3,9). (EWTN Vatican)

Mensagens centrais e implicações para a Igreja de hoje

A Dilexi te oferece várias teses centrais que devem inspirar a prática eclesial contemporânea:

  1. Unidade entre fé e caridade
    A exortação insiste que a fé cristã não pode ser separada do compromisso concreto com os pobres. Amar a Deus e amar o próximo são partes inseparáveis da vida cristã.
  2. Opção preferencial pelos pobres como missão estruturante
    Leão XIV reafirma que esse conceito — já presente em documentos latino-americanos e no magistério recente — não é opcional, mas constitutivo da identidade da Igreja. Ele recorda que a opção não implica exclusão, mas sim radical compaixão. (Desenvolvimento Humano)
  3. Crítica às estruturas injustas
    A exortação denuncia sistemas econômicos e sociais que produzem desigualdade, privilegiando poucos e marginalizando muitos — “economia que mata” é uma expressão significativa usada pelo Papa. (Vatican News)
  4. Papel evangelizador dos pobres
    Os pobres não são apenas destinatários da caridade, mas “profetas” que exigem uma escuta eclesial. Eles possuem uma sabedoria da fragilidade que desafia os que estão em conforto a reexaminar prioridades. (Desenvolvimento Humano)
  5. Conversão permanente da comunidade cristã
    A exortação chama à conversão contínua — mudança de estilo de vida, desprendimento, atenção aos mais frágeis. Não é apenas tarefa social, mas caminho espiritual.
  6. Inovação pastoral e institucional
    Leão XIV convoca comunidades, paróquias e dioceses a repensarem seus modos de ação: por exemplo, iniciativas de proximidade, escuta, presença concreta, alianças com movimentos sociais e reformulação de políticas paroquiais com foco nos excluídos.
  7. Solidariedade global e dimensão política
    Não se trata apenas de obras pontuais, mas de influenciar estruturas políticas e econômicas para que priorizem a dignidade humana. A voz cristã deve denunciar desigualdades e injustiças.

Conclusão e convite

A exortação Dilexi te é um documento desafiador e inspirador: coloca no centro da missão da Igreja o serviço aos pobres como expressão vital do amor de Cristo. Não como programa secundário, mas como critério de fidelidade ao Evangelho. O Papa Leão XIV nos convida a reconhecer nos pobres não apenas obra de misericórdia, mas presença de Deus que continua a falar, no “clamar” da pobreza humana.

Que esta carta, associando o Colégio Episcopal e toda a Igreja, desperte em nossas comunidades a coragem de caminhar com aqueles que mais sofrem, de transformar estruturas injustas, de tornar visível o rosto de Cristo naqueles que passam invisíveis. Que, renovados em compaixão, saibamos dizer aos pobres — e viver para eles —: “Eu te amei”.

REZAR O TERÇO

Segundo a Carta Apostólica ROSARIUM VIRGINIS MARIAE, “o Rosário situa-se na melhor e mais garantida tradição da contemplação cristã. Desenvolvido no Ocidente, é oração tipicamente meditativa e corresponde, de certo modo, à « oração do coração » ou « oração de Jesus » germinada no húmus do Oriente cristão”.

Ainda na introdução desta Carta Apostólica, o Papa João Paulo II motiva para a oraçao: “Na sobriedade dos seus elementos, concentra a profundidade de toda a mensagem evangélica, da qual é quase um compêndio. Nele ecoa a oração de Maria, o seu perene Magnificat pela obra da Encarnação redentora iniciada no seu ventre virginal. Com ele, o povo cristão frequenta a escola de Maria, para deixar-se introduzir na contemplação da beleza do rosto de Cristo e na experiência da profundidade do seu amor. Mediante o Rosário, o crente alcança a graça em abundância, como se a recebesse das mesmas mãos da Mãe do Redentor”. 

Assim somos convidados a contemplar Cristo por Maria. A contemplação de Cristo tem em Maria o seu modelo insuperável. O rosto do Filho pertence-lhe sob um título especial. Foi no seu ventre que Se plasmou, recebendo d’Ela também uma semelhança humana que evoca uma intimidade espiritual certamente ainda maior. À contemplação do rosto de Cristo, ninguém se dedicou com a mesma assiduidade de Maria.

Os olhos do seu coração concentram-se de algum modo sobre Ele já na Anunciação, quando O concebe por obra do Espírito Santo; nos meses seguintes, começa a sentir sua presença e a pressagiar os contornos. Quando finalmente O dá à luz em Belém, também os seus olhos de carne podem fixar-se com ternura no rosto do Filho, que envolveu em panos e recostou numa manjedoura (cf. Lc 2, 7).

Como rezar o terço?

A partir da cruz, siga as orações na sequência indicada

  • Inicia-se segurando pela cruz, com o Sinal a Cruz, Oferecimento do Terço e a oração do Creio (ver orações abaixo)
  • Reza-se um Pai-Nosso, seguido de três Ave-Maria.
  • Recita-se: Glória ao Pai, ao Filho…
  • O terço possui 5 dezenas. A cada dezena contempla-se o mistério, seguido de 1 Pai-Nosso e 10 Ave-Maria
  • Ao final de cada dezena reza-se Glória ao Pai seguido da jaculatória Oh! meu bom Jesus… (vide orações abaixo)
  • Ao concluir as 5 dezenas, reza-se os agradecimentos

Orações do Terço

Oferecimento do Terço (reza-se no início)

Divino Jesus, eu vos ofereço este terço (Rosário) que vou rezar, contemplando os mistérios de nossa Redenção. Concedei-me, pela intercessão de Maria, vossa Mãe Santíssima, a quem me dirijo, as graças necessárias para bem rezá-lo para ganhar as indulgências desta santa devoção.

Creio em Deus Pai

Creio em Deus Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra, e em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, que foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia; subiu aos céus, está sentado à direita de Deus Pai todo poderoso, donde há de vir julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo, na Santa Igreja Católica, na comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne e na vida eterna. Amém.

Pai Nosso

Pai Nosso que estais no Céu, santificado seja o Vosso nome, venha a nós o Vosso reino, seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossa ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Amém.

Ave Maria

Ave Maria cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre Jesus. Santa Maria Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém.

Glória ao Pai

  • Glória ao Pai, ao Filho e o Espírito Santo. Como era no princípio, agora é sempre. Amém.

Oh! Meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente as que mais precisarem. Amém.

 Na oração do Rosário contemplam-se todos os mistérios. No caso da oração do Terço, contempla-se um dos mistérios, conforme dias e mistérios a seguir:

Mistérios Gozosos (segundas e sábados)

1º Mistério – Encarnação do Filho de Deus
No primeiro mistério contemplemos a Anunciação do Arcanjo São Gabriel à Nossa Senhora. Disse o Anjo à Maria: “Eis que conceberás e darás à luz um filho e o chamarás com o nome de Jesus”. Disse então Maria: “Eu sou a serva do Senhor; faça-se em mim, segundo a tua palavra”. (Lc 1,31.37)
Intenção: aprendamos e peçamos a humildade de Maria ante o chamado de Deus.

2º Mistério – Maria visita sua prima Isabel.
“Maria pôs-se a caminho, para a região montanhosa, dirigindo-se apressadamente a uma cidade de Judá. Entrando em casa de Zacarias, saudou Isabel (…) que repleta do Espírito Santo, exclamou: ‘Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre” (…) Feliz a que acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido”. Lc 1,39-45
Intenção: admiremos e peçamos o amor de Maria para com o próximo.

3º Mistério – Jesus nasce na pobreza de Belém
Enquanto se encontravam em Belém, completaram-se os dias para o parto, e ela deu à luz o seu filho primogênito, envolveu-o com faixas e reclinou-o numa manjedoura, porque não havia um lugar para eles na sala. Lc 2, 6-7
Intenção: peçamos a Jesus e a Maria o espírito de pobreza evangélica.

4º Mistério – Cumprindo a lei de Moisés, Maria apresenta Jesus no templo
“Quando se completaram os dias para a purificação deles, segundo a lei de Moséis, levaram-no a Jerusalém, a fim de apresentá-lo ao Senhor… E Simeão disse a Maria: “Eis que este menino foi colocado para a queda e o soerguimento de muitos em Israel, e como um sinal de contradição. E a ti, uma espada transpassará a tua alma, para que se revelem os pensamentos íntimos de muitos corações”. Lc 2, 22.34-35
Intenção: consideremos e peçamos a obediência que teve a Virgem Maria.

5º Mistério – O menino Jesus, perdido e encontrado no Templo, entre os doutores.
“Ao vê-lo, ficaram surpresos, e a mãe lhe disse: ‘Meu filho, por que agiste assim conosco? Olha que teu pai e eu, aflitos, te procurávamos’. Ele respondeu: ‘Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai?’ Eles porém, não compreenderam a palavra que eles lhe dissera” Lc 2, 48-50
Intenção: peçamos a graça de conhecer e seguir nossa vocação.

Mistérios Dolorosos (terças e sextas-feiras)

 1º Mistério – A oração e o sofrimento de Jesus no Jardim das Oliveiras.
“Disse-lhe Jesus: ‘Minha alma está triste até a morte. Permanecei aqui e vigiai comigo”. E, indo um pouco diante, prostrou-se com o rosto em terra e orou: ‘Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres. Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca”. Mt 26,38-39.41
Intenção: peçamos o espírito de oração.

2º Mistério – Jesus é flagelado.
Disse-lhes: Vós me apresentastes este homem como agitador do povo. Ora, eu o interroguei diante de vós e não encontrei neste homem motivo algum de condenação, como o acusais (…) Como vedes, este homem nada fez que mereça a morte. Por isso, vou soltá-lo, depois de o castigar. Eles, porém, vociferaram todos juntos: ‘Morra este homem! Solta-nos Barrabás!’. Pilatos então tomou a Jesus e o mandou flagelar. Lc 23,14.15b-18; Jo 19,1
Intenção: peçamos a virtude do amor ao próximo.

3º Mistério – A coroação de espinhos de Jesus.
“Os soldados, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-na em sua cabeça e jogaram sobre ele um manto de púrpura. Aproximando-se dele, diziam: ‘Salve, rei dos Judeus!’ E o esbofeteavam”. Jo 19, 2-3
Intenção: peçamos a pureza de intenções e de desejos.

4º Mistério – Jesus carrega a pesada cruz, rumo ao Calvário
“Depois de caçoarem dele, despiram-lhe a capa escarlate e tornaram a vesti-lo com suas próprias vestes e levaram-no para o crucificar. Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”. Mt 27,31; Mc 8,34b
Intenção: admiremos a paciência do Salvador e peçamos a graça de ser pacientes em nossas provas e sofrimentos.

5º Mistério – Jesus morre na cruz por todos os homens
“Tomaram então a Jesus. E ele saiu, carregando a sua cruz e chegou ao chamado ‘lugar da Caveira’ (…) onde o crucificaram; e com ele, dois outros: um de cada lado, e Jesus no meio”. Jesus, então, vendo a sua mãe e, perto dela, o discípulo a quem amava, disse à sua mãe: ‘Mulher, eis o teu filho!’ Depois disse ao discípulo: ‘Eis a tua mãe!’.” Jo 19,16b-18.26-27a
Intenção: Peçamos a graça de compreender e viver a missa, que é renovação do sacrifício do Calvário.

 Mistérios Gloriosos (quartas-feiras e Domingos)

1º Mistério – Jesus ressuscita, vencendo a morte
“Disse o Anjo às mulheres: ‘Não temais! Sei que estais procurando Jesus, o crucificado. Ele não está aqui, pois ressurgiu, conforme havia dito (…). Ide dizer aos seus discípulos e a Pedro que ele vos precede na Galileia. Lá o vereis, como vos tinha dito’.” Mt 28,5b-6a; Mc 16,7
Intenção: peçamos a plena transformação de nossa vida em Cristo.

2º Mistério – A ascensão de Jesus Cristo ao céu.
“Jesus levou os discípulos até Betânia. E erguendo as mãos, abençoou-os. E enquanto os abençoava, distanciou-se deles e era elevado ao céu. Eles se prostraram diante dele, e depois voltaram a Jerusalém, com grande alegria(…)” Lc 24, 50b-52
Intenção: peçamos a graça de buscar unicamente o Reino de Deus e sua justiça, porque tudo mais nos será dado por acréscimo.

3º Mistério – A vinda do Espírito Santo sobre Maria e os Apóstolos.
“Quando chegou o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um ruído semelhante ao soprar de impetuoso vendaval; e encheu toda a casa onde se achavam. E apareceram umas línguass de fogo, que se distribuíram e foram pousar sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito os impelia a falar (…) Pedro disse: “Não, esses homens não estão ébrios, como pensais (…) mas é que se realiza a palavra do profeta: Sucederános últimos dias, diz o Senhor, derramarei o meu Espírito sobre toda carne”. ” At 2,1-4.15a-16.17a
Intenção: peçamos os dons do Espírito Santo, especialmente a sabedoria, a fortaleza e o zelo.

4º Mistério – A gloriosa assunção de Maria no Céu.
“A gloriosa assunção de Maria ao céu é a festa do seu destino de plenitude e de felicidade, da glorificação de sua alma imaculada e de seu corpo virginal, bem como de sua perfeita configuração com o Cristo ressuscitado”. (Paulo VI)
Intenção: peçamos a graça de viver noss vocação à santidade.

5º Mistério – Maria é coroada Rainha do céu e da terra, e intercessora de todos os homens junto a seu Filho Jesus.
“A festa da Assunção prolonga-se alegremente na celebração da festa da realeza de Maria. Neste mistério, nós a contemplamos junto ao Rei dos séculos, onde resplandece como Rainha e intercede com Mãe”. (Paulo VI)
Intenção: proponhamo-nos confiar na mediação de Maria e peçamos o dom da perseverança.

 Mistérios Luminosos (quinta-feira)

Introdução dos mistérios feitas pelo São João Paulo II.

1º Mistério – Contemplamos Jesus sendo batizado por João Batista no Rio Jordão. Enquanto Cristo desce à água do rio, como inocente que se faz pecado por nós, o céu se abre e voz do Pai proclama-o Filho dileto, ao mesmo tempo em que o Espírito vem sobre ele para investi-lo na missão que o espera.

2º Mistério – contemplamos o início dos sinais de Caná, quando Cristo, transformando a água em vinho, abre à fé o coração dos discípulos graças à intervenção de Maria, a primeira entre os que creem.

3º Mistério – Contemplamos a pregação com a qual Jesus anuncia o advento do Reino de Deus e convida à conversão, perdoando os pecados de quem se dirige a ele com humilde confiança, início do mistério de misericórdia que ele prosseguirá exercendo até o fim do mundo, especialmente por meio do sacramento da reconciliação confiado à sua Igreja.

4º Mistério – Contemplamos a transfiguração de Jesus que, segundo a tradição, se deu no monte Tabor. A glória da divindade reluz no rosto de Cristo, enquanto o Pai o credencia aos apóstolos extasiados para que o “escutem” e se disponham a viver com ele o momento doloroso da paixão, a fim de chegarem com ele à glória da ressurreição e a uma vida transfigurada pelo Espírito Satno.

5º Mistério – Contemplamos a instituição da Eucaristia, na qual Cristo se faz alimento com o seu corpo e o seu sangue sob os sinais do pão e do vinho, testemunhando “até o extremo” seu amor pela humanidade, por cuja salvação se oferecerá em sacrifício.

Agradecimentos – no final do terço

Infinitas graças vos damos, Soberana Rainha, pelos benefícios que todos os dias recebemos de vossa mão liberais. Dignai-vos, agora e para sempre, tomar-nos debaixo do vosso poderoso amparo e para mais vos obrigar vos saudamos com uma Salve Rainha:

Salve Rainha, Mãe de Misericórdia, vida, doçura, esperança nossa, salve! A vós bradamos, os degredados filhos de Eva; a vós suspiramos gemendo e chorando neste vale de lágrimas. Eia, pois, advogada nossa esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei, e depois deste desterro nos mostrai a Jesus, bendito fruto do vosso ventre, ó Clemente, ó Piedosa, ó Doce, sempre virgem Maria.

V. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus,
R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Amém.

RETIRO MENSAL DE OUTUBRO DE 2025

A Família Paulina é chamada a se reunir, em cada primeiro domingo do mês, para recordar e celebrar Jesus Mestre, Caminho, Verdade e Vida.

Neste mês de outubro, o convite ganha uma conotação ainda mais especial: todo o mês é dedicado a Jesus Divino Mestre, cuja Solenidade celebraremos no último domingo do mês.

O roteiro deste Retiro Mensal do Mês de Outubro contempla os textos deste 27º Domingo do Tempo Comum (Ano C) que nos ajudam a mergulhar na caminhada da comunidade cristã. A Palavra nos convida a reavivar a fé, perseverar na esperança e testemunhar com coragem o Evangelho em nossa vida diária.

“Senhor, aumenta a nossa fé!” (Lc 17,5)

Convidamos todos os que desejarem rezar conosco a participar deste momento de espiritualidade e silêncio, deixando-se guiar pela luz do Mestre Divino.

📖 O roteiro do Retiro, preparado pelo Secretariado da Espiritualidade PDDM, está disponível em PDF para ser rezado individualmente ou em comunidade:

👉 Clique aqui para acessar o Retiro do mês de outubro de 2025 (PDF)

Que este mês dedicado a Jesus Mestre renove em nós a fé, a esperança e o ardor missionário!


CAMPANHA MISSIONÁRIA 2025: MISSIONÁRIOS DA ESPERANÇA ENTRE OS POVOS

O mês de outubro é, em toda a Igreja Católica, um tempo especial de oração, reflexão e compromisso missionário. No Brasil, esse período ganha ainda mais força com a Campanha Missionária, promovida pelas Pontifícias Obras Missionárias (POM), em comunhão com o Conselho Missionário Nacional (COMINA) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Em 2025, a Campanha nos convida a aprofundar a vivência da fé a partir do tema “Missionários da esperança entre os povos” e do lema “A esperança não decepciona” (Rm 5,5).

Essa escolha ressoa de forma muito significativa, especialmente porque este ano celebramos também o Ano Jubilar da Esperança. É um tempo de graça em que somos chamados a renovar nosso compromisso com Cristo e com a missão de testemunhar o Evangelho até os confins do mundo.

O símbolo do barco e da cruz

Lema: A esperança não decepciona.

A arte que inspira a Campanha Missionária 2025 parte da construção simbólica do logotipo oficial do Jubileu. Nela, vemos um barco formado pelos diferentes povos, conduzido pela força da cruz de Cristo, que se ergue como vela e também como âncora. Essa imagem nos fala profundamente sobre a identidade da Igreja: somos um povo em constante travessia, peregrinos que seguem rumo a novos horizontes, sustentados pela fé em Cristo que jamais nos abandona.

Na proposta da Campanha Missionária, o olhar se coloca a partir de dentro do barco. Estamos junto com Cristo, vivendo a missão, confiando que Ele é a força que nos impulsiona e, ao mesmo tempo, a âncora que nos mantém firmes. Essa perspectiva nos ajuda a compreender que a missão não é apenas algo externo, mas uma experiência de comunhão que transforma a vida de quem parte e de quem acolhe.

A esperança como força missionária

O lema escolhido, “A esperança não decepciona”, recorda-nos uma verdade essencial da fé cristã: é no amor de Deus derramado em nossos corações que encontramos forças para enfrentar as dificuldades e seguir adiante. Ser missionário é ser portador de esperança, sobretudo em um mundo marcado por guerras, desigualdades, crises ambientais e tantas situações de sofrimento humano.

Ao proclamar que “a esperança não decepciona”, a Campanha Missionária nos envia como testemunhas da ressurreição. O missionário não leva apenas palavras, mas anuncia com sua vida que a presença de Cristo é fonte de sentido, de paz e de transformação.

Pontifícias Obras Missionárias: um serviço à Igreja no mundo inteiro

As Pontifícias Obras Missionárias (POM), fundadas pelo Papa Pio XI em 1922, têm desempenhado um papel essencial na promoção e apoio à missão da Igreja em todos os continentes. Desde então, têm sido presença de solidariedade e estímulo aos missionários que atuam em regiões marcadas pela pobreza, pela exclusão social e por desafios culturais ou religiosos.

No Brasil, as POM assumiram a responsabilidade de promover a Campanha Missionária, que acontece todos os anos no mês de outubro. Trata-se de uma oportunidade privilegiada para despertar a consciência missionária nas comunidades e para angariar recursos que sustentam milhares de projetos em diferentes países.

O Dia Mundial das Missões

O ponto alto do mês missionário é celebrado em todo o mundo no Dia Mundial das Missões, instituído pelo Papa Pio XI em 1926. Neste ano de 2025, a celebração acontece nos dias 19 e 20 de outubro. Em comunhão com a Igreja universal, todas as comunidades são convidadas a intensificar as orações, a partilha e o compromisso missionário.

A coleta realizada nesse final de semana é destinada ao Fundo Mundial de Solidariedade, administrado pela Santa Sé, que apoia diretamente projetos de evangelização, educação, saúde, desenvolvimento comunitário e assistência social em territórios de missão. Assim, cada oferta, por menor que seja, torna-se sinal concreto de fraternidade universal e de compromisso com o Evangelho.

Experiências missionárias no Brasil e no mundo

Durante o mês missionário, diversas iniciativas acontecem em nossas dioceses, paróquias, escolas e comunidades:

  • Celebrações especiais que ressaltam o caráter universal da missão;
  • Formações missionárias para leigos, religiosos e sacerdotes;
  • Novena missionária, que reúne famílias, grupos e comunidades em oração;
  • Experiências de missão local, incentivando a visita às famílias, aos doentes e às comunidades mais afastadas;
  • Partilhas solidárias, reforçando o sentido concreto da caridade missionária.

Essas atividades ajudam a manter viva a chama missionária que, desde 1972, vem sendo fortalecida no Brasil através da Campanha Missionária.

Missão e solidariedade: um chamado para todos

É importante lembrar que a missão não é tarefa apenas de alguns, mas de toda a Igreja. Cada batizado é chamado a ser missionário, seja no seu ambiente de trabalho, na escola, na família ou mesmo nos lugares mais distantes para onde alguns são enviados.

A solidariedade expressa na Campanha Missionária é também um gesto de corresponsabilidade. Ao colaborar, cada fiel se torna parte ativa de uma rede de amor e esperança que ultrapassa fronteiras. A partilha possibilita que missionários e missionárias levem o Evangelho a regiões onde a Igreja ainda é jovem ou enfrenta grandes dificuldades.

Ano Jubilar: peregrinos da esperança

Em sintonia com o Jubileu 2025, a Campanha Missionária deste ano reforça a vocação da Igreja como “peregrina da esperança”. O Jubileu é tempo de renovar a fé, de fortalecer a comunhão e de redescobrir o chamado a sermos sinal de esperança para o mundo.

Oração, partilha e testemunho são os três pilares que sustentam o compromisso missionário. A Campanha Missionária 2025 nos recorda que ser discípulo de Jesus significa lançar-se à travessia, confiando no barco da Igreja conduzido pela cruz de Cristo.

Oração da Campanha Missionária 2025

Deus Pai, Filho e Espírito Santo,
fonte da esperança que não decepciona,
fortaleça o espírito missionário em todos os cristãos,
para que o Evangelho chegue a todos os lugares do mundo,
nossa Casa Comum.
Que a graça do Ano Jubilar renove em nós, peregrinos da esperança,
o desejo de buscar os bens eternos e o empenho em promover um mundo mais humano e fraterno.
Maria, Estrela da Evangelização, interceda por nós, junto a Jesus Cristo, o Missionário do Pai,
para sermos Igreja sinodal em missão,
testemunhando o Reino de Deus até os confins do mundo, rumo à plenitude.
Amém.

Um convite à participação

A Campanha Missionária 2025 é um convite para que cada um de nós seja missionário da esperança. Em um mundo tantas vezes marcado pela desesperança, pelo medo e pelo fechamento, a Igreja nos envia como portadores de uma Boa Nova que não passa: Cristo ressuscitou e caminha conosco.

Participar da Campanha é uma forma concreta de viver a fé: rezando, partilhando e testemunhando. Como discípulos missionários, somos chamados a remar juntos nesse barco, certos de que a cruz de Cristo é nossa vela e nossa âncora.

Que este mês missionário fortaleça em todos nós a certeza de que a esperança não decepciona e de que, unidos, podemos levar o Evangelho da vida e da paz até os confins da terra.

Para mais informações, materiais de apoio, orações e subsídios, acesse: https://cm.pom.org.br

Veja como é partilhado todo o dinheiro arrecadado nesta campanha: https://cm.pom.org.br/home/transparencia/


LITURGIA DO DIA: MEMÓRIA DE SÃO JERÔNIMO, BISPO E DOUTOR DA IGREJA

26ª Semana do Tempo Comum

Leituras: Zc 8,20-23 | Sl 86(87),1-3.4-5.6-7 (R. Zc 8,23) | Lc 9,51-56

Reflexão da Liturgia do Dia

O evangelho de hoje (Lc 9,51-56) mostra Jesus decidido a ir para Jerusalém, lugar do cumprimento de sua missão pascal. Ele não se deixa abalar pela rejeição dos samaritanos, nem cede ao ímpeto de vingança sugerido por Tiago e João. O Senhor ensina que o caminho do discípulo não é o da violência, mas o da fidelidade e da entrega amorosa, mesmo quando encontra incompreensão ou hostilidade.

Este trecho marca um ponto de virada no evangelho de Lucas. Até aqui, Jesus havia realizado sinais, ensinado às multidões e formado seus discípulos. No versículo 51, lemos: “Estava chegando o tempo de Jesus ser levado para o céu. Então ele tomou a firme decisão de partir para Jerusalém”. Aqui temos duas perspectivas importantes: Jerusalém é o lugar do cumprimento da sua missão: paixão, morte, ressurreição e ascensão. E também a “subida” não é apenas geográfica, mas teológica: é o caminho da obediência ao Pai.

No caminho, Jesus passa pela Samaria. Os samaritanos, por causa das tensões históricas com os judeus (antiga rivalidade sobre o local do culto), não o acolhem. Tiago e João, cheios de zelo, querem invocar o fogo do céu contra eles, lembrando talvez do episódio do profeta Elias (cf. 2Rs 1,10-12). Mas Jesus os repreende.

Na perspectiva teológico-litúrgica, este trecho nos coloca diante da Cristologia do caminho. A liturgia apresenta Jesus como o Servo obediente, que, em plena liberdade, assume a vontade do Pai e não se desvia da missão que lhe foi confiada. A decisão firme de partir para Jerusalém não é apenas um deslocamento geográfico, mas um movimento espiritual e teológico: é o caminho da entrega total, no qual a cruz se torna passagem necessária para a ressurreição e para a glória.

Esse “caminho” revela o rosto de um Messias que não busca triunfos fáceis nem evita a rejeição, mas que se define pelo amor radical e pela misericórdia. Em contraste com a atitude dos discípulos, que desejam recorrer ao fogo do céu para punir os que não acolhem o Mestre, Jesus indica uma nova lógica: a da não-violência, do perdão e da paciência. Assim, o discipulado cristão só se compreende à luz desse itinerário pascal, no qual a centralidade da cruz não é sinal de derrota, mas de fidelidade e de vitória do amor.

Na liturgia, essa dimensão do caminho se transforma em convite permanente para a comunidade: celebrar a Eucaristia é unir-se a Cristo que se oferece no altar como na cruz, e que nos chama a segui-lo na obediência, na perseverança e na esperança. Cada fiel é convidado a “subir com Ele a Jerusalém”, assumindo também os desafios da missão, sustentado pela certeza de que, ao final do caminho, está a vida nova da ressurreição.

Este evangelho também abre uma perspectiva eclesiológica muito clara. A missão da Igreja é universal e deve se manifestar sempre pela misericórdia. Diante do fechamento e da rejeição, a comunidade cristã não pode responder com intolerância ou violência, mas com perseverança e testemunho de amor. A Igreja é chamada a levar a Boa-Nova a todos os povos, mesmo quando encontra oposição, sem impor-se, mas oferecendo a fé como dom e convite. A liturgia ilumina esse ponto ao colocar em diálogo o evangelho com a profecia de Zacarias (1ª leitura), que anuncia o tempo em que “dez homens de todas as línguas agarrarão a orla da veste de um judeu e dirão: queremos ir contigo, pois ouvimos dizer que Deus está contigo”. Assim, a Palavra mostra que a salvação é para todos e que a Igreja é sinal desse projeto de comunhão universal.

Outro aspecto fundamental é a espiritualidade do discipulado. Tiago e João encarnam o risco do falso zelo, que confunde missão com poder e usa a violência como resposta ao não acolhimento. Jesus, ao repreendê-los, corrige essa visão e aponta a verdadeira identidade do discípulo: seguir o Mestre significa assumir a mansidão, a paciência e a lógica do amor. O fogo que consome não é o da vingança, mas o do Espírito que aquece os corações e transforma vidas. A liturgia nos convida, portanto, a rever nossas próprias atitudes diante das dificuldades da missão: não é a força que convence, mas a coerência com a cruz de Cristo. A paciência, a perseverança e o testemunho humilde são os sinais do verdadeiro seguidor do Senhor.

Em síntese, o brano de Lc 9,51-56, dentro da liturgia, inaugura o grande caminho de Jesus para Jerusalém. É uma catequese sobre decisão, rejeição e misericórdia.

  • Decisão: Jesus não hesita em cumprir a vontade do Pai.
  • Rejeição: o Evangelho pode ser recusado, e isso faz parte da missão.
  • Misericórdia: a resposta cristã não é condenação, mas perseverança no amor.

Assim, a perspectiva teológico-litúrgica é clara: Cristo caminha para entregar a vida por todos; a Igreja, unida a Ele, deve percorrer o mesmo caminho, renunciando à violência e testemunhando a misericórdia de Deus.

Portanto, na liturgia do dia, somos chamados a contemplar essa firmeza de Jesus e a aprender que, para seguir seus passos, precisamos cultivar paciência, misericórdia e perseverança. Muitas vezes, o anúncio do Evangelho encontra resistência, mas a resposta cristã deve sempre ser marcada pelo testemunho da paz e do amor que vem de Deus.

A primeira leitura (Zc 8,20-23) anuncia que povos de todas as nações buscarão o Senhor em Jerusalém. Essa profecia se cumpre em Cristo, que reúne em si a salvação para todos. Já o salmo recorda que todos os povos são chamados a fazer parte da cidade santa. Assim, a liturgia do dia nos faz olhar para a universalidade da missão da Igreja: acolher todos, sem distinção, no amor de Deus.

São Jerônimo e a Palavra de Deus

Hoje celebramos São Jerônimo, presbítero e doutor da Igreja, conhecido especialmente por sua dedicação às Sagradas Escrituras. Ele traduziu a Bíblia para o latim (a chamada Vulgata), tornando a Palavra de Deus acessível ao povo de seu tempo.

Neste 30 de setembro, encerrando o Mês da Bíblia 2025, dedicado ao estudo da Carta aos Romanos, a memória de São Jerônimo nos recorda a importância de amar, estudar e viver a Palavra de Deus. Assim como ele se deixou transformar pela Escritura, também somos convidados a deixar que a Palavra ilumine nossas escolhas e nos ajude a caminhar com firmeza na fé, com a mesma decisão de Cristo rumo a Jerusalém.

Vida de São Jerônimo (c. 347–420)

Jerônimo nasceu por volta do ano 347, em Estridão, região da Dalmácia (atual Croácia ou Eslovênia). Desde jovem, demonstrou grande inteligência. Foi enviado a Roma para estudar, onde se destacou como aluno aplicado em gramática, retórica e filosofia. Embora levasse inicialmente uma vida voltada para os prazeres, foi profundamente tocado pela experiência da fé. Batizado na juventude, começou a dedicar-se intensamente à vida cristã.

Após viagens pelo Oriente, Jerônimo optou por uma vida de penitência e oração no deserto da Síria. Ali, mergulhou no estudo das Escrituras, aprendendo grego e hebraico para melhor compreender os textos bíblicos. Em 382, foi chamado a Roma e se tornou secretário do Papa Dâmaso I. A pedido dele, iniciou uma tarefa monumental: revisar e traduzir a Bíblia para o latim. Essa tradução ficou conhecida como Vulgata, e por séculos foi a versão oficial da Igreja.

Depois da morte do Papa, Jerônimo mudou-se para Belém, onde fundou um mosteiro. Ali, viveu até sua morte, dedicando-se à oração, ao estudo bíblico e à escrita. Faleceu em 30 de setembro de 420, em Belém.

Contribuições de São Jerônimo:

A Vulgata, sua tradução da Bíblia para o latim, tornou-se um marco na história da Igreja. Com ela, São Jerônimo ofereceu à comunidade cristã de seu tempo uma Palavra acessível, clara e compreensível, permitindo que a Escritura fosse rezada, estudada e vivida por todos.

No campo do estudo bíblico, destacou-se como pioneiro da exegese cristã. Com dedicação incansável, aprofundou-se nas línguas originais: o hebraico e o grego, para captar a riqueza e a fidelidade do texto sagrado.

Seus escritos (cartas, comentários bíblicos e tratados) permanecem até hoje como fonte preciosa para a teologia, a espiritualidade e a vida pastoral, testemunhando a profundidade de seu pensamento e a força de sua fé.

Mas é sobretudo no seu testemunho de amor à Palavra que resplandece sua herança espiritual. Ele mesmo sintetizou essa paixão numa frase que atravessa os séculos: “Ignorar as Escrituras é ignorar a Cristo.”

São Jerônimo era um homem de temperamento forte, mas de coração totalmente entregue a Deus. Sua vida mostra que a fidelidade à Palavra exige esforço, estudo e dedicação, mas também humildade diante do mistério de Deus. É considerado Padroeiro dos estudiosos da Bíblia, dos tradutores e dos que se dedicam ao aprofundamento das Escrituras.

Rezar com o ícone de São Jerônimo

Ao contemplar o ícone de São Jerônimo, somos convidados a entrar no silêncio do deserto interior. O santo aparece como eremita, de barba branca e olhar profundo, lembrando-nos que a verdadeira sabedoria nasce da escuta de Deus.

O fundo dourado revela que sua vida foi transfigurada pela luz divina: quem se deixa conduzir pela Palavra participa já da glória do Senhor. As vestes marrons recordam sua humildade e penitência, a terra que acolhe a semente do Espírito. O livro em vermelho nos fala do ardor e da paixão com que ele amou as Escrituras, oferecendo sua vida ao serviço da Igreja. O branco de seus cabelos e barba é sinal da pureza e da maturidade espiritual que brotam da fidelidade.

O livro aberto em suas mãos é a Palavra de Deus, que ele traduziu e meditou, tornando-se para a Igreja um mestre e doutor. Ao rezar diante deste ícone, podemos pedir a graça de amar mais profundamente as Escrituras, deixando que elas transformem nosso coração.

O leão aos seus pés recorda a lenda de sua compaixão: quem acolhe até a dor das criaturas mais temidas, acolhe também a própria humanidade ferida. Rezar com este detalhe do ícone nos convida a pedir a virtude da misericórdia e da coragem. O leão ao seu lado faz referência à famosa lenda segundo a qual Jerônimo retirou um espinho da pata de um leão, que depois se tornou seu companheiro fiel.

As vestes simples e o rochedo indicam desapego, penitência e vida ascética. São Jerônimo nos lembra que a busca pela verdade exige humildade, disciplina e silêncio.

Rezar diante do ícone de São Jerônimo é deixar-se conduzir por sua memória e testemunho. É pedir o dom de um amor sempre renovado pela Palavra de Deus, que ilumina e orienta cada passo. É suplicar a sabedoria que brota da escuta atenta e obediente, capaz de discernir a vontade divina nas pequenas e grandes escolhas da vida. É buscar a coragem para viver na fidelidade, mesmo quando o caminho exige renúncias e firmeza interior. E é, por fim, abrir o coração à compaixão diante das feridas do mundo, para que a Palavra acolhida se torne gesto de cuidado, justiça e misericórdia.

Que o mesmo Espírito que guiou São Jerônimo no deserto e no estudo das Escrituras, nos guie também no caminho da oração e da vida cristã.

O MÊS DE SETEMBRO À LUZ DA LITURGIA DOMINICAL

A liturgia nos propõe, a cada domingo, um verdadeiro itinerário espiritual. O Ano Litúrgico não é apenas uma sucessão de festas ou memórias, mas um caminho de discipulado, em que somos introduzidos progressivamente no mistério pascal de Cristo. As leituras bíblicas proclamadas, em sintonia com as orações e gestos celebrativos, não apenas recordam acontecimentos passados, mas tornam-se hoje Palavra viva que nos forma e nos transforma.

O Papa Francisco recorda, na Desiderio Desideravi, que “a liturgia é o lugar privilegiado do encontro com Cristo” (n. 11). Esse encontro não é abstrato, mas concreto, porque “a fé cristã é uma relação viva com Ele” (n. 10). Por isso, a liturgia não nos entrega apenas ensinamentos morais ou lembranças históricas, mas nos conduz por um caminho de experiência: somos colocados dentro do Mistério, para dele participar com todo o nosso ser.

Dessa forma, cada domingo nos foi oferecendo, neste mês de setembro, um passo no seguimento de Cristo. A pedagogia da Palavra e dos ritos nos ensinou que a vida cristã é exigência de renúncia, é encontro com a Cruz como fonte de salvação, é discernimento nas escolhas concretas do uso dos bens, e é compromisso definitivo com a justiça e a vida eterna.

Perguntemo-nos, então: como acolhemos esse caminho espiritual que a liturgia nos propôs ao longo do mês? A revisão não é mero exercício de memória, mas um ato de fé: reconhecer que a Palavra ouvida e celebrada continua agindo em nós. Como afirma a Desiderio Desideravi, “cada celebração é uma escola de vida cristã” (n. 37), na qual somos continuamente educados pelo Espírito Santo.

Assim, olhar para o mês de setembro sob a luz do Ano Litúrgico é perceber que não caminhamos sozinhos: é Cristo quem nos conduz. A cada domingo, fomos convidados a entrar um pouco mais no mistério do seu amor, para que nossa vida, transformada pela liturgia, se torne também lugar de anúncio e testemunho.

O mês de setembro de 2025 foi marcado por uma profunda pedagogia espiritual, que nos convidou a contemplar o seguimento de Cristo em suas exigências concretas, em sua centralidade pascal e em sua força transformadora diante das estruturas do mundo.

No 23º Domingo do Tempo Comum (7 de setembro), Jesus apresentou as condições do discipulado: carregar a cruz, desapegar-se, discernir com sabedoria e colocar-se em total confiança diante de Deus (Lc 14,25-33). A 1ª leitura (Sb 9,13-18) lembrava nossa incapacidade de compreender plenamente os caminhos de Deus sem o dom do Espírito. O caminho de fé aparece, assim, como decisão radical e sustentada pela graça.

No domingo seguinte (14 de setembro), celebramos a Exaltação da Santa Cruz, centro de nossa fé. O hino de Filipenses (Fl 2,6-11) recordou que o caminho da obediência até a cruz é o que leva à exaltação. O evangelho (Jo 3,13-17) mostrou que a cruz não é derrota, mas sinal do amor redentor de Deus. Aqui, o que antes parecia exigência dura (carregar a cruz) revela seu sentido: é na cruz que encontramos a salvação.

No 25º Domingo (21 de setembro), a liturgia nos confrontou com o uso dos bens materiais. O evangelho do administrador infiel (Lc 16,1-13) nos provocou a pensar: em quem colocamos nossa confiança — em Deus ou nas riquezas? A 1ª leitura de Amós (8,4-7) denunciava a exploração dos pobres, e Paulo (1Tm 2,1-8) pedia oração por todos, para que se viva em paz e dignidade. Assim, a cruz de Cristo não pode ser dissociada da vida concreta: seguir Jesus exige opções econômicas, sociais e espirituais coerentes.

Por fim, no 26º Domingo (28 de setembro), a parábola do rico e do pobre Lázaro (Lc 16,19-31) retomou o mesmo tema, mas agora de forma definitiva e escatológica. A justiça de Deus não falha: a indiferença diante do sofrimento do outro fecha o coração e conduz à perdição. Amós (6,1a.4-7) já havia criticado os que viviam no luxo indiferentes à miséria. Paulo, na 2ª leitura (1Tm 6,11-16), exortava Timóteo a perseguir a justiça, a fé e a mansidão, na esperança da manifestação gloriosa de Cristo.

O caminho teológico-litúrgico de setembro

O mês nos conduziu de um discipulado exigente (renúncia, cruz, discernimento) à contemplação da cruz como fonte de vida, passando pela denúncia da idolatria da riqueza e da indiferença social, para finalmente mostrar o juízo de Deus como confirmação da seriedade dessas escolhas.

  • A cruz é o eixo central: primeiro como condição (7/9), depois como glória (14/9).
  • A vida social e econômica é lugar de fidelidade a Cristo: denunciar a exploração e viver com justiça (21/9 e 28/9).
  • O discipulado autêntico implica carregar a cruz, assumir a lógica do amor e da entrega, e transformar a vida concreta à luz do Reino.

Em setembro, a liturgia nos ajudou a celebrar que a fé cristã não é apenas uma adesão interior, mas um caminho que une sabedoria, cruz e justiça. O discípulo é chamado a seguir o Senhor que se humilhou até a morte e, por isso, foi exaltado.

E você, como viveu este mês de setembro? O que assimilou com o coração destas liturgias dominicais tão ricas?

Concretamente, a liturgia nos fez viver a passagem da decisão pessoal ao horizonte da alteridade, sempre iluminados pela cruz de Cristo. O itinerário espiritual deste mês nos educou a compreender que a fé não se reduz a uma escolha íntima ou individualista, mas se abre necessariamente ao outro: aquele que está ao nosso lado, sobretudo o pobre, o pequeno e o vulnerável. A alteridade, neste sentido, é a medida da autenticidade do discipulado, porque nos lembra que não se pode amar a Deus sem reconhecer e servir o irmão. Como afirma a Desiderio Desideravi, “a liturgia é a participação no modo de ser de Cristo” (n. 41), e o modo de ser de Cristo é totalmente oblativo: Ele viveu em relação, em entrega e em comunhão, chamando-nos a viver a mesma dinâmica de saída de si em direção a Deus e aos outros.

Texto escrito pela Ir. Julia de Almeida, pddm.

COMO PREPARAR A LITURGIA

Celebrar a liturgia é celebrar a vida com Deus. Quando nos reunimos para a missa ou para outro momento de oração comunitária, é Jesus quem está no centro, conduzindo sua Igreja. Por isso, preparar bem a liturgia é um serviço precioso: ajuda a comunidade a rezar, a participar com alegria e a se sentir mais próxima do Senhor.

Não se trata apenas de “organizar quem faz o quê”, mas de colocar amor em cada detalhe, para que toda a assembleia experimente o mistério da fé. A seguir, veremos alguns passos práticos que ajudam a preparar a liturgia de forma simples e bonita.

1. Começar lembrando quem é o centro da celebração

Às vezes, podemos cair na tentação de pensar que a missa depende de nós. Mas é importante lembrar: o verdadeiro protagonista é Cristo. Ele se faz presente pela Palavra proclamada, pelo pão e vinho consagrados, pela comunidade reunida.

Por isso, quando preparamos uma celebração, não é para “inventar” algo novo, mas para acolher o que a Igreja nos propõe e viver de maneira consciente. Cada tempo litúrgico tem sua riqueza:

  • No Advento, vivemos a espera pelo Salvador;
  • Na Quaresma, somos convidados à conversão;
  • No Tempo Pascal, celebramos a vitória da vida sobre a morte;
  • No Tempo Comum, crescemos na esperança e no seguimento diário de Jesus.

Preparar a liturgia é deixar que Cristo brilhe mais do que nós.

2. Rezar com a Palavra de Deus

A missa sempre tem leituras próprias, escolhidas pela Igreja. Para preparar bem, é muito bom que a equipe litúrgica leia esses textos com antecedência. Não só para distribuir quem vai ler, mas para deixar que a Palavra toque nosso coração.

Quando meditamos antes sobre a primeira leitura, o salmo, a segunda leitura e o Evangelho, percebemos melhor a ligação entre elas. Assim, até os cantos, os comentários e a própria participação da assembleia ganham mais sentido.

Um exemplo simples: se o Evangelho fala de Jesus como o Bom Pastor, os cantos e os gestos podem reforçar essa imagem de cuidado e ternura de Deus.

3. Formar e organizar a equipe

Ninguém celebra sozinho. A liturgia é da comunidade, e por isso vários ministérios entram em ação:

  • Leitores: proclamam a Palavra;
  • Salminista: canta o salmo de forma responsorial;
  • Acólitos e coroinhas: ajudam no altar;
  • Ministros da comunhão: distribuem o Corpo de Cristo;
  • Cantores e músicos: sustentam a oração cantada.

Estes são alguns dos ministérios. Existem outros.

É bom que todos saibam com antecedência sua missão e que haja ensaio quando necessário. Mais importante ainda é que cada serviço seja feito com humildade, lembrando que se trata de servir a Deus e à comunidade.

4. Escolher bem os cantos litúrgicos

O canto não é um enfeite: ele faz parte da liturgia. Por isso, deve estar em sintonia com o tempo e o momento da celebração. O que importa não é se a música é bonita apenas para quem canta, mas se ajuda toda a comunidade a rezar.

O canto litúrgico faz parte da celebração e tem função própria dentro dela. Outros cantos religiosos ajudam a rezar e a expressar a fé, mas não são feitos para o rito da missa. Cada um tem o seu lugar!

Existe sim a diferença entre os cantos litúrgicos e outras músicas. Primeiro porque o canto litúrgico tem uma finalidade. Ele faz parte da celebração. Não é apenas para “embelezar” a missa, mas ajuda a rezar e a participar melhor do mistério que está sendo celebrado. Cada canto tem uma função própria dentro da liturgia (entrada, ato penitencial, glória, salmo, ofertório, santo, comunhão, ação de graças, envio…). Outros cantos religiosos ou de devoção podem expressar fé e amor a Deus, mas não foram feitos para o rito da missa. São ótimos para momentos de oração pessoal, grupos de jovens, encontros de catequese, procissões, adoração, retiros etc., mas não são para a finalidade de celebrar o mistério de Cristo.

Outro ponto importante é que o canto litúrgico tem uma ligação com a Palavra de Deus e o tempo litúrgico. Assim, o canto litúrgico deve estar em sintonia com as leituras do dia e com o tempo litúrgico (Advento, Natal, Quaresma, Páscoa, Tempo Comum).

E por fim, o canto litúrgico é pensado para ser assembleico, ou seja, para que toda a comunidade possa cantar junto, e não só ouvir. A Constituição Sacrosanctum Concilium (Concílio Vaticano II) afirma que a liturgia é “ação de Cristo e do povo de Deus”. Isso significa que não é o padre sozinho, nem o grupo de canto sozinho, que celebram. É toda a comunidade reunida que celebra o mistério da fé. Logo, o canto litúrgico precisa traduzir essa dimensão comunitária: é a voz da Igreja que canta.

É claro que existe o ministério do grupo de canto ou do coral, que tem uma missão especial. Mas o papel desse ministério não é substituir a assembleia, e sim animar, sustentar e guiar o canto comum. O coro ou o solista pode, em alguns momentos, entoar uma parte sozinho, mas sempre de modo a favorecer a resposta do povo e não a apagar sua voz.

A Igreja pede que na missa se usem cantos litúrgicos, porque eles foram compostos para servir à liturgia. Isso não significa que os outros cantos sejam ruins, apenas que têm lugar em outros momentos de oração e devoção, e não dentro da missa.

5. Preparar o espaço sagrado

O espaço da celebração também fala de Deus. O altar, o ambão e a cadeira presidencial são os lugares principais. Mas todo o ambiente deve ajudar a assembleia a entrar em clima de oração.

As flores, as toalhas, as velas e até o uso das cores litúrgicas transmitem uma mensagem. Por exemplo:

  • O verde no tempo comum lembra a esperança e o crescimento na fé;
  • O roxo convida à penitência e à preparação;
  • O branco e o dourado expressam alegria e festa;
  • O vermelho recorda o Espírito Santo e os mártires.

Quando cuidamos do espaço com simplicidade e beleza, mostramos que acreditamos no mistério que celebramos.

6. Atenção aos gestos e ritos

Os gestos também são linguagem. Uma procissão de entrada bem organizada, uma proclamação da Palavra feita com clareza, a apresentação do pão e do vinho de forma solene, tudo isso ajuda a assembleia a mergulhar no mistério.

Por isso, vale a pena ensaiar antes, principalmente em celebrações mais festivas, como a Páscoa ou a Primeira Comunhão. Não se trata de buscar perfeição teatral, mas de transmitir dignidade e simplicidade. Assim, a atenção não se volta para os erros, mas para Jesus, que está no centro.

7. Viver o espírito de oração

Tudo o que foi dito até aqui só faz sentido se for vivido em espírito de oração. Preparar a liturgia não é só cumprir tarefas, mas servir a Deus com amor.

É muito bonito quando a equipe se reúne antes para um breve momento de oração, pedindo luz ao Espírito Santo. Assim, cada detalhe preparado será expressão de fé. A assembleia percebe quando há esse clima de espiritualidade e reza com mais fervor.

8. Avaliar e aprender sempre

Depois da celebração, é realmente importante reservar alguns minutos para avaliar. Isso ajuda a comunidade e a equipe de liturgia a crescer: observar o que funcionou bem, onde houve dificuldades, como foi a participação da assembleia. Esse exercício é saudável, mas carrega um risco: ficar apenas no plano do fazer técnico, como se a liturgia fosse só uma questão de execução correta ou de organização eficiente.

O Papa Francisco, na carta apostólica Desiderio Desideravi, adverte contra essa visão reducionista. A liturgia não é “um espetáculo” que precisa apenas de bons atores e de um público atento. A liturgia é mistério: é Cristo que age, e nós somos envolvidos pela sua ação salvadora. Por isso, avaliar não pode ser apenas perguntar: “cantamos bem?”, “as leituras foram claras?”, “a procissão saiu organizada?”. Essas questões são importantes, mas não bastam.

A equipe de liturgia precisa se perguntar algo mais profundo: celebramos bem? Não no sentido técnico, mas espiritual: Eu me deixei tocar pelo mistério? Vivi de coração aquilo que celebramos? Saí diferente desta celebração?

Aqui entra o caminho da mistagogia. Avaliar a liturgia é também aprender com a própria experiência celebrativa. A mistagogia não é apenas uma explicação intelectual dos ritos, mas um mergulho: deixar-se conduzir pelos sinais, gestos e palavras, e perceber o que o Espírito Santo realizou em mim e na comunidade.

O Papa Francisco insiste que precisamos redescobrir a capacidade de nos maravilharmos diante da ação de Deus na liturgia. Avaliar, então, não pode ser só revisar erros ou acertos externos, mas cultivar a memória espiritual: onde experimentei a presença do Senhor? Como a Palavra falou ao meu coração? O canto comunitário fortaleceu minha fé? A comunhão me fez sentir mais unido aos irmãos?

Essa avaliação mistagógica é fundamental para que a equipe de liturgia não caia na tentação de ser apenas “organizadora de tarefas”. Ela é chamada a ser escola de oração e de comunhão, ajudando todos a celebrarem melhor, a mergulharem no mistério pascal que se atualiza em cada liturgia.

Portanto, uma boa prática pode ser:

  1. Avaliar o fazer (parte técnica e organizativa);
  2. Avaliar o celebrar (como foi a vivência espiritual);
  3. Avaliar o fruto (o que mudou em mim e na comunidade após a celebração).

Dessa forma, a liturgia se torna também formadora: ensina pelo próprio acontecer, educa o coração e transforma a vida.

Preparar e celebrar a liturgia!

Preparar a liturgia é preparar um encontro de amor entre Deus e seu povo. Isso pede cuidado, oração, simplicidade e dedicação. Quando tudo é feito com carinho, a celebração se torna um espaço de encontro verdadeiro com Jesus, que nos alimenta com sua Palavra e com seu Corpo e Sangue.

A comunidade, então, sai fortalecida, cheia de esperança, pronta para testemunhar no dia a dia aquilo que celebrou. Porque a liturgia não termina na igreja: continua na vida de cada cristão.

Texto escrito por Ir. Julia de Almeida, pddm. Ela é irmã Pia Discípula do Divino Mestre e Mestre em Comunicação e Semiótica.


CATEQUESE LITÚRGICA: 26ª DOMINGO DO TEMPO COMUM

📍 Acompanhe o Quadro Catequese Litúrgica – 26º Domingo do Tempo Comum, com a Irmã Cidinha Batista, pddm. Uma produção das irmãs Pias Discípulas do Divino Mestre.

Domingo, 28 de Setembro de 2025 | 26º Domingo do Tempo Comum, Ano C
Leituras: Am 6,1a.4-7 | Sl 145(146),7.8-9a.9bc-10 (R. 1) | 1Tm 6,11-16 | Lc 16,19-31

Como preparar a liturgia na comunidade

Preparar a liturgia é muito mais do que organizar funções ou escolher músicas: é entrar no mistério de Deus e ajudar a comunidade a viver, de forma plena, o encontro com o Senhor no Dia do Senhor.

O quadro Catequese Litúrgica nasceu justamente para apoiar as equipes de liturgia nesse processo. A cada episódio, Ir. Cidinha convida a dar o primeiro passo fundamental: acolher a Palavra. Ler o Evangelho e as demais leituras propostas para o domingo é o ponto de partida para toda a preparação, pois é da escuta atenta da Palavra que brotam as escolhas, os gestos e as orações que darão vida à celebração.

Ao refletir juntos sobre os textos bíblicos, a equipe aprofunda a compreensão do mistério celebrado e ajuda a comunidade a rezar melhor. Depois, tudo o que se prepara – cantos, comentários, símbolos, orações – deve estar em sintonia com essa Palavra que ilumina o domingo.

E na sua comunidade?

  • Como vocês preparam a liturgia?
  • De que forma a Palavra de Deus inspira a vida e a missão de vocês?

O convite é simples e profundo: deixar-se conduzir pela Palavra, para que cada celebração seja sempre um verdadeiro encontro com Cristo vivo, no coração da comunidade.

AGENDE ESTA DATA: LIVE “O CUIDADO DA CRIAÇÃO NA LITURGIA”

A Revista de Liturgia convida você para um encontro especial que une fé, cuidado e compromisso com a Casa Comum.

🎥 Live: O Cuidado da Criação na Liturgia
✨ Com a presença de:

  • Irmã Penha Carpanedo, pddm
  • Dom Jerônimo Pereira Silva
  • Daniel Carvalho

📅 Data: 29 de setembro de 2025 (segunda-feira)
Horário: 20h
📍 Local: Canal da Revista de Liturgia no YouTube
https://www.youtube.com/watch?v=usQMPHRStoI

Venha refletir e rezar conosco sobre como a liturgia pode despertar a responsabilidade e a beleza do cuidado da criação.

Quem são os nossos participantes desta live?

Irmã Maria da Penha Carpanedo, PDDM, é Religiosa da Congregação das Irmãs Pias Discípulas do Divino Mestre (PDDM), na qual ingressou em 1969, professando os votos religiosos em 1974. Dedica-se há décadas à formação litúrgica no Brasil, atuando especialmente nas Escolas de Liturgia e em processos de iniciação à vida cristã. É responsável pelo serviço de redação da Revista de Liturgia, contribuindo com reflexões, roteiros e subsídios pastorais. Especialista em liturgia, tem participação ativa em encontros, cursos e formações voltados à vida litúrgica das comunidades. Com linguagem acessível e profunda, a Irmã Penha é reconhecida por unir sensibilidade pastoral e rigor litúrgico em sua missão de ajudar comunidades a viverem a liturgia como fonte de fé e vida cristã.

Dom Jerônimo Pereira Silva, OSB, é monge beneditino do Mosteiro de São Bento de Olinda (PE), presbítero desde 2004. Possui formação sólida na área de liturgia. Ele é Doutor em Sagrada Liturgia pelo Pontifício Instituto Litúrgico de Santo Anselmo, Roma; Mestre em Teologia, com especialização em Liturgia Pastoral, pelo Instituto de Liturgia de Santa Giustina, Pádua; e possui formação em música litúrgica pelo Instituto de Santo Anselmo. Atualmente, é presidente da Associação dos Liturgistas do Brasil (ASLI) e membro da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da CNBB. Publica artigos e ministra cursos, unindo reflexão acadêmica e experiência pastoral. Seu trabalho destaca-se pela busca de uma liturgia fiel à tradição, mas aberta ao diálogo com a cultura e à participação ativa das comunidades.

Daniel Carvalho é leigo, pesquisador e formador em liturgia. Ele é Mestre em Ciências da Religião pela PUC Goiás; Especialista em Liturgia Cristã pela FAJE (Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia), em parceria com a Rede Celebra. Atualmente cursa o Doutorado em Ciências da Religião, com pesquisa voltada à liturgia, bíblia e questões socioambientais. Tem publicado artigos acadêmicos e pastorais em revistas e coletâneas, além de colaborar com encontros e formações. Seu interesse se volta às intersecções entre liturgia, Palavra de Deus e justiça socioambiental, mostrando como a celebração cristã pode inspirar práticas concretas de cuidado com a vida e a criação.

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ENCONTROS REGIONAIS DOS COOPERADORES PAULINOS

Nos dois últimos finais de semana de setembro (14 e 21), aconteceram os Encontros Regionais dos Cooperadores Paulinos do Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. Esses momentos marcaram o encerramento do itinerário formativo que preparou os participantes para viver o tema central: a identidade do Cooperador Paulino, iluminada pela reflexão “Retomando o meu batismo” e “Nossa Identidade a partir da óptica do Fundador”. Inspirados na imagem da construção de uma casa, todos foram convidados a refletir não apenas sobre a missão da Família Paulina no mundo, mas também sobre a edificação da própria “casa interior”, alicerçada em Cristo.

Em Caxias do Sul (RS), o encontro foi acolhido pela comunidade Santa Lúcia, reunindo Cooperadores vindos de várias partes do Brasil: Boa Vista (RR), Conceição do Tocantins (TO), São Paulo (SP), Presidente Prudente (SP), Curitiba/Pinhais (PR) e Cascavel (PR). Do Rio Grande do Sul, participaram grupos de Santana do Livramento, Bento Gonçalves e Porto Alegre, além dos grupos locais: Santos Apóstolos, Santíssima Trindade, Jesus Mestre e Terceira Légua. A presença do Pe. Francisco Galvão, primeiro Padre Paulino a participar de um Regional no estado, trouxe ainda mais entusiasmo e vitalidade. O encontro também foi enriquecido pela presença das Irmãs Pias Discípulas do Divino Mestre, Irmãs Paulinas e Irmãs Pastorinhas, fortalecendo os laços da Família Paulina.

Já em Anastácio (MS), os Cooperadores receberam com alegria os grupos vindos de Campo Grande e Bodoquena. Foi um momento marcado por emoção, partilha e renovação da fé, em que Cooperadores e religiosas reafirmaram sua identidade e compromisso no seguimento do Mestre Pastor, redescobrindo a beleza de pertencer à Família Paulina.

É importante recordar que o Cooperador Paulino é um leigo batizado que, inspirado pelo carisma paulino, assume a busca da santidade e o compromisso com o apostolado. Vive no coração do mundo a missão de anunciar Jesus Mestre, Pastor, Caminho, Verdade e Vida, tornando-se fermento do Evangelho nas realidades humanas e presença viva da Família Paulina na sociedade.

Em síntese, o Hino dos Regionais dos Cooperadores Paulinos no Brasil – 2025 expressa e confirma essa vivência: o desejo de corresponder à vontade do Mestre Pastor, valorizando a riqueza da diversidade que nos caracteriza e respondendo, com fé e esperança, ao chamado de ser sal e luz no tempo e nos contextos em que estamos inseridos.

“Pedras Vivas em Cristo!”

Atentos aos sinais dos tempos com o coração do Bom Pastor
Vemos tanta morte, fake News e divisões
Cansaço, desesperança dilaceram os corações
Com ardor de Paulo e Alberione um mundo novo edificar

   Eu e você, “pedras vivas” da construção
   Em Cristo Alicerçados, a “Casa Paulina”, edificar:
   Sal da terra luz do mundo – o Evangelho proclamar!

 Na Família Paulina cada membro tem seu lugar
Dons diversos, mas unidos, tijolos na construção
Palavra e Eucaristia, em Cristo Mestre, inspiração
De uma Nova mentalidade, unidade e compaixão.
(L.M. Ir. Suzimara B. De Almeida, sjbp)

Fonte da notícia: https://irmaspastorinhas.com.br/wp/cooperadores/2025/09/23/alicercados-em-cristo-edificamos-a-nossa-casa-paulina-para-o-mundo/