A Sagrada Escritura e o religioso

Meditação do Pe. Alberione aos Clérigos Paulinos no Ano Santo de 1933

Tendo chegado ao terceiro dia dos Exercícios é muito útil ver se nós já os começamos, e isso significa: ver se entramos apenas no horário dos Exercícios – e isso seria fácil – mas no espírito. Os Exercícios espirituais exigem, sobretudo, o exame de consciência: tanto mais na primeira parte na qual devemos conhecer a nós mesmos, para ver aquilo que na nossa vida necessita ser reformado. Têm por fim, os Exercícios espirituais, aquilo que Santo Inácio pôs no título do seu preciosíssimo livro: “Exercícios espirituais para vencer a si mesmo e para pôr ordem na própria vida, sem tomar decisões em base a alguma propensão que seja desordenada”. São Exercícios, isto é, são um conjunto de obras espirituais: exercícios de meditação, exercícios de oração exercícios de virtude: um conjunto de práticas disposta de modo que o homem possa vencer-se a si mesmo e, para o futuro, reordenar, reorganizar a sua vida sem miras humanas, mas somente tendo em vista a vontade divina, com o olhar da eternidade, do Paraíso. E nós já chegamos a isso:

“Vencer-se a si mesmo”? “Pôr ordem na própria vida”? Os Exercícios não se conhecem pela fidelidade ao horário, ainda que seja necessária, mas pela profundidade dos exames de consciência. Façamos, portanto, isso. Esta manhã vamos tratar um argumento que já temos considerado e sobre o qual já falamos outras vezes: A Sagrada Escritura. Ontem também já consideramos que o religioso, entre outras ajudas, tem a da Bíblia, a qual é luz para todos, mas especialmente é luz para os religiosos. Porque se Deus confiou à pobre humanidade um “pão” e uma “lâmpada”, o Pão Eucarístico e a Lâmpada Evangélica, “lâmpada ardente”, isto o fez especialmente para os religiosos.

1. O que é a Sagrada Escritura

Materialmente sabemos que ela é o Livro por excelência, que se compõe de setenta e dois livros, que seriam mais propriamente os capítulos de um mesmo livro, pois muitas vezes os livros sucessivo começam com “e”, quase como coligação: porque o autor, Deus, tendo terminado de escrever um capítulo, chamando, por assim dizer, outro amanuense, que é o escritor sacro, faz que escreva outro capítulo, como São Paulo que ditava sua carta ao primeiro escritor que se achava com ele, e, dependendo do lugar em que se encontrava, daí despachava suas cartas. Assim é a Sagrada Escritura.

A Escritura bem entendida é o livro divino, autor do qual é o Senhor, o qual endereçou esse livro aos homens tornando-se companheiro deles. E antes mandou que fosse guardado entre as coisas mais sagradas, com os pães da proposição, isto é, com o símbolo da Eucaristia, na Arca Santa. Mandou depois a Igreja guardá-lo, interpretá-lo e propô-lo ao povo. Então é Deus que o fez, é Deus que o guarda, e é o Espírito Santo que dá a luz e a força para interpretá-lo com sabedoria, do modo certo, como ele deve ser entendido. Os homens são instrumentos. Deus é o grande
Autor.

Ademais o que é a Sagrada Escritura para nós? Para nós é a fonte de tudo. O que quer dizer? Para nós é a fonte da Teologia dogmática, para nós é a fonte da Teologia moral, para nós é a fonte da Teologia ascética, para nós é a fonte da Teologia pastoral, para nós é a fonte da Teologia mística.

É a alma, é o espírito, é a autoridade, é a prática, é tudo nesses campos. Portanto, para nós não é um livro estranho, mas um livro que tem uma extrema, necessária, essencial conexão com o nosso estudo, aliás, forma a substância verdadeira da nossa ciência, a substância verdadeira do nosso estudo. Na prática, portanto, não podemos ter, em realidade, nenhuma ciência que não seja justa. A Bíblia é a ciência que Deus deu ao homem, escrita por Deus para nós: é a sua mente, o seu coração. E para o religioso o que é a Sagrada Escritura? Para o religioso a Sagrada Escritura é o livro de maior luz e de maior força […].

O Vigário de Jesus Cristo, a quem é dada uma sabedoria e dons extraordinários, é diretamente iluminado pelo Espírito Santo, também para iluminar e guiar os religiosos…

O Papa e a Escritura são luzes do religioso, as luzes propriamente ditas. E o Papa pega da Escritura e os religiosos devem ler a Escritura.

A Bíblia é o grande livro do religioso. Diríamos que é o livro de todos: sim, é o livro de todos. Mas se aos seculares, aos bons cristãos pode-se fazer um extrato das máximas lá contidas, o religioso deve assumi-la inteira, para que possa receber todo o espírito de Deus. Somente a Bíblia pode elevar o religioso à sua verdadeira altura, iluminá-lo no caminho especial que ele deve seguir para chegar à perfeição; e, na Bíblia, especialmente o Novo Testamento. E não basta: a Bíblia é para o religioso força. Quando alguém estiver desanimado [escolha] a leitura da Bíblia. Vós, à medida que fordes caminhando, tereis sempre necessidade de direção espiritual, e tomarão consciência disso; mas a direção espiritual não pode ser sempre a respeito dos mesmos pontos: não se pode chegar ao quarto ano de teologia e ainda ter que dizer: “Quando tiveres tentações, dize uma jaculatória”. Esse é um costume que já deve ter sido adquirido. Como no quarto ano primário temos certas matérias que não temos mais em teologia – isso é claro -, assim o religioso faz um curso teológico e precisa de ajudas que não pode encontrar senão na Sagrada Escritura. É, portanto, importantíssimo que o religioso diga: “Este é o meu livro”.

Por isso os religiosos dos primeiros tempos, os religiosos de verdadeiro espírito tinham todos grande tendência à Bíblia, à Sagrada Escritura. E no deserto os antigos Padres, e os Basilianos e os filhos de Santo Agostinho, e os seguidores de São Bento, e os discípulos de São Francisco de Assis… todos têm grande tendência, uma grande preferência a esse livro, que forma os heróis: porque dá uma mentalidade que é divina; dá uma virtude que é divina; dá um espírito, uma vida que é divina. Se vós não ledes Jesus Cristo, isto é seu Evangelho, e o grande Teólogo do Novo Estamento, São Paulo, que organizou os ensinamentos dispersos e dados quase ocasionalmente pelo Divino Mestre, o que podemos dizer? …Lendo um Santo secular, tendes um secular; mas vós tendes Jesus Cristo para imitar, Deus; e há certas virtudes que não se encontram senão em Jesus Cristo, em Deus, e elas são as virtudes religiosas: daquele que deve deixar tudo, daquele que deve submeter sua vontade, daquele que deve viver uma vida nova. Por consequência o vosso livro é a Sagrada Escritura. Quanto, portanto, nós deveríamos empregar de amor à Sagrada Escritura!

2. A Bíblia e o Apostolado

Passemos a considerar algo sobre a Bíblia e nós, isto é o Apostolado. A Bíblia, naquilo que se refere ao Apostolado, como já consideramos, é novamente a luz, o caminho e a vida. É a luz, porque todas as verdades as obtemos de lá… É o caminho, porque o que quereis praticar, o que quereis viver a não ser aquilo que Deus dá e no modo que Deus dá? Como quereis ter raciocínios que persuadem?

Santo Agostinho diz que raciocínios dos filósofos e humanos não persuadem. E São Paulo: “A minha palavra e a minha mensagem não se basearam em discursos persuasivos de sabedoria, mas sobre a manifestação do Espírito e da sua potência” (1Cor 2,4): e isso é a Bíblia. O nosso religioso com a leitura da Bíblia eleva-se a Deus: ele é o homem que se torna Deus11. O religioso que pega a Bíblia e a medita e depois a explica, é Deus que desce até ao homem para instruí-lo. E leva a lâmpada que é Deus, e leva o método que é divino, e leva a vida que é sobrenatural, presente nas páginas sempre vivas e têm a fragrância de todo perfume spiritual da Bíblia.

Portanto a Bíblia é tudo para o nosso Apostolado: luz, caminho ou método, e vitalidade. Não fiquem cavilando ou persuadindo, mas dizei simplesmente: “Ipse dixit”: isso disse Jesus, isso foi Deus que disse. E quem achais que vos ataque quando foi Deus que disse, quando repetis a palavra de Deus? A quem atacarão, a Deus? Nós somos a sua voz, nós somos os seus repetidores, nós somos os seus tipógrafos, nós somos seus mensageiros, seus agentes postais que entregam sua carta aos homens. O embaixador não merece castigo: ele tem a autoridade e a em virtude daquele que o mandou, isto é, por Deus e de Deus.

Bendito seja o Senhor, porque não devemos procurar argumentos subtilíssimos, sofismas humanos, requintes da eloquência profana, artifícios da retórica… Nós devemos dizer: “o Senhor disse” e é claro, e basta que repitamos a sua palavra.

Deus fez o coração humano e depois lhe deu sua palavra. Jesus via como é feito o coração do homem e adaptava sempre a palavra ao coração. Jesus via as necessidades dos homens, e dizia aquilo que aos homens convém. É como dizer: se um indivíduo fez a cabeça de um homem, fará para ele também o chapéu, ou melhor, modelará o chapéu à cabeça que já fez. Deus modela suas palavras ao coração do homem: porque quando se refere a palavra de Deus, chega-se logo ao coração e os livros que reproduzem a palavra de Deus, como são a Imitação de Jesus Cristo , os Exercícios Espirituais de Santo Inácio, os escritos de São Bernardo, de São Gregório Magno, etc., são lidos logo com avidez e cada pessoa sente como um instinto lá dentro. De consequência, eis o vosso livro.

3. Na vida prática

Venhamos à prática.
a) Primeiro pensamento: reparação. Reparemos se tivermos perdido nas classes primária ou ginasiais ou superiores tempos, minutos a leituras demasiado humanas, desconsiderando a palavra de Deus. Quando se começou a leitura do livro de Pellico, um menino disse: “Desde quando o senhor não lê mais aquele péssimo livrão…” Eis! A Escritura foi jogada fora como um péssimo livro, viram!?

Quantas vezes também por nós foi deixada de lado! O Pellico sentiu-se ferido e obrigado a reparar, ainda que naqueles momentos seu coração estivesse tomado por uma crise. Reparemos! E reparamos com dor, peçamos perdão. Examinai-vos também a respeito disso: chegareis a ser de verdade apóstolos da Imprensa e a lerdes bem a Bíblia. Reparemos! Reparemos com jaculatórias, com Comunhões, mas especialmente com o colocá-la, a Bíblia, em primeiro lugar, e, depois, lê-la todos os dias e adquirir o método para lê-la, como diremos daqui a pouco. Lê-la na visita. Que a Bíblia se torne o vosso livro. São Filipe Benizi dizia: “O Crucifixo: eis o meu livro”.

Vós dizei: “A Bíblia: eis o meu livro”.

b) Segundo: Ler a Bíblia com método. Qual método? Um dos três métodos: mas como vós já estais no Curso de Filosofia ou já o superaram, deixemos o método popular, que seria ler os livros históricos do Novo Testamento e depois os livros proféticos, e por último os livros sapienciais e morais: venhamos ao método vosso. Começai do Gênesis e chegai ao Apocalipse, na ordem que deu o Concílio de Trento: para vós é mais útil. Fazei, portanto, um bom plano, para ler a Bíblia: calculai bem, depois dividi pelo tempo que quereis empregar para lê-la… e, depois, à frente, com método, o vosso método, que é o de ver o desenvolver-se da Revelação: e, portanto, começai do Gênesis e vinde avante. Há entre vós alguns que têm muita memória, e até poderiam estudá-la; mas não fazei grandes propósitos! Dado que já haveis estudado muito da Bíblia, fixai aquelas partes que já haveis estudado.
Alguns aprendem até as canções dos melros e não quereis aprender a voz de Deus? E quem és tu que não conheces a voz de teu pai, e que conheces o canto dos melros e sabes imitar a voz do rouxinol? Já vos examinastes alguma vez a esse respeito? Durante os exames dos Exercícios podeis fazê-lo. Adotai um bom método, uma boa divisão.

c) Depois, continuando a prática, imprimi-la e difundi-la. Imprimi-la bem: quando há de verdade devoção à Sagrada Escritura, compõe-se bem, corrige bem, imprime bem, faz-se bem a brochura. O amor não é feito de sentimentalidade; o amor é feito de prática, de obras. Por consequência: procurai fazer tudo isso bem. Outro ponto: difundi-la. Sei que já se fez muito nesse ponto, e sei que se faz: isso está bem. Façamos de modo que a difusão seja sempre mais abundante e mais sapiente: não insisto tanto em encorajar, mas em fazer com amor e atenção.

Conclusão

E o que devemos dizer como conclusão? Como conclusão lembramos que quando o Anjo apareceu a Maria e a encontrou lá, recolhida, estava lendo a Escritura, pensava na Escritura. É belo para nós representar-nos Santa Ana que de fato ensinava a Maria a ler a Escritura. Gostamos de representar-nos Nossa Senhora que ensinava o menino Jesus a ler a Sagrada Escritura. Jesus sabia tudo porque é a Sabedoria de Deus, aquilo que a Sabedoria de Deus havia escrito na Bíblia; mas ele tornou-se semelhante a nós, porque, ainda que não tivesse nenhuma necessidade de estudar, ele queria crescer em sabedoria, idade e graça, e, portanto, tornou-se mestre de si mesmo: e de onde aprendeu sua ciência? Imitemos, portanto, Deus, leiamos seu livro. “Eu sou de Pedro, eu sou de Paulo, eu sou de Apolo…”. Vós sejais todos de Deus! Não somente de Manzoni, de Dante, de Tasso… Há diversos Padres dos quais se lê que tinham meditado muito a Escritura, de tal modo que seus discursos, suas pregações, seus escritos pareciam um entrelaçar-se continuado de textos bíblicos, muito bem escolhidos: porquê? Porque na Escritura está contido tudo aquilo que devemos escrever e dizer aos outros, e porque assim fazendo temse muito mais força. A sabedoria da Sagrada Escritura é infinita: não se resume em poucas coisas, mas é a Sabedoria divina. De consequência dela se obtém muito maior fruto espiritual.

Tenho a confiança não só que vós confirmeis o propósito que já tendes, ou melhor a prática que tendes, há tempo, de ler a Escritura, mas tenho a confiança de que continueis a melhorá-la sempre, sempre com mais espírito. Se alguém precisa ainda reorganizar melhor a matéria, que o faça: os Exercícios são um reordenamento da vida, e também das leituras, parte importante dos estudos. Evitai de fazer o exame de consciência somente sobre o espírito. É necessário que seja feito sobre a inteira vida religiosa, e, isto é, sobre o espírito, sobre os estudos, sobre o apostolado, sobre a pobreza: seja completo. E reorganizar toda a vida: enfrentai as coisas penosas, que não ousais enfrentar durante o ano. “Aquela matéria ali sempre foi difícil para mim…”. Façamos o propósito, rezemos, enfrentemos com generosidade: a quem for generoso, Deus dará abundantemente. Seja louvado Jesus Cristo.

(GIACOMO ALBERIONE, La Sacra Scrittura e il religioso, in Si vis perfectus esse, ed. Viviamo in Cristo Gesù, Opera Omnia, Ed. San Paolo, 2008, pp. 69-78.)

Para um itinerário de vida e ação no Ano Bíblico

Além dos “anos” promovidos por toda a Igreja, como os Anos Santos, os Jubileus, Ano da Fé, Ano Mariano, Padre Tiago Alberione, por sua vez, promoveu a celebração de especiais “semanas”, como a “Semana do Evangelho” ou do Divino Mestre, e de vários “anos” próprios da Família Paulina. Assim, 1919 foi declarado como “Ano Vocacional” da “Casa” e 1920, “Ano da Consolidação”. Não se pode, aliás, esquecer que a apresentação de uma trilogia da espiritualidade paulina à Igreja teve início com o livro do Côn. Francisco Chiesa, “Gesù Cristo Re” (que está por “Eu sou o Caminho”), fruto do Ano Santo de 1925.

Entre os itinerários anuais especiais promovidos por Padre Alberione estão, por exemplo, o Ano Quadragenário da Fundação (1954), o Ano a Jesus Mestre, 1955, o Ano a São Paulo (1957-1958), e o Ano Bíblico de 1960-1961. Nem podem ser esquecidas as incontáveis “Semanas do Evangelho” ou Festas do Divino Mestre, verdadeiras missões populares, celebradas nas Paróquias.

É preciso notar que essas propostas do Pe. Alberione eram sempre vistas não como eventos isolados, mas como parte de todo um itinerário de vida e de evangelização. Percorrendo os ensinamentos do Pe. Alberione, são inúmeras as vezes que trata sobre o ano litúrgico, o ano eclesiástico, o ano catequético, o ano espiritual.

Aquilo que é preciso ressaltar é que para ele tudo devia levar a uma síntese vital, pessoal e comunitária. Propor o tema para a celebração de um ano inteiro significava propor um itinerário unitário de vivência do discipulado, desde o anúncio (querigma) à missão. E para isso, segundo ele, ocorre uma proposta onde há “um catecismo cheio de Evangelho e de Liturgia; um Evangelho cheio de notas catequéticas e litúrgicas; uma Liturgia (por ex. o Missalzinho) cheia de Evangelho e Catecismo”.

Assim, para o presente Ano Bíblico continua de plena atualidade o quadro que Pe. Alberione traçou para o ano de 1960:

“Quando se lê A Sagrada Bíblia é necessário ter presente quatro coisas:
1) A Sagrada Bíblia apresenta-nos as Verdade que o Senhor quis revelar aos homens.
2) A Sagrada Bíblia apresenta-nos a Moral, isto é, a Lei, os mandamentos, as virtudes, os conselhos evangélicos e tudo aquilo que constitui a sabedoria e a ciência dos Santos.
3) A Sagrada Bíblia apresenta-nos aquilo que é o culto, a liturgia do antigo e novo Testamento.
4) A Sagrada Bíblia, enfim, apresenta-nos o modelo, o modo com o qual realizar o ministério. Ela é o grande livro do Sacerdote e do Apóstolo.

Quatro intenções, portanto, devem guiar-nos na leitura da Sagrada Bíblia:
a) Encontrar as Verdades que o Senhor nos revelou, as coisas às quais crer e ensinar para que: ‘Quem crer será salvo’.
b) Aprender a moral, isto é, as coisas a serem feitas, os vícios a serem evitados, as virtudes para praticar, a estrada que devemos seguir para chegar mais seguramente ao nosso fim.
c) Obter do Sagrado Texto a Liturgia, isto é, o culto que devemos dar a Deus: culto interno e culto externo, culto privado e público, a oração individual e social.
d) Aprender do Sagrado Texto, enfim, qual é a nossa missão, o modo, o espírito com o qual realizar o nosso ministério, e assim corresponder plenamente aos desígnios que Deus tem sobre nós.

Quem começa a amar a Bíblia logo passa a difundi-la. Quem ama a leitura da Bíblia torna-se iluminado, útil às pessoas. Quem sabe na leitura da Bíblia comunicar-se bem com Deus, torna-se sempre mais o homo Dei [a pessoa de Deus].

E então quando ele fala, a sua palavra tem a autoridade de Deus ‘como se pronunciasse palavra de Deus’ (1Pd 4,11), e quando age é como o justo que o Senhor ‘guiou por caminhos retos e mostrou-lhe o reino de Deus’ (Sb 10,10).

Estamos no Ano Bíblico. Mas se queremos que o Sagrado Texto entre em todas as famílias e seja amado e entendido, pode-se usar muitos meios, mas o primeiro meio é ler, meditar e amar a Bíblia.

Essa é a oração vital que vai nos obter a graça de comunicar o Verbum Dei”9.

— ¤ — ¤ —

Padre Alberione não promovia eventos puramente comemorativos. Por isso, ao propor eventos, jornadas, meses, anos, seu intuito era promover a vivência e a missão evangelizadora, envolvendo as pessoas e as comunidades da inteira Família Paulina, cada qual segundo a especial expressão do carisma.

Para favorecer a reflexão em vista da elaboração de um projeto pessoal ou comunitário para o Ano Bíblico, proponho a seguir uma meditação do Pe. Alberione, feita aos Clérigos Paulinos, durante o Ano Santo ou Jubileu de 1933! Não obstante seus 87 anos, poderá servir de base, talvez, para um ou mais momentos de reflexão ou celebração.

Pe. Antonio F. da Silva

OS ANOS BÍBLICOS DA FAMÍLIA PAULINA

1º ANO BÍBLICO
junho de 1960 – junho de 1961


O 1º Ano Bíblico celebrado em nível de Família Paulina foi promovido pelo
próprio Pe. Tiago Alberione, de 30 de junho de 1960 a 30 de junho de 1961. Atestam isso as pregações do Primeiro Mestre que envolvem todas as realidades paulinas então existentes. O ano de 1960 foi um ano particularmente abençoado para a Família Paulina: no dia 8 de abril de 1960 foram aprovados os Institutos Agregados Jesus Sacerdote, São Gabriel Arcanjo, Maria Santíssima Anunciada; também em abril aconteceu o curso mensal dos exercícios espirituais em Ariccia, para o qual Pe. Alberione convoca os irmãos da primeira hora; no dia 30 de agosto foi assinada a aprovação pontifícia definitiva das PDDM; as Apostolinas iniciam a revista
Se Vuoi; no dia 14 de outubro a Sociedade Bíblica Católica foi elevada a Pia União Primária pelo Papa João XXIII; entre os dias 31 de outubro e 3 de novembro foi feita a exumação do Cônego Chiesa, trasladado para o Templo São Paulo de Alba.

Os anos bíblicos

Ao lançarmos um olhar global, podemos quase reconhecer na nossa história uma particular ação bíblica a cada trinta anos:

1900-1901: Na noite que dividiu os dois séculos, a primeira grande iluminação que toma então forma e desenvolvimento, encontrando
na Palavra e na Eucaristia as duas fontes vitais (cf. AD 139-145);

1930-1931: A primeira edição da Bíblia da Casa tem sua data de nascimento no Natal de 1927: trata-se de uma Bíblia para a família ilustrada em fascículos, com assinatura anual no valor de 18 liras. As edições bíblicas continuam em ritmo crescente. Em 1931, dos fascículos se passa à Bíblia completa, à Bíblia em volumes, à Bíblia nas principais línguas… edições inteiras da Bíblia e edições bilíngue de alguns textos. Primeira Bíblia “Paulina” segundo Pe. Guido Gandolfo.
 1960-1961: Celebrado o 1º Ano Bíblico de Família Paulina.
 1990-1992: Celebrado o 2º Ano Bíblico de Família Paulina.
 2020-2021: Celebração do 3º Ano Bíblico de Família Paulina.

Objetivos

 Celebrar um Centenário paulino. “Do final do ano 60 até o final da primavera de 61 aconteceu a viagem de São Paulo que do Oriente vai a Roma. Chegou a Roma por volta do mês de abril de 61. E este ano, como é o centenário, de 30 de junho de 1960 a 30 de junho de 1961 façamos o ano bíblico” (Alle SGBP3 1960, 396. Cf. também 559-560. Alle PD 4 1960, 85.117.181-182).
 Tornar nosso o programa do papa João XXIII (28.10.1958-3.6.1963). Ler
com atenção o discurso ocorrido no dia 23 de novembro de 1958 por ocasião da tomada de posse da Basílica Lateranense, tudo centrado no revigoramento bíblico, com o título “O livro e o cálice”. “É preciso escutar o
Papa João XXIII que disse: Entre todas as preocupações e cuidados que me
foram propostos no início do pontificado, a principal é esta: favorecer tudo
o que leva a exaltar e difundir o Livro sagrado” (Alle FSP6 1960, p. 126).
 Que a Sociedade Bíblica Católica Internacional prospere (Alle PD 1960,
188). Não esqueçamos que a Sociedade Bíblica Católica foi elevada ao grau
de Pia União Primária, em 14 de outubro de 1960, no coração do Ano Bíblico (CISP7 503ss; Alle FSP 1960, p. 349-350). Já se passaram 25 anos da transferência da sua sede de Alba para Roma.
 Difundir a Bíblia. “Para a máxima difusão da bíblia e do evangelho” (Alle
SGBP 1960, 396). “O objetivo seria este: que se fale da Bíblia, se difunda a
Bíblia, e que em cada família entre a Bíblia! Seja colocada em lugar de de
honra, seja lida com reverência…” (Alle AP8 1960, 69). “Quando iniciamos
a difusão do Evangelho em 1921/22, difundíamos especialmente três imagens para que Maria nos obtivesse a luz do Espírito Santo para ler a Bíblia…” (Alle PD 1960, 184).
 Formar à Bíblia. “Neste ano façamos o ano bíblico, isto é, o ano da formação à bíblia” (Alle SGBP 1960, 558).
 Levar a Bíblia a cada família. “A Bíblia em cada família, se deveria conseguir. Nos anos 1920/22 eu escrevia na Vida Pastoral e no Cooperador: Em cada família haja o Crucifixo, haja o quadro de Nossa Senhora e haja o
Evangelho. Agora digamos, com um passo à frente: Em cada família: o Crucifixo, o quadro de Nossa Senhora e a Bíblia completa. Que seja bem honrada e que seja lida e que venha a ser colocada em prática” (Alle PD 1960, 91). “Propor-se que entre em cada família possivelmente toda a Bíblia ou pelo menos o Evangelho” (Alle FSP 1960, p. 127).

Modalidade

 Informar e sensibilizar. “Faltam ainda vários dias para o início do Ano Bíblico, mas já enviamos os convites, para que este ano seja celebrado com
fruto. E se está imprimindo tudo quanto se refere aos párocos, para que nas
paróquias se difunda a Bíblia, e também acontecerão semanas ou tríduos
bíblicos, para que o povo compreenda o que é o livro sagrado e quais bens
se devem obter da leitura daquele livro santo, livro de Deus” (Alle AP 1960,
71).
 Organizar cursos bíblicos. Fala-se de um curso bíblico a distância com média de 300.000 participantes (Alle SGBP 1960, 390). “Cada mês chegava a
lição e então se podia corresponder. Podia-se responder ou fazer perguntas
por carta” (Alberione lamenta o fato de muitos não inserirem o valor do
selo), causando um passivo significativo.
 Promover semanas bíblicas. Fala-se em 1365 semanas bíblicas, 4000 conferências, além da difusão de 1.225.000 evangelhos (Alle SGBP 1960, nota 393). “As irmãs, as Filhas de São Paulo fazem muitas jornadas bíblicas ou as jornadas do evangelho. Nas paróquias de vocês já houve? Sim? As Filhas estiveram aí?”
 Encontrar pessoalmente homens e mulheres. Fala-se de tríduo e de visita
bíblica às famílias. “Penso que nas paróquias onde vocês estão não há necessidade de mandar as Filhas de São Paulo… Penso que vocês mesmas podem promover um tríduo e nestes dias visitar todas as famílias levando a bíblia completa ou pelo menos o evangelho, e se é possível o novo testamento” (Alle SGBP 1960, 558). “São necessárias as pregações, se entende. E há instruções para realizar estas jornadas ou estes tríduos ou estas semanas” (Alle SGBP 1960, 560).
 Oferecer um ponto de referência. “É preciso dirigir-se ao Pe. Lamera, o qual tem a iniciativa. Dirigir-se a ele escrevendo” (Alle SGBP 1960, 561).
 Expor o Livro sagrado. “Neste ano empenhar-se assim: o livro sagrado bem exposto nas vossas casas, o evangelho, tendo respeito por ele colocando também as flores” (Alle SGBP 1960, 562).
 Promover a leitura da Bíblia. “Ler sobretudo os livros históricos, se fizerem a leitura nas refeições; se se faz a leitura na igreja, os livros proféticos, os livros didáticos” (Alle SGBP 1960, 562). A respeito da leitura da Bíblia há uma inteira meditação nos nn. 572-604. “Que seja lido este livro… Lê-se a Bíblia para colocá-la em prática e para vivê-la… Lê-la para vivê-la, meditála para vivê-la, meditá-la para dar honra a Deus que é Verdade” (Alle AP
1960, 70; Alle PD 1960, 183-184). “Para que possamos ter a graça de dála aos outros, é preciso que nos nutramos dela. Quando estamos cheios dos
pensamentos, dos exemplos que estão nas Escrituras… então obteremos a
graça para os outros” (Alle FSP 1960, p. 21). “Este ano a leitura principal
seja esta, para que possamos ter a graça de dá-la aos outros… Organizem
uma divisão, um programa, para que seja bem lido” (Alle FSP 1960, pp.
127.131-143).
 Difundir a Bíblia. “Para a máxima difusão da bíblia e do evangelho” (Alle
SGBP 1960, 396). “O objetivo seria esse: que se fale da Bíblia, se difunda a
Bíblia, e em cada família entre a Bíblia! Seja colocada em lugar de honra,
seja lida com reverência…” (Alle AP 1960, 69). “Quando iniciamos a difusão do Evangelho, nos anos 1921/22, difundíamos especialmente três imagens para que Maria nos obtivesse a luz do Espírito Santo pra a leitura da
Bíblia…” (Alle PD 1960, 184). “O ano bíblico deve ser de verdade um ano
no qual nos empenhemos na difusão… casa por casa, as semanas bíblicas,
as semanas do Evangelho, a oração… Portanto o que se refere também à
técnica, as livrarias, as próprias agências de cinema, pois não estão separadas as agências quanto ao pensamento… (É o ano das Olimpíadas.) A tocha e o Evangelho a todos os continentes. O Evangelho é a tocha de vocês. Vocês são chamadas para isso. A Igreja as aprovou nessa condição, segundo esse fim. Vocês têm pouco a olhar nas outras famílias” (Alle FSP 1960, pp. 128-129). “Difundir a Palavra de Deus. Como você poderiam sonhar com uma vocação mais bela? Vocês a compreenderam? É trabalho dos sacerdotes e Deus o deu a vocês também… não sejam simplesmente colaboradoras, mas mais que isso: colaboradoras que, em certo sentido, podem fazer, às vezes, mais que o próprio sacerdote” (Alle FSP 1960, p. 340).
 Oração para a acolhida da Bíblia. “Rezar para que a Bíblia seja acolhida
por todos. Seja acolhida como o livro de Deus e seja colocada em lugar de
honra, bem exposta e se dê a ela um grande respeito” (Alle AP 1960, 70; cf.
também Alle PD 1960, 92-93). “Quanto mais belas são as adorações se o
tema é bíblico” (Alle PD 1960, 187).
 Construir um altar a São Paulo caracterizado na basílica Rainha dos Apóstolos, circundado pelos doutores que amaram o Evangelho (Alle PD 1960, 189).

2º ANO BÍBLICO

25 de janeiro (ou 4 de abril) de 1991 – primavera de 1992

Precedido por um Breve Curso organizado pelo Centro de Espiritualidade.
Objetivos (Pe. Renato Perino)
 Relançar o sentido e o fim do nosso serviço à Palavra de Deus.
 Revitalizar a frequência cotidiana da Palavra em tríplice nível: pessoal (leitura), comunitário (culto: adoração, retiros, exercícios), apostólico (editar uma Bíblia Pastoral, relançar a SOBICAIN (Sociedade Bíblica Católica Internacional), adotar uma política de custos acessível, repensar o canal de
difusão com um envolvimento global).
 Reativar em todos os níveis e difundir o mais possível a SOBICAIN com o
seu patamar de iniciativas promocionais e pastorais.
Para tal objetivo, propor algumas Jornadas Paulinas de Espiritualidade Bíblica a partir das quais se baseará o Ano Bíblico.

Primeira iniciativa:
22-25 de outubro de 1990, Ariccia: Jornadas Paulinas de Espiritualidade Bíblica Participaram os Superiores Maiores da Pia Sociedade de São Paulo (Paulinos) e os representantes de toda a Família Paulina. A atenção se voltou a três temas:
 O patrimônio que, no setor bíblico, a história nos entregou.
 Os fundamentos escriturísticos sobre os quais se apoia a nossa espiritualidade bíblica.
 A contribuição que somos chamados a dar no contexto em que vivemos e
trabalhamos.
 Dos grupos de trabalho emergiram algumas propostas interessantes para
as comunidades e para o apostolado.

Ao que se refere às comunidades:

  • Leitura comunitária das Cartas de São Paulo
  • Favorecer comentários sobre os Salmos para a oração litúrgica
  • Elevar o nível do conhecimento bíblico de todos os membros através de
    momentos formativos
  • Valorizar a entronização da Palavra
  • Preparar-se à liturgia do Domingo com a prática da lectio divina
  • Definir em todas as comunidades da Família Paulina o dia 25 de janeiro
  • como o dia de entronização da Bíblia

Ao que se refere ao apostolado:

  • Organizar jornadas e missões bíblicas
  • Criar um fundo que sustente a distribuição da Bíblia em lugares mais pobres do mundo
  • Organizar cursos bíblicos sistemáticos para o povo
  • Ter atenção aos novos meios e linguagens.

Segunda iniciativa:
19 de dezembro de 1990, Dossiê do Centro de Espiritualidade Paulina: Repartam o Pão da Palavra

Não se trata apenas de propor as relações do encontro de outubro, mas de oferecer roteiros de adoração para as comunidades e solicitar a reflexão através das propostas que emergiram.


Terceira iniciativa:
16-21 de fevereiro de 1991, Ariccia: IX Encontro dos Governos Gerais da Família Paulina

Intervenções de aprofundamento que se concluem com uma mensagem na qual é confirmado “o primado da Palavra, assim fortemente paulino e também alberioniano” como “irrenunciável para cada uma das nossas Congregações ou Institutos”. Em base a isso se recomenda “a frequência contínua à Palavra, que se torna, com o exemplo de Maria, escuta obediente, conhecimento amoroso, celebração e dedicação apostólica”.
Tudo isso foi recolhido no Dossiê: A Palavra de Deus em Padre Alberione.

Pe. Giacomo Perego, ssp
Coordenador Internacional do Centro Bíblico San Paolo

Agora se começa! Caminhando rumo à abertura do Ano Bíblico da Família Paulina

Estamos nos preparando para celebrar o Ano Bíblico da Família Paulina (o terceiro, depois do de 1960-1961, desejado pelo Fundador, e o de 1991-1992, promovido pelos Superiores Gerais de nossas Congregações). O ano bíblico que abriremos em 26 de novembro tem, no entanto, algumas peculiaridades que o tornam, pelo menos em parte, também um “Centenário” de eventos importantes que não devem ser desperdiçados.
Em 15 de setembro de 1920, o Papa Bento XV, promotor da Obra Nacional para a Boa Imprensa, promulga a Encíclica Spiritus Paraclitus, colocando a divulgação e a leitura do Novo Testamento no coração da Boa Imprensa: «Tanto quanto cabe a nós, Veneráveis Irmãos, nunca deixaremos, seguindo o exemplo de Jerônimo, de exortar a todos os cristãos a ler diariamente e intensamente, sobretudo os santíssimos Evangelhos de nosso Senhor, bem como os Atos dos Apóstolos e as Epístolas, de modo a transformá-los em substância e sangue vitais».
A exortação do papa foi imediatamente acolhida por Alberione. Vários anos depois (em 1962), em uma de suas cartas, Pe. Alberione faz de 1920-1921 a fonte de seu intenso serviço à Palavra: «A difusão da Boa Imprensa foi a cooperação que teve a maior implementação, principalmente depois para a difusão do Evangelho, do qual centenas de milhares de cópias já em 1920-1923 foram editadas». Isso é confirmado por uma meditação de 1960 às Pias Discípulas do Divino Mestre, na qual o Ano Bíblico de 1960-1961 está enraizado no espírito das origens: «Em 1920-1922, escrevi na Vida Pastoral e no Cooperador: “Em toda família haja o Crucifixo, a imagem de Nossa Senhora e haja o Evangelho”. Agora digamos, com um passo à frente: “Em toda família: o crucifixo, a imagem de Nossa Senhora e a Bíblia completa”. Que ela seja bem honrada, lida e posta em prática: ou seja, os ensinamentos dados sejam recebidos, acolhidos».
Alguns meses depois, em abril de 1921, o Primeiro Mestre [Alberione] enfatiza: «Há uma coisa em particular a qual é bom ter muita consideração: acima de tudo, a Casa é para a divulgação do Evangelho, é uma missão moderna; como uma Igreja onde a luz da verdade deve brilhar». E este é precisamente o ano em que a “produção própria” parece começar: «Nossa primeira iniciativa bíblica foi realizada em 1921, quando imprimimos a primeira tradução dos Salmos com a nova tradução. Foi um passo notável na época: antes não houve nada parecido. Em seguida, promovemos a impressão de centenas de milhares de Evangelhos» (o texto é retirado de uma meditação às FSP de 1961). Um serviço tornado possível graças ao envolvimento de cooperadores generosos: «Em 1921, um de nossos cooperadores de Cortemilia (Cuneo) se ofereceu para mandar imprimir as primeiras 100.000 cópias dos Evangelhos por sua conta. Um de nossos padres, que atualmente é o Provincial da Espanha, foi encarregado de cuidar da difusão do referido Evangelho nas várias dioceses e paróquias, servindo-se, para esse fim, de grupos de cooperadores dispostos e zelosos. A iniciativa encontrou a concordância de muitos bispos e numerosos párocos, que organizaram depósitos de Evangelhos que depois eram distribuídos entre os paroquianos» (carta de 17 de março de 1962).
Mas há outro evento, de fundamental importância, que nos aproxima do início de nosso apostolado bíblico: a mudança definitiva entre julho e agosto de 1921 da Via Vernazza para a atual Casa Mãe em Alba. De acordo com a cuidadosa introdução ao Donec formetur Christus in vobis, feita por Pe. Antonio F. da Silva, este seria o período da famosa “graça de confirmação” a que devemos as três frases escritas em todas as nossas capelas (“Não temais: estou convosco! Daqui quero iluminar! Tende a dor dos pecados”). O Primeiro Mestre apresenta a entrada na Casa Mãe em um texto intitulado L’Opera di Dio: «A Escola Tipográfica de Alba foi aberta há sete anos em agosto de 1914. Foi um período inteiro de preparação, de sábio aprendizado, um estágio… Portanto, agora devemos começar. Por isso, a Casa toma o seu verdadeiro nome “Pia Sociedade de São Paulo”, deixando pouco a pouco aquele da preparação, e assim são constituídas as suas seções masculina e feminina» (UCBS, 15 de julho de 1921, p. 8).
Os passos estão maduros para que a Pia Sociedade de São Paulo, em 5 de outubro de 1921, seja oficialmente estabelecida, com a profissão dos votos dos primeiros paulinos e a solene inauguração da casa. É o próprio bispo de Alba, Dom Re, a acolher a profissão dos votos dos 14 alunos “mais velhos” e abençoar as novas instalações. Alberione fala de uma «proteção visível do Senhor; por Ele desejada, por Ele guiada, por Ele trazida… [A Casa reúne] catorze pessoas do ramo masculino, oito do ramo feminino que se consagraram ao apostolado da boa imprensa». E na Casa reina uma convicção: «Os tempos apostólicos revivem!».
100 anos depois, o Ano Bíblico nos convida a beber desta “fonte”, levandonos ao coração de nosso serviço à Palavra, para que os tempos apostólicos ainda revivam!

Pe. Giacomo Perego, ssp

ORAÇÃO PARA O ANO BÍBLICO 2020-2021

Ó Jesus,
verdadeira luz que ilumina a humanidade, viestes do
Pai para ser nosso Mestre e nos ensinar seu
caminho na verdade:
Vida e Espírito são as “palavras” que nos destes.
Concedei-nos conhecer os mistérios de Deus e
suas incompreensíveis riquezas.
Mostrai-nos todos os tesouros da sabedoria e da
ciência de Deus, que em vós estão guardados.
Fazei com que a Palavra habite nossa vida, e
ilumine nossos passos.
Fazei com que a Palavra se espalhe rapidamente e
chegue até os confins da terra.
Maria Rainha dos Apóstolos e os santos Pedro e Paulo sejam nosso exemplo, inspiração e guia.
Amém.

Oração livremente inspirada no texto de Pe.Alberione, Leggete le Sacre Scritture(p.320).

Festa de Jesus Mestre e 50 anos de vida religiosa da Ir. Irene Brunetta

Em todas as nosas comunidades das Irmãs Pias Discípulas do Divino Mestre no Brasil, este último final de semana de outubro, foi marcado pelas celebrações a Jesus Mestre, Caminho, Verdade e Vida.

A Família Paulina sempre se reúne para celebrar, mas por conta da Pandemia, as celebrações foram feitas por comunidades religiosas, em determinadas regiões.

Em Recife, PE, também a Ir. Irene Bruneta celebrou 50 anos de vida religiosa. Momento forte e de oração pelo dom da vocação da nossa irmã. É vida doada e partilhada na missão de Pia Discípula. Bendito seja Deus!

Acompanhe abaixo algumas fotos por comunidade das Irmãs Pias Discípulas pelo Brasil:

Recife/Olinda, PE:

Entrevista feita pela Jornalista Luciana Falcão da Rede Vida.

Abaixo, a comunidade da Casa Provincial. O pe. Guilherme presidiu a celebração com as irmãs da comunidade Madre Escolástica, São Paulo, SP:

Comunidade Jardim Divino Mestre do Jacaré, Cabreúva, SP, celebrou com alguns Amigos do Divino Mestre na Capela da Comunidade. Presidiu a celebração o Pe. Joaquim, pároco da Igreja local do clero de Jundiaí. Marcado sempre pela presença das Postulantes Pias Discípulas que residem na comunidade Casa Nazaré, também no mesmo complexo.

Comunidade de Caxias do Sul, RS, é a comunidade das nossas Noviças Pias Discípulas. Este ano, o noviciado mais uma vez internacional recebeu noviças dos EUA, México, Venezuela, Argentina. Elas celebraram a festa de Jesus Mestre na capela da comunidade, com a presença de alguns Amigos de Divino Mestre.

Comunidade do Rio de Janeiro, RJ.

Comunidade de Manaus celebrou com alguns Amigos do Divino Mestre na Catedral de Manaus.

A Pandemia fez com que todas as celebrações fossem adaptadas à realidade local que exigia mais ou menos cuidados para o aglomeramento de pessoas.

Continuamos nossa oração a Jesus Divino Mestre para que ilumine nossas autoridades e comunidade científica para resolução do problema de saúde.

Memória do Bem-Aventurado Timóteo Giaccardo e profissão da Ir. Risalva Gonçalves

Para toda a Família Paulina, hoje, 19/10/2020, é um dia especial. Celebramos a memória do Bem-Aventurado Timóteo Giaccardo.

Na capela da comunidade -Madre Escolástica – Casa Provincial em São Paulo, aconteceu a celebração Eucarística em memória do Bem – aventurado Timóteo Giaccardo, com o rito de profissão religiosa de Ir. Risalva Ribeiro Gonçalves, presidida pelo Padre Valdêz Dall’Agnesse, SSP.

Estavam presentes as Irmãs da Casa Provincial e da Comunidade Paulo Apóstolo. Foi um momento orante e participativo. Ao final, cantamos o hino dedicado ao Bem-aventurado Timóteo Giaccardo:

Ao Mestre Divino o louvor porque chamou a lhe seguir/O Beato Timóteo Giaccardo, como discípulo fiel que o amou
Cantamos louvores a Ti, Jesus, com vozes ardentes de fé/
Por este discípulo amado. Fiel até o fim ao Senhor.

Beato Timóteo Giaccardo, nossa família confia em ti./
Do céu onde estás hoje implora/atende as preces e roga por nós.

Gratidão a Deus pelo Sim generoso da nossa Irmã Risalva Ribeiro Gonçalves e pelo testemunho de santidade do Bem-aventurado Timóteo Giaccardo.

Quem foi o Bem-Aventurado Timóteo Giaccardo?

José Timóteo Giaccardo, sacerdote paulino, italiano, pertence à Congregação da Pia Sociedade de São Paulo. A originalidade de sua vida está em ter sido o primeiro sacerdote da Família Paulina e um fidelíssimo discípulo do Fundador, Padre Tiago Alberione. Nasceu em Narsole, norte da Itália. Sua família era pobre de bens materiais, mas rica de fé e virtudes cristãs. Em 1908 José encontrou-se pela primeira vez com o jovem padre Tiago Alberione que, em Narzole estava dando sua colaboração na paróquia. Padre Alberione, percebendo no pequeno José profunda piedade e grande vontade de ser padre; encaminhou-o para o seminário da diocese de Alba.

Tendo como guia espiritual padre Alberione, em 1917 José Timóteo entrou na “Obra de São Paulo” fundada em 1914 por seu mestre e cuja finalidade específica era a evangelização por meio da imprensa, a principal mídia da época. Desde cedo José Timóteo mostrou-se uma pessoa de profunda vida interior, desejosa de ser cada dia melhor e ajudar seus semelhantes no bem. Por isso com grande fé acatou as orientações de Padre Alberione que indicava uma nova forma de santidade e de evangelização.

José Timóteo, movido pela fé, foi fiel companheiro da “primeira hora”, seguidor incondicional e colaborador ativo do Fundador da então nascente Família Paulina. Acompanhou todas as obras e todas as pessoas com grande perspicácia e sensibilidade. Além de alguns livros, deixou como preciosa herança espiritual um “Diário”, rico da presença de Deus e desejos profundos de santidade para si mesmo e para todos. Sua fé em Deus e amor à missão fazia dele uma pessoa autêntica e radical. Lemos em seu “Diário”: “Ó Jesus, quero viver de tua vida, transforma-me. Quero ser “outro Jesus” na minha vida e com todas as pessoas”.

Diante das grandes dificuldades para a aprovação da Congregação das Discípulas do Divino Mestre (uma das congregações fundadas por Alberione) que se dedicam à missão eucarística, missão sacerdotal e missão litúrgica, padre Timóteo não mediu esforços nem súplicas. Diante das respostas negativas não hesitou em oferecer a própria vida para a garantir a existência na Igreja desta congregação, certamente querida por Deus.

E o importante é que Deus aceitou a oferta. Foi assim que ele, acometido por leucemia, veio a falecer alguns dias após a aprovação pontifícia das Discípulas do Divino Mestre, no dia 24 de janeiro de 1948. A aprovação chegara no dia 12 de janeiro de 1948.
Dele escreveu o Fundador: “De 1909 a 1914, quando a Divina Providência preparava a Família Paulina, ele, embora não entendendo tudo, teve clara intuição da obra. As luzes que recebeu da Eucaristia, sua fervorosa devoção Mariana, a reflexão sobre os documentos pontifícios o iluminaram sobre as necessidades da Igreja e sobre os meios modernos para anúncio do Evangelho”.

Outubro: Mês Missionário

Tema: A vida é missão | Lema: “Eis-me aqui, envia-me” (Is 6,8)

As Pontifícias Obras Missionárias (POM) têm a responsabilidade de organizar a Campanha Missionária, realizada sempre no mês de outubro, na Igreja de todo o Brasil. Colaboram nesta ação a CNBB por meio da Comissão para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial, a Comissão para a Amazônia e outros organismos que compõem o Conselho Missionário Nacional (COMINA).

Mesmo vivendo um tempo diferente, em que o mundo passa por uma pandemia que mudou nossas relações, a Campanha Missionária em 2020 quer ser um sinal de esperança para tantas vidas doadas de forma solidária. O tema escolhido “A vida é missão” e o lema “Eis-me aqui, envia-me” (Is 6,8) irão nos ajudar no crescimento da consciência missionária.

Ser discípulo missionário está além de cumprir tarefas ou fazer coisas. O Papa Francisco lembra que “a missão no coração do povo não é uma parte da minha vida, ou ornamento a ser posto de lado. É algo que não posso arrancar do meu coração” (Alegria do Evangelho, 27).

Nós cristãos somos convidados a defender e cuidar da vida em todas as suas dimensões. Jesus de Nazaré definiu sua ação no mundo como o Divino Cuidador: “Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância” (Jo10,10). Esse também deve ser o compromisso de todos os missionários e missionárias, pois a vida é missão.

A vida é o bem fundamental e básico em relação a todos os demais bens e valores da pessoa. Para a ética, a vida é um bem, mais que um valor. Deus, ao contemplar a criação, “viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31).

Todo missionário é convidado a educar o olhar sobre as realidades de dor e, sobretudo, saber contemplar o belo, como fazia São Francisco de Assis, encantando-se com as criaturas presentes pelo caminho.

Oração do Mês Missionário

Deus Pai, Filho e Espírito Santo,
fonte transbordante da missão,
Ajuda-nos a compreender
que a vida é missão,
dom e compromisso.
Que Maria, nossa intercessora
na cidade, no campo,
na Amazônia e em toda parte,
ajude, cada um de nós,
a ser testemunhas proféticas
do Evangelho,
numa Igreja sinodal
e em estado permanente
de missão.
Eis-me aqui, Senhor, envia-me!
Amém.

Fonte: http://www.pom.org.br/campanha-missionaria-2020/

Abre a tua mão para o teu irmão

Neste mês de setembro de 2020, celebramos o Mês da Bíblia. A Igreja do Brasil propõe o estudo do livro de Deuteronômio.

O título grego do livro significa segunda lei ou cópia da lei: lei, porque o livro tem muito de código legal; segunda, porque outra a precedeu. Os judeus o chamam debarim, ou seja, palavras: porque o livro, até o final do capítulo 33, é um longo discurso de Moisés. Um discurso no qual cabem muitas coisas. Se nos limitarmos a indicações programáticas, apontaríamos: começa o relato retrospectivo (1,1); começa a legislação (4,44); começa a aliança (28,69); começam as bênçãos (33,1). Esta primeira divisão nos diz algo dos diversos materiais e nos dá chaves de leitura.

O Deuteronômio que lemos hoje tem algo de final de sintonia, de conclusão solene. Possui ao mesmo tempo algo de partido, de violentamente interrompido, como se o final não conseguisse chegar à cadência tonal. Final para Moisés, o gigante que saiu do Egito percorrendo sua senda, para encerrá-la no cimo de um monte, sem entrar (ver cap. 34). Final para o povo, porque a massa de escravos saídos do Egito já é um ponto livre, em aliança com seu Deus, equipado de leis e instituições. Acabou seu longo peregrinar à margem da cultura agrícola.

Bom todo o livro do Deuteronômio é uma excepcional riqueza teológica e ética. Superado o esforço da leitura, o Deteronômio surpreende por sua caudal inesgotável.

Acompanhe a proposta de estudo feita pela Verbo Filmes para aprofundamento deste livro. São chaves de leitura que nos ajudarão na compreensão deste livro tão complexo. São dividos em 6 vídeos o estudo proposto pela Verbo Filmes.

Introdução:

2. Livro de Deuteronômio – Deus ouve o clamor do povo oprimido e o liberta

3. Livro de Deuteronômio – Vida digna é direito de todas as pessoas

4. Livro de Deuteronômio – A centralização das festas comunitárias é opressora

5. Livro de Deuteronômio – Os crimes dos governantes provocaram crise e sofrimento do povo

6. Livro de Deuteronômio – É possível acreditar em um Deus ciumento e vingativo?

A lista de todos juntos:

PAULUS 106 anos de Fundação▐ 89 anos de Evangelização no Brasil

No dia 20 de agosto, a PAULUS celebra o aniversário da sua fundação e a chegada dos Paulinos ao Brasil. São 106 anos no mundo e 89 anos no Brasil, desde a data de sua fundação, pelo bem-aventurado Tiago Alberione, na Itália.

Em comemoração e ação de graças ao aniversário da Pia Sociedade de São Paulo, os padres e Irmãos Paulinos fizeram esta vídeo acima. Também em todo o Brasil, foram feitas celebrações e promoções nas diversas livrarias nos diversos estados.

Neste dia, também toda a Família Paulina celebra a fundação da família. Bem-aventurado Pe. Tiago Alberione, rogai por nós.

Semana da Família 2020

Dentro do Mês Vocacional, a Igreja no Brasil celebra, na segunda semana de agosto, a Semana Nacional da Família, uma mobilização de grupos e comunidades que ocorre, desde 1992, com momentos de oração, formação e reflexão. Neste ano, a Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) propôs como tema “Eu e minha casa serviremos ao Senhor” (Josué 24, 15).

Para animar a Semana Nacional da Família – do Dia dos Pais até o dia 15 de agosto – a Comissão Nacional da Pastoral Familiar (CNPF), organismo vinculado à Comissão Vida e Família da CNBB, elabora o subsídio “Hora da Família”, que começou a ser editado desde a vinda de São João Paulo II ao Brasil, em 1994. Neste ano de 2020, o material ganhou duas versões, uma com encontros mensais e outra especialmente preparada para a Semana Nacional da Família, agora chamada “Hora da Família Especial”.

O subsídio possui roteiro para os sete dias da semana com atividades que envolvem toda a família, sugestões de oração e de cantos. O material está disponível na versão impressa e também no aplicativo Estante Pastoral Familiar, numa versão digital.

O Hora da Família se coloca a serviço da Igreja e da construção do Reino de Deus começando em nossas casas. Aproveitem cada encontro e animem sua comunidade a vivenciarem os temas propostos como um itinerário de aprofundamento da fé em família a serviço da comunidade”, motiva o bispo de Rio Grande (RS) e presidente da Comissão para a Vida e a Família da CNBB, dom Ricardo Hoepers.

Recordando a celebração das diversas vocações pela Igreja neste mês de agosto, o assessor da Comissão para a Vida e a Família e secretário executivo da CNPF, padre Crispim Guimarães, ressalta que o Hora da Família Especial, em comunhão com a Igreja, “celebra a vocação comum: ser família. Na família todas as vocações nascem e se encontram”.

Celebrar em tempos de pandemia

O bispo auxiliar do Rio de Janeiro (RS) e secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Joel Portella Amado, recordou em mensagem o momento desafiador da pandemia do novo coronavírus, que tem imposto limites ao agir Pastoral “ameaçando e mesmo levando embora tantas vidas”.

Segundo dom Joel, o lema deste ano, “Eu e minha serviremos ao Senhor”, é muito adequado para o momento que estamos passando: “Eu tomo mesmo a liberdade de compreender o lema do seguinte modo: ‘Eu e minha casa serviremos ao Senhor com pandemia ou sem pandemia, no modo presencial ou no modo virtual’. Isso porque, em qualquer condição uma família que se volta para o Senhor em atitude de fé, atitude traduzida em escuta da Palavra de Deus e no serviço a Deus através do próximo, aqui está um aspecto irrenunciável da nossa fé”.

O casal coordenador nacional da Pastoral Familiar, Luiz e Kátia Stolf, deseja que seja possível fazer uma Semana da Família abençoada mesmo com a pandemia, com o isolamento social: “que possamos fazer em nossas casas, a nossa pequena Igreja doméstica, acontecer também a Semana da Família, com nossos filhos, com nossos netos, enfim, com aqueles que convivem conosco. Aproveitemos esse momento especial de graça que Deus está nos dando para realizar e também celebrar a Semana da Família”.

Luiz e Kátia motivam a participação da forma disponível, seja nas comunidades, nas paróquias ou nas suas casas, com um grupo de conhecidos online, de forma virtual. “Que muitos frutos possamos estar colhendo a partir dessa semana”.

Fonte: CNBB