LITURGIA DO DIA: DOMINGO DA FESTA DA EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ

Liturgia do dia – Domingo, 14 de setembro de 2025
Exaltação da Santa Cruz – Festa – Ano C
24ª Semana do Tempo Comum

A Liturgia do dia nos convida a contemplar o mistério da Santa Cruz, sinal de salvação e vitória. A festa da Exaltação da Santa Cruz recorda que a cruz, antes instrumento de sofrimento e morte, tornou-se para os cristãos a árvore da vida, pela qual recebemos a redenção em Cristo.

Na primeira leitura (Nm 21,4b-9), o povo de Israel, ferido pelas serpentes no deserto, encontra na serpente erguida por Moisés o sinal de cura e salvação. Este gesto já anunciava o mistério de Cristo, elevado na cruz para dar vida ao mundo.

O salmo responsorial (Sl 77) nos convida a recordar as maravilhas de Deus, que sempre perdoa e salva o seu povo, mesmo quando este vacila na fidelidade.

Na segunda leitura (Fl 2,6-11), São Paulo apresenta o hino cristológico que proclama a obediência de Jesus até a morte de cruz. Por isso, Deus o exaltou, dando-lhe o nome acima de todo nome, diante do qual todo joelho se dobra.

O Evangelho (Jo 3,13-17) mostra que a cruz é o grande sinal do amor de Deus pela humanidade: “Deus amou tanto o mundo, que entregou o seu Filho único, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna”. A cruz não é derrota, mas manifestação plena da misericórdia e da vitória da vida sobre a morte.

A liturgia da Exaltação da Santa Cruz nos conduz ao coração do mistério cristão: a cruz, que aos olhos humanos é sinal de sofrimento e condenação, se torna em Cristo a plena revelação do amor de Deus e a fonte de vida eterna. O Evangelho de João nos apresenta Jesus como o Filho do Homem que desceu do céu e que deve ser elevado. Essa elevação possui um duplo sentido: histórico, pois se refere à sua entrega na cruz, e teológico, porque aponta também para sua glorificação junto do Pai. Assim como a serpente de bronze erguida por Moisés no deserto se tornou sinal de salvação para os que olhavam para ela, também o Filho do Homem, elevado na cruz, torna-se fonte de vida para todos os que nele crerem.

No centro do Evangelho está o versículo que muitos chamam de “pequeno evangelho”: “Deus amou tanto o mundo, que entregou o seu Filho único, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna”. Neste anúncio, encontra-se resumida toda a Boa Nova. Deus é o sujeito do amor, o mundo inteiro, mesmo em sua fragilidade e pecado, é o destinatário, e o Filho é o dom oferecido até a cruz. O fruto desta entrega é a vida eterna, concedida a quem se abre à fé. A cruz, portanto, não é o lugar da derrota, mas a epifania do amor gratuito e misericordioso de Deus, que não poupa o próprio Filho para salvar a humanidade.

O texto continua afirmando que Deus não enviou o Filho para condenar o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Esse detalhe é essencial: a cruz não é condenação, mas reconciliação; não é sinal da ira divina, mas do excesso de amor que gera salvação. O julgamento não é um castigo imposto, mas a escolha que cada pessoa faz diante do amor manifestado em Cristo. Quem crê encontra vida; quem rejeita permanece nas trevas.

Liturgicamente, a cruz é exaltada como altar do sacrifício, trono de glória e sinal de comunhão. No altar, Cristo se entrega totalmente ao Pai por amor à humanidade. No trono da cruz, Ele reina, pois é precisamente no abaixamento que se manifesta sua exaltação. Como sinal de comunhão, a cruz une o céu e a terra, reconciliando os homens com Deus e entre si. A festa de hoje nos convida, portanto, a olhar para a cruz não como peso, mas como caminho de amor e libertação, celebrando-a como sinal pascal de vitória.

Exaltar a cruz significa reconhecer que nela está a fonte de nossa fé, esperança e caridade. Na fé, porque acreditamos que a vida venceu a morte e que o amor é mais forte que o pecado. Na esperança, porque podemos carregar as nossas cruzes com confiança, certos de que em Cristo já participamos de sua ressurreição. Na caridade, porque somos chamados a viver a mesma entrega de amor que Ele viveu, transformando a vida em dom.

Assim, a Liturgia do dia nos leva a contemplar o grande paradoxo cristão: onde parecia haver derrota, resplandece a vitória; onde se via morte, nasce a vida; onde se esperava condenação, transborda a misericórdia. A cruz, hoje exaltada, é para nós a certeza de que Deus nunca desiste da humanidade, mas a envolve com um amor que se faz total entrega.

Origem da Festa da Exaltação da Santa Cruz

A festa da Exaltação da Santa Cruz remonta aos primeiros séculos do cristianismo e está ligada a acontecimentos marcantes na história da Igreja. Sua origem mais antiga está associada à peregrinação de Santa Helena, mãe do imperador Constantino, à Terra Santa, por volta do ano 326. Movida por profunda devoção, ela procurou os lugares santos ligados à vida de Jesus e, segundo a tradição, encontrou o lenho da verdadeira cruz em Jerusalém. Poucos anos depois, Constantino mandou erguer no local a imponente Basílica do Santo Sepulcro, dedicada em 13 de setembro de 335. No dia seguinte, 14 de setembro, a cruz foi solenemente apresentada aos fiéis, que a veneraram com grande devoção. Esse gesto litúrgico passou a ser celebrado anualmente, dando origem à festa da Exaltação da Santa Cruz.

A importância dessa celebração se fortaleceu ainda mais no século VII, quando o imperador bizantino Heráclio recuperou a relíquia da cruz, que havia sido roubada pelos persas em 614. Em 628, a cruz foi devolvida solenemente a Jerusalém, e esse evento se uniu à memória já existente do dia 14 de setembro, conferindo à festa caráter universal.

Desde então, a Igreja não celebra apenas a descoberta ou a recuperação de uma relíquia, mas sobretudo o mistério que a cruz revela: a vitória de Cristo sobre a morte e a manifestação suprema do amor de Deus. A cruz, que aos olhos do mundo foi instrumento de humilhação, é exaltada como trono da glória de Cristo e árvore da vida, da qual brota a salvação.

Por isso, a liturgia deste dia não se concentra no sofrimento da paixão, como acontece na Sexta-feira Santa, mas na alegria pascal da cruz redentora. Ao celebrarmos a Exaltação da Santa Cruz, contemplamos o sinal do amor infinito de Deus, que transforma aquilo que era derrota em vitória e aquilo que era morte em fonte de vida.

Que esta Liturgia do dia nos ajude a contemplar a cruz não como peso, mas como caminho de amor, entrega e salvação.

LITURGIA DO DIA: 5ª FEIRA DA 22ª SEMANA DO TEMPO COMUM

Quinta-feira, 4 de setembro de 2025
22ª Semana do Tempo Comum – Ano Ímpar (I)

Leituras:

  • Primeira Leitura: Cl 1,9-14
  • Salmo: Sl 97(98),2-3ab.3cd-4.5-6 (R. 2a)
  • Evangelho: Lc 5,1-11

Na primeira leitura, São Paulo reza pelos colossenses pedindo que sejam cheios do conhecimento da vontade de Deus e que caminhem de modo digno, dando frutos em boas obras. A vida cristã é um constante crescer na fé, na esperança e no amor, sustentados pela força do Espírito Santo.

O salmo responsorial exalta as maravilhas realizadas pelo Senhor em favor de seu povo, proclamando que sua salvação é para todos os povos. Ele é fiel às suas promessas e manifesta sua justiça diante das nações.

No Evangelho, vemos o chamado dos primeiros discípulos. Após uma pesca milagrosa, Jesus convida Pedro, Tiago e João a deixarem tudo e a segui-lo, tornando-se “pescadores de homens”. Esse momento marca o início de uma nova missão: confiar na palavra de Cristo e entregar-se totalmente a Ele.

O relato da pesca milagrosa em Lucas 5,1-11 é mais do que uma cena de abundância material. Ele traz uma forte dimensão teológica e eclesial, iluminando a identidade de Jesus, a missão da Igreja e a resposta do discípulo. O texto começa com Jesus ensinando a multidão à beira do lago. A Palavra é o centro do episódio: antes do milagre, é pela escuta que tudo acontece. A fé de Pedro não nasce de uma visão extraordinária, mas da confiança na palavra de Cristo: “Sobre a tua palavra, lançarei as redes” (v. 5). A obediência à Palavra antecede o milagre e revela que a verdadeira fecundidade da missão vem do Senhor, não do esforço humano.

Pedro e seus companheiros tinham trabalhado a noite inteira sem nada conseguir. Esta realidade simboliza os limites da ação humana quando se apoia apenas em si mesma. A esterilidade da pesca noturna contrasta com a abundância quando se acolhe a orientação de Jesus. A cena aponta para a verdade da missão da Igreja: sem Cristo, o trabalho pastoral se torna infrutífero; com Ele, a missão se abre ao impossível.

Diante do milagre, Pedro reage com temor: “Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um pecador!” (v. 8). Esta atitude ecoa a experiência dos profetas (cf. Is 6,5), que ao se encontrarem com a santidade de Deus, reconhecem sua própria indignidade. A vocação cristã nasce justamente da consciência da própria fraqueza. Deus não chama os perfeitos, mas os que se deixam transformar pela sua graça.

A resposta de Jesus a Pedro é consoladora e missionária: “Não tenhas medo! De hoje em diante serás pescador de homens” (v. 10). O medo é substituído pela confiança, e a experiência do milagre é reinterpretada como sinal de uma missão maior. A abundância de peixes se torna imagem da abundância de pessoas que serão atraídas ao Reino por meio do testemunho dos discípulos.

O texto conclui com uma ruptura radical: “Eles deixaram tudo e seguiram a Jesus” (v. 11). O chamado implica um êxodo interior, deixar para trás seguranças, projetos pessoais e bens materiais, para confiar totalmente no Mestre. Este gesto revela que o discipulado é, antes de tudo, uma adesão a uma Pessoa, não a uma ideia ou projeto apenas humano.

Em síntese, o evangelho da liturgia de hoje, Lc 5,1-11, revela que a missão da Igreja nasce da escuta da Palavra, da obediência confiada a Cristo e do reconhecimento da própria fragilidade diante da sua santidade. O verdadeiro discípulo é aquele que, chamado na sua pobreza, se abre à abundância da graça e se dispõe a seguir o Senhor, participando da sua obra de salvação.

LITURGIA DO DIA: 4ª FEIRA DA 22ª SEMANA DO TEMPO COMUM

São Gregório Magno, Papa e Doutor da Igreja – Memória
22ª Semana do Tempo Comum

As leituras propostas para a liturgia do dia desta quarta-feira, 3 de setembro de 2025, nos convidam a refletir sobre o testemunho da fé, a missão da Igreja e a compaixão de Cristo diante do sofrimento humano. Neste dia especial, a Igreja celebra também a memória de São Gregório Magno, papa e doutor, que deixou marcas profundas na história da liturgia, da teologia e da espiritualidade cristã.

As leituras são: Colossenses 1,1-8; Salmo 51(52),10-11; Lucas 4,38-44.

Primeira leitura: Colossenses 1,1-8

Na carta aos Colossenses, São Paulo e Timóteo se dirigem aos cristãos da cidade de Colossos, exaltando a fé e a caridade que brotam da esperança. O apóstolo sublinha que o Evangelho chegou a eles e continua a frutificar no mundo inteiro, transformando vidas e gerando comunidades novas.

Este trecho é um verdadeiro hino à ação missionária da Palavra de Deus. A fé não se limita a uma adesão intelectual, mas se manifesta concretamente em amor e serviço. A liturgia do dia nos recorda que a vida cristã floresce quando está enraizada na esperança que vem do céu.

A menção a Epáfras, colaborador de Paulo, também nos ensina sobre a importância da comunhão eclesial: ninguém caminha sozinho na missão, mas todos colaboram para que o Evangelho alcance novos corações.

Salmo Responsorial: Salmo 51(52),10-11

O salmista proclama: “Confio na misericórdia de Deus para sempre e eternamente!” Este salmo reforça a confiança no Senhor, que é fiel e misericordioso.

Na liturgia do dia, o salmo funciona como resposta à mensagem da primeira leitura: a fé que cresce e dá frutos não nasce do esforço humano isolado, mas da confiança em Deus que sustenta, purifica e fortalece.

Evangelho: Lucas 4,38-44

O evangelho de Lucas 4,38-44 apresenta uma cena decisiva para compreender a identidade de Jesus e o modo como Ele realiza sua missão. O episódio da cura da sogra de Simão, seguido das numerosas curas e do anúncio do Reino em outras cidades, não deve ser lido apenas como uma série de milagres isolados, mas como manifestação concreta de que a salvação chegou e já está atuando na história.

A narrativa começa com Jesus saindo da sinagoga e dirigindo-se à casa de Simão. Ali encontra a sogra do discípulo enferma, tomada por febre. O detalhe aparentemente simples tem um profundo significado teológico: o Messias não permanece apenas no espaço sagrado da sinagoga, mas entra no espaço doméstico, onde a vida cotidiana acontece.

O encontro com o Reino não se restringe ao culto, mas se estende às realidades mais simples e familiares. Ao se inclinar sobre a mulher e ordenar à febre que a deixe, Jesus revela que sua autoridade não se limita ao mundo espiritual, mas alcança também a fragilidade física. Sua palavra é eficaz, capaz de recriar e restaurar. O gesto que se segue é revelador: imediatamente a mulher se levanta e começa a servir.

O sinal da cura não é apenas o desaparecimento da febre, mas a restituição da pessoa à sua vocação primeira, que é o serviço. Em linguagem lucana, ser salvo por Cristo significa ser reinserido na comunhão e na capacidade de doar-se.

Ao entardecer, quando o dia do sábado já tinha terminado, as multidões se aproximam trazendo enfermos de toda espécie. A descrição mostra a universalidade da compaixão de Cristo. Ele não cura apenas alguns, mas toca a todos, impondo as mãos e devolvendo dignidade a cada um. A proximidade do gesto de tocar indica que não se trata de uma força mágica que age à distância, mas de uma presença amorosa e atenta, que respeita a singularidade de cada pessoa.

Além das doenças físicas, Jesus também expulsa demônios. Aqui se revela uma dimensão ainda mais profunda de sua missão: Ele veio para destruir as forças do mal que escravizam o ser humano. Curar os corpos é parte da salvação, mas libertar das potências espirituais hostis é a obra plena do Messias. Os demônios o reconhecem como o Filho de Deus, mas Ele os silencia, porque sua identidade messiânica não deve ser proclamada por forças obscuras, nem interpretada de modo sensacionalista. Sua verdadeira revelação acontecerá na obediência à vontade do Pai e no mistério da cruz e da ressurreição.

Depois de um dia inteiro de curas e milagres, Jesus se retira para um lugar deserto. O movimento é significativo: mesmo diante da multidão que o procura e quer retê-lo, Ele se coloca em oração e em silêncio diante de Deus. Essa atitude mostra que sua missão não se deixa guiar pelo entusiasmo popular ou pelo sucesso imediato, mas pela fidelidade ao desígnio divino.

Quando as pessoas tentam convencê-lo a permanecer em Cafarnaum, sua resposta é clara: “É necessário que eu anuncie também às outras cidades a Boa-Nova do Reino de Deus, pois para isso é que fui enviado”. O termo “é necessário” traduz uma convicção teológica fundamental: tudo o que Jesus faz obedece ao plano salvífico do Pai. Ele não é simplesmente um curandeiro local, mas o enviado de Deus para anunciar o Reino a todos. A missão, portanto, é universal e não pode ser aprisionada por interesses particulares.

Do ponto de vista teológico, este trecho revela o núcleo da cristologia lucana. Jesus é o Messias que realiza a salvação de forma integral: cura as doenças, liberta dos demônios e proclama o Reino. Ele é o Senhor da vida, aquele cuja palavra cria e restaura, aquele que não se deixa dominar por expectativas humanas, mas permanece fiel ao envio recebido.

Também a eclesiologia se ilumina à luz desse texto: a sogra de Simão simboliza a comunidade que, ao ser curada por Cristo, não permanece passiva, mas se levanta e se põe a servir. A Igreja existe não para si mesma, mas para servir, anunciando e testemunhando a graça recebida.

Finalmente, a dimensão missionária é explicitada: o evangelho não pode ficar restrito a um grupo ou território, mas deve ser levado a todos os povos, pois é Boa-Nova para toda a humanidade.

A atualização desse texto para a vida cristã é evidente. Hoje, como ontem, Cristo continua a entrar em nossas casas, a inclinar-se sobre nossas fragilidades e a restaurar nossa capacidade de servir. Muitos ainda sofrem não só de doenças físicas, mas de feridas emocionais e espirituais. Jesus continua a tocar e curar, especialmente nos sacramentos e na vida comunitária. Sua palavra continua eficaz, libertando-nos das forças que nos aprisionam.

Ao mesmo tempo, este evangelho nos recorda que a experiência da graça não pode ser vivida de maneira egoísta. A cura leva necessariamente ao serviço, e a salvação recebida nos envia em missão. Como Jesus, a Igreja é chamada a não se fixar apenas no lugar do sucesso, mas a ir sempre além, a ser missionária, a levar o anúncio do Reino a todos os ambientes da sociedade e a todos os povos.

Assim, Lucas 4,38-44 nos mostra um Cristo profundamente humano e divino: próximo dos que sofrem, compassivo diante das misérias humanas, mas ao mesmo tempo firme em sua missão de anunciar o Reino em toda parte. Ele nos ensina que a verdadeira fé não se esgota no milagre, mas se manifesta na vida transformada e colocada a serviço. Ele nos convida a seguir seus passos, deixando-nos curar e libertar, para que também possamos ser testemunhas do Reino em nosso tempo.

São Gregório Magno: pastor e doutor da Igreja

A memória litúrgica de hoje nos apresenta São Gregório Magno (540-604), papa entre os anos 590 e 604. Ele é considerado um dos maiores pastores da Igreja antiga. Sua humildade marcou seu pontificado: mesmo sendo Papa, assumiu o título de “Servo dos servos de Deus”, expressão que até hoje acompanha os papas.

Gregório foi também um grande reformador da liturgia, incentivando a simplicidade, a dignidade e a centralidade da oração. É a ele atribuído o desenvolvimento do canto gregoriano, expressão musical que elevou a oração cristã e atravessou os séculos como herança espiritual da Igreja.

Seu cuidado pelos pobres e sua atenção missionária também são notáveis: enviou monges para evangelizar a Inglaterra, mostrando que a Igreja não pode se fechar em si mesma, mas deve estar sempre em saída, como recorda o Papa Francisco.

Celebrar São Gregório Magno na liturgia do dia é recordar a importância de unir fé, serviço e sabedoria pastoral, a exemplo de Cristo que veio para servir e dar a vida.

Mensagem para a vida cristã

A liturgia do dia desta quarta-feira nos deixa preciosos ensinamentos:

  1. A fé gera frutos concretos – como recorda a carta aos Colossenses, a fé não é teoria, mas prática que se traduz em amor. O cristão é chamado a deixar que o Evangelho transforme sua vida e seu modo de se relacionar com os outros.
  2. A confiança na misericórdia de Deus é fonte de esperança – o salmo nos convida a colocar nossa vida nas mãos do Senhor, mesmo diante das dificuldades.
  3. A cura leva ao serviço – a atitude da sogra de Simão é um exemplo de que ser tocado por Cristo não é fim em si mesmo, mas começo de uma vida dedicada ao próximo.
  4. A missão é universal – Jesus não se restringe a um lugar ou a um grupo, mas anuncia o Reino em todos os lugares. Também nós somos chamados a viver uma fé que se abre, que dialoga e que testemunha.
  5. O exemplo de São Gregório Magno – sua vida mostra que a santidade se constrói na humildade, na oração e na entrega generosa ao serviço da Igreja e dos mais necessitados.

A liturgia do dia nos convida a refletir sobre como vivemos nossa fé no cotidiano. Temos permitido que o Evangelho dê frutos em nossas atitudes? Nossa confiança está firmada na misericórdia de Deus, mesmo diante de crises pessoais ou sociais?

O evangelho nos provoca a olhar para os sofrimentos ao nosso redor. Muitas pessoas aguardam um gesto de compaixão, um cuidado, uma palavra de esperança. Assim como Jesus curou os enfermos de Cafarnaum, também nós somos chamados a ser instrumentos de cura espiritual, emocional e até material para aqueles que sofrem.

Celebrar São Gregório Magno nos recorda ainda a importância da liturgia como caminho de encontro com Deus. Nossa participação na missa e nos sacramentos deve ser consciente, viva e transformadora, pois é ali que Cristo continua a nos curar e enviar em missão.

A liturgia do dia de 3 de setembro de 2025 nos oferece um rico itinerário espiritual. A carta aos Colossenses nos mostra a fé que dá frutos; o salmo nos recorda a confiança na misericórdia divina; o evangelho revela a compaixão de Cristo e o chamado ao serviço; e a memória de São Gregório Magno nos inspira a viver a humildade e o zelo missionário.

Que esta celebração nos ajude a renovar nossa fé, fortalecer nossa esperança e impulsionar nossa caridade. Como São Gregório, sejamos também servos dos servos de Deus, anunciando com a vida a Boa-Nova que transforma o mundo.

LITURGIA DO DIA: 3ª FEIRA DA 22ª SEMANA DO TEMPO COMUM

A liturgia do dia desta terça-feira, 2 de setembro de 2025, nos convida a mergulhar no mistério da presença libertadora de Cristo, que vence as trevas e oferece uma vida nova em comunhão com Deus. Estamos na 22ª Semana do Tempo Comum, Ano Ímpar (I), e as leituras propostas pela Igreja nos recordam a vigilância, a confiança e a vitória da luz sobre toda forma de mal.

As leituras são:

  • Primeira leitura: 1Ts 5,1-6.9-11
  • Salmo responsorial: Sl 26(27),1.4.13-14 (R. 13)
  • Evangelho: Lc 4,31-37

Primeira leitura: 1Ts 5,1-6.9-11 – Viver na luz de Cristo

Na carta aos Tessalonicenses, São Paulo nos exorta a viver como filhos da luz. Ele recorda que o “Dia do Senhor” virá de maneira inesperada, como “ladrão de noite”. Por isso, não podemos viver adormecidos, acomodados ou distraídos com as ilusões deste mundo.

A mensagem é clara: quem pertence a Cristo não anda nas trevas. Somos chamados à sobriedade, à vigilância e à fé constante. Paulo reforça que não fomos destinados para a ira, mas para alcançar a salvação por meio de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele morreu por nós para que, estejamos acordados ou adormecidos, vivamos unidos a Ele.

A liturgia do dia nos lembra, assim, que a vida cristã é marcada pela esperança. Não se trata de medo do fim, mas de uma confiança que fortalece a comunidade. É por isso que Paulo conclui incentivando os irmãos: “Consolai-vos uns aos outros e edificai-vos mutuamente”. O chamado é para viver em comunhão, ajudando-nos a permanecer firmes na luz.

Salmo responsorial: Sl 26(27) – “Sei que a bondade do Senhor eu hei de ver”

O salmo 26 é uma resposta confiante à mensagem da primeira leitura. O salmista proclama: “O Senhor é minha luz e salvação; a quem eu temerei?” É um convite à confiança plena em Deus, mesmo diante das dificuldades e ameaças.

O salmo nos conduz a uma atitude de esperança, de quem espera a ação de Deus com paciência e certeza de que a vitória final pertence ao Senhor. A liturgia do dia nos ajuda, portanto, a recordar que a verdadeira segurança não está nas forças humanas, mas na bondade divina que nunca falha.

Evangelho: Lc 4,31-37 – Jesus vence o mal e anuncia com autoridade

No Evangelho segundo São Lucas, contemplamos Jesus em Cafarnaum, ensinando com autoridade. Sua palavra não era como a dos mestres da lei, mas carregava uma força que tocava profundamente os corações. A cena ganha intensidade quando Ele expulsa um espírito impuro que atormentava um homem.

O demônio reconhece quem é Jesus: “Eu sei quem Tu és: o Santo de Deus!” Essa confissão involuntária revela a identidade de Cristo, que veio para libertar o ser humano do poder do mal. Com uma ordem firme, Jesus manda que o espírito saia, e todos ficam admirados com o poder de Sua palavra.

A liturgia do dia nos coloca diante da força libertadora de Cristo. Sua presença não apenas ensina, mas transforma. Ele não é um mestre qualquer, mas o Filho de Deus que tem autoridade sobre o mal, sobre as doenças e sobre a morte.

Esse Evangelho nos convida a refletir: quais são os “espíritos impuros” que ainda nos escravizam? Medos, vícios, rancores, mentiras, desânimos? Cristo tem poder de libertar cada um de nós, assim como libertou aquele homem em Cafarnaum. Basta nos abrirmos à Sua graça.

Mensagem central da liturgia do dia

Unindo as três leituras, vemos uma linha condutora: a vitória da luz sobre as trevas.

  • São Paulo nos exorta à vigilância, lembrando que somos filhos da luz.
  • O salmo proclama a confiança no Senhor que é nossa salvação.
  • O Evangelho mostra Jesus vencendo o mal com Sua palavra poderosa.

A liturgia do dia nos recorda que a vida cristã não é passiva. Precisamos estar atentos, vigilantes, enraizados na fé e abertos à ação libertadora de Cristo. A vigilância espiritual não é medo, mas confiança ativa, esperança que se traduz em escolhas concretas de vida nova.

Essa mensagem é profundamente atual. Em um mundo marcado por tantas incertezas, inseguranças e crises, o convite à vigilância e à confiança em Cristo é essencial. Muitas vezes, nos deixamos adormecer pelo comodismo, pelas distrações digitais ou pelas promessas fáceis de felicidade passageira.

A liturgia do dia nos chama a despertar. Lembra-nos de que o tempo da salvação é agora. Precisamos nos revestir da sobriedade e da fé, para não sermos vencidos pelo medo ou pela indiferença.

O Evangelho nos mostra que os “espíritos impuros” continuam presentes na sociedade: egoísmo, injustiça, ódio, violência. Mas também nos garante que Cristo é mais forte do que todas essas forças. Sua palavra continua a ter autoridade para transformar vidas.

Celebrar a liturgia do dia é, portanto, atualizar em nossa vida essa certeza: Jesus está vivo, caminha conosco e tem poder de nos libertar.

A liturgia do dia nos inspira a três atitudes concretas:

  1. Vigilância espiritual: estar atentos à presença de Deus e não deixar que a rotina ou o pecado nos adormeçam.
  2. Confiança em Deus: diante das dificuldades, proclamar como o salmista: “O Senhor é minha luz e salvação.”
  3. Abertura à libertação de Cristo: deixar que Sua palavra nos transforme, nos cure e nos liberte das cadeias que nos prendem.

A liturgia do dia desta terça-feira, 2 de setembro de 2025, nos revela a força da Palavra de Deus que ilumina, consola e liberta. Ela nos recorda que somos filhos da luz, chamados à vigilância e à confiança. O salmo reforça que nossa esperança está em Deus, e o Evangelho confirma que Cristo tem poder sobre todo mal.

Ao participar da liturgia do dia, renovamos nossa fé no Senhor que é nossa luz e salvação. Que possamos deixar que Sua Palavra nos transforme, para que vivamos em sobriedade, esperança e comunhão fraterna, sendo sinais da vitória da luz sobre as trevas no mundo de hoje.

LEIA SOBRE O MÊS DA BÍBLIA

Mês da Bíblia 2025

LITURGIA DO DIA: 2ª FEIRA DA 21ª SEMANA DO TEMPO COMUM

Liturgia do Dia – Segunda-feira, 25 de agosto de 2025
21ª Semana do Tempo Comum – Ano Ímpar (I)

Leituras:
1Ts 1,1-5.8b-10
Sl 149,1-2.3-4.5-6a e 9b (R. 4a)
Mt 23,13-22

Um chamado à autenticidade e à alegria do Evangelho

Neste início de semana, a Palavra de Deus nos convida a olhar para a essência da vida cristã: fé viva, esperança perseverante e testemunho coerente. A carta de São Paulo aos Tessalonicenses abre a liturgia com um tom afetuoso. Ele recorda que a comunidade não apenas recebeu a Palavra, mas a vive com força e alegria, mesmo em meio às dificuldades. Essa fé contagiante tornou-se exemplo para outros. É um convite para que cada cristão seja sinal do amor de Deus onde vive e trabalha.

O salmo 149 é um hino de louvor e celebração. Ele nos lembra que a vida de fé não é um peso, mas um canto novo. O Senhor ama seu povo e se alegra com aqueles que confiam nele. Cantar este salmo é experimentar a certeza de que Deus caminha conosco e nos fortalece.

No Evangelho, Jesus é firme com os líderes religiosos. Ele denuncia a hipocrisia daqueles que fecham as portas do Reino e colocam obstáculos para os outros. Não é um texto para apontar o dedo para os outros, mas para examinar o próprio coração: quantas vezes podemos transformar a fé em regras sem vida? Jesus nos chama a uma religião de verdade, que não se esconde atrás de aparências, mas busca o essencial: o amor a Deus e ao próximo.

Aqui estão alguns caminhos práticos e espirituais para viver essa “religião de verdade” que Jesus nos propõe:

1. Cultivar uma relação pessoal com Deus: a fé não é apenas cumprir normas; é encontro. Reserve momentos diários para oração silenciosa, leitura orante da Bíblia e participação consciente da liturgia. Isso aprofunda a amizade com Deus e orienta as escolhas.

2. Viver o essencial: amor concreto: o amor a Deus se prova no amor ao próximo (cf. Mt 22,37-40). Isso significa escutar, perdoar, partilhar, acolher. Pequenos gestos – um sorriso, uma ajuda, um pedido de desculpas – podem ser sinais do Reino.

3. Simplicidade e coerência: Jesus criticou a hipocrisia. O chamado é para ser o mesmo em público e no íntimo, sem máscaras. Isso exige humildade para reconhecer fraquezas, buscar o sacramento da reconciliação e sempre recomeçar.

4. Discernir o que é essencial e o que é secundário: nem tudo tem o mesmo peso. A fé autêntica não se perde em detalhes, mas busca a vontade de Deus no concreto da vida. Documentos da Igreja, como o Catecismo e a Evangelii Gaudium do Papa Francisco, ajudam a manter esse foco.

5. Participar da comunidade: viver a fé isoladamente é difícil. A comunidade ajuda a corrigir rotas, apoiar e ser apoiado. É lugar de serviço e partilha dos dons, não de julgamento.

6. Dar testemunho no cotidiano: mais que palavras, a vida fala. No trabalho, na família, no trânsito, ser honesto, justo e compassivo evangeliza.

Hoje, a liturgia nos propõe uma revisão de vida: como tenho vivido minha fé? Sou sinal de esperança e alegria para os outros ou coloco barreiras com palavras e atitudes? A autenticidade cristã não é perfeição, mas abertura sincera à graça de Deus. Que a Palavra desta segunda-feira nos ajude a começar bem a semana, com coerência e alegria no seguimento de Cristo.

Oração final:
Senhor, dá-me um coração simples e verdadeiro. Que eu viva minha fé com alegria e testemunho, sem hipocrisias. Ensina-me a abrir portas e não a fechá-las, para que tua luz brilhe através de mim. Amém.

LITURGIA DO DIA: FESTA DE SANTA ROSA DE LIMA, PADROEIRA DA AMÉRICA LATINA

Hoje (23/08/2025) celebramos com júbilo a Festa de Santa Rosa de Lima, virgem, Padroeira da América Latina. Estamos na 20ª Semana do Tempo Comum, Ano C e a liturgia transpira esperança e nos chama à vivência fiel dos mistérios de Cristo no dia a dia.

Leituras do dia

Na Primeira leitura – 2Cor 10,17-11,2, São Paulo exorta: “Quem se gloria, glorie-se no Senhor”. Não em si mesmo, não em suas obras, mas em Deus. Ele lembra que a aprovação verdadeira vem do Senhor, não dos homens. Paulo se apresenta como aquele que desposou a comunidade a Cristo, como uma virgem pura a um único esposo.

O Salmo responsorial – Sl 148,1-2.11-13a.13c-14 (R. cf. 12a.13a) – faz um convite universal ao louvor. O salmista chama anjos, reis, príncipes, jovens, crianças, homens e mulheres a bendizer o nome do Senhor. Toda a criação é chamada a glorificar seu Criador.

No Evangelho – Mt 13,44-46 – Jesus nos apresenta duas breves parábolas. O Reino dos Céus é comparado a um tesouro escondido em um campo. Quem o encontra vende tudo para comprá-lo. É também como um comerciante em busca de pérolas preciosas. Ao encontrar uma pérola de grande valor, vende tudo para adquiri-la. O Reino exige entrega total.

Quem foi Santa Rosa de Lima

Santa Rosa nasceu em Lima, Peru, em 1586. Seu nome de batismo era Isabel, mas a beleza de seu rosto inspirou o apelido “Rosa”. Desde jovem, buscou a vida de oração, penitência e caridade. Pertenceu à Ordem Terceira Dominicana. Fez voto de castidade, cuidou dos pobres, dos indígenas e dos escravos. Viveu austeramente e ofereceu tudo a Cristo. Morreu em 24 de agosto de 1617, com apenas 31 anos. Foi canonizada em 1671 e tornou-se a primeira santa das Américas, padroeira do Peru e de toda a América Latina.

A vida de Santa Rosa reflete a mensagem das leituras. Como Paulo, ela se apresentou a Cristo como uma virgem pura. Não buscou glória própria. Sua vida foi um constante “gloriar-se no Senhor”. Viveu para Ele e por Ele.

O salmo do dia fala do louvor universal. Rosa também louvou com sua vida. Via Deus na beleza da criação, nas flores que cultivava, no cuidado com os pobres. Sua oração se unia ao cântico dos céus.

O Evangelho das parábolas mostra a radicalidade do Reino. Quem encontra o tesouro vende tudo. Quem acha a pérola deixa tudo para adquiri-la. Assim fez Rosa. Abriu mão de riquezas, de prestígio, de comodidades. Tudo para conquistar o Reino.

Mensagem para nós hoje

A festa de Santa Rosa de Lima nos provoca a rever nossas prioridades. Onde está o nosso tesouro? O que valorizamos acima de tudo? O Senhor nos convida a vender, isto é, a deixar de lado o supérfluo para abraçar o essencial.

Rosa nos ensina que a santidade é possível no cotidiano. É escolha diária. É busca de Cristo como a pérola mais preciosa. É olhar para o mundo com humildade, servir com amor, louvar com simplicidade.

Hoje, o convite é claro: não nos gloriemos em nós mesmos. Reconheçamos que tudo vem de Deus. Ele é nosso maior bem. Que possamos viver o desposório com Cristo, como Santa Rosa, com fidelidade e pureza de coração.

Que todo nosso ser, como o salmo pede, seja louvor. Que nossos gestos revelem amor. Que nossas escolhas apontem para o tesouro maior: Cristo. A vida de Santa Rosa nos mostra que vale a pena entregar tudo para ganhar tudo. E esse tudo é Deus.

Assim, celebramos esta festa pedindo a intercessão de Santa Rosa de Lima. Que ela nos ajude a buscar o Reino com coragem. Que nos inspire a trocar as pérolas falsas pelas verdadeiras. Que nossa vida seja um hino de louvor e entrega. Que possamos um dia, com ela, gloriar-nos apenas no Senhor.

FESTA DE PENTECOSTES: VEM ESPÍRITO SANTO DE AMOR!

“Recebei o Espírito Santo!” (Jo 20,22)

A Festa de Pentecostes é uma das celebrações mais importantes do calendário cristão. Marca o encerramento do Tempo Pascal e comemora a efusão do Espírito Santo sobre os discípulos, cinquenta dias após a Ressurreição do Senhor. Essa solenidade nos convida a mergulhar no mistério da presença viva e operante do Espírito de Deus na Igreja e no mundo.

OS TEXTOS BÍBLICOS DESTA SOLENE CELEBRAÇÃO

O texto dos Atos dos Apóstolos (2,1-11) descreve o momento em que os discípulos, reunidos no Cenáculo com Maria, são surpreendidos por um vento impetuoso e por línguas de fogo. É o cumprimento da promessa de Jesus: “Recebereis o Espírito Santo” (cf. At 1,8). O Espírito Santo transforma aquele grupo de homens temerosos em testemunhas corajosas e anunciadores do Evangelho a todas as nações. A diversidade de línguas compreendidas simboliza a universalidade da salvação e o nascimento da Igreja missionária.

O Salmo 103(104), com sua beleza poética, proclama: “Enviai o vosso Espírito, Senhor, e da terra toda a face renovai!” O Espírito é aquele que dá vida, renova, transforma o caos em ordem, a aridez em fecundidade. A criação e a missão da Igreja se entrelaçam pela ação constante do Espírito vivificador.

Na Primeira Carta aos Coríntios (12,3b-7.12-13), São Paulo nos recorda que é o Espírito quem faz da Igreja um só corpo, distribuindo diferentes dons para o bem comum. A pluralidade de carismas não divide, mas edifica. Todos são batizados em um mesmo Espírito e formam um só corpo: Cristo. Pentecostes, portanto, é também a festa da unidade na diversidade, da comunhão e da partilha de dons para o serviço do Reino.

A belíssima Sequência de Pentecostes expressa em forma de oração poética o desejo da Igreja: “Vinde, Espírito Divino!” É um clamor por luz, consolo, força e santidade. O Espírito é invocado como hóspede da alma, descanso no labor, cura para os corações feridos. Cada verso revela a confiança na ação discreta, porém poderosa, do Espírito que age no mais íntimo da vida humana.

No Evangelho de João (20,19-23), Jesus ressuscitado aparece aos discípulos e sopra sobre eles, dizendo: “Recebei o Espírito Santo.” Como o Pai enviou Jesus, Ele agora envia os discípulos. O dom do Espírito está diretamente ligado à missão: anunciar, reconciliar, perdoar. É o início de uma nova criação, da humanidade renovada em Cristo.

PENTECOSTES: ABRIR-SE AO SOPRO DO ESPÍRITO SANTO

Celebrar Pentecostes é abrir-se ao sopro do Espírito Santo que renova todas as coisas. É reconhecer que a Igreja vive e cresce não por sua força, mas pela presença do Espírito. É tempo de renovar os dons recebidos no Batismo e na Crisma, de reacender a chama do amor de Deus e de assumir, com coragem, a missão de anunciar a Boa Nova.

Que esta solenidade reavive em nós a alegria do Evangelho, fortaleça nossa unidade na diversidade e nos envie como discípulos missionários, cheios do fogo do Espírito.

“Dai à vossa Igreja, que espera e deseja, vossos sete dons.”
(Sequência de Pentecostes)

Novena de Pentecostes

A prática popular da novena de Pentecostes na última semana do tempo pascal é memória da oração perseverante dos apóstolos com Maria, mãe de Jesus, com outras mulheres discípulas e com os irmãos dele, à espera do Espírito Santo que Jesus havia prometido. A novena começa na sexta feira antes do domingo da ascensão, este ano nos dias 30 de maio a 07 de junho.
Além disso, aqui no Brasil, a novena de Pentecostes coincide com a semana de oração pela unidade dos cristãos, que começa no domingo da ascensão. 

Esta semana de invocação do Espírito e de oração pela unidade, é uma espécie de sacramento final da páscoa que nos impulsiona, na busca da unidade e da reconciliação entre nós, membros de uma mesma comunidade, mas também entre as Igrejas e as diversas religiões. Esta semana é constituída de oração em comum e também de exercício de conversão: gestos de comunhão, de tolerância e de perdão com os irmãos e irmãs que praticam a fé de maneira diferente da nossa.

Oferecemos nove roteiros, com hino, leituras e preces.

37ª SEMANA DE LITURGIA

A 37ª Semana de Liturgia, promovida pelo Centro de Liturgia Dom Clemente Isnard, escolheu como tema central “Ritos e preces para iniciar à vida cristã”, reconhecendo que a iniciação à vida cristã é um processo profundamente litúrgico, catequético e comunitário. Mais do que uma transmissão de conteúdos doutrinários, trata-se de uma experiência progressiva de imersão no Mistério Pascal de Cristo, vivida de forma simbólica, orante e celebrativa, conforme propõe o Ritual de Iniciação Cristã de Adultos (RICA), n. 8.

Inspirada na Constituição Sacrosanctum Concilium, que afirma que o Povo de Deus deve participar da ação sagrada “por meio dos ritos e das orações” (SC 48), a Semana propõe um aprofundamento na compreensão da liturgia como lugar teológico e caminho de transmissão da fé. A experiência ritual não é apenas expressão do mistério, masfonte de sua compreensão, apontando o rito como linguagem constitutiva da fé cristã.   

Assim, a Liturgia, encharcada da Palavra de Deus, é uma das fontes centrais da Catequese. A Liturgia na Catequese é expressão máxima da inspiração catecumenal, fruto da recepção do Concílio Vaticano II, o qual solicitava “restaurar o catecumenato” (SC 64). Os Bispos no Brasil em seus documentos valorizam a relação fecunda entre Liturgia e Catequese, e convidam a reatar a parceria e a união entre elas que, ao longo dos séculos, ficaram comprometidas (cf. Doc. 107, n. 74); reafirmando a centralidade da celebração no itinerário formativo dos discípulos missionários. 

A programação da Semana de Liturgia foi cuidadosamente desenhada para contemplar, em cada dia, os diversos tempos e graus do processo de iniciação à vida cristã à luz do RICA, articulando os quatro tempos (pré-catecumenato, catecumenato, purificação e iluminação, e mistagogia) e as três etapas que vão configurando os sujeitos a Cristo, promovendo tanto a fundamentação teológico-litúrgica como as vivências e as práticas celebrativas, que envolvem a ação ritual, o canto e o espaço sagrado. Assim, a formação proposta vai além da teoria, privilegiando a experiência mistagógica que une corpo, tempo, espaço, afetos, emoção e razão na apreensão do mistério pascal.

Por fim, refletir e qualificar os ritos e preces que iniciam à vida cristã é mais do que um exercício acadêmico: é um compromisso com a renovação pastoral da Igreja, em chave de inspiração catecumenal e missionária, em sintonia com as orientações do Concílio Vaticano II e da Igreja no Brasil. 

  A Semana de Liturgia deseja, portanto, com a presença de membros das equipes de liturgia e catequistas, recolocar a Liturgia no centro do processo evangelizador, favorecendo uma iniciação que seja, de fato, mistagógica e querigmática. 

I. DATA:

  • 27 a 30 de outubro de 2025 (de segunda a quinta-feira).
  • Check-In: 27/10/2025 (a partir das 09h) – com almoço. Check-Out: 30/10/2025 (16h) – com cafezinho.
  • Início da programação da 37ª Semana de Liturgia: as 10h45 do dia 27/10.
  • Término: 16h do dia 30/10.

* Tendo em vista a metodologia da Semana de Liturgia compreende-se que a participação em tempo integral é indispensável.

**esse ano, devido à disponibilidade da casa de encontros, a Semana será de segunda de manhã até quinta à tarde.

II. INSCRIÇÃO 

(PAGAR PARA O CENTRO DE LITURGIA DOM CLEMENTE ISNARD)

  • Investimento: 420,00 (quatrocentos e vinte reais).
  • Forma de pagamento:
    • PIX: Chave 20.043.273/0001-20 (CNPJ): Centro de Liturgia Dom Clemente Isnard.

     Ou: 

  • Depósito/Transferência: Banco Bradesco (237), Agência 0478-2, Conta Corrente 0235-6.
  • Enviar o comprovante de pagamento com os devidos nomes do/a inscrito/a ou dos/as inscritos/as, com CPF, para o e-mail e com o nome da Instituição (Razão Social), com o devido CNPJ para a emissão da nota fiscal: semanadeliturgia@gmail.com 

OBS: A inscrição só será confirmada totalmente com os pagamentos das taxas da Inscrição e da Hospedagem. Pagamentos não realizados até o dia 20/10/2025, as inscrições serão canceladas.

  1. VAGAS: 200 pessoas
  1. LOCAL: 

MOSTEIRO DE ITAICI 

ENDEREÇO: Rodovia José Boldrini, 170 | Bairro Itaici | Indaiatuba – SP Telefones: Geral: (19) 2107-8500 | Secretaria: (19) 2107-8501 | (19) 2107-8502.

www.itaici.org.br

HOSPEDAGEM 

(PAGAR PARA O MOSTEIRO DE ITAICI – LOCAL ONDE ACONTECERÁ A 37ª SEMANA DE LITURGIA)

VALORES:

  • Diária Pensão Completa e Pernoite: com roupa de cama e banho.
  •             Diária (Quarto Duplo): R$315,00 (R$315,00 x 4 dias) = R$1.260,00 / por pessoa.
  •             Diária (Quarto Triplo): R$284,00 (R$284,00 x 4 dias) = R$1.136,00 / por pessoa.

❖ * Check-In: 27/10/2025 (a partir das 09h) – com almoço (não será permitido chegar antes). ❖ Check-Out: 30/10/2025 (16h) – com cafezinho.

* Para a emissão das Notas fiscais é necessário preencher todos os dados no Formulário da Inscrição:  (Razão Social, CNPJ, endereço completo / Nome Completo, CPF e endereço completo); Tipo de acomodação (individual, duplo ou triplo) … sendo quarto partilhado (nome das pessoas que irão no mesmo quarto).

  • A Nota Fiscal será emitida em nome do pagador; pagamento de mais de um inscrito, deve ser informado a quem se refere o pagamento;
  • O Mosteiro de Itaici não recebe o pagamento da hospedagem antes e após as datas estipuladas abaixo;
  • A confirmação da hospedagem será realizada mediante o envio do comprovante de pagamento, por e-mail (financeiro@itaici.org.br).

ATENÇAO PARA AS DATAS DE PAGAMENTOS DA HOSPEDAGEM:

O Mosteiro de Itaici só receberá o pagamento da hospedagem no período de 27/09 a 20/10/2025.

FORMA DE PAGAMENTO:

  • Via PIX: 33544370003598

   Ou:

  • Transferência Bancária: Banco Itaú, Agência 6260, Conta Corrente 01573-7 (Associação Nóbrega de Educação e Assistência Social) – CNPJ 33.544.370/0035-98    Ou:
  • Depósito Bancário: Banco Itaú, Agência 6260, Conta Corrente 01573-7 (Associação Nóbrega de Educação e Assistência Social) – CNPJ 33.544.370/0035-98

DESISTÊNCIA APÓS PAGAMENTO:

Desistência / Cancelamentos: serão aceitos até o dia 20/10/2025, após essa data será cobrado o percentual de 30% do valor total já pago referente a taxa de Inscrição e da Hospedagem.

ESTRUTURA DA CASA: 

Recepção (das 07h às 23h); Wi-fi; Estacionamento Privativo.

ACOMODAÇÕES:  

  • Quarto duplo com duas camas de solteiro. 
  • Quarto triplo com três camas de solteiro 
  • 1 quarto quádruplo
  • Estão dispostos dentro do quarto: Por cama 02 lençóis, 01 travesseiro, 01 cobertor, 01 toalha de banho e 01 toalha de rosto

* Restrição Alimentar: os pedidos de restrição alimentar serão analisados e, se possível, atendidos.

COMO CHEGAR AO LOCAL DA 37ª SEMANA DE LITURGIA:

  • Aeroporto Internacional Viracopos – Campinas: é o aeroporto mais próximo do Mosteiro de Itaici. Segundo informações obtidas através do Google Maps o trajeto é de 17,3km, 22 min (aprox) de carro. Segundo informações da casa de encontros o mais comum é fazer este trajeto por meio de táxi e/ou aplicativos de mobilidade urbana (Uber, 99pop, etc). 
  • Campinas-Indaiatuba: transitar pela Rod. SP-75 até chegar a Saída 57-C e Sorocaba-Indaiatuba, Saída 55A, saindo na Av. Cel. Antonio Estanislau do Amaral / Estr. Municipal Indaiatuba-Itupeva / Rod. José Boldrini. Manter-se nesse percurso até passar a ponte do Rio Jundiaí. A entrada fica à direita em frente a E.E. Joaquim Pedroso de Alvarenga.
  • São Paulo-Indaiatuba: transitar pela Rod. dos Bandeirantes até a Saída 88. Fazer o contorno no pontilhão entrando para a Rod. SP-75. Manter-se no percurso até encontrar a Saída 57-C, saindo na Av. Cel. Antonio Estanislau do Amaral / Estr. Municipal Indaiatuba Itupeva / Rod. José Boldrini. Manter-se nesse percurso até passar a ponte do Rio Jundiaí. A entrada fica à direita em frente a E.E. Joaquim Pedroso de Alvarenga. 
  • Sorocaba e região: seguir pela Rod. Sen. José E. de Moraes até chegar a Rod. Dep. Archimedes Lammoglia, manter-se no percurso até encontrar a Rod. Pref. Hélio Steffen. Siga nessa rota até encontrar a Rod. Eng. Ermênio de Oliveira Penteado, mantenha-se nesse percurso até encontrar à sua direita a Saída 55A, saindo na Av. Cel. Antonio Estanislau do Amaral / Estr. Municipal Indaiatuba-Itupeva / Rod. José Boldrini. Manter-se nesse percurso até passar a ponte do Rio Jundiaí. A entrada fica à direita em frente a E.E. Joaquim Pedroso de Alvarenga. 
  • Rio de Janeiro-Indaiatuba: acesso pela Rod. Dom Pedro I, até a rotatória que leva a Rod. Anhanguera, seguir até encontrar a Rod. Alberto Panzan. Continuar em frente até a Rod. Bandeirantes, seguindo até chegar a Rod. SP-75. 
  • Ônibus (VB Transportes) – Informações pelo telefone (19) 3875-2342 ou pelo site www.vbtransportes.com.br. VB Transportes mantém horários diários de Campinas-Indaiatuba e São PauloIndaiatuba. De Indaiatuba ao bairro Itaici é preciso tomar táxi ou ônibus circular. O circular da Viação Guaianazes (Linhas: Engenho, Terras de Itaici ou Vale das Laranjeiras) passa no portão de entrada do Mosteiro de Itaici, sendo necessário andar 1,2Km até a recepção da casa. 

OUTRAS INFORMAÇÕES 

TRAZER O RITUAL DE INICIAÇÃO CRISTÃ DE ADULTOS (será usado por cada participante durante a semana).

  • Trazer  Bíblia.
  • Trazer o Ofício Divino das Comunidades. 
  • Trazer comidas e bebidas típicas da sua região para a confraternização. 
  • Outras dúvidas e informações escreva para o e-mail: semanadeliturgia@gmail.com  ou pelo (WhatsApp): semana de liturgia (11) 95206-3482 (Ir. Veronice Fernandes).

REALIZAÇÃO 

               CENTRO DE LITURGIA DOM CLEMENTE ISNARD     

QUARTA-FEIRA DA SEMANA SANTA: O MISTÉRIO DA TRAIÇÃO E A FIDELIDADE DO AMOR

Nesta Quarta-feira da Semana Santa, a liturgia nos convida a mergulhar no coração do mistério da paixão de Cristo. As leituras de hoje traçam um poderoso paralelo entre o sofrimento do justo, a confiança em Deus diante da dor, e a traição vinda de quem está próximo.

1ª Leitura: Isaías 50,4-9a – O Servo Sofredor

No trecho do profeta Isaías, encontramos a figura do Servo Sofredor. Ele é aquele que, mesmo sendo perseguido, insultado e agredido, mantém-se firme na fidelidade a Deus. “Ofereci as costas aos que me batiam e o rosto aos que me arrancavam a barba…” – diz o texto. O Servo não se rebela, não foge. Ele permanece obediente porque confia que Deus é seu auxílio e sua justiça.

Essa imagem antecipa a figura de Jesus, que caminha para a cruz sem resistência, em entrega total ao plano do Pai.

Salmo 68 (69) – O clamor do justo perseguido

O salmista dá voz ao coração ferido do justo. Rejeitado pelos seus, zombado e desprezado, ele se volta a Deus em súplica: “Na tua grande misericórdia, escuta-me, Senhor”. Mesmo na dor, há esperança. Mesmo no abandono, o salmo é um ato de fé. Este lamento expressa a dor de tantos corações humanos que, como o de Cristo, conhecem a rejeição, a solidão e a injustiça.

Evangelho: Mateus 26,14-25 – A traição de Judas

Neste Evangelho, o drama da Paixão ganha um contorno mais sombrio: Judas Iscariotes, um dos Doze, entrega Jesus por trinta moedas de prata. Durante a última ceia, o próprio Jesus anuncia que será traído por alguém do seu convívio mais próximo. É um momento de profunda dor — não apenas pela violência que se aproxima, mas pela ferida da traição vinda de quem caminhou com Ele, ouviu Seus ensinamentos e partilhou da mesma mesa.

“Um de vós vai me trair” (Mt 26,21)

A Ceia, lugar de comunhão e amor, também se torna o palco da revelação. Judas, dominado por suas ambições, não trai Jesus de longe, mas de perto — sentado ao seu lado, partilhando o pão. Esse gesto revela a complexidade do coração humano e sua capacidade de se afastar do bem, mesmo estando tão próximo da verdade.

O Evangelho nos provoca a refletir: quantas vezes, por nossas escolhas e omissões, também traímos o amor de Cristo? Quantas vezes repetimos, como os discípulos: “Senhor, serei eu?”, sem perceber que nossas atitudes já são a resposta?

Mesmo diante da traição, Jesus não se afasta. Ele acolhe, permanece, oferece ao traidor a chance de arrependimento. Seu silêncio é amoroso e cheio de esperança, uma porta ainda aberta para a conversão. Neste tempo que antecede a Páscoa, somos convidados a olhar para dentro de nós. Rever nossos caminhos, purificar as intenções e nos aproximar do Senhor com sinceridade. Que em vez de sermos instrumentos da dor, sejamos sinais de fidelidade. Que, no lugar da dúvida, cultivemos a confiança. “O meu tempo está próximo” (Mt 26,18) — que também se aproxime o nosso tempo de voltar ao essencial e recomeçar com um coração renovado.

Uma reflexão para o nosso caminho

Essas leituras falam diretamente ao nosso coração e à nossa vida. Elas nos convidam a contemplar Jesus, o Servo fiel, que ama até o fim, mesmo diante da traição, do abandono e da violência. Sua resposta não é a fuga, mas a entrega.

Também somos convidados a olhar para dentro de nós:

  • Quantas vezes, como Judas, traímos o amor de Deus por nossos interesses?
  • Será que conseguimos ser fiéis como o Servo de Isaías, mesmo quando sofremos injustamente?
  • Em nossas dores e angústias, conseguimos manter a esperança e rezar com a confiança do salmista?

A Quarta-feira Santa nos prepara para o Tríduo Pascal. É um chamado à conversão sincera, à reflexão sobre nossas escolhas e à confiança em Deus que nunca nos abandona. O silêncio e a mansidão de Jesus não são sinal de fraqueza, mas de um amor mais forte que a morte.

POR QUE JESUS PERMANECE SERENO DIANTE DE TANTA DOR?

Essa é uma pergunta profunda — e essencial para compreendermos não só a paixão de Cristo, mas também o coração da teologia cristã. A serenidade de Jesus diante da dor não é simples resignação ou frieza emocional; é expressão de algo muito mais profundo: a união total da vontade de Jesus com a vontade do Pai.

Vamos explorar isso em alguns pontos teológicos centrais:

✝️ 1. A plena consciência e liberdade de Jesus

Na teologia cristã, especialmente à luz dos Evangelhos e da tradição, Jesus não é uma vítima inconsciente do sofrimento. Ele sabe o que vai acontecer e, mesmo assim, escolhe ir até o fim. “Ninguém tira a minha vida, mas eu a dou por mim mesmo.” (João 10,18)

A serenidade vem do fato de que Jesus age com liberdade total. Ele entrega a própria vida por amor. Seu sofrimento não é um fracasso, mas uma missão abraçada voluntariamente.

🙏 2. A obediência amorosa ao Pai

Em Filipenses 2,8, São Paulo diz que Jesus “humilhou-se, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz”. Aqui está o núcleo da teologia da cruz: Jesus confia plenamente no Pai, mesmo quando tudo parece desabar. Essa confiança gera serenidade.

A serenidade de Jesus nasce da certeza de que o amor do Pai é maior do que qualquer dor. Ele não entende o sofrimento como um fim em si mesmo, mas como parte do caminho de redenção.

💗 3. A solidariedade com o sofrimento humano

Jesus assume o sofrimento do mundo para redimir o ser humano desde dentro. Sua serenidade é também fruto de uma compaixão infinita: Ele carrega a dor de todos nós. É como se dissesse, em silêncio: “Não tenham medo da dor, eu estou aqui com vocês. Eu conheço a vossa cruz.” Ele sofre, mas não se desespera. Sofre, mas não perde o sentido. Sua serenidade é a de quem vê além da dor — vê a glória da ressurreição.

🕊️ 4. A certeza da vitória final

A fé de Jesus no Pai sustenta sua serenidade. Ele sabe que a cruz não é o fim, mas a passagem para a vida plena. A serenidade de Cristo nasce dessa certeza: o amor vencerá. O sofrimento tem um sentido porque está unido à esperança. “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito.” (Lucas 23,46) É o grito sereno de quem se entrega por inteiro, sem medo.

🌿 A serenidade de Jesus diante da dor é possível porque:

  • Ele é plenamente livre e consciente;
  • Confia totalmente no amor do Pai;
  • Abraça o sofrimento como missão redentora;
  • Sabe que o amor vencerá, e a cruz se transformará em ressurreição.

A Serenidade de Jesus na Dor: Uma Escola para a Vida Pastoral

À medida que nos aproximamos do coração do mistério pascal, a figura de Jesus, sereno diante da traição, do abandono e da cruz, nos interpela profundamente. Como Ele pode permanecer calmo, sem revolta, sem desespero, mesmo cercado pela dor? Esta pergunta, mais do que teórica, é um chamado à contemplação e à formação interior daqueles que servem à Igreja.

Jesus vive cada instante de sua paixão em profunda comunhão com o Pai. Sua serenidade não vem da ausência de sofrimento, mas de uma certeza interior: “Meu Pai está comigo.”

Para quem atua na pastoral, essa verdade é essencial. O serviço ao Reino muitas vezes nos leva ao desgaste, à frustração e até à solidão. A serenidade de Jesus nos ensina que a paz verdadeira não depende das circunstâncias externas, mas de uma alma alicerçada na oração e na escuta da vontade de Deus.

Formação pastoral começa na intimidade com Deus. A serenidade de Cristo vem também da obediência amorosa. Ele abraça a cruz não por obrigação, mas por amor: amor ao Pai, amor à humanidade. Não se trata de resignação passiva, mas de uma entrega ativa, consciente e cheia de sentido.

Na vida pastoral, também carregamos muitas “cruzes”: incompreensões, limitações, críticas, fadiga. Quando essas cruzes são vividas como oferta de amor, elas não nos esmagam. Ao contrário, nos tornam mais parecidos com o Bom Pastor, que dá a vida por suas ovelhas.

Jesus permanece sereno porque sabe que a cruz não é o fim. Ele vê o que os outros não veem: a luz da ressurreição já despontando no horizonte da dor. Esse olhar de fé é o segredo da paz que não se abala, mesmo em meio à tempestade.

Pastoralmente, é fundamental cultivar esse olhar esperançoso. Diante dos desafios da missão, precisamos aprender com Jesus a discernir o sentido profundo de cada sofrimento, e a confiar que Deus transforma dor em graça, fracasso em fecundidade.

A serenidade de Jesus é um convite claro para quem serve na Igreja:

  • Rezar mais do que fazer. Sem oração, o serviço vira ativismo e cansaço. Com oração, o serviço vira oferta.
  • Confiar mais do que controlar. Quando confiamos que é Deus quem conduz a missão, encontramos paz.
  • Oferecer mais do que reclamar. As dificuldades da pastoral são lugar de santificação, não de murmuração.
  • Esperar mais do que desistir. A semente que morre na terra dará fruto a seu tempo.

A serenidade de Jesus é a serenidade do missionário que sabe por que e para quem vive. Ele sofre, sim, mas não perde o centro. Ele é traído, mas permanece fiel. Ele é rejeitado, mas continua amando.

Que essa paz de Jesus, nascida da oração, da confiança e do amor, seja também a paz de todo agente de pastoral. Que cada um de nós possa, mesmo nas dores do ministério, repetir com Ele: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito.”

Que nesta Semana Santa, possamos nos unir ao Cristo fiel e aprender com Ele a caminhar com confiança, mesmo nos momentos mais sombrios.