A Relação entre Marcos 3,1-6, Hebreus 7,1-3.15-17 e Salmo 109(110),1.2.3.4: A Autoridade e o Sacerdócio Eterno de Cristo

Por Ir. Julia de Almeida, pddm

Comentário dos textos bíblicos propostos para a liturgia do dia 22/01/2025.

Textos na íntegra: https://espacoorante.piasdiscipulas.org.br/litugia-do-dia/

Os textos de Marcos 3,1-6, Hebreus 7,1-3.15-17 e Salmo 109(110),1.2.3.4 estão profundamente conectados, destacando temas centrais sobre a autoridade de Cristo, o novo sacerdócio e o cumprimento das promessas de Deus. Vamos explorar como esses textos se relacionam entre si.

1. A Autoridade de Cristo e o Novo Papel Sacerdotal

Em Marcos 3,1-6, encontramos Jesus curando no sábado, um gesto que desafia as interpretações rígidas da Lei pelos fariseus. Ao curar a mão ressequida de um homem, Jesus afirma Sua autoridade divina e Sua missão de trazer cura e libertação. Ele se coloca acima das restrições legais, apontando para um novo entendimento da Lei, que está centrado na misericórdia e na restauração da vida humana.

Hebreus 7,1-3.15-17 explica que Jesus é o sumo-sacerdote eterno segundo a ordem de Melquisedec, uma figura do Antigo Testamento que prefigura o sacerdócio único e eterno de Cristo. Enquanto o sacerdócio levítico era temporário e imperfeito, o sacerdócio de Cristo é eterno, estabelecido por Deus, e superior a todas as formas de sacrifício.

O Salmo 109(110),1.2.3.4 é uma profecia messiânica que se cumpre em Jesus. Ele é declarado sacerdote eterno segundo a ordem de Melquisedec, o que confirma Sua autoridade e Sua função como intercessor entre Deus e a humanidade. O salmo destaca tanto o reinado quanto o sacerdócio de Cristo, apontando para Sua missão redentora.

2. Jesus como Cumprimento das Escrituras

Marcos 3,1-6 mostra Jesus desafiando as expectativas religiosas de Sua época e revelando que Sua autoridade não se limita ao cumprimento legal da Lei, mas à cura e ao restabelecimento da verdadeira intenção de Deus para o ser humano.

Em Hebreus 7,1-3.15-17, a referência a Melquisedec e o sacerdócio eterno de Cristo são um cumprimento das promessas feitas por Deus ao longo da história, especialmente a promessa de um sacerdócio perfeito e eterno, prefigurado por Melquisedec, mas realizado de forma plena em Cristo.

O Salmo 109(110) antecipa o papel de Cristo como sacerdote e rei, destacando a importância de Sua missão como mediador eterno, que vai além da antiga aliança e das práticas do sacerdócio levítico.

3. A Missão de Jesus: Cura e Libertação

No episódio de Marcos 3,1-6, a cura realizada por Jesus em um dia de sábado é um símbolo de Sua missão de libertar e restaurar a humanidade. Ele não se limita às regras religiosas, mas traz uma nova perspectiva de salvação, centrada no amor e na misericórdia de Deus.

Em Hebreus 7,1-3.15-17, a missão de Jesus é descrita como a de um sacerdote que intercede pelo povo e garante uma salvação eterna, libertando o ser humano do pecado e da morte. Seu sacerdócio, ao contrário dos sacerdotes antigos, é perfeito e contínuo, oferecendo uma cura espiritual duradoura.

O Salmo 109(110), ao se referir ao sacerdócio eterno de Cristo, também aponta para Sua missão de salvação e redenção, ao declarar que Ele é o verdadeiro mediador entre Deus e os homens.

4. A Nova Ordem de Cristo

Marcos 3,1-6 revela que a missão de Jesus traz uma nova ordem que desafia as práticas religiosas convencionais. Ao curar no sábado, Ele redefine o que significa cumprir a Lei, mostrando que o amor e a cura são superiores à observância rígida de normas externas.

Em Hebreus 7,1-3.15-17, o autor da carta sublinha que o sacerdócio de Cristo inaugura uma nova aliança, uma nova maneira de se relacionar com Deus, mais profunda e eterna, estabelecida por Jesus como o sacerdote eterno.

O Salmo 109(110) profetiza essa nova ordem, onde Cristo é tanto rei quanto sacerdote, e Sua autoridade é eterna e definitiva, completando e realizando o plano de salvação de Deus para toda a humanidade.

Conclusão

Esses três textos estão interligados pela figura de Cristo como sacerdote eterno e autoridade divina. Marcos 3,1-6 revela Sua autoridade ao desafiar as práticas religiosas da época e curar no sábado, mostrando que Ele veio para restaurar a verdadeira essência da Lei. Em Hebreus 7,1-3.15-17, vemos que Seu sacerdócio é perfeito e eterno, conforme prefigurado por Melquisedec. O Salmo 109(110) confirma essa profecia messiânica, que fala de um sacerdote eterno e de um reinado divino, que se cumpre plenamente em Cristo. Juntos, esses textos nos revelam a missão de Jesus de trazer cura, libertação e a nova aliança de salvação para toda a humanidade.

Jesus como Cumprimento da Aliança: Esperança, Autoridade e Libertação

Comentário sobre os textos bíblicos de 21 de janeiro de 2025

Por Ir. Julia de Almeida, pddm

Textos de hoje na íntegra, veja no link: https://espacoorante.piasdiscipulas.org.br/litugia-do-dia/

Os três textos apresentados para a liturgia de hoje (20/01/2025) — o Evangelho segundo Marcos 2,23-28, a Leitura da Carta aos Hebreus 6,10-20 e o Salmo 110(111),1-2.4-5.9 e 10c — estão interligados principalmente pelos temas da aliança de Deus, fidelidade, salvação e a reinterpretação das leis em Cristo. Vejamos as relações entre eles:

1. A Aliança de Deus e a Fidelidade

  • O Salmo 110(111) celebra a fidelidade de Deus à Sua aliança com o povo. Ele lembra que Deus é bom, clemente e nunca se esquece de Sua aliança. Essa fidelidade divina é um tema central em todos os textos, pois Deus se compromete com Seu povo e garante Suas promessas.
  • Em Hebreus 6,10-20, a carta fala do juramento de Deus a Abraão e como, por meio de dois atos irrevogáveis (a promessa e o juramento), Ele reafirma a esperança de salvação. Essa esperança é descrita como uma âncora segura e firme para os cristãos, que têm Cristo como mediador dessa promessa. Jesus, como sumo-sacerdote eterno na ordem de Melquisedec, é a garantia da aliança e da salvação.
  • No Evangelho de Marcos, Jesus se posiciona como Senhor do sábado, redefinindo a interpretação das leis antigas. Ele afirma que o sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado, implicando que a verdadeira aliança com Deus não se resume à observância legalista de rituais, mas deve ser vivida de forma que atenda às necessidades humanas, como exemplificado pela história de Davi.

2. A Autoridade de Cristo

  • Em Marcos 2,23-28, Jesus declara que Ele é o Senhor do sábado, posicionando-se como autoridade superior à interpretação legalista dos fariseus. O sábado, enquanto parte da Lei de Moisés, é reinterpretado por Jesus, que destaca a necessidade de atender às necessidades humanas e não sobrecarregar as pessoas com regras que não são conforme o espírito da aliança de Deus. Ele, portanto, afirma sua autoridade como Filho do Homem, que é superior à Lei.
  • A autoridade de Cristo também é mencionada em Hebreus 6,20, onde Ele é descrito como o precursor e sumo-sacerdote eterno. Ele entra no santuário celestial, abrindo caminho para que os fiéis possam ter acesso direto a Deus. Assim, em ambos os textos, Jesus é apresentado como aquele que cumpre e reinterpreta a antiga aliança para trazer um novo caminho de salvação.

3. A Esperança e a Salvação

  • Hebreus 6,10-20 fala de esperança como uma âncora firme e segura para a vida dos cristãos, apontando para a confiança nas promessas de Deus, cumpridas em Cristo. A esperança é encontrada em Cristo, o sumo-sacerdote que garante a salvação eterna.
  • No Salmo 110(111), Deus envia libertação ao Seu povo e confirma Sua aliança. Isso é uma preparação para a promessa de salvação que se cumpre em Cristo, que, como Sumo-Sacerdote, oferece a verdadeira libertação.
  • Marcos 2,23-28, embora focado na interpretação do sábado, também indica que a salvação e a misericórdia de Deus estão acima das regras e rituais externos. Jesus vem para dar ao povo um descanso verdadeiro, que vai além da simples observância de normas, apontando para a verdadeira libertação em Deus.

4. A Reinterpretação das Leis

  • No Evangelho de Marcos, Jesus reformula a observância do sábado, ensinando que a Lei não deve ser um peso, mas um meio de promover o bem-estar do ser humano. Isso também se relaciona com a Carta aos Hebreus, onde a fidelidade à promessa de Deus não está nas observâncias externas, mas em Cristo, o sumo-sacerdote eterno.
  • Em Hebreus 6, a confiança nas promessas e a perseverança são enfatizadas como respostas mais profundas à aliança de Deus, que se cumpriu em Cristo. Isso implica que a verdadeira observância da aliança de Deus é vivida pela fé em Jesus, não por rituais externos.

Conclusão

Esses textos, embora abordem temas distintos, estão unidos pela fidelidade de Deus à Sua aliança, a autoridade de Cristo como mediador da nova aliança, a reinterpretação das leis e a esperança de salvação que é garantida em Cristo. O Evangelho de Marcos redefine a prática religiosa à luz de Cristo, enquanto a Carta aos Hebreus reafirma a base da nossa esperança na fidelidade de Deus, consumada na obra de Cristo como sumo-sacerdote eterno. O Salmo 110 complementa, exaltando a justiça e a salvação de Deus, e lembrando que Ele se lembra sempre de Sua aliança com o Seu povo.

A CONVERSÃO DE SÃO PAULO: UMA TRANSFORMAÇÃO RADICAL DE VIDA

A Conversão de São Paulo é um dos episódios mais fascinantes e significativos da história cristã. Sua trajetória, que vai da feroz perseguição aos cristãos à fundação de comunidades cristãs por toda a região do Império Romano, revela um profundo processo de transformação e a graça de Deus capaz de mudar até os corações mais endurecidos. Este evento, relatado principalmente nos Atos dos Apóstolos, é comemorado pela Igreja no dia 25 de janeiro, e é visto como um símbolo de que a misericórdia divina pode alcançar qualquer pessoa, não importa o quão distante esteja da fé cristã.

O Homem antes da Conversão: Saulo de Tarso

Paulo Apóstolo Cláudio Pastro pintado na capela da casa provincial das Irmãs Pias Discípulas do Divino Mestre

O homem que se tornaria São Paulo começou sua jornada com o nome de Saulo. Nascido em Tarso, cidade da região da Cilícia, em torno do ano 10 d.C., ele era judeu, fariseu de nascimento e educação, e, segundo ele mesmo, um “fariseu dos fariseus” (Filipenses 3,5). Saulo se dedicava intensamente à observância da lei judaica e à defesa das tradições do judaísmo. Ele estudou sob a orientação de Gamaliel, um dos maiores mestres da Lei, e, com isso, se tornou uma das figuras mais respeitadas entre os líderes religiosos de sua época.

Entretanto, sua fé fervorosa na tradição judaica o levou a um grande erro: ele via o cristianismo como uma ameaça à integridade do judaísmo. Os seguidores de Jesus de Nazaré eram vistos como hereges, pregando uma nova doutrina que poderia destruir a aliança de Deus com o povo de Israel. Por isso, Saulo se tornou um perseguidor implacável dos cristãos. Ele estava presente e aprovou a morte de Estêvão, o primeiro mártir cristão (Atos 8,1), e em sua busca para erradicar o cristianismo, obteve cartas autorizando-o a prender cristãos em Damasco, uma cidade situada a cerca de 230 quilômetros de Jerusalém.

Saulo estava completamente convencido de que estava fazendo a vontade de Deus, protegendo a fé judaica e combatendo o que ele considerava ser uma heresia. Porém, o que ele não sabia é que Deus tinha um plano muito diferente para sua vida.

O Encontro com Cristo: a conversão de Saulo

O momento da conversão de Saulo acontece no caminho para Damasco, quando ele se depara com uma experiência sobrenatural que mudaria completamente sua vida. Enquanto viajava para cumprir sua missão de capturar cristãos, uma luz intensa, vinda do céu, o envolveu. Saulo caiu ao chão, cegado pela luz, e ouviu uma voz que o chamava pelo nome: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” (Atos 9,4).

Atônito e confuso, Saulo perguntou: “Quem és tu, Senhor?” A resposta que ele ouviu foi: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Levanta-te, entra na cidade, e lá te será dito o que deves fazer” (Atos 9,5-6). Este encontro com Cristo foi uma experiência avassaladora. A luz, que o cegou temporariamente, simbolizava a cegueira espiritual de Saulo, que não conseguia ver a verdade sobre quem era Jesus e o significado de sua missão. A voz de Jesus o confrontou diretamente, revelando a gravidade de sua perseguição aos cristãos, mas também lhe oferecendo a oportunidade de um novo começo.

Saulo, agora cego e imobilizado pela experiência, foi conduzido até Damasco por seus companheiros de viagem. Durante três dias, ele permaneceu cego, sem comer nem beber, em um estado de profunda reflexão. Nesse período, ele deve ter começado a compreender a magnitude de sua vida anterior e de sua jornada de fé equivocada.

A intervenção de Ananias: a cura espiritual e física

Em Damasco, enquanto Saulo ainda se encontrava em oração e reflexão, Deus se revelou a um discípulo cristão chamado Ananias, que foi instruído a ir até Saulo e impor-lhe as mãos para que ele recuperasse a visão. Ananias, apesar de relutante e temeroso devido à fama de Saulo como perseguidor, obedeceu à ordem divina. Chegando à casa de Saulo, Ananias disse: “Saulo, irmão, o Senhor Jesus, que te apareceu no caminho por onde vens, enviou-me para que recuperes a vista e sejas cheio do Espírito Santo” (Atos 9,17).

Imediatamente, algo como escamas caiu dos olhos de Saulo, e ele recobrou a visão. Após esse milagre, Saulo foi batizado, simbolizando sua nova vida em Cristo. Ele recebeu força, alimentou-se e, imediatamente, começou a pregar nas sinagogas de Damasco, proclamando que Jesus era o Filho de Deus. Essa mudança repentina, de perseguidor a pregador, foi tão impressionante que os habitantes de Damasco ficaram perplexos, perguntando: “Não é este o homem que, em Jerusalém, devastava os que invocavam esse nome?” (Atos 9,21).

A Missão de São Paulo: A Expansão do Cristianismo

A conversão de Saulo marcou o início de uma nova fase de sua vida. Ele, que antes combatia ferozmente os cristãos, agora se tornava um dos maiores defensores da fé cristã. Depois de um tempo em Damasco, Paulo foi a Jerusalém, onde encontrou os apóstolos, e passou a viajar por várias regiões, pregando o evangelho de Jesus e estabelecendo comunidades cristãs. Sua mensagem era clara: a salvação não era apenas para os judeus, mas também para os gentios, um princípio revolucionário para a época.

São Paulo escreveu diversas cartas que formam parte fundamental do Novo Testamento, nas quais ele explicou e consolidou a teologia cristã. Sua obra missionária foi fundamental para a expansão do cristianismo, e ele se tornou conhecido como o “Apóstolo dos Gentios”. Sua vida foi marcada por viagens, dificuldades, perseguições e uma profunda dedicação à missão de pregar o evangelho de Cristo.

O legado de São Paulo

A Conversão de São Paulo, portanto, não foi apenas um evento pessoal, mas um marco na história da Igreja. Sua transformação de Saulo, o perseguidor, para Paulo, o apóstolo, ilustra a capacidade de Deus de mudar a vida de qualquer pessoa, independentemente de seu passado. São Paulo não foi apenas convertido espiritualmente; ele passou a ser um mensageiro da boa nova, proclamando a graça e a misericórdia de Deus a todos.

Hoje, a festa da Conversão de São Paulo é celebrada como um lembrete de que ninguém está além do alcance da graça divina. Sua vida nos ensina sobre a importância do arrependimento, da abertura ao chamado de Deus e da disposição para seguir o caminho que Ele nos propõe, por mais desafiador que possa parecer. A conversão de Paulo continua a inspirar cristãos de todas as gerações, mostrando que, com fé e humildade, é possível recomeçar e viver uma vida nova em Cristo.

Por Ir. Julia Almeida, pddm, publicado 20 de janeiro de 2025.

QUATRO PONTOS SIGNIFICATIVOS NA VIVÊNCIA DO TEMPO COMUM

O Tempo Comum começa no dia seguinte à celebração da festa do Batismo do Senhor e se estende até a terça-feira da Quaresma, inclusive. Recomeça na segunda-feira depois do domingo de Pentecostes e termina antes das I Vésperas do 1º Domingo do Advento. Dividido em dois blocos, tem duração total de 33 ou 34 semanas. Nele, somos convidados a celebrar não um acontecimento especial de nossa salvação, mas todo o mistério de Cristo em sua plenitude e globalidade. O fato de se denominar “comum” não significa  menos importante. Aliás, antes mesmo de se organizarem as festas anuais, com seus tempos de preparação e prolongamento, a Igreja já celebrava a cada domingo a Páscoa de Jesus. Todo culto tinha uma forte dimensão de expectativa da vinda do Senhor. Quando mais tarde se organizaram os ciclos da Páscoa e do Natal, era para celebrar com mais intensidade, num tempo determinado, o que já fazia parte do cotidiano das comunidades.

Vejamos quatro pontos significativos sobre o Tempo Comum:

SENTIDO DO TEMPO COMUM

Para as comunidades cristãs, a páscoa é a festa maior, celebrada uma vez por ano como solenidade cósmica e universal. Sem negar o inédito da festa, o tempo comum nos desafia a impregnar desta energia pascal o ano inteiro. Cada domingo é a páscoa de cada semana que celebramos, e tem a função de nos lembrar que a vida venceu a morte e de nos tirar da monotonia do cotidiano, reacendendo em nossa vida o desejo do amor. Antes mesmo de se organizarem as festas anuais da páscoa e do natal, com seus tempos de preparação e prolongamento, como já refletimos, a Igreja já celebrava a cada domingo a páscoa de Jesus. Era fundamental neste dia, o Domingo, a reunião e a ceia em memória da morte e ressurreição do Senhor.

Assim, nos Domingos do Tempo Comum, o mistério da Páscoa do Senhor nos é revelado pelo cotidiano de sua vida: suas palavras, ensinamentos, trabalhos, amizades, sonhos, conflitos e desafios. Os primeiros Domingos têm uma ligação maior com o mistério da epifania e nos convidam a adorar o Senhor que se manifesta anunciando a sua missão e chamando os primeiros discípulos. Nos outros Domingos, fazemos memória dos fatos que marcaram a missão de Jesus. Os últimos domingos acentuam a dimensão escatológica do reino e nos renovam na esperança da vinda do Senhor.

DURAÇÃO DO TEMPO COMUM

O Tempo Comum é longo e suas expressões litúrgicas são mais discretas, se comparadas às dos tempos especiais. Por isso, os ritos devem ser revestidos de permanente autenticidade para poderem ter força de novidade. Trata-se de prolongar ao longo do ano litúrgico a ternura da festa pascal, de modo que a Páscoa possa unificar todas as celebrações do ano numa mesma experiência mística do coração. Esta tarefa de “impregnar de Páscoa o ano inteiro” é mais difícil do que fazer a própria festa anual.

PRINCIPAIS CELEBRAÇÕES DO TEMPO COMUM

Além dos domingos, como festa semanal, a memória da missão de Jesus cede espaço à celebração de algum mistério da vida do Senhor, de Maria e dos Santos, como é o caso do domingo da Santíssima Trindade, de Pedro e Paulo, da Assunção de Maria, da festa de Todos os Santos ou, quando coincidem com o Domingo, as festas da Apresentação e Transfiguração do Senhor, a Natividade de João Batista, a Exaltação da Santa Cruz, Nossa Senhora Aparecida e a memória dos fiéis falecidos.

Este tempo é favorável às festas dos padroeiros e outras comemorações locais. No Brasil, há os meses temáticos: mês das vocações, da bíblia, das missões. É importante que sejam incorporados na liturgia como memórias a serem celebradas, e não como temas a serem estudados ou explicados. É importante ligar a celebração semanal da Páscoa com os apelos que vêm da vida, seja da religiosidade popular, da pastoral das Igrejas ou da preocupação com a paz mundial.

SÍMBOLOS DO TEMPO COMUM

O gesto simbólico maior que caracteriza o domingo como dia memorial da páscoa é sempre a reunião da comunidade em torno da palavra e da ceia. O evangelho de cada domingo, relatando um acontecimento da vida de Jesus, às vezes sugere um símbolo ou gesto simbólico que marca aquele domingo e ajuda a comunidade a guardar a Palavra no coração ao longo da semana. A cor verde caracteriza o tempo comum. O Hinário 3 da CNBB oferece um repertório significativo para a escolha das músicas de acordo com o sentido de cada domingo.

Enfim, o  Tempo Comum nos reconcilia com o normal e nos ajuda a descobrir o dia a dia como tempo de salvação, segundo a promessa do ressuscitado: “estarei com vocês todos os dias”. O Senhor se revela a nós nos acontecimentos do quotidiano, em nossas vivências e cansaços, na convivência, no trabalho… No interior de cada dia damos prova de nossa fidelidade. É o esforço de buscar, no cotidiano da vida, o mistério do Senhor acontecendo entre experiências de morte e ressurreição.

CARPANEDO, Penha; GUIMARÃES, Marcelo. Dia do Senhor – Guia para as celebrações das comunidades. Tempo Comum. São Paulo: Paulinas/Apostolado Litúrgico, 2005.

Fonte: Revista de Liturgia

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UM NATAL DE LUZ

“E aconteceu que eles estando ali,
se cumpriram os dias em que ela havia de dar à luz.
E deu à luz seu filho primogênito e envolveu-o em panos,
e deitou-o em uma manjedoura,
porque não havia lugar para eles na estalagem. ” (Lc 2,6-7)

A espiritualidade natalina nos convida a celebrarmos a chegada da grande luz que é Jesus. É um convite para olharmos nossa trajetória e nos perguntarmos: “Estou sendo luz na vida dos solidários, dos doentes, dos perturbados e dos empobrecidos? ”. Essa luz é relação, comunicação e comprometimento com o amor para conosco e para com o nosso próximo. É disso que nos conscientiza o Advento, ele nos iguala na experiência espiritual na luz do Natal. A disciplina do Advento nos ensina a fazer bem as pequenas coisas, amando sem acepções de pessoas, até porque a criatividade generosa do espírito natalino está na paz enraizada nos corações dos homens e mulheres de boa vontade.

O Natal é nosso lembrete anual de que a luz que escolhemos abraçar e acolher em qualquer nível está lá para nós sempre brilhando intensamente, esperando corações que queiram acolher e compartilhar a luz que habita seus corações. Acolhendo essa luz assumimos a fertilidade do seu significado, ou seja, vivenciaremos uma busca do nosso verdadeiro EU, que se encontra adormecido dentro de nós.

Infelizmente, o simbolismo e o significado do Natal foram deturpados por nosso EGO ferido, na busca da constante dos lucros, do ter, do prazer e do poder. Precisamos passar por um esvaziamento para vivenciarmos o sentido originário do Natal. Isso pode ter apenas uma explicação: as pessoas encontram-se vazias por dentro! Do contrário, não esvaziariam as demais coisas de seu sentido originário.

Por isso, Deus Se desprendeu do céu, rumando ao mundo terreno, encarnado no ventre de Maria, para que pudessem ser reatados os laços com a luz. Cristo, como uma parte do Criador, serviu de ponte para que a humanidade pudesse despertar do seu sono espiritual. No entanto, poucos ouviram a sua Palavra, conforme o seu sentido originário. A maioria interpretou segundo os seus interesses, sendo que ocorreu a perda do seu significado, geração após geração. O nascimento do Menino Jesus foi usurpado pelo Papai Noel e isso foi desviando a proposta do nascimento e renascimento do amor, que é celebrar o nascimento do verdadeiro sol, ou seja, Cristo, que apareceu no mundo depois de uma longa noite de trevas. O natal do Senhor nos alerta a lutar contra as trevas da hipocrisia, contra as trevas da corrupção, contra as trevas da miséria que vem assolando milhões de filhos e filhas de Deus. A celebração do Natal não pode ser desperdiçada em recordações sentimentais ou discursos polêmicos, mas valorizada como dom de amor, de verdade e de esperança para todos os homens e mulheres de nosso tempo.

Portanto, a luz da espiritualidade natalina revela para nós que uma estrela brilhou intensamente no céu e sua luz desceu sobre um menino chamado Jesus. Aí começou o Natal, por meio de uma luz, um Natal de luz. Isso para dissipar as trevas, pois, como cantamos, “A luz resplandeceu em plena escuridão, jamais irão as trevas vencer o seu clarão”. É essa a proposta verdadeira do Natal. Sejamos confiantes e cheios de esperanças para a construção de um mundo mais fraterno e cheio de compaixão.

Que o espírito do Natal alcance cada um de nós como uma força avassaladora e nos revista de empoderamento da justiça e da paz! E que nossos corações sejam verdadeiras manjedouras para acolher a luz que vem para habitar e renascer nos nossos corações! Não se esqueça: Natal feliz é Natal com Cristo!

Pe. Kleber Farias, OMI

TEMPO DO NATAL

“Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador, que é Cristo Senhor” (Lc 2,11).

O Senhor fez resplandece esta noite santa com o esplendor da verdadeira luz! (liturgia).

Nesta noite, Papa Francisco abre de novo a Porta Santa da Basílica de São Pedro no Vaticano, dando início ao Jubileu Ordinário, o jubileu da Encarnação. Somos convidados a contemplar os “sinais de luz no nosso mundo” e invocar o Espírito Santo de Deus sobre cada uma destas boas obras e luz de Deus na humanidade. A liturgia do Natal leva-nos a uma experiência de luz, de exultação, de alegria, porque a verdadeira “Luz” que veio ao mundo ilumina cada ser humano.

O SIGNIFICADO DO NATAL

“Uma das maiores obras de Deus em favor de todos nós, uma das maiores ‘liturgias’ de Deus, portanto, foi quando ele nos ‘presenteou’ seu próprio Filho para ser o nosso Salvador. Desde muito tempo, Deus vinha se mostrando um ‘tremendo apaixonado’ pela nossa humanidade. E, enfim, depois de um longo período de ‘noivado’, em todo o Antigo Testamento, Deus acabou se ‘casando’ com a humanidade, na pessoa de Maria. Realizou-se a promessa, realizou-se a profecia (cf. Is 62,1-5). E deste ‘casamento’ resultou – por obra do Espírito Santo! – uma ‘gravidez’ e, por esta ‘gravidez’, foi-nos dado Jesus, Filho de Deus, Emanuel (Deus-conosco!) (cf. Mt 1,18-25): ‘O Verbo eterno de Deus se fez carne e habitou entre nós’ (Jo 1,14). Que maravilhosa obra de Deus em favor da humanidade!… […] um enorme bem que Deus fez para nós, através do ‘sim’ de Maria: O Verbo eterno de Deus ‘mergulhou’, de cabeça, para dentro do imenso e abissal mistério da nossa existência humana. É muito amor por nós! […] no Natal, podemos ouvir a auspiciosa notícia do anjo: ‘Não tenham medo! Eu lhes anuncio uma grande alegria, que deve ser espalhada para todo o povo. Hoje… nasceu para vocês um Salvador, que é o Cristo Senhor’. E um coral imenso de anjos irrompe num alegre hino de louvor: ‘Glória a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens por ele amados’ (cf. Lc 1,10-14). Paz na terra aos homens (e mulheres) amados por ele!… Deus nos amou e, deste amor resultou para nós a paz, que no fundo é sinônimo de vida. E nisto está precisamente a sua admirável grandeza: ‘A glória de Deus é a vida do ser humano’ (Santo Irineu)”.[1]


[1] ARIOVALDO DA SILVA, José. A liturgia do natal, apostila.

[2] https://www.youtube.com/watch?v=AX5vsjRJb10

INAUGURAÇÃO DA CAPELA DIVINO MESTRE, NA BETÂNIA: ACOLHIDOS EM SITUAÇÃO DE RUA CRIAM OBRA DE MOSAICO

Inauguração da Capela Divino Mestre na Betânia: acolhidos em Situação de Rua criam obra de mosaico com apoio de professor

A Irmã Elci Zerma, emocionada e repleta de gratidão, compartilhou com a comunidade a recente inauguração da Capela Divino Mestre, um espaço espiritual destinado aos acolhidos da Casa Betânia, que atende pessoas em situação de rua. A inauguração da capela representa mais do que um marco físico; é um símbolo da reconstrução da vida e da dignidade de homens que, por diversas razões, se encontram em situação de vulnerabilidade social. A obra em mosaico que adorna o interior da capela foi criada pelos próprios acolhidos, com o auxílio de um professor de artes, evidenciando o trabalho coletivo e a importância da arte como ferramenta de ressignificação da vida e de fortalecimento da autoestima.

Mosaico feito pelos acolhidos em situação de rua que o projeto Betânia acolhe.

A Betânia é um projeto social voltado para o atendimento de homens adultos, com idades entre 18 e 59 anos, em situação de rua. Esses homens enfrentam condições de risco e vulnerabilidade, muitas vezes agravadas por problemas como dependência de álcool e outras drogas. A iniciativa da Casa Betânia se enquadra como um serviço de alta complexidade, voltado para a reintegração social e a recuperação integral desses indivíduos. A proposta não se limita ao fornecimento de abrigo e alimentação, mas trabalha de forma abrangente na promoção da autonomia, saúde integral, resgate da dignidade e do direito à vida.

A inauguração da Capela Divino Mestre, que surgiu como um desejo de proporcionar aos acolhidos um espaço de oração, reflexão e espiritualidade, também serve como um marco importante no processo de reintegração desses homens à sociedade. A obra em mosaico, que embeleza a capela, foi uma construção coletiva feita pelos próprios acolhidos. Com o auxílio de um professor de artes, eles puderam expressar suas emoções e sentimentos por meio da arte, criando um ambiente mais acolhedor e digno. O mosaico, que ilustra cenas de fé e esperança, é um reflexo do processo de ressignificação que esses homens estão vivenciando ao longo de sua jornada no projeto.

A Betânia se destaca, entre outras coisas, pelo trabalho dedicado ao resgate de valores essenciais para a formação de cidadãos plenos e dignos. Além de proporcionar abrigo e cuidados básicos, o projeto promove ações que buscam garantir a autonomia de seus acolhidos, oferecendo a eles a oportunidade de recuperar sua saúde integral. A Betânia acredita que, para que uma pessoa seja verdadeiramente reintegrada à sociedade, é preciso que ela tenha acesso à saúde física e mental, apoio emocional e, principalmente, a reconquista da sua autoestima.

Um dos pilares do trabalho realizado pela Betânia é o respeito à dignidade humana e ao direito à vida. A casa não só oferece abrigo, mas também busca dar aos acolhidos as ferramentas necessárias para que possam retomar o controle de suas vidas. Isso envolve desde o acesso a tratamentos de saúde, até a promoção da cidadania, com atividades que estimulam o exercício de direitos e deveres na sociedade. O projeto trabalha para que os homens que ali se encontram possam sentir que ainda têm um papel importante na sociedade e que podem contribuir para o bem coletivo.

Outro ponto fundamental abordado pela Betânia é o resgate da autoestima e a prática da fraternidade e justiça. Através de uma convivência que valoriza o respeito mútuo, os acolhidos podem se apoiar uns aos outros, compartilhando experiências e criando laços de solidariedade. Esse processo fortalece a confiança e o sentimento de pertencimento, elementos essenciais para a recuperação e a reintegração social.

Um acolhido em situação de rua rezando em frente ao mosaico feito por eles para a Capela Divino Mestre

A Betânia também defende a igualdade de direitos, buscando garantir que todos os acolhidos, independentemente de seu passado ou das dificuldades que enfrentam, possam ter acesso aos mesmos direitos que qualquer outro cidadão. Isso inclui não apenas a busca por trabalho e educação, mas também o direito à moradia digna, à saúde e à segurança.

A criação da Capela Divino Mestre e a realização da obra em mosaico pelos próprios acolhidos são exemplos claros da prática da solidariedade e da importância do trabalho coletivo no processo de reintegração social. A capela não é apenas um local de oração, mas um espaço de esperança e de força, onde os acolhidos podem refletir sobre suas vidas, suas escolhas e suas possibilidades de transformação. A arte, em suas diversas formas, é uma poderosa ferramenta de transformação, e a capela se torna, assim, um reflexo de todo o trabalho de recuperação e de reconstrução da dignidade realizado na Betânia.

A inauguração deste espaço é, portanto, um momento de celebração não apenas para a comunidade da Betânia, mas para todos aqueles que acreditam na força da solidariedade e na capacidade de transformação humana. Ao apoiar os acolhidos e proporcionar-lhes a oportunidade de expressar suas emoções e criar, a Betânia reafirma seu compromisso com o resgate da cidadania e com a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, onde todos têm o direito de recomeçar e de buscar uma nova chance.

Dessa forma, a inauguração da Capela Divino Mestre vai além de um simples evento religioso: ela representa a vitória de uma comunidade que, através do acolhimento e da solidariedade, se reconstrói, se reinventa e segue em frente.

Seja um voluntário nesta obra!

O voluntariado pressupõe o compartilhar, e não o descartar as sobras do cotidiano. No momento em que nos predispomos a compartilhar o que temos de melhor com as pessoas, é possível, então, dizer que somos voluntários.

Unidade Loreto Freguesia – JPA
Pç. Nossa Senhora do Loreto, 100
Freguesia – JPA Rio de Janeiro – RJ
CEP: 22760-090
Tels.: (21) 2424-5560 | 2424-5702
faleconosco@asab.org.br

Unidade Jesus Mestre Santíssimo – RJ
Rua Dr. Dormund Martins, 17
Santíssimo Rio de Janeiro – RJ
CEP: 23094-120
Tel.: (21) 3469-9550
jesusmestre@betaniasab.org.br

Como você pode ajudar?

Doando seu tempo como voluntário,
Alimentos,
Roupas,
Calçados,
Brinquedos,
Artigos para o lar,
Objetos de decoração,
Móveis e utensílios,
Como sócio colaborador,
Doações financeiras.

Para mais informações, acesse: https://www.betaniasab.org.br/index.html

II MARATONA SACROSSANTO CONCÍLIO

Quarta-feira, dia 04 de dezembro de 2024, no canal do Youtube Pias Discípulas do Divino Mestre, teremos a II Maratona Sacrossanto Concílio. De 8h às 20h, teremos a live Liturgia: presença-ação de Cristo. Vamos mobilizar nossas comunidades para que essas 12h de diálogo e informação sejam um momento profundo para mergulharmos na fonte que é a Liturgia em nossas vidas. Não precisa fazer inscrição.

A live é uma promoção em parceria da CNBB, Rede Celebra, Revista de Liturgia, Asli e Centro de Liturgia Dom Clemente Isnard.

II Maratona Sacrosanctum Concilium

Comemorando os 61 anos da promulgação da Constituição sobre a Sagrada Liturgia do Concílio Vaticano II, esta maratona de lives com especialistas em liturgia cujo tema será “Liturgia: presença ação de Cristo”.

Acompanhe pelo canal das Pias Discípulas do Divino Mestre
https://www.youtube.com/live/9mpHO70ocAg?si=PP427oXdR1s2wLUC

📌Data: 04 de Dezembro

⏰8h às 20h

Marque na agenda!

liturgia #sacrosanctumconcilium #igreja

Mesa 01: 8h – Sacrosanctum Concilium 7: Redação, discussão e leitura

Mesa 02: 9h – Um olhar litúrgico-teológico sobre Sacrosanctum Concilium 7

Mesa 03: 10h – A sacramentalidade da Revelação e da Liturgia.

Mesa 04: 11h – A Liturgia: encontro. Uma abordagem patrística.

Mesa 05: 12h – Considerações sobre Igreja e Liturgia a partir de Desiderio Desideravi 8

Mesa 06: 13h – O agir ritual e a presença divina nos sacramentos da Iniciação.

Mesa 07: 14h – O agir ritual e a presença divina nos sacramentos da cura.

Mesa 08: 15h – O agir ritual e a presença divina nos sacramentos do serviço.

Mesa 09: 16h – A «mesa do altar»: a arte do convívio eucarístico.

Mesa 10: 17h – Música litúrgica; a arte de fazer comunhão.

Mesa 11: 18h – O responso na Liturgia das horas/ Ofício Divino das Comunidades: a arte do diálogo da aliança.

Mesa: 12: 19h – Conclusão: A Liturgia: a ação sagrada mais excelente da Igreja.

ADVENTO: TEMPO DE ESPERAR

No próximo domingo, dia 01º de dezembro de 2024, iniciamos um novo tempo litúrgico: o Advento. É começo também do novo ano litúrgico, Ano C, o qual o evangelista Lucas nos guiará no conhecimento do Mestre. Reunindo desejos, sonhos da humanidade por profundas transformações e dias melhores, manifestadas em veementes clamores em nossos dias. Como “memorial de esperanças”, o advento alarga nossa vida para acolher o grande mistério da encarnação. Na perspectiva do Natal e Epifania do Senhor, como acontecimentos sempre novos e atuais, vislumbramos vigilantes e esperançosos, a lenta e paciente chegada de seu Reino e sua manifestação em nossa vida e na história. O Senhor nos garante que, nesta espera, não seremos desiludidos, como lembra a antífona de entrada deste domingo.

A liturgia abre para nós um tempo favorável de vigilância e conversão, de retomada de nossas opções como discípulos/as daquele que sempre vem e cuja ação é libertadora, consoladora e salvífica.

Acendendo, neste domingo, a primeira vela da coroa do Advento, somos convidados a aguçar nossa atenção, acordarmos do sono da passividade para melhor percebermos os sinais da chegada do reino no cotidiano e, mais despertos, nos levantar da acomodação, do individualismo e do comodismo que marcam nosso tempo e nos paralisam. A ti, Senhor, confio minha vida. Não será desiludido quem espera em ti (SL 25,1-3).

SINAIS SENSÍVEIS

  • A cor roxa, a ausência do glória e de flores aponta para o necessário vazio para acolher Aquele que vem na fraqueza de nossa condição humana. A cor rosa/lilás a partir do 3º domingo, anuncia a proximidade da sua chegada.
  • A coroa do advento com 4 e/ou 9 que vão se acendendo progressivamente, expressa nossa atitude de vigilância como as moças do evangelho (Mateus 25,1-13) que vão de noite ao encontro do noivo, com suas lamparinas acesas. A luz da vela evoca o próprio Cristo, Sol da justiça, a quem esperamos ‘com toda a ternura do coração’. A forma circular da coroa refere-se à harmonia cósmica, ao feminino. O verde dos ramos sinaliza a esperança…
  • Os textos bíblicos trazem à memória os nossos pais e mães na fé: Isaías o profeta do desterro anunciando o retorno, João Batista, a voz que clama no deserto, Maria a virgem grávida que dará à luz um Filho; Isabel, a mulher estéril grávida; Zacarias, o profeta que recupera a fala e bendiz a Deus pelo nascimento de João o precursor do Messias; José, o homem justo e solidário; os anjos que anunciam a boa nova: a Zacarias no templo, a Maria na casa, a José em sonho. O grande personagem é o Cristo, o esperado, o desejado, o sol do oriente, o Emanuel.
  • A invocação “Vem, Senhor Jesus!” que aparece nas orações e nos cantos, é um grito que expressa os gemidos e anseios da humanidade e de todo o universo à espera de libertação.
  • Os prefácios, as demais orações, as antífonas da LH, os cantos, fazendo eco aos textos bíblicos, sintetizam o sentido teológico e espiritual que a tradição da Igreja atribuiu ao advento, valendo-se de imagens eloqüentes: “o deserto irá florir”; “da raiz cortada vai nascer um broto” “dos céus vai chover o Salvador”; “da terra vai germinar a justiça”. “os caminhos tornos serão endireitados”; “as noivas com lâmpadas acesas”; “espadas transformadas em instrumentos de trabalho”.
    Nas duas primeiras semanas, até o dia 16 de dezembro: os textos referem-se à segunda vinda de Cristo. Nos dias 17 a 24, “semana santa do natal” – preparação imediata ao natal, memória da expectativa da primeira vinda. É importante permitir que o advento seja advento, e não antecipar o natal, como faz o ‘mundo’ do consumo.

SENTIDO TEOLÓGICO

Qual é o fato de salvação celebrado na liturgia e que está por detrás dos textos, das imagens, dos símbolos, das músicas neste tempo de advento? Trata-se do mistério da vinda de Deus, da sua visita à nossa terra no Emanuel, o desejado das nações, o anunciado pelos profetas e esperado por Maria.

Toda celebração cristã tem uma dimensão de espera do Reino. A cada dia suplicamos na oração do Senhor: “Venha o teu reino!” E no coração da prece eucarística aclamamos: “Vem Senhor Jesus”. Entretanto, o advento nos é dado a cada ano, como sacramento da ESPERA que nos prepara para celebrar as solenidades do natal, quando ele veio a primeira vez “revestido de nossa fragilidade, para realizar seu eterno plano de amor”; e nos coloca na perspectiva da segunda vinda quando ele virá “revestido de glória, para conceder-nos plenitude de salvação”.

Entre a primeira e a última vinda, há a vinda intermediária (S. Bernardo). Ele veio, virá e VEM agora. A liturgia do advento nos situa neste VEM, no HOJE intermediário entre o passado e o futuro, e nos impulsiona a fazer de cada AGORA um tempo de salvação.

No advento, fazemos nosso o comovente grito de Israel na expectativa do Messias e o insistente clamor que vem da assembleia cristã primitiva: “Maranatá, Vem, Senhor Jesus!” (1Cor 16,22 e Ap 22,20). É um clamor, carregado de dor, porque emerge do meio das contradições de tempos difíceis, mas é um grito cheio de esperança e de desejo do próprio Espírito que se une à noiva para dizer: VEM!

“Aparecido como por um instante em nosso meio, o messias se deixou tocar e ver solenemente para perder-se de novo, mais luminoso e inefável que nunca, no abismo insondável do futuro. Veio. Mas agora temos que esperá-lo mais do que nunca, e já não apenas por um pequeno grupo de eleitos, mas por todos. O Senhor Jesus virá na medida que saibamos esperá-lo ardentemente. Há de ser um acúmulo de desejos que fará apressar o seu retorno”. (Teilhard Chardin 1881-1955) “Toda carne verá a salvação de Deus” (Lc 3,6).

ATITUDE ESPIRITUAL

A liturgia do advento repleta de expectativa nos remete a nós mesmos como sujeitos de desejo, inacabados, sempre “em devir”, nós e a realidade social e cósmica da qual fazemos parte… É um peregrinar em busca do essencial, sem flores e sem glória, sem instrumentos e sem as cores da festa, a conviver com o vazio que nos conduz à Belém para abraçar a fraqueza humana habitada pelo Verbo…

A atitude fundamental é a vigilância:

  • Estar vigilantes a nós mesmos, para não nos deixar enganar… para não confundir o nosso desejo mais profundo com os objetos do nosso desejo, com o desejo de posse; para dar nomes aos nossos desejos desorientados: desejo de vingança, desejo de sempre ter razão, de vencer a qualquer preço…
  • Estar vigilantes à Palavra que nos é dada na liturgia, prolongando a escuta na oração pessoal, para que possamos encontrar a plena orientação dos nossos desejos pela mediação do Verbo que vem ao nosso encontro. “É Ele que ama em nós” (Jean Yves Leloup).
  • Estar vigilantes no cotidiano, no ‘cuidado da casa’; viver o momento presente com atenção ao espaço que ocupamos, aos gemidos da terra… exercitar-se no amor concreto em relação às pessoas, ‘acorrendo com as nossas boas obras ao encontro do Cristo que vem’…
  • Tal como a noiva vai ao encontro do seu bem-amado, ou como a terra se abre à semente, ou como a sentinela espera a aurora, entramos nesta atmosfera
    de “piedosa e alegre espera”, para celebrar a encarnação do Filho de Deus que se faz um de nós, para que, nele, nós nos tornemos divinos, por um caminho pascal. Cremos que o Senhor vem independente de nossa conversão, mas justamente porque ele vem, tão certo como a aurora, nos apressamos em preparar a sua vinda.

REACENDENDO A CHAMA DA NOSSA ESPERANÇA

A cada ano o advento nos é dado como SACRAMENTO DA NOSSA ESPERANÇA. Recordando o anseio do povo hebreu pela vinda do Messias, preparamo-nos para celebrar a primeira vinda de Jesus em Belém, tendo nossos corações voltados para a sua segunda vinda no fim dos tempos. Na primeira parte do advento, focando mais a segunda vinda, as leituras, as músicas, os gestos e as orações, nos convidam à vigilância e à mudança do coração. A partir do dia 17 (ou do dia 15 para quem faz a novena), o clima é de ‘alegre expectativa’ pela proximidade do natal do Senhor.

A coroa do advento, com suas velas que se acendem progressivamente, é um dos sinais que colocamos em nossas casas e igrejas. Originariamente, as velas eram de cor vermelha, mas elas podem ser simplesmente brancas.

Quando coloridas, uma boa alternativa é preferir que sejam duas de cor roxa correspondendo à primeira parte do advento e duas de cor lilás ou rosa, na proximidade do natal. Há comunidades que adotam 4 cores: o roxo da vigilância e da conversão, o verde da esperança, o lilás da alegria e o branco da paz. O multicolorido indica também as diversas culturas, nos 4 cantos do mundo, onde estão plantadas as sementes do Verbo.

O mais importante, porém, não é a cor das velas, mas o gesto do acendimento. Ao acender cada vela da coroa, reacendemos no coração a chama da vigilância e da esperança, da alegria e do desejo pela vinda do Salvador em nossa humanidade. Comprometemo-nos a apressar, no amor concreto de cada dia, a chegada do seu reino entre nós.

Sobre os textos bíblicos do primeiro domingo

Lucas 21,25-28.34-36:

Em estilo apocalíptico enfatiza a relatividade e instabilidade do mundo criado, o qual um dia chegará ao fim. Retoma o alerta dos profetas sobre o “dia do Senhor”, em que Deus vai intervir na história para libertar definitivamente o seu Povo da escravidão. De repente, diante da atual crise ecológica, estes textos chamam especialmente a nossa atenção. No entanto, para o evangelista o decisivo não é o fim do mundo, mas o fato de que o mundo decadente vai dar lugar a um mundo novo. O fim coincide com a vinda do Filho do Homem “com grande poder e glória” (v. 28). O próprio Jesus é o caminho de como encarar a situação. “A libertação está próxima”, mas enquanto ela não chega os discípulas precisa vigiar e orar, contribuindo para interromper e para que o mundo alcance ver sua libertação.

Jeremias 33, 14-16:

O contexto é o décimo ano do reinado de Sedecias (587 a.C.). O exército babilônico de Nabucodonosor cerca Jerusalém e Jeremias está detido no cárcere do palácio real, acusado de derrotismo e de traição (cf. Jr 32,1). Parece o princípio do fim. É neste contexto que o profeta, proclama a chegada de um tempo novo, no qual Deus vai “curar as feridas” (Jr 33,6). Numa situação limite, Jeremias anuncia a fidelidade de Deus às promessas feitas a David (cf. 2 Sm 7), de um futuro descendente (“rebento justo”), que assegurará a paz e a salvação a todo o povo. A palavra “rebento” evoca fecundidade, vida em abundância (cf. Is 4,2; Ez 16,7) e “Messias” (cf. Zc 3,8; 6,12).

1Tessalonicenses 3,12–4,2:

A comunidade cristã de Tessalônica foi fundada por Paulo, Silvano e Timóteo durante a segunda viagem missionária de Paulo, no ano 50 (cf. At 17,1). Em pouco tempo, Paulo desenvolveu uma intensa atividade missionária, que resultou numa comunidade numerosa e entusiasta, constituída na sua maioria por não-judeus convertidos (cf. 1Ts 1,9-10). No entanto, devido a reação da colônia judaica, Paulo teve de fugir, deixando para trás uma comunidade em perigo, insuficientemente evangelizada. Preocupado, Paulo envia Timóteo a Tessalônica para saber notícias e encorajar a comunidade. Quando Timóteo regressa, encontra Paulo em Corinto e comunica-lhe notícias animadoras: apesar das provações, a fé dos tessalonicenses continua bem vivos e mais profundos (cf. 1Ts 1,3; 3,6-8). A comunidade pode ser apontada como modelo aos cristãos das regiões vizinhas (cf. 1Ts 1,7-8). Mas Paulo exorta a que progridam ainda mais (1Ts 4,1), sobretudo no amor para com todos (1Ts 3,12. É nesta atitude de não acomodação que a comunidade deve esperar “vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts 3,13).

Abaixo, um roteiro de Celebração penitencial no Advento, com o Ofício Divino das Comunidades:

CALENDÁRIO DOS GRANDES EVENTOS DO JUBILEU DE 2025

O site do Jubileu de 2025 já disponibilizou o Calendário de todos os eventos que acontecerão durante este ano de 2025 ligados ao Jubileu. O Santo Padre abrirá oficialmente o Ano Santo com o Rito de Abertura da Porta Santa da Basílica Papal de São Pedro, às 19 horas. Em seguida, presidirá à celebração da Santa Missa na noite de Natal do Senhor, no interior da Basílica. O evento pode ser seguido através dos ecrãs instalados na Praça de São Pedro.

Não são necessários bilhetes para participar na celebração a partir da Praça de São Pedro: basta inscrever-se no evento através do Portal do site oficial do Jubileu https://register.iubilaeum2025.va/events/8

Os bispos e presbíteros que desejem concelebrar e os diáconos que desejem participar devem fazer a sua inscrição junto do Departamento para as Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice através do seguinte link: https://biglietti.liturgiepontificie.va/

Para acompanhar baixar o Calendário dos grandes eventos, acesse o link: https://www.iubilaeum2025.va/content/dam/iubilaeum2025/calendario/PDF/PT-CAL.pdf

FAMÍLIA PAULINA E O JUBILEU 2025

Como Família Paulina, estamos nos mobilizando para participar do evento da Comunicação. Aqui no Brasil foi formada uma EQUIPE DO JUBILEU DA FAMÍLIA PAULINA composta por: Pe. Galvão, ssp, Ir. Viviani, fsp, Ir. Cristiane, sjbp, Ir. Bianca, pddm, Silvia, Coop. Paulina. Eles compõem o Núcleo de Comunicação e Ações Integradas (NAIF) da Família Paulina e promoverão uma série de ações e vídeos em preparação ao Jubileu.

O 1° vídeo do projeto “Flash de Esperança” é uma iniciativa audiovisual para nos ajudar a refletir sobre o valor da Esperança neste tempo marcado pela angústia e a falta de sentido.

Que o Jubileu seja um ano de graça para todos (as) nós.